Quimbanda Reino das Almas: A Falange Povo das Almas da Kalunga
Quimbanda Reino das Almas: A Falange Povo das Almas da Kalunga
Na profunda e ancestral cosmologia da Quimbanda, o Reino das Almas se revela como um dos pilares mais sagrados da atuação espiritual voltada à justiça, à memória dos mortos e à manutenção do equilíbrio entre os planos. Dentro desse reino, emerge com força mística e poder ancestral a Falange Povo das Almas da Kalunga — uma corrente espiritual intimamente ligada aos mistérios da morte, da ancestralidade e da transformação da alma após o desencarne.
Essa falange é comandada por Exu Tatá Caveira, um dos generais mais respeitados do Reino das Almas, e governada espiritualmente por Exu Rei das Almas (também conhecido como Exu Rei) e Pomba-Gira Rainha das Almas, cuja autoridade se estende sobre todas as falanges subordinadas ao reino.
Origem e Formação Espiritual
A Falange Povo das Almas da Kalunga tem suas raízes nos caminhos sagrados da ancestralidade africana, especialmente nas tradições que reverenciam Kalunga — o grande oceano espiritual que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos, mas também o une em um ciclo contínuo de vida, morte e renascimento.
Kalunga, na cosmogonia banto, não é apenas um lugar de passagem, mas um plano de purificação, julgamento e evolução das almas. É ali que as almas são acolhidas, julgadas por suas ações na Terra e preparadas para seu destino espiritual — seja o repouso, o retorno ou a missão no além.
O Povo das Almas da Kalunga é formado por espíritos que, após a morte, aceitaram servir como guardiões, juízes e mensageiros entre os vivos e os mortos. Muitos deles foram chefes, curandeiros, guerreiros ou guardiões de segredos em vida, e agora atuam sob a égide de Exu Tatá Caveira, o senhor das encruzilhadas do além.
Exu Tatá Caveira — cujo nome evoca respeito e reverência (“Tatá” significa “pai” ou “ancião” em línguas banto) — é o guardião dos cemitérios, das ossadas sagradas e dos caminhos que ligam os vivos aos seus ancestrais. Sua caveira não simboliza a morte como fim, mas como porta de passagem da sabedoria.
Local de Atuação e Esferas de Influência
A Falange Povo das Almas da Kalunga atua principalmente nos seguintes campos:
- Nos cemitérios, campos-santos, ossários e encruzilhadas próximas a sepulturas, onde a energia da Kalunga é mais densa;
- Na proteção espiritual de famílias com dívidas cármicas não resolvidas com seus antepassados;
- Na resolução de obsessões provocadas por almas penadas, suicidas ou não sepultadas;
- Em trabalhos de justiça espiritual, especialmente quando há quebra de pactos, desrespeito a mortos ou uso indevido de ossadas;
- Na abertura de caminhos para médiuns que trabalham com a linha das Almas, ajudando-os a desenvolver a clarividência e a comunicação com os desencarnados;
- Na neutralização de magias negras que envolvem almas sofredoras (como trabalhos com “almas penadas” forçadas a atuar no mal).
Como Atuam as Entidades
As entidades do Povo das Almas da Kalunga são conhecidas por sua seriedade, disciplina e profundo senso de justiça. Elas não atuam por capricho, mas sempre em nome do equilíbrio cósmico. Sua atuação se dá de forma:
- Silenciosa, porém poderosa: muitas vezes, o consulente só percebe a ação após os resultados se manifestarem;
- Judicativa: julgam a intenção por trás dos pedidos e só atuam se houver justiça envolvida;
- Purificadora: limpam energias densas ligadas à morte mal resolvida, luto não elaborado ou laços espirituais tóxicos;
- Ancestral: fortalecem a conexão com os verdadeiros ancestrais de luz, ajudando a cortar laços com espíritos perturbadores.
Elas também atuam em sonhos, sensações físicas (como frio súbito ou pressão no peito) e por meio de sinais nos cemitérios (velas que se apagam sozinhas, flores murchando repentinamente, sons de passos).
Como Montar um Altar para o Povo das Almas da Kalunga
Montar um altar para essa falange exige profundo respeito, pureza de intenção e conhecimento dos fundamentos. Não se trata de um ponto de força comum, mas de um portal de comunicação com o além.
Elementos Essenciais:
- Cores predominantes: branco (pureza das almas), preto (mistério da Kalunga) e roxo (ligação com o plano espiritual);
- Imagem ou ponto riscado: de Exu Tatá Caveira, Exu Rei das Almas e Pomba-Gira Rainha das Almas. Pode-se incluir uma caveira simbólica (de cerâmica ou madeira, nunca de origem humana);
- Velas: brancas (para as almas em evolução), pretas (para Exu Tatá Caveira) e roxas (para ligação com o plano superior);
- Incensos: arruda, benjoim, copaíba ou incenso de cemitério — aromas de purificação e proteção;
- Oferecimentos:
- Água de cheiro ou água de coco fresca (diariamente);
- Pão simples com mel (alimento das almas em transição);
- Café coado preto (para os chefes da falange);
- Cachaça branca (em pequenas oferendas, com moderação);
- Flores brancas (cravos, lírios ou margaridas).
- Objetos simbólicos:
- Cruz de encruzilhada;
- Cruzeiro de cemitério (feito de madeira ou ferro);
- Espelho pequeno (para refletir energias densas);
- Pano branco ou roxo como cobertura do altar.
O altar deve ficar em local reservado, limpo e longe de bagunça emocional ou energética. Não deve ser exposto a risos, zombarias ou conversas levianas. É recomendável acendê-lo sempre à noite, preferencialmente nas segundas ou sextas-feiras, dias tradicionais dos trabalhos com as Almas.
Entidades que Trabalham no Povo das Almas da Kalunga
Além de Exu Tatá Caveira, outras entidades importantes desta falange incluem:
- Exu Caveira Coroada: aquele que julga as almas com coroa de justiça; atua em casos de vingança espiritual e quebra de pactos com os mortos;
- Pomba-Gira Maria Caveira: manifestação feminina da Rainha das Almas, que trabalha com almas femininas sofredoras, especialmente vítimas de violência ou abandono;
- Almas Velhas da Kalunga: espíritos de anciãos que guiam os médiuns com sabedoria e paciência;
- Crianças das Almas: espíritos de crianças desencarnadas que atuam na purificação emocional e na cura de traumas infantis;
- Exu Sete Encruzilhadas da Kalunga: ligado aos sete caminhos que as almas percorrem após a morte; ajuda a direcionar almas perdidas ao seu destino correto.
Essas entidades não aceitam manipulação. Trabalham com médiuns sérios, que respeitam os mortos e compreendem que o trabalho com as Almas é um sacerdócio de responsabilidade espiritual.
Conclusão: Guardiões do Além com Coração de Justiça
O Povo das Almas da Kalunga, sob a liderança de Exu Tatá Caveira e a soberania de Exu Rei das Almas e Pomba-Gira Rainha das Almas, representa a face mais ancestral e sagrada da Quimbanda. Não é uma falange de “milagres rápidos”, mas de transformação profunda, justiça kármica e reequilíbrio espiritual.
Trabalhar com essa corrente é comprometer-se com a verdade, o respeito aos mortos e a responsabilidade com o mundo espiritual. Quem caminha com as Almas da Kalunga aprende que a morte não é o fim — é o grande espelho da vida.
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