terça-feira, 11 de novembro de 2025

Exu Pemba: O Senhor das Letras que Sangram nas Encruzilhadas

 

Exu Pemba: O Senhor das Letras que Sangram nas Encruzilhadas



Exu Pemba: O Senhor das Letras que Sangram nas Encruzilhadas

Há encruzilhadas onde o silêncio é quebrado não por passos, mas por palavras.
Onde os ventos carregam nomes escritos em cinzas,
e o chão guarda juramentos rabiscados com carvão e sangue.

É aí que Exu Pemba reina —
não com espada, mas com ponta de giz.
Não com grito, mas com verso esquecido.
Não com fogo, mas com a tinta da verdade que ninguém ousou escrever.

Antes de ser Exu, ele foi um menino chamado Elias
nascido em 1845, em uma senzala escondida nos arredores de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
Filho de Mãe Lúcia, uma escrava que lia os astros nas cinzas do fogão,
e de Zé Preto, um alforriado que, nas noites de lua cheia, ensinava os filhos a lerem com letras feitas de barro e esperança.

Naquela época, ler era crime para os escravos.
Mas Elias lia — nas folhas, nas estrelas, nas cicatrizes do pai.
Aos oito anos, já escrevia poemas escondidos em pedaços de saco de arroz.
Aos treze, copiava textos sagrados com carvão, debaixo do alpendre, enquanto os senhores dormiam.

Sua mãe lhe dizia:

“Filho, as palavras são armas mais fortes que chicotes.
Quem sabe ler, nunca será escravo de verdade.”


O Amor por Isaura e o Livro Proibido

Aos dezoito anos, Elias conheceu Isaura,
filha de um professor português exilado por ter ensinado escravos a ler.
Ela tinha cabelos negros como tinta fresca e voz que recitava Camões como se fosse reza.

Os dois se encontravam na biblioteca abandonada da fazenda,
onde livros apodreciam sob teias de aranha,
mas onde a liberdade ainda respirava nas páginas rasgadas.

Lá, Elias e Isaura liam juntos:
“A liberdade é a única nobreza que não se herda — conquista-se”, ela dizia,
enquanto ele copiava trechos em um caderno de capa preta,
que chamava de “O Livro das Almas Livres”.

Prometeram escrever juntos um livro que contaria a verdade sobre os escravos,
não como “propriedade”, mas como heróis silenciosos.

Mas o mundo não tolera quem escreve verdades perigosas.


A Traição, a Queima e a Morte nas Letras

O feitor da fazenda, Capitão Ribeiro, descobriu o caderno.
Viu nele nomes de escravos que planejavam fugir,
poemas que clamavam liberdade,
e uma carta de amor entre Elias e Isaura —
assimada com “para sempre, mesmo que o fogo nos queime”.

Furioso, Ribeiro chamou o senhor da fazenda.
Naquela mesma noite, queimaram o caderno na praça.
E, como exemplo, prenderam Elias a um tronco e obrigaram Isaura a assistir.

— “Você escreve demais, negro. Hoje, sua língua escreverá só com sangue”, disse Ribeiro,
antes de cortar os dedos de Elias com uma lâmina de açougueiro.

Isaura, desesperada, tentou intervir —
mas foi empurrada contra as chamas.
Seu corpo pegou fogo.
Elias, ainda vivo, gritou o nome dela até perder a voz.

Antes de morrer, arrastou-se até as cinzas do caderno,
mergulhou os dedos ensanguentados nelas,
e escreveu na terra:

“EU NÃO MORRO. EU ME TORNO PALAVRA.”

Morreu ali, de joelhos, com o rosto voltado para as estrelas —
como se soubesse que alguém, um dia, leria sua história.


O Nascimento de Exu Pemba

Naquela madrugada, as letras do caderno queimado se ergueram em fumaça azul.
O vento as carregou para todas as encruzilhadas do Brasil.
E, onde caíram, nasceram altares invisíveis.

Do fogo e das cinzas, surgiu Exu Pemba
vestido com casaco antigo de professor,
calças rasgadas com inscrições em língua esquecida,
e, em vez de bordão, carrega um pedaço de giz branco e um carvão sagrado.

Seus olhos são duas páginas em branco,
mas sua boca sussurra versos que curam ou condenam,
dependendo da intenção de quem o invoca.

Seu nome, Pemba, vem da pemba branca usada nos rituais —
mas também ecoa “penna”, a pena que escreve o destino.


Sua Linha, Seu Comando e Seu Propósito

Exu Pemba pertence à Linha das Encruzilhadas da Palavra,
mas atua fortemente na Linha da Justiça Escrita e na Linha dos Segredos Revelados.

É regido por Oxalá, que lhe dá sabedoria,
mas protegido por Ogum, que lhe dá coragem para enfrentar as verdades,
e guiado por Exu Tiriri, que lhe ensina os caminhos ocultos da linguagem.

Trabalha com:

  • Quem busca justiça através de documentos, leis ou provas.
  • Quem precisa revelar uma verdade escondida.
  • Estudantes, professores, escritores e jornalistas que lutam por verdade.
  • Quem foi caluniado, difamado ou teve sua palavra distorcida.
  • Quem precisa escrever um novo capítulo na vida — seja um contrato, um perdão, um novo começo.

Nunca trabalha com mentira, plágio ou manipulação de palavras.
Ele sabe quando você mente — porque ele é a própria verdade escrita.


Como Montar o Altar de Exu Pemba

O altar de Pemba é um templo da palavra.
Deve ser limpo, ordenado, mas cheio de simbolismo.

Local ideal:

  • Um canto da casa com boa iluminação, voltado para o leste (nascente do saber).
  • Pode ter uma escrivaninha antiga ou uma prancheta de madeira.

Itens essenciais:

  1. Vela branca ou branca com listras pretas (símbolo da escrita sagrada).
  2. Pedaço de giz branco e carvão vegetal (para escrever pedidos ou proteções).
  3. Papel antigo ou pergaminho (não precisa ser velho — mas deve ser usado com respeito).
  4. Caneta-tinteiro ou pena de ave (para escrever oferendas simbólicas).
  5. Tinta vermelha ou preta natural (pode ser feita com urucum + água para vermelho; carvão + mel para preto).
  6. Livro fechado (não importa o conteúdo — simboliza os segredos guardados).
  7. Ervas: alfazema (clareza mental), manjericão (proteção da palavra), e guiné (força espiritual).
  8. Caveira com óculos antigos (símbolo do saber além da morte).

Nunca use:

  • Papéis rasgados com raiva, insultos escritos, ou documentos falsos.
    Pemba respeita a integridade da palavra.

Oferendas para Situações Reais

🔹 Para justiça em processos, provas ou documentos

  • 1 vela branca com nome da causa escrita em carvão.
  • Pergaminho com o pedido escrito com tinta vermelha.
  • Mel + 7 grãos de arroz (símbolo de pureza e clareza).
  • Oferecer em encruzilhada limpa, ao amanhecer.

🔹 Para revelar uma mentira ou traição

  • 1 vela preta com nome do traidor escrito ao contrário.
  • Papel em branco + carvão.
  • Escreva: “Exu Pemba, que a verdade venha à tona como a tinta no papel.”
  • Queime em fogo seguro e jogue as cinzas em encruzilhada.

🔹 Para iniciar um novo caminho (curso, livro, projeto)

  • 1 vela branca + giz.
  • Escreva no chão: “Meu novo começo.”
  • Ofereça com café preto e mel.
  • Peça: “Exu Pemba, abençoe minhas palavras, minhas ideias e meus passos.”

Magia da Página em Branco

Na lua crescente, quando tudo está por nascer:

  1. Pegue um papel em branco.
  2. Com carvão ou giz, escreva seu desejo como se já tivesse acontecido.
    Ex: “Hoje, assinei o contrato que mudará minha vida.”
  3. Acenda uma vela branca.
  4. Diga:

"Exu Pemba, Senhor das Letras Sagradas,
tu que escreveste tua verdade com sangue,
abençoa esta página.
Que minhas palavras sejam fortes,
meus caminhos sejam claros,
e minha justiça seja escrita nas estrelas.
Assim seja, sob a pena de Oxalá e a coragem de Ogum."

  1. Dobre o papel e guarde sob seu travesseiro por 3 noites.
  2. No quarto dia, enterre em local limpo ou queime com respeito.

Um Chamado aos Guardiões da Verdade

Se você sente este texto como um eco dentro do peito,
é porque Exu Pemba já caminha ao seu lado.

Ele não veio para te assustar.
Veio para te lembrar:

Sua palavra tem poder.
Sua história merece ser contada.
E, mesmo nas cinzas, você pode escrever um novo destino.

Compartilhe esta história.
Não por vaidade —
mas porque alguém, em algum lugar, está esperando permissão para falar a verdade.


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