O Povo da Lira na Quimbanda: A Falange dos Acordes Mágicos e dos Caminhos Encantados
Chefiada por Exu Sete Liras, Exu Rei das Sete Liras e pela Rainha do Candomblé (Rainha das Marias)
O Povo da Lira na Quimbanda: A Falange dos Acordes Mágicos e dos Caminhos Encantados
Chefiada por Exu Sete Liras, Exu Rei das Sete Liras e pela Rainha do Candomblé (Rainha das Marias)
Origem Mística do Povo da Lira
Na vasta cosmovisão da Quimbanda, o Povo da Lira representa uma das linhas espirituais mais sutis, artísticas e poderosas. Diferentemente das falanges mais conhecidas — como os Ciganos, os Marinheiros ou os Baianos —, o Povo da Lira opera com a energia do som, da ressonância e da harmonia mágica. Sua origem está entrelaçada com mitologias antigas que reverenciam a música como força criadora do universo, desde os “sete tons primordiais” até os acordes que estruturam o caos nas encruzilhadas.
O número sete é central em sua simbologia: sete cordas, sete caminhos, sete dimensões, sete reinos espirituais. A lira, instrumento sagrado da Antiguidade ligado a Apolo na Grécia e a entidades oraculares em diversas tradições, é aqui ressignificada como instrumento mágico de Exu, capaz de tocar tanto a alma quanto o destino.
O Povo da Lira não é composto por humanos que viveram como músicos em vida — embora alguns tenham sido —, mas por entidades etéreas que manipulam as vibrações do plano astral, usando a música como linguagem de poder, cura, abertura de caminhos e desmanche de magias negativas.
Essa falange é chefeada por Exu Sete Liras, uma das manifestações mais refinadas e misteriosas de Exu. Ele é o regente dos sons ocultos, da magia sutil, do encanto que não se vê, mas se sente. Seu comando é elevado à realeza por Exu Rei das Sete Liras, entidade de coroa e cetro, que governa os pactos selados em melodias e os destinos entoados nas encruzilhadas da meia-noite. Ao seu lado, equilibrando toda essa força vibracional, está a Rainha do Candomblé, também reverenciada como Rainha das Marias — guardiã da sabedoria feminina ancestral, da justiça espiritual e da harmonia entre as coroas da Quimbanda e do Candomblé.
Onde e Como Atuam
O Povo da Lira atua em espaços de ressonância: encruzilhadas à meia-noite, matas fechadas onde o vento canta, círculos de pedra, beiras de rios com correnteza suave, e até dentro dos próprios lares — especialmente em quartos onde há dor, insônia ou desequilíbrio emocional. São chamados quando:
- Há desarmonia nos relacionamentos, seja familiar, amoroso ou espiritual;
- É preciso desfazer magias sutis, como inveja disfarçada, obsessão por pensamento fixo ou trabalhos feitos com encantamentos;
- Deseja-se atrair inspiração, criatividade ou fluidez nos negócios;
- Busca-se proteção contra energias que “grudam” — obsessões, pensamentos repetitivos, tristezas sem causa aparente;
- Precisa-se restaurar o equilíbrio entre mente, corpo e espírito.
Seus trabalhos são silenciosos, mas profundos. Não usam gritos, fogo ou sangue — mas notas, perfumes, velas coloridas e oferendas que ressoam no plano sutil.
Características dos Trabalhos do Povo da Lira
Os rituais com o Povo da Lira são marcados pela elegância, discrição e profundidade emocional. Alguns elementos comuns:
- Sete velas coloridas (vermelha, preta, branca, dourada, roxa, verde e azul), dispostas em círculo ou em forma de lira;
- Uso de instrumentos musicais simbólicos: campainhas, sinos, flautas, harpas em miniatura ou até gravações suaves de lira, harpa ou violino;
- Oferecimentos de mel, vinho branco seco, pétalas de rosa branca e vermelha, incensos de sândalo, mirra e jasmim;
- Banhos com ervas que “limpam a aura sonora”: alfazema, manjericão, alecrim, arruda e folha de laranjeira;
- Pactos feitos em silêncio, com a mente focada em uma intenção clara, enquanto uma melodia suave toca ao fundo.
Importante: o Povo da Lira não gosta de barulho, desordem ou falsidade. Seus trabalhos exigem intenção pura, coração limpo e respeito pelo mistério.
Como Montar um Altar para o Povo da Lira
O altar do Povo da Lira deve ser um espaço de paz, beleza e ressonância espiritual. Pode ser montado em uma mesa pequena, prateleira ou até uma caixa decorada, desde que seja dedicada exclusivamente a essa falange.
Elementos essenciais:
- Toalha em tons suaves: roxo, dourado, branco ou vinho — cores que representam mistério, realeza e magia;
- Sete velas, preferencialmente em castiçais de metal ou madeira escura;
- Mini-lira, harpa ou sino de vento como símbolo central;
- Cálice com vinho branco (oferecido a Exu Rei das Sete Liras) e taça com água de coco ou água de flor de laranjeira (para a Rainha das Marias);
- Espelho pequeno (para refletir energias negativas);
- Sete moedas antigas ou símbolos de abundância;
- Fitas de cetim nas sete cores, amarradas em um nó simbólico;
- Perfume suave (jasmim, gardênia ou sândalo) borrifado levemente no altar;
- Imagens ou símbolos de Exu Sete Liras (com lira e tridente), Exu Rei das Sete Liras (com coroa e cetro) e da Rainha das Marias (com manto e cetro de cristal).
Evite objetos quebrados, poeira ou descuido. O Povo da Lira valoriza a estética da sacralidade.
Entidades Principais do Povo da Lira
Além dos regentes supremos, outras entidades compõem essa falange:
- Maria Lira: entidade feminina que canta os lamentos das almas perdidas e cura corações partidos;
- Exu Melodia: mensageiro dos sons sutis, especialista em desfazer magias feitas com palavras ou cantos;
- Cigana Lira: ponte entre o Povo Cigano e o Povo da Lira, atua em trabalhos de amor, sorte e proteção de artistas;
- Doutor Lira: entidade que usa a música como remédio espiritual, especialmente em casos de ansiedade, insônia e depressão;
- Príncipe das Cordas: jovem entidade que atrai inspiração, talento e reconhecimento para músicos, poetas e criadores.
Todas essas entidades falam por meio de sensações, sonhos e intuições, raramente por incorporações barulhentas. Seu trabalho é silencioso, mas transformador.
Relação com a Rainha das Marias e o Candomblé
A presença da Rainha do Candomblé (ou Rainha das Marias) como governante co-regente do Povo da Lira revela uma profunda ponte entre a Quimbanda e o Candomblé. Ela representa a força feminina que equilibra o fogo de Exu com a água da sabedoria, trazendo justiça, compaixão e discernimento aos trabalhos.
Ela é vista como uma síntese de Nanã, Oxum e Iansã — mas com identidade própria. É ela quem “ouve” os cantos das filhas e filhos de santo, quem abençoa os lares com proteção e quem intercede quando o som da lira precisa se transformar em cura coletiva.
Conclusão: O Chamado das Sete Cordas
O Povo da Lira não é para todos. É para quem ouve o silêncio com atenção, para quem sente o mundo como uma sinfonia de energias, para quem busca magia sem barulho, mas com profundidade.
Chamá-los é pedir harmonia onde há caos, beleza onde há dor, e caminho onde há estagnação. Mas é preciso estar disposto a ouvir — não apenas com os ouvidos, mas com a alma.
Que Exu Sete Liras toque em seu destino,
que Exu Rei das Sete Liras coroe seus esforços,
e que a Rainha das Marias cante sobre sua casa,
enquanto as sete cordas do universo ressoam em seu favor.
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