O Povo dos Cabarés na Quimbanda: A Nobreza das Encruzilhadas Noturnas
O Povo dos Cabarés na Quimbanda: A Nobreza das Encruzilhadas Noturnas
Na rica e multifacetada cosmologia da Quimbanda, o Povo dos Cabarés se destaca como uma das linhas mais enigmáticas, poderosas e profundamente ligadas à realidade humana em sua dimensão mais visceral: os desejos, os prazeres, os segredos e as escolhas feitas nas sombras da noite. Chefiado por Exu do Cabaré, este povo é espiritualmente governado por Exu Rei das Sete Liras — soberano absoluto da Quimbanda — e pela Rainha do Candomblé, também conhecida como Rainha das Marias, guardiã das Pombagiras e senhora dos caminhos do coração.
Este artigo traz um olhar respeitoso, detalhado e esclarecedor sobre a origem, atuação, práticas, entidades e formas de culto desse Povo sagrado, frequentemente mal interpretado, mas essencial para o equilíbrio entre o mundo material e o espiritual.
Origem do Povo dos Cabarés
O surgimento do Povo dos Cabarés está intimamente ligado à urbanização do Brasil, especialmente nos grandes centros entre os séculos XIX e XX. Enquanto os povos da mata, das encruzilhadas rurais e das cachoeiras se manifestavam na natureza, o Povo dos Cabarés emergiu nos espaços de sociabilidade noturna e intensa troca energética: cabarés, casas de jogo, prostíbulos, botecos, teatros de revista, cinemas de bairro, e até nos corredores dos hotéis de passagem.
Nesses ambientes convergiam emoções fortes: paixão, ciúme, traição, alegria, desespero, ambição. Essas energias formaram um campo vibracional ideal para entidades que trabalham com a encruzilhada humana — o ponto onde o destino se decide entre a luz e a sombra, o amor e o ódio, a elevação e a queda.
Assim, Exu do Cabaré se manifestou como o dono desses espaços simbólicos, vestido com elegância, charme e autoridade. Não é um “demônio do pecado”, mas um guardião dos caminhos humanos, que não julga, apenas observa, protege e atua conforme a necessidade e o merecimento do consulente.
Sua autoridade, no entanto, submete-se à hierarquia espiritual da Quimbanda, liderada por Exu Rei das Sete Liras — cujas “liras” representam os sete níveis de consciência, os sete rios do além e os sete caminhos da magia — e pela Rainha do Candomblé, síntese feminina de todas as Marias, símbolo de autonomia, sensualidade sagrada e justiça emocional.
Onde Atua o Povo dos Cabarés
O Povo dos Cabarés atua principalmente em ambientes urbanos, mas sua influência é espiritual, não geográfica. Pode estar presente:
- Em encruzilhadas de asfalto (ruas movimentadas, cruzamentos de avenidas);
- Em locais de entretenimento noturno (bares, boates, casas de show);
- Em espaços de encontro (mídias sociais, aplicativos de relacionamento, salões);
- Em pontos de comércio informal (barracas de rua, feiras livres);
- Em ambientes domésticos onde há intensa movimentação emocional.
Seu campo de ação é qualquer lugar onde o ser humano decida, deseje, erre, acerte, ame ou odeie com intensidade.
Como Atua e Quais São Seus Trabalhos
O Povo dos Cabarés é conhecido por sua eficácia rápida e direta. Não trabalha com promessas distantes, mas com ações concretas no plano material. Seus trabalhos incluem:
- Abertura de caminhos amorosos, financeiros, profissionais e judiciais;
- Proteção contra inveja, traição, fofoca e magia negra;
- Revelação de verdades ocultas (ex.: descobrir traições, enganos, falsos amigos);
- Ativação do magnetismo pessoal (carisma, sedução, confiança);
- Justiça espiritual (devolução de energias negativas aos seus autores);
- Desmanche de demandas feitas por médiuns desonestos ou rivais espirituais;
- Conexão com o próprio poder interior, especialmente em mulheres que buscam autonomia.
Os trabalhos são feitos com símbolos do cotidiano: perfumes, bebidas, espelhos, batons, cartas de baralho, dados, moedas, charutos, flores vermelhas, pétalas de rosa, uísque, champanhe, doces afrodisíacos (como brigadeiro ou beijinho), e até bilhetes escritos à mão com pedidos específicos.
É essencial que o trabalho seja feito com intenção clara, respeito às entidades e cumprimento das promessas. A Quimbanda não é magia “fácil”: é aliança séria, baseada em reciprocidade.
Como Montar um Altar para o Povo dos Cabarés
Montar um altar para esse Povo exige elegância, simbolismo e cuidado. Apesar da associação com ambientes “mundanos”, o altar deve ser um espaço sagrado e respeitoso.
Materiais e disposição sugeridos:
- Base: Toalha vermelha com detalhes em preto, dourado ou roxo. Um espelho no centro é opcional, mas simbólico (representa a verdade e a reflexão).
- Imagens ou estátuas: Exu do Cabaré, Maria Padilha ou outras Pombagiras, se desejar. Também pode usar símbolos como cartazes antigos de cabaré (com bom gosto).
- Velas: Vermelhas (paixão, poder), pretas (proteção, corte), douradas (abertura de caminhos), brancas (limpeza espiritual).
- Oferendas líquidas: Taças com uísque, vinho tinto ou champanhe (renovadas semanalmente).
- Incensos/perfumes: Sândalo, mirra, jurema, patchouli ou perfumes fortes como Jôvue, Channel nº5 ou Malbec.
- Objetos simbólicos:
- Charutos ou cigarros (não acesos no altar, apenas como oferenda);
- Bijuterias (brincos, colares, pulseiras) — oferenda às Marias;
- Cartas de baralho (especialmente o “Ás de Copas” ou “Coringa”);
- Moedas (preferencialmente antigas ou de países diversos).
- Flores: Rosas vermelhas, cravos, lírios brancos ou gardenias.
- Evite: Plástico descartável, objetos quebrados, lixo ou descaso. O Povo dos Cabarés valoriza o requinte simbólico, não o luxo material.
O altar deve ser “alimentado” semanalmente, com oferendas renovadas, agradecimentos e orações sinceras.
Entidades que Trabalham no Povo dos Cabarés
O Povo dos Cabarés é composto por uma falange de Exus e Pombagiras especializados em assuntos humanos complexos. Entre as principais entidades:
Exus (Masculinos):
- Exu do Cabaré – Chaveiro dos prazeres e guardião dos segredos noturnos.
- Exu Rei das Sete Liras – Governante supremo da Quimbanda, senhor dos sete caminhos da magia.
- Exu Marabô – Ligado à justiça, proteção e equilíbrio.
- Exu Tranca-Ruas – Abre e fecha caminhos com autoridade.
- Exu Caveira – Guardião dos cemitérios e da memória ancestral.
- Exu Veludo – Entidade elegante, ligada ao amor e à diplomacia.
- Exu Mirim – Criança arquetípica que traz mensagens e intuição.
Pombagiras (Femininas):
- Rainha do Candomblé / Rainha das Marias – Governanta espiritual, síntese de todas as Marias.
- Maria Padilha – A mais conhecida; senhora dos amores intensos e da transformação.
- Maria Mulambo – Protetora dos desvalidos e dos que vivem à margem.
- Maria Conga – Ligada à alegria, dança e proteção em ambientes festivos.
- Maria Quitéria – Guerreira, atua em causas judiciais e justiça.
- Maria do Cais – Guardiã dos portos, viagens e encontros fortuitos.
- Maria Labareda – Entidade de fogo, paixão intensa e purificação pelo desejo.
Essas entidades não são “demônios”, mas forças arquetípicas que refletem aspectos da alma humana. Trabalham com seriedade, mas exigem respeito, gratidão e compromisso ético.
Conclusão: A Sabedoria nas Sombras
O Povo dos Cabarés não convida para o caos, mas para a clareza através do desejo. Ele revela o que está oculto, cura pelo confronto com a verdade e liberta por meio da aceitação dos próprios instintos — desde que canalizados com responsabilidade.
Trabalhar com esse Povo é assumir a própria humanidade em sua totalidade: luz e sombra, prazer e dor, amor e vingança. É um caminho para quem busca resultados reais, proteção firme e autoconhecimento profundo.
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