Exu Sete Cruzeiros: O Cavaleiro das Sete Estradas que Morreu Perdoando
Exu Sete Cruzeiros: O Cavaleiro das Sete Estradas que Morreu Perdoando
1. O Cavaleiro Solitário – Antes de Tornar-se Exu
Na fronteira entre Minas Gerais e Goiás, onde o cerrado se encontra com os primeiros vales do São Francisco, vivia, no fim do século XIX, um homem conhecido apenas como Cruz. Seu nome verdadeiro, Eduardo Almeida Ribeiro, fora apagado pelos documentos do mundo, mas nunca pela memória da terra.
Filho de Dona Benedita, benzedeira que curava com raízes do campo e orações em latim antigo, e de Capitão Ribeiro, ex-comandante da Guarda Nacional que desertou após se negar a capturar escravos fugitivos, Cruz cresceu entre cavalos, cruzes de madeira e silêncios pesados.
Desde jovem, tinha um dom: encontrava quem se perdia. Viajantes perdidos no cerrado, tropeiros desorientados, crianças sumidas no matagal — todos diziam que “Cruz aparecia do nada, montado em seu alazão branco, e guiava sem falar quase nada”.
Era um homem de poucas palavras, mas de gestos profundos. Usava sempre um cinto de couro com sete pequenas cruzes de ferro — uma para cada irmão que perdera na febre amarela. A sétima, dizia ele, era “pra quem ainda vai precisar de mim”.
Cruz não tinha casa fixa. Dormia em grutas, debaixo de gameleiras, ou nas varandas de quem lhe dava um copo d’água. Era mal compreendido: alguns o chamavam de santo; outros, de bruxo. Mas todos sabiam: onde Cruz passava, o caminho se abria.
2. A Viajante – O Último Encontro do Coração
Certa noite de inverno, encontrou Isabel, uma jovem professora recém-chegada da capital, que seguia a cavalo para montar uma escola em uma vila distante. Seu carro de boi quebrara, e ela estava sozinha, com apenas um baú de livros e um crucifixo de prata.
Cruz a encontrou tremendo de frio sob uma ponte de madeira. Sem dizer nada, cobriu-a com seu poncho, acendeu uma fogueira e ofereceu pão de milho. Durante dias, guiou-a pela estrada mais segura.
Nas noites, ela lia poemas em voz alta; ele escutava com os olhos fechados, como se ouvisse a alma do mundo. Isabel, com sua fé racional, começou a enxergar o sagrado no simples — e nele.
— “Você é como um anjo sem asas”, disse certa noite.
— “Anjo não. Só homem que erra menos do que os outros”, respondeu Cruz.
Prometeram-se sob a Gameleira das Sete Raízes, jurando que, quando ela terminasse a escola, ele voltaria — e juntos plantariam sete cruzes de madeira, não para marcar mortos, mas para lembrar os vivos que merecem ser lembrados.
3. A Traição – Quando a Estrada se Tornou Cruz
Mas a vila não aceitava uma mulher sozinha com “ideias de civilização”. Um coronel local, Doutor Horácio Mendes, quis se apossar das terras onde a escola seria construída. Quando Isabel se recusou a vender, espalhou boatos: que era protestante, que ensinava rebeldia, que tinha um “amante andarilho que fazia pactos com o diabo”.
Numa noite de tempestade, jagunços cercaram a casa de Isabel. Cruz, que havia partido mas sentiu no peito um aperto estranho, voltou ao galope. Chegou a tempo de vê-la sendo arrastada.
Sem armas, com apenas seu cinto de cruzes, enfrentou sete homens. Salvou Isabel, mas foi ferido com um tiro nas costas. Caído na lama, viu o coronel apontar a arma para Isabel.
Então fez algo que ninguém esperava.
Levantou a mão, não em defesa — mas em súplica.
— “Leva minha vida. Deixa ela viver. Ensinar. Ela é luz. Eu… sou só sombra.”
O coronel riu — e atirou em ambos.
Seus corpos foram deixados na encruzilhada das sete estradas, onde os viajantes costumavam deixar pedras em memória dos perdidos. Ninguém os enterrou. Mas, na manhã seguinte, sete cruzes de madeira nova haviam brotado no chão — como se plantadas por mãos invisíveis.
4. O Nascimento de Exu Sete Cruzeiros
No plano espiritual, a alma de Cruz não clamou por vingança. Antes de cruzar o véu, perdoou seus algozes — não por fraqueza, mas por entendimento: “Quem mata por medo ainda está preso na escuridão”.
Esse ato de misericórdia guerreira chamou a atenção de Ogum Megê, o guerreiro que corta correntes não com espada, mas com compaixão. Ogum levou seu caso a Oxalá, que, comovido, declarou:
“Que aquele que perdoou na hora da morte seja guardião das encruzilhadas onde sete caminhos se encontram. Que seu nome seja Exu Sete Cruzeiros — guia dos perdidos, defensor dos inocentes, cavaleiro da redenção.”
5. Sua Linha, Regência e Atuação
- Linha: Linha de Ogum (esquerda) com forte ligação com a Linha da Redenção.
- Regido por: Ogum (guerra justa, proteção) e Oxalá (paz, perdão, renovação).
- Atua em:
- Proteção de viajantes, motoristas, caminhoneiros e peregrinos;
- Abertura de caminhos em decisões difíceis (escolhas entre sete opções);
- Redenção de almas arrependidas;
- Defesa de educadores, missionários e construtores de escolas;
- Consolo espiritual para quem carrega culpa alheia.
Exu Sete Cruzeiros é sereno, sábio, profundamente compassivo. Não exige sangue, nem vingança. Pede apenas coragem para escolher o caminho certo — mesmo quando todos os sete parecem errados.
6. Como Montar Seu Altar
Local: Próximo à porta de entrada, ou em um canto que represente “encruzilhada” dentro da casa.
Toalha: Branca com bordas vermelhas (paz com força).
Elementos essenciais:
- Sete velas brancas pequenas (uma para cada caminho);
- Uma vela vermelha central (a escolha ativa);
- Taça com água de nascente;
- Copo com cachaça branca e mel (doçura na dureza);
- Sete cruzes pequenas de madeira ou ferro (podem ser feitas à mão);
- Miniatura de cavalo branco ou um sino de estrada;
- Pão de milho ou mandioca assada (oferta simples do caminho).
Defumação: Alecrim, arruda, sândalo e folha de eucalipto.
Importante: Nunca peça maldade. Ele só responde a quem busca justiça com o coração aberto.
7. Oferendas e Magias para Situações Específicas
🛤️ Para decisão difícil entre várias opções:
- Acenda as sete velas brancas em círculo, com a vermelha no centro.
- Coloque um papel com as opções escritas.
- Peça:
“Exu Sete Cruzeiros, tu que conheces todos os caminhos, mostra-me qual leva à luz, não ao fogo. Que minha escolha sirva ao bem. Axé!”
🚌 Para proteção em viagens longas:
- Leve um saquinho com 7 grãos de milho, 1 cravo e um pedaço de pano branco.
- Antes de partir, diga:
“Cavaleiro das Sete Estradas, guia meus passos, protege minha vida. Que eu chegue em paz, como tu partiste com amor.”
❤️ Para pedir perdão ou libertar culpa:
- Ofereça pão de milho e mel em local limpo (jardim ou encruzilhada).
- Diga:
“Sete Cruzeiros, tu que perdoaste na hora da morte, ajuda-me a soltar o que me prende. Que minha alma caminhe leve.”
8. Conclusão – O Perdão que Abre Estradas
Exu Sete Cruzeiros não é um Exu de fogo e fúria — é o Exu do silêncio antes da escolha, do perdão que liberta, do caminho que se revela só para quem tem coragem de seguir.
Se você está em uma encruzilhada, com sete portas e nenhuma certeza…
Sinta o galope distante do cavalo branco.
É ele chegando — não para decidir por você, mas para caminhar ao seu lado.
📌 Compartilhe com reverência. Escolha com coragem. Perdoe com liberdade.
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