quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Entre Marés e Sussurros: A História Terrena da Pomba Gira Sete Saias da Praia

 Entre Marés e Sussurros: A História Terrena da Pomba Gira Sete Saias da Praia


Entre Marés e Sussurros: A História Terrena da Pomba Gira Sete Saias da Praia

Antes de ser invocada com conchas e velas azuis, antes de ter seu nome cantado nas areias molhadas ao luar, ela foi mulher de sal, vento e silêncio. Chamavam-na Dona Marina, mas os pescadores do litoral a chamavam de “a Senhora das Marés” — não por medo, mas por reverência.

Nascida numa vila de pescadores nos anos 1930, Marina veio ao mundo numa noite de lua cheia, com o mar agitado e o cheiro de iodo no ar. Dizem que, ao nascer, não chorou — sorriu, como se já soubesse de onde vinha e para onde voltaria. Sua mãe morreu no parto; seu pai, um pescador solitário, criou-a entre redes, conchas e histórias de sereias.

Desde criança, Marina falava com o mar. Enquanto outras crianças brincavam na areia, ela caminhava descalça na beira da água, mesmo em noites frias, recolhendo conchas quebradas, estrelas-do-mar perdidas e mensagens escritas em garrafas. Dizia:

"O mar não engole — devolve. Só quem não sabe ouvir, pensa que perdeu."

Com o tempo, tornou-se curandeira da vila. Usava água do mar, sal grosso, folhas de mangue e flores de hibisco para curar febres, tristezas e corações partidos. As mulheres iam até sua casa de taipa para pedir ajuda com amores distantes, filhos doentes ou maridos perdidos no oceano. Ela nunca cobrava — só pedia uma concha, uma flor ou um copo d’água doce deixado na areia.

Mas sua maior dádiva era ouvir o que as ondas traziam: segredos enterrados, promessas quebradas, almas que não descansavam. Marina sabia que o mar não era só água — era espelho da alma coletiva.

Foi numa noite de tempestade, aos pés de um farol abandonado, que a Pomba Gira Sete Saias da Praia se revelou a ela. Não como visão, mas como eco de sua própria voz multiplicada pelo vento. Sete ondas quebraram na areia, cada uma trazendo uma saia molhada:

  • Azul-marinho pela intuição
  • Branca pela purificação
  • Verde-água pela cura
  • Dourada pela abundância
  • Rosa-coral pelo amor verdadeiro
  • Preta pela proteção ancestral
  • Prateada pela ligação com os espíritos do mar

Naquela noite, Marina entendeu: não estava sozinha. Era parte de algo maior.

Passou a viver como ponte entre o visível e o invisível. Guiava pescadores perdidos, acalmava almas de náufragos, ensinava às mulheres a confiar na maré de suas emoções. Dizia sempre:

"Assim como a maré sobe e desce, a vida tem seus ciclos. Quem resiste, se afoga. Quem flutua, renasce."

🌊 O Último Banho de Marina

Nos últimos meses de vida, Marina sentiu o chamado das profundezas. Sabia que sua hora se aproximava. Começou a se despedir em silêncio: doou suas redes, queimou cartas antigas e deixou oferendas diárias na beira-mar — flores brancas, mel, uvas e sete conchas viradas para o céu.

Na véspera de seu desencarne, numa noite de lua cheia, vestiu sete saias leves, todas em tons do mar. Caminhou até a praia deserta, levando consigo:

  • Um cálice com água doce e mel
  • Um espelho de concha
  • Sete velas brancas
  • Um colar de sementes e coral

Sentou-se na areia molhada, de frente para o oceano. Acendeu as velas, derramou o cálice na água e sussurrou:

"Mãe Iemanjá, Pai Ogum, e tu, minha irmã Sete Saias da Praia… recebei-me. Já curei, guiei, amei. Agora, quero ser onda, vento e sussurro."

Na manhã seguinte, os pescadores a encontraram deitada na areia, com as mãos cruzadas sobre o peito, os cabelos espalhados como algas e um sorriso sereno nos lábios. Não havia marcas de afogamento, nem frio no corpo. Parecia dormir, embalada pelo ritmo das ondas.

Dizem que, naquela noite, sete golfinhos nadaram em círculo diante da vila.
Que as redes dos pescadores voltaram cheias, sem que ninguém tivesse saído ao mar.
E que, até hoje, quem deixa uma flor branca na areia ao luar, sente uma brisa suave beijar seu rosto — como um agradecimento.

Marina não morreu.
Tornou-se a Pomba Gira Sete Saias da Praia — guardiã das emoções, curandeira das almas à deriva, justiceira dos que exploram o mar e os corações.


🌊 Como Montar seu Altar para a Pomba Gira Sete Saias da Praia

Seu altar é um pedaço de praia trazido para dentro de casa — um espaço de calma, intuição e cura emocional.

Passo a passo:

  1. Local: Próximo a uma janela com luz natural, ou em local arejado. Pode ser sobre uma mesa coberta com tecido azul ou branco.

  2. Itens essenciais:

    • Velas brancas, azuis e prateadas
    • Água do mar (ou água com sal grosso e 7 gotas de mel)
    • Conchas, corais, pedras de rio ou areia de praia
    • Espelho de concha ou com moldura marinha
    • Flores brancas ou hibiscos vermelhos/rosa
    • Perfume de jasmim, flor de laranjeira ou essência de mar
    • Cálice com água doce e mel
    • Imagem ou ponto riscado da Pomba Gira Sete Saias da Praia
  3. Oferecimentos típicos:

    • Uvas brancas ou vermelhas
    • Mel
    • Pão doce
    • Flores frescas
    • Frutas cítricas (laranja, limão siciliano)
  4. Evite objetos de plástico, lixo ou elementos poluentes. A Gira da Praia adora pureza simbólica e respeito à natureza.


🌙 Linhas de Trabalho da Sete Saias da Praia

Ela atua em três frentes principais:

  • Linha da Cura Emocional: acalma ansiedade, tristeza profunda, luto e traumas ligados à água (afogamentos, perdas no mar, separações dolorosas).
  • Linha da Intuição e Sonhos: desperta a clarividência, protege durante o sono e traz mensagens através dos sonhos.
  • Linha da Justiça Marítima: protege pescadores, viajantes do mar, trabalhadores portuários e todos que dependem das águas para viver.

"Ela não apaga a tempestade — ensina a navegar nela."


🌺 Magias e Oferendas para Invocar Sua Graça

1. Banho de Limpeza com a Maré da Gira

Para renovar energias e acalmar emoções turbulentas.

Ingredientes:

  • 1 punhado de sal grosso
  • 7 pétalas de hibisco
  • 1 colher de mel
  • Água morna

Modo:
Misture tudo. Tome um banho comum e, no final, jogue a mistura do pescoço para baixo, pedindo:

"Sete Saias da Praia, lava minhas mágoas como o mar lava a areia. Que eu renasça leve, como espuma ao amanhecer."

2. Oferenda para Sonhos Claros

Coloque sob o travesseiro:

  • 1 concha pequena
  • 1 pétala de flor branca
  • 1 gota de mel

Antes de dormir, diga:

"Rainha das Marés, guia meus sonhos. Revela o que preciso ver, cura o que preciso soltar."

3. Oferenda Semanal na Beira-Mar (ou simbólica)

Toda sexta-feira à noite:

  • Deixe na praia (ou em um recipiente com areia):
    • 7 uvas
    • 1 cálice com água e mel
    • 1 vela branca acesa (se possível)
  • Agradeça:

    "Obrigada, Rainha, por me ensinar que até a maré mais baixa volta a subir."


🌅 Ela Vive em Cada Onda que Toca a Areia

A Pomba Gira Sete Saias da Praia não habita só o oceano — habita os corações que sabem fluir.
Ela está na mulher que chora, mas segue em frente.
No pescador que confia no mar, mesmo após a tempestade.
Na criança que recolhe conchas, como se escutasse segredos antigos.

Porque sua história não terminou.
Ela se repete em cada “sim” dado à intuição, em cada lágrima transformada em força, em cada passo dado na areia molhada, mesmo sem saber o destino.

E quem a invoca com respeito, nunca estará só.
Pois o mar sempre responde… basta saber ouvir.


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