LEI DE CAUSA E EFEITO NÃO É VINGANÇA. É AMOR DIVINO!!
Este é um assunto no qual muitos equívocos ainda ocorrem em seu entendimento.
Exigiria um espaço maior para lhe abordar as mínimas nuances, mas algo me inspirou para ao menos tentar trazer aqui um pouquinho do básico sobre o tema, que tem gerado tanto medo, culpa e até pânico por aqueles que (e quem não?!), ainda falham nos caminhos evolutivos, dentre os quais eu me faço um dos puxadores da fila.
É que se escuta, mesmo entre despertos, um conceito equivocado deste que é sim um recurso divino de auxílio da evolução das criaturas: a lei de causa e efeito.
De fato, ela existe. Até a ciência já provou isso, ao explicar, por experiência, que desde as formas mais materializadas de energia, toda ação gera uma reação.
Todavia, o senso comum entende esta lei equivocadamente; a enxerga como prova do caráter vingativo e punitivo de Deus, que quer que a sua criatura seja punida por aquilo que fez, justificando assim a visão retrógrada de religiosos fundamentalistas que tinham no medo um mecanismo de domínio dos “fiéis”.
Entendem que tudo o que se faz, portanto, receberá como retorno exatamente da mesma maneira, porque Deus quer que a pessoa sofra o que faz sofrer, seja punida pelo que praticou.
Mas daí eu pergunto, esse Deus vingativo combinaria com aquel´outro Deus que inspirou o Cristo a pedir que oferecêssemos a outra face em caso de ofensa, ensinando que a reação e a solução para a violência deve ser uma não violência???
Portanto, desde já afirmo que é ABSOLUTAMENTE ERRADA esta noção de que o Todo quer matematicamente que cada um receba o que fez.
Deus não pune, educa. Não castiga, ensina. Não se vinga, atrai sua criação de volta para Si.
Mas é compreensível a confusão feita.
A origem desta interpretação equivocada da lei de causa e efeito está na confusão que se fez ao longo da história, em muito produzida por religiosos mal-intencionado, ao misturar-se a divina lei de causa e efeito com a humana lei de talião, ou do olho por olho dente por dente, criada por Moisés.
A lei do olho por olho, dente por dente, humana e provisória, teve como objetivo único a evolução daquele tempo.
Tinha precipuamente o objetivo de fazer aquele povo subir um degrau na escala evolutiva.
À época, a violência e a vingança eram galopantes. Mais que isso, eram desproporcionais.
Por uma ofensa verbal revidava-se com agressão física; pelo machucado em uma ovelha revidava-se com a morte do rebanho inteiro; por uma tapa no rosto revidava-se com a morte da família inteira do agressor, etc..
Para entender este contexto, sugiro ou o livro ou a série “A Tenda Vermelha” (tinha na Netflix), que narra, sob o ponto de vista de Dinah – filha de Jacó -, um pouco deste momento histórico.
E foi naquelas circunstâncias que Moisés, então líder daquele povo, ciente de que a lei do amor e do perdão ainda não teriam solo fértil para frutificar, estabeleceu ao menos regras para equilibrar e diminuir a desproporção da violência. Era sim ao mesmo tempo medida punitiva e equilíbrio na justiça social.
E é deste conceito que a maioria ainda está impregnada quando ouve falar de “lei de causa e efeito”. De que se sofrerá exatamente o que se praticou e na mesma proporção de volta.
Mas lhes asseguro que isso não tem nada a ver com a lei de causa e efeito estipulada por Deus, pelo Todo.
Enquanto a lei de Moisés era medida punitiva e adequada para aquele tempo, na lei de causa e efeito divina não há punição. Deus desconhece esta palavra.
No “vocabulário” do Todo, ao invés de punição está escrito educação.
E isto está muito bem expresso na passagem “Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida” – Lc 5,27-32
Vejamos um exemplo.
Você poderia me pergunta, “mas Harty, como age a lei de causa e efeito divina, para ensinar alguém que cometeu um homicídio ou qualquer outro mal em uma encarnação?? Não seria através deste homicida ser assassinado também e sofrer aquilo que fez sofrer??”
Respondo que não. E por um simples motivo.
A lei do Todo é de amor em primeiro lugar, aliás, é a lei maior, tanto de amor à Ele quanto ao próximo.
E é para este fim, o de ensinar a amar, que Deus direciona todas as suas energias nas suas leis.
Neste sentido, vindo o amor como princípio aplicada a todo o cosmos, o primeiro efeito que um homicida pode enfrentar de sua ação, ao invés de ser morto, vir aleijado, deficiente ou outras anomalias que gerem sofrimento, seja o de ser preparado para encarnar com a missão de devolver a vida para aquele que em outra existência a retirou.
Compreendem o alcance disto?!
E é nisto que o aparente paradoxo entre o amor e a justiça divinos se reconcilia. Ou seja, nossa visão ainda limitada de amor e de justiça, não compreende que a primeira lei de Deus é a de amor, e que isso não significa que não haverá consequências para o que se faz de mal; não significa impunidade.
Significa apenas que, como Mateus bem registrou, a intenção de Deus não é o castigo de quem erra, mas sua conversão, sua mudança, e a maneira mais eficiente de fazer isso é colocar o agressor, o contraventor, o criminoso, frente as consequências daquilo que fez, não no sentido de sofrer o que fez sofrer, mas sim de reparar e reatar os elos da criação que ele mesmo rompera.
Simples e maravilhoso não?!
Como eu disse no início, seria leviandade minha querer, através das mal traçadas linhas acima registradas, querer esgotar assunto tão fascinante e desafiador.
Todavia, entendi que algo deveria ser dito sobre isso, pois eu sinto que muitas almas ainda se pegam apreensivas sobre as consequências que advirão de seus atos em momentos nos quais ainda não tinham condições de melhor agir, de mais amorosamente proceder.
Para estes deixo a mensagem de que tá tudo bem; Deus quando nos fez sabia que evoluiríamos entre erros e acertos, e apesar de que usa sim a lei de causa e efeito como medida pedagógica, a usa permeada sempre do seu infinito amor.
Erraste, falhaste, ofendeste, machucaste, mas te arrependeu e decidiu mudar de caminho??
Então tranquilo. Podes sim modificar toda a colheita daquilo que semeaste. Como??
Ama, perdia e ama mais ainda; pois como disse Pedro, divinamente inspirado: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4:8).
Um ótimo sábado para todos.