DEGRAUS DO MÉDIUM
por Mãe Kátia ( texto escrito em 2016)
“A Umbanda é uma árvore frondosa, que está sempre a dar frutos a quem souber e merecer colhê-los.”
Esta frase do Caboclo das Sete Encruzilhadas – fundador espiritual da Umbanda em 1908 – nos convida a refletir sobre a seriedade que é a nossa religião.
Vejo muitas pessoas pronunciarem que adorariam fazer parte do Templo – como médiuns - sempre com o discurso de: “arrepiar ao som do atabaque”, “necessidade de fazer o bem”, “mediunidade aflorada”, “emoção exacerbada”, “sentimento de convocação” e etc.
Efetivamente, tudo isso é formidável para quem quer iniciar, são indícios e situações de empatia com os trabalhos umbandistas. É o chamamento para o crescimento espiritual, a busca de valores transcendentais e a quitação pretérita. Mas, infelizmente, muitos não sabem colher estes frutos, por conseguinte diversos entram, mas poucos perseveram.
Ao ingressar em uma casa séria constatam que, a austeridade e dedicação, os aproximam da responsabilidade, sempre chamando ao comprometimento valoroso com a espiritualidade.
A palavra comprometimento surge muito forte na vida do médium, pois denota o engajamento, agregamento e envolvimento com sua mediunidade e trabalhos espirituais.
O bom médium é aquele que trabalha em sua depuração moral através dos estudos e vivência numa corrente mediúnica. Busca por meio da dedicação e disponibilidade, o desenvolvimento psíquico, afim de transmutar valores - até então absolutos - em riquezas relevantes ao seu adiantamento imaterial.
Costumo dizer que o médium passa por três degraus dentro do exercício mediúnico.
1º Empolgação: Este momento é quando o neófito entra para a corrente de trabalhadores da Casa Umbandista. Ele vive o deslumbramento. Tudo é lindo; os pontos, bater cabeça, cambonar, vestir o branco, dinâmica do Templo e etc. Fica anestesiado pela magia que envolve e encanta.
2º Rotina: Este é o segundo momento do médium. Depois de passar pela fase da euforia ele percebe que os dias são costumeiros e cheios de atividades. O horário de chegada é o mesmo, vesti o branco, destina-se aos estudos, os afazeres já estão pontuados e etc. Mas trabalha com alegria, pois cada dia dentro da Umbanda é revestido de encanto e magnetismo, porém sem aquela empolgação exacerbada.
3º Sacrifício: Quer dizer Sacro Oficio, é quando o médium faz desse exercício um ato sagrado. É a manifestação do amor por meio de sua consagração ao comprometimento com Cristo e os Orixás. É a doação constante de benevolência e vida. Aqui encontramos os frutos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas quis enunciar. Quão poucos chegam até aqui.
Para atingir o terceiro estágio são indispensáveis a humildade e a disciplina.
A humildade é a terra que deve estar fértil para as sementes divinas serem lançadas e germinadas livres de ervas daninhas – soberba, ressentimento, pretensão e etc. – afim de desabrochar as riquezas espirituais.
A disciplina faz o papel de tolher, limpar, lixar e cortar as arestas desnecessárias – melindres, vaidades e etc. – uma vez que sem ela não faz reluzir no Espirito as Leis Divinas. A disciplina é companheira assídua do médium e par perfeito com a humildade.
Para alcançar estes frutos vimos que é necessário a seriedade, humildade, disciplina e comprometimento, pois a Umbanda é um movimento religioso cristão, onde resgata a essência de Deus dentro de cada filho de fé, afim de reaproxima-lo da presença divina do Criador. Buscando nesta sintonia o mais perfeitamente possível com os planos superiores.
Muito axé!