quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Magia de Umbanda – O que é Magia? – Tipos de Magia

O que é magia?

 Existem muitas definições para magia como manipulação de forças; como a capacidade de interagir com os elementos da natureza; como produzir uma ação por meio da vontade; ou a evocação de poderes e mistérios de maneira que os coloque a seu favor; ou a evocação de poderes, forças e mistérios para ajudar você ou outra pessoa.

 Há muitas definições para magia, mas às vezes por mais que a gente dê várias definições, para muitos ainda é difícil entender o que venha a ser magia e fica mais delicada ainda a diferença entre magia e religião.

Existe uma linha tênue entre o que é magia e o que é religião, até porque as religiões também possuem um viés mágico e as magias muitas vezes tem uma conotação religiosa.

Existem religiões mágicas, magias religiosas e religiões que mesmo não se considerando religiões mágicas têm uma influência da magia ou no seu ritual ou na sua origem. Existem vários olhares para explicar o que é magia, diferentes olhares e formas de entender.

Magia é manipulação de forças, é chamada de poderes, é chamada de entidades, a relação, a forma de evocar, de determinar. O praticante de magia  tem uma postura diferente da postura do religioso.

A pessoa que pratica magia é ativa, tem um contato direto com os mistérios aos quais está se submetendo/lidando, a pessoa que pratica magia trabalha direto com a divindade, com as forças, com os poderes, com os mistérios determinando, dando ordens mágicas, realizando ações mágicas com a finalidade de alcançar um objetivo.

A palavra mago hoje tem um peso tão grande que é difícil utilizar essa palavra porque quando você fala que alguém é um mago, já imaginam que ele tem que ser o Merlin com chapéu de Merlin com uma varinha na mão, com uma roupa esquisita e fazendo mágica de palco.

O mago, o praticante de magia é e pode ser uma pessoa comum que conhece técnicas de magia, essa é a questão.
 A postura do religioso é de reverência, de humildade, de quem está pedindo, clamando, se curvando. O religioso é aquele que está sempre pedindo, o praticante de magia é aquele que está determinando, a postura é diferente.

O religioso está sempre esperando que as coisas aconteçam sob a vontade de Deus, o praticante de magia está interferindo como elemento ativo e dependendo do segmento, o praticante de magia é o elemento ativo da vontade de Deus, o religioso é sempre um elemento passivo.

 A relação do religioso com o mistério Maior, na maioria das religiões, é de passividade e em muitas religiões o fiel, o religioso, não tem um contato direto com a divindade, entre ele e a divindade existe um intermediário: o sacerdote.

O praticante de magia tem contato direto.

Há uma ação mágica e uma ação religiosa: a ação religiosa é aquela que está trabalhando o seu íntimo, o seu lado interno; ação mágica está trabalhando o lado externo e aquilo que você quer conquistar, que você quer trabalhar ou aquilo que você quer cortar, anular, a energia que você quer descarregar, a entidade que você quer encaminhar, o trabalho que você quer desfazer, quer desamarrar. Isso é uma ação mágica e uma ação mágica em que você está manipulando elementos e sabe que, por meio daqueles elementos, você desamarra, corta, purifica, esgota, encaminha, quebra, desfaz.

Na ação religiosa você entra em contato com sagrado e pede que se for do seu merecimento, de forma direta, seja feito o que tiver de ser das suas necessidades, esse é o contato religioso.

O contato mágico implica num conhecimento, é uma ciência, uma arte real, a arte da magia, da prática da magia, ciência que implica o conhecimento de um objeto que está sendo trabalhado.

O religioso não precisa conhecer uma ciência, ele precisa ter uma doutrina, o religioso não é estudioso de ciência, o religioso é doutrinado é ovelha, o praticante de magia é leão.

 O religioso pode se tornar uma galinha, o praticante de magia deve ser uma águia. O religioso é passivo, o praticante de magia é ativo. A religiosidade é algo que acontece de dentro pra fora, a magia acontece de fora para dentro.

Rubens Saraceni diz que: “ A ação religiosa é uma ação que se desdobra a partir do lado interno da criação”.

O que tem no lado interno da criação?

O lado íntimo de Deus, o lado íntimo daquilo que é o sagrado e é desconhecido, onde a gente não penetra.

E o lado externo da criação?

É o mundo tal qual nós conhecemos com suas dimensões paralelas, com o lado espiritual, o material que é possível ver e relacionar-se.

Temos o lado interno e externo da criação e no lado externo a gente tem as realidades divinas que é aquela que se manifesta para nós, a natural das realidades naturais e paralelas e a realidade espiritual.

Nós nos relacionamos com seres naturais, com seres divinos e com seres espirituais isso é um conceito da obra de Rubens Saraceni em Teologia de Umbanda.

Na ação religiosa o meu lado interno se comunica com o lado interno do criador, com o lado interno da criação, é uma ação que se desdobra de dentro para fora.

Na ação mágica, o meu lado externo, a minha espiritualidade, minha relação com as divindades, com os seres naturais, com os elementos, com as forças, com os poderes, isso é o meu lado externo e está atuando, ou seja, há um desdobramento mágico que acontece no lado externo. Então, a ação religiosa é uma ação que acontece de dentro para fora e ação mágica que acontece do lado externo para o lado interno a partir do externo vai provocar mudanças que vão alterar o meu interno.

O religioso é submisso, reverente, humilde, aquele que se curva.

 O praticante de magia é ativo, ele determina e ele manipula.

Max Weber explica que a grande diferença entre religião e magia é: que a religião é a prática de uma comunidade e a magia é uma prática solitária, o religioso se estabelece em comunidades, se congrega, se une em torno de uma doutrina, de uma filosofia, de um Templo.

O praticante de magia realiza a sua arte, a sua ciência sozinho, de forma solitária, para ver como é difícil entender a diferença entre magia e religião, o Weber não entra no mérito de como é feita a prática, ele entra no mérito que religião é algo que congrega as pessoas, magia é algo que você pratica sozinho.

Essa é uma característica de que para praticar magia você não precisa de uma congregação, não precisa se congregar com as pessoas para praticar a magia você não precisa de um Templo para reunir pessoas, para praticar magia você não precisa de hierarquia religiosa, você não precisa de um sacerdote, você não precisa de uma doutrina porque a doutrinação envolve a maneira de conduzir um grupo.

A magia é uma prática que pode ser solitária porque ela dispensa toda organização do contexto religioso que implica em como conduzir uma comunidade, o praticante de magia tem um contato direto com o mistério, ele é ativo, determina, faz, realiza e ele não depende de ninguém, de nenhuma estrutura, de nenhuma hierarquia, ninguém está acima dele, ele tem um contato direto. Agora, os praticantes de magia podem se reunir, mas eles não dependem de uma reunião para realizar a sua arte mágica, mas eles podem se reunir.

Da mesma forma, os religiosos podem ter práticas mágicas, mais ou menos mágicas e aí entram as religiões mais ou menos mágicas.

 A Umbanda é uma religião mágica, o religioso de Umbanda não é alguém que fica apenas em atitude passiva, ele não vai ao Templo para sentar e ficar esperando de forma passiva, essa atitude passiva na Umbanda a gente só vê nos consulentes que não são exatamente a figura do religioso de Umbanda porque o consulente não precisa nem ser Umbandista, o consulente pode ser Católico, Judeu, Muçulmano, ateu – o consulente – e o consulente é passivo porque ele chega, senta no banquinho e ele fica esperando a hora de chegar sua consulta, o consulente é passivo.

 Esse consulente pode se tornar um religioso Umbandista passivo enquanto consulente, mas quando uma entidade falar para ele: “Meu filho, pra trazer fartura para sua vida, você pega uma moranga dá uma cozinhada nessa
moranga, tira a tampa de cima da moranga, abre ela, faz uma canjiquinha amarela cozida coloca dentro da moranga, coloca uns cravos da índia por cima, acenda uma vela verde de sete dias e coloque dentro dessa moranga oferece isso para Oxóssi, o Orixá do reino vegetal, dos vegetais e da fartura e pede para Oxóssi trazer fartura para sua vida, faça isso e como resultado você vai sentir uma melhora nesse campo”.

A entidade está ensinando magia, está falando: “Meu filho, pra abrir os seus caminhos vá até uma estrada, até um trilho de trem e faça uma oferenda pra Ogum”, esse consulente que é passivo, está aprendendo práticas mágicas, então, a religião é uma religião mágica.

Quando a gente olha uma religião como o Catolicismo, a gente pensa que é uma religião que se coloca frontalmente contra a magia e não tem prática nenhuma de magia. A gente pensa que no Catolicismo não existe magia porque historicamente o Catolicismo foi contra a magia, no entanto, o eixo central da religião, da ritualística Católica é a missa e na missa você transforma o vinho em sangue e o pão em carne, em corpo de Cristo.

E aí você pensa: “É, mas, o vinho não se torna sangue de fato e a hóstia não se torna carne de fato”, pois é, mas simbolicamente sim.

Simbolicamente aquele vinho não é mais visto como vinho e sim como o sangue de Cristo, simbolicamente a hóstia não é mais um pão, ela é o corpo de Cristo, a carne de Cristo, então, simbolicamente o vinho foi consagrado para tornar-se sangue de Cristo. E como? Por meio de um ritual.

 Na missa existe um ritual no qual você faz com que o vinho se torne sangue e com que o pão se torne carne, esse é um ritual mágico. A missa tem um ritual de magia que não pode ser explicado para os fiéis e só quem pode fazer esse ritual é o sacerdote, o fiel é passivo.
A religião Católica busca os fundamentos do Cristianismo é uma forma de Cristianismo, não é a única forma, ela revive a vida, a história, a filosofia de Jesus Cristo e na vida de Jesus é relatado, por exemplo, a multiplicação dos pães - é magia, o momento em que Jesus faz com que a água se torne vinho – é magia, Jesus levanta a mão e expulsa demônios ou espíritos imundos, seja lá qual for a tradução – é magia.

A linha é tênue entre magia e religião.

Muitas vezes o religioso, principalmente o Católico vai dizer assim: “O que Jesus fazia não era magia era milagre”. E nas outras religiões? “Ah nas outras religiões era magia”, então, a ação mágica da sua religião é um milagre e a ação mágica da outra religião é magia, é feitiçaria.

Atente para esse detalhe: que o religioso de outra religião quando não reconhece a presença divina e sagrada na sua religião ele diz que o que você faz é magia e feitiçaria porque ele não está reconhecendo que ali está Deus e ali tem algo sagrado.

No momento em que reconhece isso deixa de ser magia pra dizer: isso aí é um milagre, uma intercessão de Deus, mas um milagre é também uma ação mágica quando a pessoa que faz sabe o que está fazendo.

O que vem antes do Cristianismo?

 O Judaísmo.

 No Velho Testamento nós temos Moisés: “Moisés solta sete pragas no Egito. Foi um milagre que Deus operou”, é magia; “Moisés pega um cajado bate no morro e sai água”, é magia; “Moisés pega o cajado e joga no chão e o seu cajado se transforma numa cobra”, é magia. Não é milagre. Milagre é porque é da sua religião porque quando você olha de fora é magia, isso é magia. “Moisés bate o cajado no chão e abre o mar”, é uma ação mágica produzindo um efeito externo, isso acontece de fora para dentro, isso é magia. Moisés poderia operar tudo isso sozinho sem intercessão de ninguém, então isso é ação mágica.

Moisés diz: “Que todos os primogênitos no Egito irão morrer menos os filhos primogênitos dos semitas”, mas para isso todos fizeram sinal na porta da sua casa para que a morte não entrasse. Quem é a morte? É o Anjo da Morte.

Moisés evocou o Anjo da Morte, a presença do Anjo da Morte para levar a morte para todos os primogênitos dos Egito menos na casa dos semitas, por quê? Porque na porta de entrada eles colocaram um sinal, esse sinal é um sinal cabalístico, é um sinal que tem o poder, que tem uma força.

Ali há uma ciência, é magia.

Quem é Moisés?

 Moisés é um semita que foi criado como príncipe do Egito, foi criado para ser Egípcio, mas ele foge e se casa com Séfora passando a conviver com seu sogro, chamado Jetro, que é negro, Africano, passa a conviver com ele, vai aprender magia com Jetro, Moisés torna-se um grande praticante de magia e ele dá base de fundamentação para o Judaísmo tanto a base Judaica religiosa quanto a base Judaica Mística ou Mágica que está na Cabala ou na Cabalá. “Ah, então, o Judaísmo tem religião e magia?”. Sim. O Judaísmo tem uma vertente mais religiosa e uma vertente mais mágica.

As religiões possuem a vertente mágica também que é relacionada com a mística e a parte que a gente chama de mediúnica.


 Embora uma coisa não dependa da outra: o ato mediúnico não depende do ato mágico e o ato místico não é necessariamente um ato mágico. O ato místico é o encontro com a deidade, o ato místico é quando você e a divindade se tornam um, então, o transe mediúnico tem viés místico.

Os místicos também tem um viés mágico que é o de conhecer de perto a divindade e por meio desse conhecer, manipular forças e poderes, mistérios e etc.

Mas, voltando ao Judaísmo, o Judaísmo tem um viés mágico que é trabalhado na Cabala ou Cabalá Hebraica, na Cabala Hebraica se estuda a mística ou a magia do Judaísmo que é antiguíssima e que é uma magia que remonta, por exemplo, a Moisés que é alguém que estudou Magia Egípcia, que estudou a magia Africana de Jetro que é uma forma de Xamanismo Africano, que estudou a Magia Semita que já descende de Abrahão que vem de uma cultura mágica religiosa.

Moisés dá esse fundamento mágico religioso, mas Moisés dá a base religiosa para o seu povo ser pacífico e passivo pelo fato de Moisés ter contato direto com Deus. Mas, sempre existe um grupo mais próximo em que vai se ensinar a arte real, a magia, por isso Jesus tinha doze discípulos. Jesus tinha doze discípulos diretos, por quê? Para que ter discípulos diretos? Porque alguma coisa ele ensinava para esses discípulos que não chegava para o resto da população.

O ensinamento mais próximo, fechado, é um ensinamento mágico, místico, é aquele ensinamento que para você transmitir para alguém esse alguém tem que assumir uma responsabilidade, é um ensinamento que, para ser passado, implica em uma iniciação.

Jesus iniciou doze discípulos e pelo menos uma discípula que se tem notícia: Maria Madalena que era muito querida a Jesus, amada a Jesus e o que fica evidente e claro nos Evangélicos Apócrifos e com certeza ele também deve ter iniciado a sua mãe Maria, então, Maria Madalena, Maria sua mãe e provavelmente outra Maria, irmã de sua mãe, que juntas são as três Marias, provavelmente no mínimo ele iniciou três Marias daí ser tão forte o nome Maria no contexto religioso Cristão.

Essa iniciação diz respeito a um contato direto com o mistério, com o poder, o ensino de uma ciência fechada, de um conhecimento secreto. Esses discípulos de Jesus iniciaram outros, que iniciaram outros, que iniciaram outros e que geraram uma hierarquia que em religião é a hierarquia sacerdotal e em magia é iniciação.

Na Cabala Hebraica existem iniciações para que você possa trabalhar. Antigamente, para um Judeu praticar Cabala tinha que ser homem, maior de quarenta anos e casado e não bastava ser homem tinha que ser o primogênito.

Antigamente um praticante de Cabala só podia ensinar Cabala para o seu primogênito homem no momento em que ele estivesse com quarenta anos e fosse um homem casado, por quê?

 Porque esse era um conhecimento secreto considerado algo muito delicado que para trabalhar com esse conhecimento você precisa ter maturidade. Então, a magia foi tratada dessa maneira como segredo por muitas culturas, no Judaísmo as práticas de magia estão na Cabala.

A Cabala estuda a magia que há nessa religião, nessa cultura, é um fato que existe magia na religião Judaica, no Islã é o sufismo, no Cristianismo você tem o Gnosticismo e tem a alta magia dos Cristãos praticantes de magia.

A magia em si é algo que sempre existiu desde que o homem é homem, desde que o homem se torna homo sapiens ele pratica religião e também pratica magia de tal forma que ninguém pode dizer com certeza o que nasce primeiro: religião ou magia, as duas nascem juntas na vida do ser humano tanto a prática mágica quanto a prática religiosa.

Nós podemos afirmar sem medo de errar, categoricamente, que a primeira forma de manifestação religiosa, a forma mais antiga que nós temos conhecimento é o Xamanismo.

No Xamanismo você verifica o transe como prática básica do Xamã e em quase todas as formas de Xamanismo você vai identificar práticas mágicas, o Xamã é também um praticante de magia, nem todo praticante de magia é um Xamã porque nem todo praticante de magia trabalha a arte do êxtase ou do transe que é a arte do Xamã. Mas, quase todos os Xamãs têm práticas mágicas.

Quem é a figura do Xamã?

 Por exemplo, os Pajés Brasileiros indígenas todos eles são Xamãs e todos eles trabalham com ferramentas, com recursos de magia, com maraca, com fumo, com canto, com tambor, com erva, com reza de determinação mágica, isso é magia.

Antes da religião se tornar algo organizado, ela surge na prática Xamânica e com o tempo os grupos sociais vão dogmatizando, vão doutrinando, vão criando suas Teologias em cima da prática Xamânica ou da experiência Xamânica ou da experiência mística. Os grandes fundadores de religião como Cristo, como Moisés, como Buda e tantos outros são grandes místicos e muitos deles, místicos praticantes de magia, assim nascem as religiões.

A magia é algo natural para o ser humano. A gente vai encontrar práticas de magia em todas as culturas, assim como encontramos práticas religiosas em todas as culturas e em todas as culturas a magia era, no passado, praticada junto com a religião - podendo ser praticada de forma separada também.

O Pajé, que um Xamã, é o representante mágico e religioso de uma tribo. Nas culturas Africanas nós encontramos os sacerdotes que são também praticantes de magia e os praticantes de magia que não necessariamente conduzem um grupo de sacerdotes.

Nós vemos em culturas antigas como a cultura Celta, que é a cultura que antecede o Cristianismo, uma religião mágica, aquela imagem do Merlin é a imagem de um Druida, o Druida é um sacerdote na cultura Celta e esse sacerdote é um praticante de magia – quem não assistiu recomendo que assista Brumas de Avallon – onde a presença das mulheres praticando magia era muito forte.

Na cultura Nórdica, na cultura indígena, em todas as culturas aborígenes você vai ver a prática de magia, as religiões organizadas, as grandes instituições religiosas não incentivam a magia e não incentivam a prática mística como o transe, por quê?

 Porque quando um religioso tem um contato direto com a divindade ele não precisa mais da organização religiosa.

Quando um religioso entra em transe místico com a divindade ele não precisa mais do Templo e nem do sacerdote, não precisa mais de ponte, Deus não está mais no Templo, está dentro dele e aí este religioso só continua no Templo e na religião se ele estiver ali por amor e em muitas organizações religiosas, as pessoas permanecem por medo, medo do diabo, medo da vida descambar, medo de toda Teologia do terror colocada em cima da pessoa, medo de não ser mais perdoado e não ser absolvido mais dos seus pecados.

 E quando o adepto começa a praticar magia ele mesmo começa a manipular as forças e os elementos, ele sai da postura de ovelha para a postura de leão, sai da postura de galinha para a postura de águia, ele sai da postura de passivo para a postura de ativo e isso não interessa para as grandes religiões organizadas.

As grandes religiões pretendem conduzir ovelhas, pessoas passivas porque não dá trabalho conduzir ovelhas, você só precisa tomar conta dos lobos para eles não atacarem as suas ovelhas e colocarem os cães de guarda tomando conta das ovelhas, então, esses cães são os sacerdotes que tomam conta das
ovelhas.

O pastor é uma imagem mítica porque se chama o sacerdote de pastor, mas nas grandes religiões eles estão mais para o cachorro que toma conta do rebanho e o pastor é Jesus, ele é o grande pastor, ele é o divino salvador.

Jesus é a figura do pastor, o grande pastor conduzindo o rebanho com os cachorros em volta evitando que os lobos ataquem, então, diz para o rebanho: “Aqui vocês estão protegidos, os lobos não vão lhe pegar”.

Agora, quando você deixa de ser uma ovelha para ser um leão, você não tem mais medo do lobo e você não precisa do cachorro, não precisa do pastor e de nada mais porque você tem o contato direto com a deidade, mas você continua no rebanho se você tem amor por aquele rebanho, você vai ser um leão ajudando a conduzir aquele rebanho, essa é a postura de quem pratica magia, do praticante de magia, essa é a grande diferença, as grandes instituições não se interessam em ensinar magia, mas elas sabem que a magia existe.

Nas sinagogas se ensina religiosidade judaica, em algumas sinagogas existem estudos paralelos de Cabala ou Cabala Hebraica, nem todo rabino é um estudante da Cabala e nem todo Cabalista é um rabino, no Islã há o sufismo, mas nem todo Sheikh é um praticante Sufi, nem todo Cristão é um praticante de magia.

No caso da Umbanda, nós temos uma religião que é mística e mágica, aprenda e aprofunde-se nisso porque é uma oportunidade única, a nossa religião não é uma religião que tem uma grande instituição central querendo comandar todo mundo, deixe de ser ovelha, se torne um leão; deixe de ser galinha, se torne uma águia. Entenda que o Umbandista transita entre momentos nos quais a sua atitude deve ser passiva e momentos em que a sua atitude deve ser ativa.

Annapon


(texto baseado no curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino -)