Sabemos que no mundo existem muitas religiões, muitas formas de pensar e crer em Deus.
Uma, dessas tantas formas é o simbolismo. O símbolo fala sem palavras e é universal, é uma linguagem compreendida por quase todos os povos e suas crenças.
A partir das figuras geométricas, que representam algo, surge o simbolismo que é a base da escrita mágica, da magia e que aparece na Umbanda a partir dos pontos riscados pelas entidades incorporadas.
Como exemplo podemos citar a circunferência que representa o vazio, o nada, já uma circunferência com um ponto no centro representa Deus, é seu símbolo, porém também é o símbolo do Sol para a Astrologia.
Uma circunferência com ponto no meio é o símbolo para Deus enquanto unidade de criação, o Deus uno.
A partir desse simbolismo, vamos avançando nos números lembrando que nessa representação podemos também associar a um Orixá, o número 1 (um), a unidade, o ponto no centro pode ser associado ao nosso pai Oxalá.
O número dois representa a dualidade, como o yin e yang, da cultura chinesa.
O número dois lembra a atração entre o masculino e o feminino, à força do amor que nos remete à presença de Oxum e Oxumaré.
Do número 3 surge a figura do triangulo. Um triangulo dentro de uma circunferência representa a força multiplicadora da criação, ou força expansora, que por sua vez tem ligação com o Orixá Oxossi.
Um dos números de simbologia mais forte é o 4 que pode ser representado pela figura de um quadrado ou de uma cruz, sendo que a cruz serve de símbolo para muitos Orixás em suas formas variadas.
O numero 4 representa ainda os 4 elementos, as quatro estações do ano e assim por diante. Este é um numero de simbologia forte.
A cruz é um simbolismo muito forte relacionado à terra.
O símbolo da cruz está e pode ser relacionado tanto com Omulú quanto com Obaluaiyê quanto com Oxalá, mas como identificamos Oxalá no número 1 (um) e vamos identificar Obaluaiyê no 8 (oito), podemos colocar Omulú no quarto em parceria com Obá, não porque eles são pares de Orixás Omulú e Obá, mas, porque ambos estão na terra.
A cruz para Omulú e o quadrado para mãe Obá representando a terra, a firmeza, a sustentação. O número 4 (quatro) como um número de terra, de firmeza e a cruz para pai Omulú.
O número 5 (cinco) nos remete à estrela de cinco pontas, dentro da circunferência, a estrela de cinco pontas é a energia do número cinco que é energia potencializadora e é a energia que representa o homem como imagem e semelhança de Deus. A estrela de cinco pontas é uma representação que lembra o próprio homem com os braços abertos, as pernas abertas e a cabeça.
A estrela de cinco pontas representa o micro no macro, representa o homem relacionado ao sagrado. Essa estrela de cinco pontas enquanto símbolo se relaciona com Oxalá, Ogum e Iemanjá.
No número 6 (seis), temos a estrela de seis pontas, dentro da circunferência também, a estrela de seis pontas é a estrela da justiça, aquela estrela na qual identificamos um triângulo que aponta para cima e um triângulo que aponta para baixo.
A estrela de seis pontas é a estrela da razão, a estrela da justiça, a estrela do nosso pai Xangô e, também, é a estrela da nossa mãe Egunitá.
Avançando nos símbolos, chegamos ao número 7 (sete) que em Cabala Hebraica é considerado o número da perfeição.
Na Umbanda o 7 (sete) representa o todo, as sete linhas, os sete elementos, as sete virtudes, as sete essências e os sete chakras no corpo humano. O número 7 (sete) pertence a nossa mãe Iemanjá e faz surgir como simbolismo uma circunferência com uma estrela de sete pontas ou ainda uma circunferência com sete estrelas dentro.
O número 8 (oito) forma um octágono, esse octágono é formado por uma cruz, cortado agora como uma rosa dos ventos: norte, sul, leste, oeste, nordeste, sudeste, noroeste, sudoeste ou ainda dois quadrados, isso é um octágono.
O símbolo do octágono pertence ao nosso pai Obaluaiyê, é uma representação da materialização, da transformação e da evolução.
No número 9 (nove) nós temos também o número da perfeição. O 9 (nove) é considerado o três vezes três (3 x 3). Então, se o número três é um número de expansão, o número 9 (nove) é um número mágico com relação a essa expansão, é como se fosse a expansão no alto, no meio e no embaixo.
Se temos Oxalá no número 1 (um), Oxum e Oxumaré no 2 (dois) temos Oxóssi no 3 (três), Obá e Omulú no 4 (quatro), no 5 (cinco) temos Ogum, no número 9 (nove) podemos considerar e termos a força da nossa mãe Iansã.
O nome Iansã vem do Yorubá e quer dizer “Iámesã”, Iansã quer dizer: a mãe dos nove filhos.
Na cultura Yorubá temos nove céus, nove faixas vibratórias para o Orun e Iansã tem um filho para cada um desses Oruns, são os filhos de Iansã, as vibrações de Iansã, as energias de Iansã.
O numero 9 pode ser representado por uma estrela de nove pontas, três triângulos entrelaçados dentro de uma circunferência, este é o mistério de Iansã.
Tudo começa no espaço vazio, a partir do momento em que eu coloco um símbolo dentro de um espaço vazio estou evocando, trazendo aquela energia para dentro desse vazio, o vazio representa todo o cosmos, todo o universo que foi ocupado por todas as forças que podem ser representadas numericamente do 0 (zero) a 9 (nove).
A partir de Pitágoras, estudos matemáticos místicos e esotéricos surgem e são revelados os poderes mágicos dos números.
Os chakras são centros ou vórtices de energia. E todos nós temos sete centros de forças maiores ou sete chakras maiores.
Além dos sete chakras maiores, nós temos vários chakras menores.
Os sete chakras se distribuem de forma associada aos plexos nervosos. Os plexos nervosos são centros nervosos de energia no corpo físico, no corpo material. Os chakras se localizam no corpo espiritual.
Coronário, frontal, laríngeo, cardíaco, esplênico, umbilical e básico esses são os chacras principais.
Dentro dessa relação podemos fazer uma ligação entre sete chakras e os sete sentidos da vida. Esses sete sentidos da vida são: sentido da fé, do amor, do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução e da geração. São os sete sentidos relacionados a sete linhas ou a sete vibrações, que são: a cristalina, a mineral, a vegetal, a ígnea, a eólica, a telúrica e a aquática, então, sete elementos e sete sentidos.
Daí surgem as sete linhas de Umbanda, são as sete vibrações de Deus. Os nossos chakras não são nada mais e nada menos que sete aberturas pelas quais o nosso corpo se sintoniza ou se alimenta dessas sete vibrações, desses sete campos, dessas sete energias e se ligam com os Orixás. Então, eu posso dizer que: o “chakra da coroa ou coronal”, ele é o chakra do sentido da fé. O sentido da fé está ligado a Oxalá, a pai Oxalá e mãe Logunan. Então, este é o chakra de Oxalá? Sim. Este é o chakra do sentido da fé que pertence a Oxalá e Logunan.
No chakra frontal vibra o meu Orixá de frente e na parte de trás do frontal vibra o meu Orixá de juntó.
No terceiro chakra que é o “chakra laríngeo”, eu tenho o chakra da lei, da ordem, da ordenação. Esse sentido pertence a Ogum e a Iansã. Ainda assim, nesse chakra na sua abertura da frente vai ter um Orixá vibrando e outro Orixá que revela como lido com essa força.
Se tiver o Orixá de frente no chakra do conhecimento, da informação, esse Orixá revela como eu lido com as questões do conhecimento, no meu dia-a-dia, o tempo todo. A parte de trás é a parte emocional, então, o Orixá de juntó revela como eu lido emocionalmente com as coisas do dia-a-dia. Da mesma forma quando eu chegar no “cardíaco”, que é o chakra do amor.
Independente de qual seja o meu Orixá ancestral, o meu Orixá de frente ou o meu Orixá de juntó, o “chakra cardíaco” é o chakra de Oxum e Oxumaré.
O lado racional à frente, o lado emocional atrás ou o lado universal à frente, o lado cósmico atrás. Independente de quais sejam os meus Orixás, há um Orixá que vibra no centro do meu cardíaco, o meu cardíaco é o chakra do amor e no centro dele está vibrando outro Orixá, que vai dar uma nuance uma sutileza de como eu lido com as questões do amor.
O “chakra esplênico” é o chakra da evolução. A evolução pertence a Obaluaiyê e a mãe Nanã Buruquê, da mesma forma nesse chakra vai haver um outro Orixá vibrando que é a parte da frente, racional, a de trás emocional. O “chakra umbilical”, que é o chakra do meio, que aqui é considerado o chakra de fogo, o caldeirão da vida. É o chakra da justiça, o chakra da balança, o chakra do equilíbrio, ele é o chakra do nosso pai Xangô e da nossa mãe Egunitá.
O “chakra básico”, que é o chakra do sétimo sentido da vida, da energia criadora, o chakra da energia geradora, é o chakra da nossa mãe Iemanjá e do nosso pai Omulú.
O estudo dos chakras não se resume ao acima exposto, há muito mais que se conhecer e aprofundar.
Exemplo de giro de chakra:
A energia entra pelo chakra, no sentido horário, e a energia sai no sentido anti-horário.
Para exemplificar a limpeza de um chakra, basta pensar no movimento, feito geralmente pelos Caboclos, quando com uma vela na mão, giram a mesma na cabeça da pessoa, ora no sentido anti horário, descarregando o chakra, ora no sentido horário imantando energia positiva.
Na Física existe uma lei chamada lei da regra da mão direita, que diz que quando um campo de energia circula no sentido horário, a corrente elétrica flui no sentido do dedão, quando você dá esse giro com a mão direita, ela se aplica a espiritualidade.
A obra “Mãos de Luz” da editora Pensamento, de Barbara Ann Brennan é recomendado para quem deseje se aprofundar no conhecimento dos chakras.
Vamos, novamente, exemplificar o trabalho das entidades com relação aos chakras:
Um consulente vai ao terreiro de Umbanda, ele (a), teve uma decepção amorosa. Esse consulente está fragilizado, magoado, triste no campo do amor. O seu chakra cardíaco, que é o chakra que pertence a Oxum e Oxumaré, entra em desequilíbrio e daí que se diz que esse chakra está (alinhado) desalinhado, que esse chakra está entupido, que esse chakra está com energia negativa.
Podemos dizer que essa pessoa está com o sentido do amor em desequilíbrio porque teve uma decepção amorosa e muitas vezes a entidade coloca a mão em direção ao seu coração ou trabalha com uma vela ou trabalha com uma arruda ou trabalha com uma pedra, mas vai trabalhar em direção ao seu coração para alcançar o sentido do amor.
O sentido do amor está desequilibrado, porém, a entidade, não necessariamente trabalha a força de Oxum, não necessariamente trabalha com a força de Oxumaré, ela pode trabalhar com a força de Xangô em cima do chakra do coração porque a força de Xangô é equilibradora, pode trabalhar com a força de Ogum em cima do chakra do coração porque a força de Ogum é ordenadora, pode trabalhar com a força de Omulú em cima do chakra do coração porque a força de Omulú vai entrar para paralisar a influência negativa que está ali naquele chakra, pode entrar com a força de Oxalá em cima do chakra do coração porque vai trazer nova esperança no campo do amor.
Em cada um dos nossos chakras entram as sete vibrações de Deus porque está no éter, está no prana.
Nossos chakras, todos eles, recebem seis irradiações em torno e uma irradiação no centro.
Essas seis irradiações são:
Irradiação da fé, do amor, do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução e da geração, mas em cada um deles, elas entram numa sequencia diferente.
O chakra frontal é o chakra do meu Orixá de frente, por quê? Porque o Orixá de frente é aquela irradiação que está vibrando no centro do chakra frontal e eu tenho outras seis vibrando no em torno dele. Meu Orixá ancestral dominante é aquele que irradia no meu chakra da coroa.
A irradiação do meu Orixá ancestral é a irradiação que vibra bem no centro do meu eixo magnético que está no centro do chakra da coroa.
A combinação de forças, energias e irradiações dos chakras é uma combinação extremamente complexa.
Quando o chakra da coroa se desequilibra, ele desequilibra todos os outros chakras porque ele desequilibra a sua essência original. Você fica desequilibrado no centro do seu ser, ali onde é chamado o seu “Ori”, o seu mistério maior, localizado no centro da cabeça.
O trabalho de Umbanda é magia e os nossos chakras são uma ligação do mundo interno emocional, do mundo interno dos pensamentos, há uma relação com o nosso corpo físico e o mundo astral.
A maneira mais simples de alcançar o corpo físico é pelos chakras, pois os chakras fazem a ligação entre o corpo físico e o mundo espiritual. Eles são a porta de abertura do nosso corpo com o mundo espiritual, falamos de comida, de água e de ar que são alimentos para o corpo físico e os chakras estão alimentando o corpo físico com a energia etérea.
Anna Pon
(Texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)