Um gladiador escravizado.
Eu vivi no tempo dos gladiadores e fui condenado a ser um deles. Conheci toda a dor e a tristeza de um povo que não pode viver sua liberdade, por causa de sua crença. Fomos perseguidos, ultrajados e encarcerados. Por vivermos presos e sem direito, nos envolvíamos uns com os outros, para aplacar a dor da solidão. Não era feio ou errado. Era a sobrevivência. Uníamos para viver.
A cada duelo um de nós era escolhido para lutar contra o adversário e devíamos dar um espetáculo para a multidão sedenta por sangue. Aquele que se negasse a lutar era decapitado antes mesmo de entrar na arena. Assim, todos lutavam, pois conseguiam prorrogar um pouco mais suas vidas. Tínhamos a esperança de um dia nos libertarmos. Pensávamos que se lutássemos bravamente e vencêssemos muitas vezes, seríamos libertos. Mas, com o passar do tempo, percebemos que nossos algozes não tinham essa intenção… A luta era um espetáculo vantajoso para eles!
Eu consegui sobreviver dois anos após minha prisão, mesmo com lutas semanais. Então, eu sobrevivi 108 vezes! Por fim, eu mesmo desisti, pois meu companheiro morreu no duelo e eu também não quis mais seguir… Essa foi uma de minhas primeiras experiências como homossexual. Reencarnei, em seguida, no mesmo Império Romano, mas servindo a corte como escravo do Rei. Junto comigo também reencarnou meu companheiro. Nós dois vivíamos no castelo como serviçais e não demorou muito para nos reconhecermos e nos envolvermos novamente.
A vida no palácio era só luxúria. Éramos escravos do prazer. Devíamos servir aos nossos senhores e senhoras de todas as maneiras. No começo isso parecia bom, mas com o tempo, comecei a almejar minha liberdade. Queria conhecer o mundo, viajar, explorar outras terras e culturas. Então comecei a planejar minha fuga… Guardei moedas, provisões e tudo o que fosse necessário. Eu poderia seduzir um dos sentinelas para escapar e embebedar a guarda do palácio.
Planejei tudo e procurei meu amado para pedir a ele que fugisse comigo. Ele relutou, pois tinha medo. Depois criou coragem. Conseguimos em uma noite de tempestade, armar a fuga, pois os moradores do palácio dormiam mais nesses dias. Tudo correu conforme eu planejara e seguimos em direção ao litoral.
Chegamos ao porto e embarcamos no primeiro navio em direção a Grécia. Nós tínhamos que tomar cuidado para não chamar a atenção, então arranjamos serviço no navio. Eu sabia cozinhar e meu companheiro arranjou-se como imediato. Assim, tínhamos abrigo e comida até chegarmos em nosso destino. Escolhemos a Grécia, pois ainda era um país livre do domínio romano. Poderíamos ter tentado seguir por terra, mas os exércitos romanos tomavam conta de diversas regiões.
Ao chegarmos na Grécia festejamos nossa liberdade temporária e buscamos trabalho em uma marmoraria. Extraíamos o mármore e ajudávamos a esculpir estátuas de deuses. Porém, nossa alegria não foi duradoura. Dizem que nosso destino nos persegue (mesmo quando fugimos dele) e o meu me encontrou… Roma invadiu a Grécia e fomos capturados. Meu companheiro reagiu e foi morto a golpe de espada e eu fui levado como escravo.
Todo escravo capturado, primeiramente trabalhava como remador no navio que o levava e depois passava por triagem no solo de seu algoz.Em Roma eu fui conduzido ao Coliseu, para ser treinado em lutas e tornei-me (novamente) um gladiador. Não demorou muito para que eu fosse um gladiador bem treinado – acredito que eram resquícios de meu passado. Venci muitas lutas.
Um dia, enquanto lutava, fui reconhecido por meus antigos patrões. Eles faziam parte da realeza presente na plateia. Quando a luta terminou, fui chamado à presença deles. Eles e os treinadores conversaram e quando obtiveram a confirmação de que eu era o escravo fujão, sentenciaram-me a morrer na Arena com os leões.
Essas duas existências marcaram-me profundamente, muito mais que qualquer outra e, por isso, as descrevi aqui. Hoje, sirvo a Umbanda Sagrada como um “Bombogiro” ou um Panjira*, pois sinto orgulho de ter vivido assim…
Todo escravo capturado, primeiramente trabalhava como remador no navio que o levava e depois passava por triagem no solo de seu algoz.Em Roma eu fui conduzido ao Coliseu, para ser treinado em lutas e tornei-me (novamente) um gladiador. Não demorou muito para que eu fosse um gladiador bem treinado – acredito que eram resquícios de meu passado. Venci muitas lutas.
Um dia, enquanto lutava, fui reconhecido por meus antigos patrões. Eles faziam parte da realeza presente na plateia. Quando a luta terminou, fui chamado à presença deles. Eles e os treinadores conversaram e quando obtiveram a confirmação de que eu era o escravo fujão, sentenciaram-me a morrer na Arena com os leões.
Essas duas existências marcaram-me profundamente, muito mais que qualquer outra e, por isso, as descrevi aqui. Hoje, sirvo a Umbanda Sagrada como um “Bombogiro” ou um Panjira*, pois sinto orgulho de ter vivido assim…