segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Albinos, as Pessoas Abençoadas por Òsàlá


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Com efeito, podemos afirmar que a religião dos Òrìsàs, por meio das suas histórias, dogmas e costumes, consegue esclarecer tudo o que existe no mundo. Nessa oportunidade, vamos transcrever uma antiga história Nàgó, que nos explica o surgimento de pessoas albinas, que são consagradas à Òsàlá, mas que são dessa forma, por conta de uma magia inicialmente desenvolvida e praticada por Èsù, que a perdeu após uma disputa insensata com a grande Divindade Funfun.
 
Essa história nos ensina igualmente, que jamais devemos querer ser mais que os nossos mais velhos, que devemos respeitar a sua antiguidade, que não podemos aumentar a nossa idade de iniciação e que sempre devemos seguir as orientações dos nossos sacerdotes. Como costuma-se dizer  na Casa de Òsùmàrè: “orelha não passa cabeça”.
 
Naquela época, Èsù queria ganhar notoriedade e, para isso, queria convencer a todos que ele era mais antigo que Òsàlá. Ao longo de muito tempo eles discutiram com o objetivo de provar qual dos dois era o mais antigo. Òsàlá afirmava que quando Èsù surgiu, ele já estava no mundo há muito tempo.
 
Diante desse cenário, as demais Divindades se reuniram, propondo que Èsù e Òsàlá se confrontassem, com o objetivo de provar qual era o mais antigo. Ambos foram consultar Ifá, o Deus da Adivinhação, para saber o que deveria ser feito. Òsàlá seguiu todas as recomendações de Ifá, por outro lado, Èsù as negligenciou.
 
Quando chegou a data do confronto, todas as Divindades se reuniram para presenciar Èsù e Òsàlá disputarem o posto de mais antigo. Òsàlá inicialmente tocou Èsù que imediatamente caiu, fazendo com que as Divindades exclamassem: “Epa Baba”. Èsù, insatisfeito, levantou-se e tocou a cabeça de Òsàlá, tornando-o um anão. As Divindades ficaram impressionadas e, também, exclamaram “Epa Èsù”. Ao longo de um grande espaço de tempo, Èsù e Ósàlá ficaram disputando, tentando mostrar quem tinha mais poder, quem tinha mais magia e, por consequência, quem era o mais antigo.
 
Num dado momento, Èsù tirou de sua cabeça uma pequena cabaça (Ado), na qual tinha uma poderosa magia. Èsù pegou a magia existente dentro dessa cabaça e soprou em direção de Òsàlá, fazendo surgir uma grande nuvem branca de fumaça. Quando essa nuvem se desfez, Òsàlá não era mais um homem negro, ele havia si tornado totalmente branco (albino). Èsù começou a dizer: “Eu sou o mais velho, Eu sou o mais antigo, Eu tenho mais poder que Òsàlá”.
 
Òsàlá de forma muito serena e calma, retirou do seu Filá, um grande poder, impregnado de Asè. Ele pegou essa magia (Afose), tocando-lhe a boca, dando força às suas palavras. Feito isso, ele disse: “Èsù, eu ordeno que venha até mim e me entregue a sua cabaça com a magia que existe nela”. Èsù, hipnotizado pela força da palavra de Òsàlá, foi em direção do mesmo, entregando-lhe a cabaça com a magia. Todos exclamaram: “Epa Baba”. Òsàlá pegou a cabaça e mostrou a todos que estavam presentes, afirmando que, a partir daquele dia, somente ele, Òsàlá, teria o poder de tornar as pessoas albinas e que essa magia, que outrora pertencia a Èsù, era agora de sua propriedade, que ele era mais velho que Èsù.
 
Todas as Divindades ficaram espantadas com a forma com que Èsù obedeceu à Òsàlá e, começaram a exclamar: “Alabalaasè” (ele é o senhor da força, do poder). As Divindades falaram: “Òsàlá é mais antigo que Èsù, Òsàlá tomou o poder de Èsù”.
 
 
Òsàlá disse que, todas as pessoas albinas que surgissem no mundo, seriam fruto da sua vontade e que, seriam consagradas à ele e abençoadas por ele.
 
Texto copiado da Casa de Òsùmàrè