domingo, 14 de dezembro de 2025

Pomba-Gira da Calunga: A Rainha das Almas Perdidas que se Tornou Mãe dos Corações Partidos

 

Pomba-Gira da Calunga: A Rainha das Almas Perdidas que se Tornou Mãe dos Corações Partidos

Pomba-Gira da Calunga: A Rainha das Almas Perdidas que se Tornou Mãe dos Corações Partidos

Nas margens do rio que separa a dor da redenção, onde as lágrimas viram orvalho e o desespero vira prece, ergue-se Pomba-Gira da Calunga — uma das entidades mais emocionantes, humanas e poderosas da espiritualidade afro-brasileira.

Ela não nasceu rainha.
Ela se tornou rainha depois de tocar o fundo do abismo.

Sua história não é de perfeição — é de redenção.
Seu caminho não é de santidade imposta — é de sabedoria nascida na dor.
Seu poder não vem da pureza — vem da profunda compreensão do que é sofrer, errar, cair… e levantar-se como guia.

Por isso, ela é invocada por mulheres e homens que perderam o amor, que foram traídos, abandonados, esquecidos…
Por isso, ela é chamada por quem luta contra vícios que parecem sem saída, por quem carrega doenças invisíveis, por quem caminha com os pés cansados e a alma em pedaços.

Pomba-Gira da Calunga não julga. Ela acolhe.
Ela não condena. Ela cura.
Ela não promete milagres fáceis. Ela oferece justiça… e esperança.


1. A História Sagrada de Pomba-Gira da Calunga

Antes de ser coroada, ela foi uma moça marcada pela dor. Órfã desde cedo, cresceu nas ruas, sem colo, sem nome, sem chão. Aprendeu a sobreviver onde o mundo fecha as portas — nos becos, nas noites frias, nas promessas vazias.

Foi mulher da vida, sim — mas não por escolha plena, e sim por sobrevivência.
Bebeu para esquecer.
Amou mal, foi amada pior.
Carregou vidas em seu ventre e, em momentos de desespero e escuridão, interrompeu caminhos que não soube como acolher.
E, em um gesto final de dor infinita, deu fim à própria vida, acreditando que não havia mais saída.

Ao cruzar o véu, não foi recebida com flores — foi lançada ao Limbo, aquele espaço intermediário onde as almas em dívida com a Lei aguardam. Lá, reviveu cada grito, cada abandono, cada escolha feita na sombra.

Mas foi no fundo do seu próprio inferno que ela encontrou Exu da Calunga — não como algoz, mas como espelho e mestre. Ele lhe mostrou que a dor não a condenava, mas a preparava.

Sob sua orientação, ela se curou para curar.
Se fortaleceu para proteger.
Se transformou para guiar.

E assim, na Umbanda, foi coroada como Pomba-Gira da Calungaa Mulher do Calunga, a Guardiã das Almas que Sofreram Amores Perdidos, a Mãe dos Corações Partidos.

🌹 Calunga, na tradição afro-brasileira, significa “morte”, mas também “oceano”, “mistério”, “passagem”. Assim, Pomba-Gira da Calunga habita os limiares — entre vida e morte, amor e perda, vício e libertação.


2. Campos de Atuação de Pomba-Gira da Calunga

Ela é invocada com fervor em casos de:

  • Amor perdido (separação, abandono, luto amoroso)
  • Reconciliação ou corte definitivo (ela sabe quando restaurar e quando cortar)
  • Doenças emocionais e físicas ligadas à dor do coração (depressão, ansiedade, insônia, doenças psicossomáticas)
  • Vícios (álcool, drogas, jogos, relacionamentos tóxicos)
  • Abertura de caminhos bloqueados pela dor ou pelo passado
  • Proteção espiritual para mulheres marginalizadas, prostitutas, mães solteiras, LGBTQIA+ em sofrimento

Ela não devolve amores por vingança — ela restaura a dignidade.
Ela não cura com milagre, mas com força interior despertada.


3. Como Montar o Altar de Pomba-Gira da Calunga – Passo a Passo (com Amor e Respeito)

O altar deve refletir sua dualidade: a dor que transformou e a beleza que surgiu dela.

Local ideal:

  • Local limpo, discreto, com pouca circulação
  • Pode ser montado em uma mesa baixa ou no chão (sobre pano), conforme a tradição

Itens essenciais:

  • Toalha: preta com bordas vermelhas, ou vermelha com detalhes em renda preta
  • Velas: vermelhas (paixão, vida) e pretas (proteção, transformação)
  • Copo com água de coco ou água com mel e vinagre de vinho (1 colher de cada — simboliza doçura e purificação)
  • Flores: rosas vermelhas murchas (simbolizando o amor perdido) ou rosas vermelhas frescas (simbolizando a esperança renovada) — nunca as duas juntas
  • Espelho redondo (ela é vaidosa, mas também reflexiva — conhece a alma)
  • Perfume intenso (rosa, jasmim, ou âmbar — pingar 1 gota em algodão)
  • Moedas (símbolo de movimento e sustento)
  • Charuto inteiro (oferta simbólica, não para fumar)
  • Frutas: maçã vermelha, romã, uva (símbolos de desejo e renovação)
  • Incensos: mirra, benjoim, patchouli

Nunca use: objetos profanos, roupas íntimas reais, sangue ou elementos que sexualizem sua figura. Ela é feminina, poderosa e sensual, mas não vulgar.

Montagem ritual:

  1. Defume o local com arruda, alecrim e guiné.
  2. Forre com a toalha.
  3. Coloque o espelho ao centro — é o coração do altar, onde ela "se vê" e vê quem a invoca.
  4. À frente: copo com oferenda líquida
  5. À esquerda: velas vermelha e preta + incensário
  6. À direita: flores, frutas e moedras
  7. Ao fundo: charuto e perfume simbólico
  8. Consagração: acenda as velas, queime incenso, segure o espelho por um instante e diga:

    “Pomba-Gira da Calunga, mulher que conhece a dor como ninguém, hoje te chamo não com medo, mas com fé. Entra em meu caminho, mãe, e me ensina a transformar minha dor em força.”

  9. Manutenção: troque líquidos a cada 24h, flores a cada 2-3 dias.

4. Oferendas e Trabalhos para Situações Reais

A. Trabalho para Luto Amoroso (Perda de Amor por Morte ou Separação)

Itens:

  • 1 vela vermelha
  • 1 rosa vermelha murcha
  • 1 taça com vinho tinto
  • Papel com nome do(a) ex-parceiro(a) ou “meu amor perdido”

Ritual:

  1. Escreva no papel: “Liberta-me da dor que me prende ao passado”.
  2. Coloque sob a rosa murcha.
  3. Ofereça com vinho e vela acesa.
  4. Diga:

    “Pomba-Gira da Calunga, tu que choraste amores que não voltaram, ajuda-me a soltar o que já não é meu. Que minha dor vire lição, não prisão. Axé, minha mãe!”

  5. Após 24h, enterre tudo em local florido.

B. Trabalho para Libertação de Vícios (Álcool, Drogas, Relacionamentos Tóxicos)

Itens:

  • 1 vela preta
  • Sal grosso
  • 1 fita vermelha
  • Água de arruda

Ritual:

  1. Amarre a fita no pulso esquerdo.
  2. Coloque sal grosso em um prato.
  3. Asperja água de arruda no sal.
  4. Acenda a vela e diga:

    “Calunga, minha rainha, corta com tua unha afiada todo vício que me escraviza. Que eu encontre em mim a força que um dia busquei na garrafa, na rua, no olhar errado. Liberta-me!”

  5. Após 3 horas, jogue o sal em água corrente e queime a fita (com segurança).

C. Oferecimento para Cura de Doenças Ligadas à Dor Emocional

Itens:

  • 1 vela vermelha
  • Mel puro
  • 1 maçã vermelha
  • Água de coco

Ritual:

  1. Unte a maçã com mel.
  2. Ofereça com água de coco e vela acesa.
  3. Diga:

    “Pomba-Gira da Calunga, tu que curaste tua alma partida, cura meu corpo cansado de chorar. Que minha saúde renasça com minha esperança. Salve, minha protetora!”

  4. Após 24h, regue uma planta com a água e coma a maçã (se sentir).

5. Orações Curtas, Emocionantes e Poderosas

Oração do Coração Partido

“Pomba-Gira da Calunga,
Mãe dos que amaram demais e perderam tudo,
Hoje te entrego minha dor sem vergonha.
Não peço que ele(a) volte…
Peço que eu volte — a mim mesmo.
Axé, minha rainha!”

Oração da Libertação

“Calunga, mulher que bebeu o amargor e virou mel,
Tira de mim o vício que me rouba a alma.
Que eu encontre em teu abraço
A força que um dia busquei na sombra.
Salve!”

Oração de Agradecimento

“Recebe, minha Pomba-Gira,
Minha gratidão em lágrimas secas,
Em passos firmes,
Em noites que já não choro sozinho.
Tu me ensinaste que até a dor pode ser sagrada.
Axé para sempre!”


6. Princípios de Respeito e Devoção

  • Nunca peça para destruir alguém — ela age com justiça, não com ódio.
  • Chore diante dela — ela não despreza a dor humana.
  • Agradeça mesmo quando a cura demora — ela trabalha na raiz, não na superfície.
  • Se você é mulher marginalizada, prostituta, mãe solteira ou LGBTQIA+ em sofrimento, saiba: ela te vê, te ama e te protege.

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Que Pomba-Gira da Calunga envolva você em seu véu de lágrimas transformadas em poder, e lembre sempre:
Quem foi abandonado pelo mundo, encontrou uma mãe nas sombras.
Quem se perdeu no vício, encontrou um caminho na dor.
Quem chorou sozinho, agora tem uma rainha que chora com ele — e luta por ele.

Salve Pomba-Gira da Calunga!
Salve a mulher que sofreu e se tornou refúgio!
Salve a mãe que abraça sem julgar!
💔🌹🔥


Este conteúdo foi elaborado com profundo respeito às tradições da Umbanda e da Quimbanda. Pomba-Gira da Calunga é uma entidade real, viva e poderosa — merecedora de devoção, não de romantização. Honre sempre sua história, sua dor e sua transformação.