Mariazinha da Beira da Praia: A Criança Encantada que Cuida do Coração dos Adultos
— Oi, tia…
— Oi, tio…
Hoje eu vim aqui pra contar um pouquinho da minha história. Não sou uma entidade grandona, não venho com trovões nem com fogo — eu venho com conchinhas, com risadinhas e com o cheiro do mar molhando meus pés descalços.
Quando eu ainda era viva, eu morava numa casinha bem pertinho do mar, lá onde a areia é branquinha e o sol beija a água com carinho. A mamãe dizia que eu nasci com o canto da sereia na alma, porque desde pequenininha eu corria pra praia assim que o sol raiava. Meu brinquedo preferido? Conchinhas. Eu catava uma por uma, guardava num balde de madeira e dava nome pra todas: tinha a Luminosa, a Sussurradora, a Corajosa… cada uma com um segredo que só eu entendia.
Eu amava andar de mãos dadas com a mamãe na beira da água, enquanto ela cantava rezas antigas que aprendeu com a avó dela. Às vezes, a gente sentava na areia e ficava horas olhando o horizonte, como se o mar fosse um espelho do céu. Ela me ensinou que o mar cura, que o sal limpa e que o vento leva as tristezas embora.
Mas um dia… eu não lembro direitinho como foi. Só sei que não acordei mais na minha caminha de renda. Em vez disso, me vi diante de um homem altíssimo, forte, com uma armadura brilhando feito sol. Ele sorriu pra mim com olhos firmes, mas cheios de ternura, e disse:
“Vem cá, menina da praia. Agora você vai trabalhar comigo. Vai cuidar de gente grande — daquelas que se esqueceram de brincar, de rir, de amar com o coração leve.”
Eu fiquei com medo, tia. Eu era tão pequenininha… Como eu ia cuidar de adulto, se eu nem sabia amarrar direito as fitinhas do meu vestido?
Mas ele pegou minha mão com cuidado e me disse algo que nunca esqueci:
“Nós que somos pequenos temos a maior das forças. Porque a verdadeira força não está nos músculos — está no amor que a gente carrega.”
E foi assim que eu soube: aquele senhor era Ogum, meu padrinho espiritual. Ele me levou pra linha dele, me ensinou a ser protetora, mas sem perder a leveza da criança que eu sempre fui.
Quem é Mariazinha da Beira da Praia?
Mariazinha não é uma entidade de demanda, nem de corte forte. Ela pertence à Linha das Crianças da Umbanda — filha de Ogum Megê, mas com forte ligação com Iemanjá, a rainha do mar que a embalou desde o berço. Ela também tem sintonia com Oxum, por causa do amor puro que carrega no peito, e com Oxalá, pela inocência que nunca perdeu.
Ela veste saia rodada branca com detalhes em azul-celeste, usa laços coloridos no cabelo, e sempre traz consigo um balde de conchas, um barquinho de madeira e um espelho de bolso — não pra vaidade, mas pra refletir a verdade do coração de quem a chama.
Seu trabalho? Cuidar de adultos feridos.
Ela abraça quem chora escondido no trabalho, consola quem perdeu a esperança no amor, devolve o brilho nos olhos de quem se esqueceu de sonhar. E, com a proteção de Ogum, ela afasta inveja, maldade e energias pesadas que tentam roubar a alegria alheia.
Como Mariazinha Trabalha
Ela atua em terreiros de Umbanda, especialmente nos dias de segunda-feira (dia das crianças) e sábado (dia de Ogum). Gosta de brincar, dançar, pedir doces, mas nunca perde o foco na missão: levar paz, cura emocional e proteção espiritual.
Quando incorporada, sua voz é suave, às vezes intercalada com risos infantis. Pode pedir pra alguém brincar de amarelinha, soprar uma bolha de sabão, ou escrever um pedido num papelzinho e jogar no mar — tudo com um propósito mágico e terapêutico.
Como Montar um Cantinho para Mariazinha da Beira da Praia
Não é um altar tradicional — é um cantinho de afeto. Escolha um lugar calmo, perto de uma janela ou varanda, de preferência com vista pro céu.
Itens que ela gosta:
- Saia branca com bordado azul (pode ser um pano ou tecido simbólico)
- Bonequinha de pano com laço colorido
- Balde ou concha com areia da praia (se não tiver, use areia comum + um pouco de sal marinho)
- Conchinhas variadas (sete é um número mágico, mas ela aceita quantas você puder oferecer)
- Velas brancas e azuis-celestes
- Ofertas: brigadeiro, beijinho, suco de maracujá, pão de queijo, bala de coco
- Um barquinho de madeira ou papel (simboliza a travessia segura)
- Água de cheiro com cheiro de flor (como jasmim ou gardênia)
Evite: bebidas alcoólicas, objetos cortantes, imagens tristes ou quebras de brinquedos.
Oferendas e Simpatias com Mariazinha
✨ Para acalmar a ansiedade de um adulto
- Pegue uma concha limpa e coloque dentro dela 1 colher de mel, 3 pétalas de flor branca e um pedacinho de papel com a palavra “PAZ”.
- Leve até a beira-mar (ou jogue em um rio limpo) dizendo:
“Mariazinha da Beira da Praia, leva essa inquietação como o mar leva a maré. Que o coração encontre sossego, como a areia encontra o pé descalço. Amém, tia!”
🌊 Para curar mágoa antiga
- Escreva a mágoa num papel azul. Dobre como um barquinho.
- Acenda uma vela branca e deixe o barquinho “navegar” até o fogo (com cuidado!).
“Mariazinha, leva essa dor embora. Que ela vire espuma, vire brisa, vire lembrança leve. Eu libero. Eu perdoo. E volto a brincar.”
🌈 Para trazer alegria de volta pra casa
- Faça um piquenique simples: coloque brigadeiros, suco e bolachinhas num canto do quintal ou varanda.
- Chame Mariazinha com alegria:
“Tiazinha Mariazinha, venha brincar aqui! Traz tua saia colorida, teus risos e tua luz! Que essa casa volte a ser lugar de riso e de abraço apertado!”
Uma Mensagem Final, Direto do Coração Dela
“Tia… já vou indo.
Quando precisar de mim, não precisa ir longe.
É só ir na beira da praia, ou até na beira do seu coração.
Me chame com carinho, com doçura…
E eu vou estar lá, sacudindo a saia, catando conchinhas e espalhando amor.
Porque eu sou Mariazinha da Beira da Praia…
E eu nunca abandono quem me chama com fé de criança.”
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