Exu Rei das Sete Encruzilhadas: O Soberano dos Caminhos Quebrados – Uma Lenda Jamais Contada
Exu Rei das Sete Encruzilhadas: O Soberano dos Caminhos Quebrados – Uma Lenda Jamais Contada
Antes de ser Rei, ele foi um homem que carregava os segredos do mundo nas costas.
Nasceu em 1839, não em cidade grande, mas no meio do sertão baiano, nas cercanias de Juazeiro, numa fazenda abandonada à beira do rio São Francisco. Seu nome de batismo foi Domingos Alves — um nome comum, sem pompa, como tantos que morrem sem ter seu nome gravado na história. Seu pai, Sebastião Alves, era um tropeiro que transportava couro, sal e farinha entre Bahia, Pernambuco e Minas. Sua mãe, Rosa Maria, era parteira — e também, em segredo, rezadeira de alma, aquelas que sabem quando uma criança vem com espírito de guia.
A casa deles ficava num lugar especial: exatamente onde sete trilhas antigas se encontravam. Nenhuma era estrada oficial. Eram caminhos de vaqueiros, escravos fugidos, curandeiros, caçadores e romeiros silenciosos. Por isso, o povo da região chamava aquele lugar de “Cruz dos Sete Ventos”. Lá, dizia-se que o tempo parava por um instante toda vez que alguém escolhia um caminho.
Domingos cresceu ouvindo histórias de homens que entravam por um caminho e nunca mais voltavam — ou voltavam mudados. Aos 10 anos, já sabia que cada escolha feita na encruzilhada ecoava por sete vidas. Aos 15, começou a acompanhar seu pai nas viagens, mas não carregava carga — carregava responsabilidade. Era ele quem escolhia, nas bifurcações, qual trilha seguir. E nunca errava.
Seu único amor foi Lúcia, filha de um velho índio que guardava uma gruta com pinturas rupestres nas proximidades. Ela não sabia ler, mas conhecia o nome de cada planta da caatinga e sabia quando a terra ia tremer antes do terremoto. Os dois se prometeram debaixo de uma gameleira centenária: “Se eu me perder, você me encontra nas sete encruzilhadas.”
Mas em 1866, a Guerra do Paraguai chegou até o sertão em forma de recrutamento forçado. Domingos foi levado à força por um tenente que o viu “dando ordens demais para um simples muleiro”. Antes de partir, enterrou um colar de sementes que Lúcia lhe dera, debaixo da gameleira, com uma promessa: “Volto antes da seca.”
Nunca voltou.
Durante a guerra, tornou-se mensageiro — não por coragem, mas por intuição sobrenatural. Sabia quais trilhas estavam livres de emboscadas, onde a água não estava envenenada, por qual caminho o inimigo não esperaria. Os soldados o chamavam de “o olho da noite”. Mas sua fama o condenou.
Acusado de traição por um capitão que perdera uma batalha por não seguir seu conselho, foi amarrado a um poste em pleno campo aberto, no centro de uma encruzilhada natural formada por sete trilhas usadas pelos exércitos. Ali, foi deixado sem água, sem sombra, sem nome — apenas com seu colar de sementes, que alguém, por piedade, pendurou em seu pescoço antes de ir embora.
Morreu ao quinto dia, com os olhos abertos, olhando para os sete caminhos. Seu corpo secou sob o sol como couro. Ninguém o enterrou. As formigas levaram seus ossos. O vento apagou suas pegadas.
Mas na sétima noite após sua morte, os sete caminhos brilharam ao mesmo tempo. Um fogo azulado subiu de cada trilha e se encontrou no centro. Do fogo surgiu uma figura com coroa de chifres entrelaçados, manto feito de sombras de viajantes e uma lanterna que não apaga. Nasceu ali Exu Rei das Sete Encruzilhadas — não um exu comum, mas um Rei, porque carregava em si as dores de todos os que se perderam por escolhas erradas.
Sua Atuação Espiritual
Exu Rei das Sete Encruzilhadas atua na Quimbanda Sagrada como chefe supremo de falanges que governam decisões, destinos cruzados e momentos de virada. Ele não está abaixo de nenhum Orixá comum — responde diretamente a Exu Maioral, e em algumas correntes, é considerado manifestação terrena da vontade de Ogum Rompe-Mato e Iansã, unidos no poder de cortar e redirecionar o destino.
Ele trabalha em sete planos simultâneos:
- O caminho da justiça
- O caminho do amor verdadeiro
- O caminho do poder pessoal
- O caminho da proteção ancestral
- O caminho da verdade oculta
- O caminho da transformação radical
- O caminho do retorno espiritual
Sua energia é majestosa, serena e implacável com a hipocrisia. Ele não atende pedidos levianos. Mas para quem busca clareza em meio ao caos, ele é o guia final.
Como Montar Seu Altar
- Local ideal: Um espaço elevado (como uma mesinha alta), de frente para o norte, ou no centro da casa.
- Cor predominante: Vermelho-sangue e preto-profundo, com toques de dourado (sinal de realeza).
- Itens essenciais:
- Coroa simbólica (pode ser de ferro, com sete pontas)
- Lanterna ou lamparina acesa (simbolizando a luz nas encruzilhadas)
- Sete velas vermelhas
- Sete moedas antigas
- Taça de whisky ou cachaça envelhecida (ele aprecia bebidas nobres)
- Oferecimento de frutas vermelhas (coco seco não serve — ele prefere uva, romã, caju)
- Imagem ou estátua com postura real (não grotesca, mas imponente)
- Sincretismo: São Cipriano (pela sabedoria oculta) ou São Miguel Arcanjo (pela autoridade sobre os caminhos espirituais).
Dia de força: Sábado à noite, especialmente nas luas minguantes.
Oferendas Poderosas
- Para tomar uma decisão impossível:
- Acenda sete velas vermelhas em círculo.
- Coloque no centro um papel com as opções escritas.
- Ofereça um cálice de vinho tinto e peça:
“Rei das Sete Encruzilhadas, ilumine o caminho que me leva à minha verdadeira missão. Que os outros se fechem em paz.” - Deixe queimar até o fim. Enterre as sobras na terra.
- Para romper um ciclo kármico:
- Na encruzilhada mais antiga que encontrar, deixe:
- 1 pão de milho
- 1 punhado de sal grosso
- 7 folhas de espada-de-ogum
- Diga:
“Rei, quebre este fio que me prende ao passado. Eu escolho o novo caminho.”
- Na encruzilhada mais antiga que encontrar, deixe:
- Para atrair poder espiritual autêntico:
- Ofereça em seu altar:
- 1 fruta da estação
- 1 cigarro de palha
- 1 moeda de prata
- Peça com humildade:
“Se for da vontade dos Reinos, que eu caminhe com responsabilidade sob sua coroa.”
- Ofereça em seu altar:
Ritual da Coroa da Virada (para renascimento espiritual)
Use apenas se estiver disposto a mudar tudo:
- Durante 7 noites seguidas, acenda uma vela vermelha para Exu Rei das Sete Encruzilhadas.
- Cada noite, escreva em um papel uma coisa que você precisa soltar (ódio, vício, relação tóxica, ilusão).
- Queime o papel na chama da vela.
- Na sétima noite, diga:
“Rei das Encruzilhadas, eu me coloco diante dos sete caminhos. Leve o que não me serve. Faça-me digno de escolher com sabedoria.” - Enterre as cinzas sob uma árvore frutífera.
Por Que Ele é Rei
Porque, enquanto outros Exus guardam uma encruzilhada, ele governa sete ao mesmo tempo.
Porque não julga — direciona.
Porque não castiga — transforma.
Sua história não é de vingança, mas de assunção consciente do poder. Ele não virou Exu por ter errado — virou Exu por ter visto além do erro e do acerto.
Se você está diante de uma escolha que pode mudar tudo…
… saiba que ele já está lá, segurando a lanterna.
#ExuReiDasSeteEncruzilhadas #QuimbandaSagrada #ReiDosCaminhos #ExuReal #ForçaDaEsquerda #EspiritualidadedePoder #UmbandaReal #ExuMaioral #SeteEncruzilhadas #MagiaConsciente #RitualDeVirada #DestinoESabedoria #ReiExu #EspiritualidadeAfroBrasileira #PaiExuRei #CoroadoNasTrevas #GuardiãoDosSetePlanos #JustiçaEspiritual #AxéReal #MagiaComResponsabilidade