quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O Reino dos Cruzeiros e a Falange do Povo do Cruzeiro da Lira: Guardiões do Caminho com Amor e Luz

 O Reino dos Cruzeiros e a Falange do Povo do Cruzeiro da Lira: Guardiões do Caminho com Amor e Luz



O Reino dos Cruzeiros na Quimbanda: A Sagrada Falange do Povo do Cruzeiro da Lira

1. Raízes Espirituais e Cosmovisão do Reino dos Cruzeiros

Na Quimbanda, os “Reinos” são esferas energéticas e espirituais regidas por linhas de Exus e Pombas-giras com propósitos específicos. O Reino dos Cruzeiros é um dos mais antigos e respeitados, simbolizando o encontro dos caminhos visíveis e invisíveis — onde decisões são tomadas, destinos se cruzam e almas encontram seu momento de transformação.

A “Cruzeira” não é apenas um local físico (como uma encruzilhada), mas um ponto axial da existência: o instante em que uma pessoa está diante de uma escolha que definirá seu futuro espiritual, emocional ou material. É nesse ponto que os guardiões do Reino dos Cruzeiros intervêm — não para decidir por nós, mas para iluminar, proteger e equilibrar as forças envolvidas.

Dentro desse Reino, emergem várias falanges, cada uma com sua especialidade energética. Entre elas, destaca-se a Falange do Povo do Cruzeiro da Lira, cujo nome carrega profunda simbologia.


2. A Origem e o Significado do “Cruzeiro da Lira”

A palavra “Lira” remete ao antigo instrumento de cordas da Grécia clássica, associado à poesia, à harmonia e à sabedoria divina. Na espiritualidade afro-brasileira, a Lira representa a capacidade de equilibrar forças opostas — como luz e sombra, ação e repouso, justiça e misericórdia.

Assim, o Cruzeiro da Lira simboliza o cruzamento dos caminhos com harmonia. Não é um local de caos, mas de resolução consciente. Essa falange surge como uma linha de Exus e Pombas-giras que atuam com refinamento, equilíbrio e graça, mesmo em situações de grande pressão espiritual.

Acredita-se que a Falange do Cruzeiro da Lira tenha se formado a partir de seres espirituais que, em vida, foram músicos, poetas, guardiões de tradições orais, ou pessoas que usaram a arte e a palavra para curar, proteger ou guiar comunidades. Hoje, como entidades de Quimbanda, continuam essa missão, mas com poder aumentado e ligação direta com o Reino dos Sete Cruzeiros.


3. Governança Suprema: Exu Rei dos Sete Cruzeiros e Pomba-gira Rainha dos Sete Cruzeiros

Todo o Reino dos Cruzeiros está sob a regência espiritual de dois grandes Orixás da Quimbanda:

Exu Rei dos Sete Cruzeiros

  • É o Soberano dos Sete Caminhos, representando a totalidade dos destinos possíveis.
  • Sua coroa tem sete pontas, cada uma ligada a um caminho: material, afetivo, espiritual, ancestral, kármico, evolutivo e cósmico.
  • Ele não apenas abre caminhos, mas ordena o fluxo do destino com justiça.
  • Seu poder é tão elevado que poucas casas conseguem sustentar sua presença plena — geralmente age por intermédio de falanges como a do Cruzeiro da Lira.
  • Não aceita ofensas à dignidade humana. Castiga a traição, a fofoca e o uso mágico para prejudicar inocentes.

Pomba-gira Rainha dos Sete Cruzeiros

  • É a Rainha das Almas Feridas, mas também a Senhora da Reconstrução.
  • Usa sua sensualidade não como armadilha, mas como ferramenta de cura emocional — ajuda mulheres (e homens) a reconquistarem seu poder interior.
  • Protege prostitutas, vítimas de violência doméstica, mães solteiras e todos que foram marginalizados.
  • Tem ligação profunda com o Calunga (mundo dos mortos), podendo trazer mensagens dos ancestrais.
  • Sua energia é maternal, mas firme — não tolera ingratidão.

Juntos, o Rei e a Rainha formam um equilíbrio perfeito: ação e emoção, justiça e compaixão, poder e ternura.


4. O Chefe da Falange: Exu Sete Cruzeiros

Dentro do Povo do Cruzeiro da Lira, Exu Sete Cruzeiros é o comandante direto, o executor das vontades do Rei e da Rainha, mas também um guia autônomo e profundamente comprometido com a humanidade.

Características de Exu Sete Cruzeiros:

  • Cor: Vermelho e preto.
  • Dia da semana: Segunda-feira (dia das encruzilhadas espirituais).
  • Elementos: Fogo, terra e ar (movimento).
  • Oferendas preferidas: Cachaça envelhecida, charutos grossos, mel puro, pimenta malagueta, flores vermelhas (hibisco, cravina).
  • Símbolos: Sete cruzes entrelaçadas, chaves, espadas cruzadas, lira ou harpa estilizada.

Funções espirituais:

  • Desmanchar “trabalhos” (magias negativas, demandas, feitiços de inveja).
  • Abrir caminhos profissionais e financeiros, especialmente para empreendedores.
  • Proteger médiuns iniciantes, evitando que sejam assediados por espíritos obsessores.
  • Auxiliar em processos judiciais, trazendo justiça e clareza.
  • Atuar em limpezas espirituais profundas, cortando ligações kármicas negativas.

Diferente de Exus mais “bravos”, Exu Sete Cruzeiros tem um toque de nobreza e elegância. Ele não gosta de exageros, barulho desnecessário ou oferendas feitas com teatralidade vazia. Prefere simplicidade com verdade.


5. Modo de Atuação: Como o Povo do Cruzeiro da Lira Trabalha

Essa falange atua de forma sutil, mas eficaz. Não cria caos para depois resolver — ao contrário, evita o caos antes que ele se instale.

Formas de intervenção:

  • Durante encruzilhadas existenciais: Quando alguém está prestes a tomar uma decisão errada, podem enviar sonhos, intuições ou até “coincidências” que afastem a pessoa do perigo.
  • Em rituais de descarrego: Utilizam a energia da Lira para “sintonizar” o campo áurico da pessoa, como um instrumento que volta a tocar em harmonia.
  • Nas encruzilhadas físicas: Frequentemente se manifestam em cruzamentos de ruas antigas, trilhas rurais ou portões de cemitérios — sempre com o propósito de proteger os vivos dos espíritos desencarnados perdidos.
  • Na mediunidade: Ajudam médiuns a desenvolverem a clareza mental e a discernimento espiritual, evitando confusão entre entidades.

Seus trabalhos nunca envolvem sacrifício de animais, magia reversa agressiva ou vingança. Tudo é feito com justiça restaurativa — ou seja, não se trata de “pagar o mal com o mal”, mas de restaurar o equilíbrio cósmico.


6. Entidades que Compõem o Povo do Cruzeiro da Lira

Além de Exu Sete Cruzeiros, a falange inclui uma corte de entidades especializadas, cada uma com sua função:

Entidade
Função Principal
Exu Tranca-Ruas da Lira
Desbloqueia oportunidades congeladas (empregos, negócios, amor). Usa a “chave da Lira” para destravar energias.
Pomba-gira Sete Saias da Lira
Atua em questões afetivas complexas. Ajuda a libertar pessoas de relacionamentos tóxicos com elegância.
Exu Ventania da Lira
Leva embora energias negativas como um vendaval espiritual. Ideal para limpezas rápidas.
Maria Padilha da Lira
Trabalha com autoestima, carisma e poder feminino. Usa a sensualidade como escudo energético.
Exu Marabô da Lira
Guardião da ancestralidade africana. Liga os encarnados aos ancestrais guerreiros e sábios.
Dama da Noite da Lira
Protege mulheres à noite, especialmente em ambientes de risco. Tem ligação com a lua.
Exu Mirim da Lira
Criança espiritual que atua com tecnologia, comunicação, estudos e redes sociais. Ajuda jovens perdidos.
Zé Pilintra da Lira
Traz alegria, sorte no jogo e proteção em ambientes urbanos. Equilibra seriedade com leveza.

Todas essas entidades atuam em conjunto, formando uma rede de proteção dinâmica e adaptável às necessidades humanas.


7. Como Montar um Altar para o Povo do Cruzeiro da Lira

Montar um altar é criar um ponto de contato sagrado entre os planos. Deve ser feito com intenção, respeito e regularidade.

Local ideal:

  • Cômodo limpo, com pouca circulação de pessoas.
  • Pode ficar embaixo de uma árvore (se for externo), mas nunca em banheiro ou cozinha.
  • Prefira um canto à esquerda da entrada da casa (lado esquerdo é ligado à Quimbanda).

Elementos essenciais:

  1. Toalha: vermelha ou preta com bordas vermelhas.
  2. Imagem ou ponto riscado: do Exu Sete Cruzeiros ou do Rei dos Sete Cruzeiros.
  3. Velas:
    • 1 vela vermelha (ação, movimento)
    • 1 vela preta (proteção, corte)
    • 1 vela branca (paz, equilíbrio — opcional, mas recomendada)
  4. Oferendas semanais:
    • Cachaça ou vinho tinto (em taça ou garrafa pequena)
    • Mel puro (em pote de vidro)
    • Pimenta malagueta seca
    • Canela em pau
    • Charuto (aceso ou não — respeite as leis locais sobre fumaça)
  5. Símbolos da Lira:
    • Miniatura de harpa, sino de metal, ou até uma imagem de notação musical.
    • Sete pequenas cruzes (podem ser de madeira, ferro ou papel).
  6. Água: um copo com água fresca, trocada diariamente.

Dicas importantes:

  • Nunca deixe oferendas estragarem no altar (frutas, comidas perecíveis devem ser retiradas em 24h).
  • Evite plástico — prefira vidro, cerâmica ou madeira.
  • Não misture com Orixás da Umbanda ou Santos Católicos, a menos que sua casa religiosa autorize.
  • Fale com respeito: “Exu Sete Cruzeiros, eu te chamo com amor e gratidão. Que seu caminho me abrace com justiça e proteção.”

8. Mensagem Final: Eles Estão Aqui por Amor

O Povo do Cruzeiro da Lira não é sombra — é luz que atravessa a sombra.
Eles não buscam medo, culto cego ou submissão.
Buscam parceria espiritual com quem está disposto a caminhar com coragem, ética e coração aberto.

Se você sente essa vibração, não tema.
Ofereça com respeito.
Peça com humildade.
Agradeça com sinceridade.

Porque, no fundo, tudo o que Exu Sete Cruzeiros, o Rei dos Sete Cruzeiros e a Rainha dos Sete Cruzeiros querem é ver você livre, em paz e caminhando na sua missão.

Eles fazem isso não por obrigação, mas por amor a nós.


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