O Reino dos Cruzeiros e a Falange do Povo do Cruzeiro da Lira: Guardiões do Caminho com Amor e Luz
O Reino dos Cruzeiros na Quimbanda: A Sagrada Falange do Povo do Cruzeiro da Lira
1. Raízes Espirituais e Cosmovisão do Reino dos Cruzeiros
Na Quimbanda, os “Reinos” são esferas energéticas e espirituais regidas por linhas de Exus e Pombas-giras com propósitos específicos. O Reino dos Cruzeiros é um dos mais antigos e respeitados, simbolizando o encontro dos caminhos visíveis e invisíveis — onde decisões são tomadas, destinos se cruzam e almas encontram seu momento de transformação.
A “Cruzeira” não é apenas um local físico (como uma encruzilhada), mas um ponto axial da existência: o instante em que uma pessoa está diante de uma escolha que definirá seu futuro espiritual, emocional ou material. É nesse ponto que os guardiões do Reino dos Cruzeiros intervêm — não para decidir por nós, mas para iluminar, proteger e equilibrar as forças envolvidas.
Dentro desse Reino, emergem várias falanges, cada uma com sua especialidade energética. Entre elas, destaca-se a Falange do Povo do Cruzeiro da Lira, cujo nome carrega profunda simbologia.
2. A Origem e o Significado do “Cruzeiro da Lira”
A palavra “Lira” remete ao antigo instrumento de cordas da Grécia clássica, associado à poesia, à harmonia e à sabedoria divina. Na espiritualidade afro-brasileira, a Lira representa a capacidade de equilibrar forças opostas — como luz e sombra, ação e repouso, justiça e misericórdia.
Assim, o Cruzeiro da Lira simboliza o cruzamento dos caminhos com harmonia. Não é um local de caos, mas de resolução consciente. Essa falange surge como uma linha de Exus e Pombas-giras que atuam com refinamento, equilíbrio e graça, mesmo em situações de grande pressão espiritual.
Acredita-se que a Falange do Cruzeiro da Lira tenha se formado a partir de seres espirituais que, em vida, foram músicos, poetas, guardiões de tradições orais, ou pessoas que usaram a arte e a palavra para curar, proteger ou guiar comunidades. Hoje, como entidades de Quimbanda, continuam essa missão, mas com poder aumentado e ligação direta com o Reino dos Sete Cruzeiros.
3. Governança Suprema: Exu Rei dos Sete Cruzeiros e Pomba-gira Rainha dos Sete Cruzeiros
Todo o Reino dos Cruzeiros está sob a regência espiritual de dois grandes Orixás da Quimbanda:
Exu Rei dos Sete Cruzeiros
- É o Soberano dos Sete Caminhos, representando a totalidade dos destinos possíveis.
- Sua coroa tem sete pontas, cada uma ligada a um caminho: material, afetivo, espiritual, ancestral, kármico, evolutivo e cósmico.
- Ele não apenas abre caminhos, mas ordena o fluxo do destino com justiça.
- Seu poder é tão elevado que poucas casas conseguem sustentar sua presença plena — geralmente age por intermédio de falanges como a do Cruzeiro da Lira.
- Não aceita ofensas à dignidade humana. Castiga a traição, a fofoca e o uso mágico para prejudicar inocentes.
Pomba-gira Rainha dos Sete Cruzeiros
- É a Rainha das Almas Feridas, mas também a Senhora da Reconstrução.
- Usa sua sensualidade não como armadilha, mas como ferramenta de cura emocional — ajuda mulheres (e homens) a reconquistarem seu poder interior.
- Protege prostitutas, vítimas de violência doméstica, mães solteiras e todos que foram marginalizados.
- Tem ligação profunda com o Calunga (mundo dos mortos), podendo trazer mensagens dos ancestrais.
- Sua energia é maternal, mas firme — não tolera ingratidão.
Juntos, o Rei e a Rainha formam um equilíbrio perfeito: ação e emoção, justiça e compaixão, poder e ternura.
4. O Chefe da Falange: Exu Sete Cruzeiros
Dentro do Povo do Cruzeiro da Lira, Exu Sete Cruzeiros é o comandante direto, o executor das vontades do Rei e da Rainha, mas também um guia autônomo e profundamente comprometido com a humanidade.
Características de Exu Sete Cruzeiros:
- Cor: Vermelho e preto.
- Dia da semana: Segunda-feira (dia das encruzilhadas espirituais).
- Elementos: Fogo, terra e ar (movimento).
- Oferendas preferidas: Cachaça envelhecida, charutos grossos, mel puro, pimenta malagueta, flores vermelhas (hibisco, cravina).
- Símbolos: Sete cruzes entrelaçadas, chaves, espadas cruzadas, lira ou harpa estilizada.
Funções espirituais:
- Desmanchar “trabalhos” (magias negativas, demandas, feitiços de inveja).
- Abrir caminhos profissionais e financeiros, especialmente para empreendedores.
- Proteger médiuns iniciantes, evitando que sejam assediados por espíritos obsessores.
- Auxiliar em processos judiciais, trazendo justiça e clareza.
- Atuar em limpezas espirituais profundas, cortando ligações kármicas negativas.
Diferente de Exus mais “bravos”, Exu Sete Cruzeiros tem um toque de nobreza e elegância. Ele não gosta de exageros, barulho desnecessário ou oferendas feitas com teatralidade vazia. Prefere simplicidade com verdade.
5. Modo de Atuação: Como o Povo do Cruzeiro da Lira Trabalha
Essa falange atua de forma sutil, mas eficaz. Não cria caos para depois resolver — ao contrário, evita o caos antes que ele se instale.
Formas de intervenção:
- Durante encruzilhadas existenciais: Quando alguém está prestes a tomar uma decisão errada, podem enviar sonhos, intuições ou até “coincidências” que afastem a pessoa do perigo.
- Em rituais de descarrego: Utilizam a energia da Lira para “sintonizar” o campo áurico da pessoa, como um instrumento que volta a tocar em harmonia.
- Nas encruzilhadas físicas: Frequentemente se manifestam em cruzamentos de ruas antigas, trilhas rurais ou portões de cemitérios — sempre com o propósito de proteger os vivos dos espíritos desencarnados perdidos.
- Na mediunidade: Ajudam médiuns a desenvolverem a clareza mental e a discernimento espiritual, evitando confusão entre entidades.
Seus trabalhos nunca envolvem sacrifício de animais, magia reversa agressiva ou vingança. Tudo é feito com justiça restaurativa — ou seja, não se trata de “pagar o mal com o mal”, mas de restaurar o equilíbrio cósmico.
6. Entidades que Compõem o Povo do Cruzeiro da Lira
Além de Exu Sete Cruzeiros, a falange inclui uma corte de entidades especializadas, cada uma com sua função:
Todas essas entidades atuam em conjunto, formando uma rede de proteção dinâmica e adaptável às necessidades humanas.
7. Como Montar um Altar para o Povo do Cruzeiro da Lira
Montar um altar é criar um ponto de contato sagrado entre os planos. Deve ser feito com intenção, respeito e regularidade.
Local ideal:
- Cômodo limpo, com pouca circulação de pessoas.
- Pode ficar embaixo de uma árvore (se for externo), mas nunca em banheiro ou cozinha.
- Prefira um canto à esquerda da entrada da casa (lado esquerdo é ligado à Quimbanda).
Elementos essenciais:
- Toalha: vermelha ou preta com bordas vermelhas.
- Imagem ou ponto riscado: do Exu Sete Cruzeiros ou do Rei dos Sete Cruzeiros.
- Velas:
- 1 vela vermelha (ação, movimento)
- 1 vela preta (proteção, corte)
- 1 vela branca (paz, equilíbrio — opcional, mas recomendada)
- Oferendas semanais:
- Cachaça ou vinho tinto (em taça ou garrafa pequena)
- Mel puro (em pote de vidro)
- Pimenta malagueta seca
- Canela em pau
- Charuto (aceso ou não — respeite as leis locais sobre fumaça)
- Símbolos da Lira:
- Miniatura de harpa, sino de metal, ou até uma imagem de notação musical.
- Sete pequenas cruzes (podem ser de madeira, ferro ou papel).
- Água: um copo com água fresca, trocada diariamente.
Dicas importantes:
- Nunca deixe oferendas estragarem no altar (frutas, comidas perecíveis devem ser retiradas em 24h).
- Evite plástico — prefira vidro, cerâmica ou madeira.
- Não misture com Orixás da Umbanda ou Santos Católicos, a menos que sua casa religiosa autorize.
- Fale com respeito: “Exu Sete Cruzeiros, eu te chamo com amor e gratidão. Que seu caminho me abrace com justiça e proteção.”
8. Mensagem Final: Eles Estão Aqui por Amor
O Povo do Cruzeiro da Lira não é sombra — é luz que atravessa a sombra.
Eles não buscam medo, culto cego ou submissão.
Buscam parceria espiritual com quem está disposto a caminhar com coragem, ética e coração aberto.
Se você sente essa vibração, não tema.
Ofereça com respeito.
Peça com humildade.
Agradeça com sinceridade.
Porque, no fundo, tudo o que Exu Sete Cruzeiros, o Rei dos Sete Cruzeiros e a Rainha dos Sete Cruzeiros querem é ver você livre, em paz e caminhando na sua missão.
Eles fazem isso não por obrigação, mas por amor a nós.
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