terça-feira, 3 de julho de 2018

Sobre os cascões astrais

O fato é que tanto uma linha de esoteristas, como uma linha de espíritas têm a tendência de generalizar a manifestação da chamada “alma desencarnada”.
existem duas formas de “manifestação” que me cumpre considerar: uma, que se deve a alma realmente desencarnada ou encarnada, que interfere numa pessoa particular de forma benéfica ou maléfica dependendo das condições estabelecidas, onde se deve levar em conta às condições predominantes de um lugar em particular, tal como, sua esfera astral, de baixa ou elevada freqüência vibratória que afeta mais ou menos qualquer pessoa suficientemente sensível que nele se encontre.
Isto não significa que a pessoa insensível é imune, o que ocorre é que a influência, quando deletéria é mais intensamente sentida a partir do momento que tenha atingido o estado físico ou emocional da pessoa menos sensitiva, digamos. Mas, o que ocorre sem dúvida é que para perceber uma “manifestação espiritual”, o indivíduo deve ser, como regra geral, ligeiramente sensitivo; como a maioria das crianças e animais que sofrem intensamente com a proximidade de qualquer energia ou manifestação perversa.

Os chamados cascorões ou cascões avivados são em via de regra, restos em decomposição dos corpos astrais de seres humanos desencarnados, assim como, vestígios no astral de entidades de outras linhas de evolução que atingiram o mesmo grau de coesão psíquica que o ser humano, que vulgarmente chamamos de seres elementais artificiais. A principal diferença entre um cascão e um elemental artificial é que o cascão geralmente funciona em tantos planos quantos o ser humano a que ele pertenceu conhecia enquanto vivo. Um cascão pode, portanto, existir simultaneamente em diversos subplanos do astral. O cascão é uma espécie de cadáver: ele conserva a forma do seu ex-ocupante durante tanto tempo quanto a energia que o formou perdurar. Este espaço de tempo pode variar consideravelmente.
Quanto mais apegada aos planos grosseiros tiver sido uma alma humana, tanto mais tempo o seu cascão persistirá em existência nos planos mais baixos após a morte. Assim o que ocorre com muita freqüência é o fato de que os tais cascões se manifestem em sessões espíritas como almas dos mortos e que não são identificados por médiuns despreparados, incapazes de identificar psiquicamente o tipo de manifestação que ali está a ocorrer. Neste caso, é também muito comum os familiares do indivíduo desencarnado procurarem manter “viva” de maneira “doentia” a lembrança daqueles que lhes foram caros em vida, criando uma forma culto a personalidade do falecido com a manutenção de objetos e demais pertences a tais indivíduos, mal sabendo eles do mal que estão fazendo mantendo seus familiares atados psiquicamente a suas estruturas emocionais, impedindo muitas vezes, inconscientemente a continuidade de seu ciclo evolutivo. Pior ainda, a lembrança “pós mortem” de uma pessoa de baixa índole ou moralidade é freqüentemente mais perigosa que qualquer demônio dada à classe da freqüência vibratória que passa a conviver no ambiente psíquico de tais desavisadas.
No caso de iniciados e espíritos mais avançados e iluminados, tal fato não ocorre, isto porque a força que vitalizava os veículos sutis é quase imediatamente absorvida e transmutada nos planos mais altos (relacionados com aquele subplano do Astral que os hindus chamam de Buddhi e os cabalistas hebreus chamavam de Neschamah). O iniciado ou espírito iluminado avançado, portanto, não deixa mais vestígios no Astral inferior, a exceção de manifestações que ocorram em casos mui especiais.
A grande maioria das pessoas que alegam estar em contato com as almas dos grandes gênios responsáveis pelo progresso da humanidade estão geralmente enganadas ou enganando. No melhor dos casos, quando enganadas, estas, estarão em contato com algum elemental artificial criado pelo Adepto, ou com algum egrégora criado por adoradores da imagem lendária do Adepto ou ser iluminado. Neste caso poderíamos dizer que tal contato não é tão pernicioso assim, pois geralmente o tal egrégora ou ser artificial conservará também a maioria das virtudes que seriam conhecidas pelos seus devotos, impregnando-o beneficamente e este influenciando também beneficamente àqueles que lhes são devotos, por uma lei de reciprocidade.
Lembro que o ser humano criado a imagem e semelhança de seu Criador, também em maior ou menor escala têm também o dom de criar. Estas criações na maioria dos casos se dão num nível mais sutil, como a esfera astral, por exemplo. No pior dos casos, os tais médiuns estarão em contato com algum elemental brincalhão, ou espíritos zombeteiros ou fanfarrões ou mesmo demônios que se divertem à custa de credulidade e da preguiça moral do ser humano.
A única forma de obter contato legítimo com a essência espiritual dos grandes iniciados é através de Samadhi que explicarei a seguir. O perigo que um cascão representa depende, geralmente, da importância que atribuímos ao cascão, e da nossa afinidade com o tipo de apetites que o cascão expressava enquanto seu possuidor estava vivo. Pessoas de mentalidade baixa e de apetites grosseiros se tornam focos de atração para cascões, e se laços de empatia se formarem, tais cascões se tornam àquilo que ocultistas chamam de “larvas”, isto é, vampiros alimentando-se da energia vital dos seres humanos que os acolhem em suas auras. Não existe no Universo uma entidade estranha à humanidade. Para toda forma criada ou criadora, existirá também um fundamento ou uma razão de ser. Mas nem tudo o que vemos por aí, está dedicado unicamente ao progresso humano; muitas vezes tais seres escondem objetivos mais escusos geralmente com finalidades egóicas.
Porém, vale a ressalva que também exista uma Hierarquia espiritual da nossa espécie que progrediram a ponto de perceber que seu avanço individual depende do avanço da espécie como um todo, e que por isso nos assistem e de certa forma criam um vínculo de responsabilidade conosco, num ensejo de nosso aprimoramento moral e espiritual.
Assim o ser humano cria ou atrai para si, aquilo que lhe está sintonizado com sua freqüência vibratória, como uma fórmula kármica de mais rapidamente se dar conta daquilo que está atraindo, muitas vezes pela sua má conduta em relação à vida e aqueles que o cercam.
Mas, não podemos generalizar, eu particularmente acredito que o Chico Xavier foi um daqueles capazes de projetar seu estado consciente numa forma elevada de Samadhi, onde ele entraria em contato com os planos e subplanos mais ou menos elevados do astral, pela ação de sua vontade, aproveitando em parte assinatura astral de parentes e amigos daqueles seres desencarnados que lhes eram queridos em vida. Por outro lado, acharmos que todo e qualquer médium sensitivo tenha tal habilidade, seria menosprezar os seres que possuam uma elevada estirpe espiritual, e que por conseguinte não se dariam a contatar veículos ainda deveras desarmonizados.
É como explica o clássico exemplo espiritualista, só o aparelho mais evoluído e límpido de impurezas é capaz de transmitir o som ou mensagem mais fiel a sua origem. Convém ressaltar que muitas vezes as chamadas “canalizações” de Mestres Ascensos não ocorrem com objetivos mesquinhos, porém, é muito mais fácil que tenham ocorrido pela facilidade que o médium tenha de desdobrar a sua personalidade, do que propriamente dito, estejam ali estabelecendo qualquer contato astral.
Além disto, acredito piamente que nos chamados contatos com almas dos mortos, por parentes ávidos de receberem alguma mensagem por algum sensitivo, ocorram pela facilidade ou faculdade telepática que o tal sensitivo tenha de desvendar nomes ou fatos do cotidiano tanto dos parentes como do ente desencarnado em questão. Note, que a grande maioria das “mensagens do astral” são muito parecidas em seu teor, o que denota obviamente a irrealidade de algum contato psíquico com a alma do morto, senão com as mentes impressionáveis de seus parentes e afetos.
Quanto ao trabalho de materialização que sem dúvida já realizamos e presenciamos alguns experimentos neste sentido, não se trata de uma situação tão diferente assim que não possa ocorrer da forma já mencionada por mim anteriormente. O ponto em que toco agora, trata-se de uma visão muito particular do assunto mediunismo. Veja, em minha concepção atual toda manifestação espiritual deve necessariamente ocorrer pela vontade pessoal do magista ou do médium. Ele em todos os casos precisa estar ciente e consciente de sua verdadeira vontade, impedindo a todo custo que sua mente seja lançada no turbilhão astral, como muitos médiuns espíritas adoram dizer que isto ocorreu com eles. Chegam a dizer por ignorância que quanto mais evoluído o médium, melhor se dará a possessão mediúnica chegando a níveis de inconsciência, quando, o que ocorre na verdade é precisamente o oposto, ou seja, o médium ou magista, quando mais desenvolver suas faculdades psíquicas mais presente estará em suas comunicações estabelecidas com outros planos, dispensando inclusive a necessidade de incorporações ou possessões de certa forma animalescas, por imposição de uma força estranha a nossa estrutura psíquica e anímica. Ainda bem, como já disse anteriormente, que em sua grande maioria, não se tratam de incorporações senão de desdobramentos psíquicos do médium que seguem à risca, de maneira muito parecida a forma de ação do dirigente espiritual, prática, aliás, muito comum em centros espíritas e umbandistas.
Da mesma maneira se dá em muitas seitas evangélicas, quando os pastores induzem hipnoticamente a pessoa que já está com seu emocional abalado, a acreditar estarem sendo vítimas de algum demônio ou exu. Tal técnica é conhecida por psicólogos por “rapport” ou indução mental. Isto também é passível de ocorrer por pessoas que vão a determinados pseudoprofissionais da saúde e passam acreditar piamente estarem fazendo alguma forma de regressão espiritual, quando na verdade estarão simplesmente sendo induzidas a acreditarem em algo e relatam simplesmente aquilo que desejariam ter sido em vidas passadas, que nem sempre represente a verdade. É por isso, a necessidade de muito estudo e prática por aqueles que resolvem enveredar por tais caminhos, com intuito de podermos melhor interpretar a enorme vastidão de conhecimentos que a busca por tais assuntos representem.