O que é a pemba?
A pemba é nada mais do que um giz, um mineral e é feita do mesmo material que se faz o giz de quadro negro, o valor da pemba é ser ummineral.
Desde o início da religião, a pemba é utilizada na Umbanda, a magia de pemba é uma magia legítima da religião de Umbanda.
Na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, no Terreiro de Zélio de Moraes, antes de se começar os trabalhos, com a pemba são riscados no chão os pontos dos Orixás e dos Guias.
Quando você firma um ponto de um Orixá com a pemba, você está fazendo uma firmeza, você faz um símbolo, o símbolo de Ogum são duas espadas cruzadas, de Oxóssi: duas flechas cruzadas; símbolo de Obaluayê: um cruzeiro; de Oxalá: um sol ou uma estrela de cinco pontas ou uma cruz sozinha; de Oxum: um coração; de Oxumaré: um arco-íris; de Logunan: uma espiral, de Xangô: um machado ou uma estrela de seis pontas; de Egunitá: uma estrela de seis pontas cruzada no centro ou um raio; de Yansã: pode ser um raio curvilíneo ou uma estrela feita com as linhas curvas – uma estrela de cinco pontas feita com as linhas curvas; símbolo de Nanã: a lua crescente e a lua decrescente; de Omulu: uma foice ou uma cruz equilátera dentro de um círculo ou círculos no centro com uma cruz; de Yemanjá: pode ser as ondas do mar ou uma estrela com uma reta que fecha em curva em baixo – como uma bengala, esses são símbolos dos Orixás.
São apenas estes os símbolos dos Orixás?
Não, existem muitos outros símbolos para os Orixás.
Há literaturas de Umbanda que mostram esses símbolos para o Orixá Oxalá, Oxum, Oxossi, porém outra literatura pode mostrar outro símbolo.
Existe uma grande quantidade de símbolos, a estrela de cinco pontas é símbolo de Oxalá, a cruz é símbolo de Oxalá, o sol pode ser símbolo de Oxalá, mas existem outros símbolos que pertencem a Oxalá, então, não são apenas esses símbolos.
O símbolo é algo que traz a força, a energia do Orixá, traz uma simbologia, o símbolo traz algo relacionado àquele Orixá, traz algo da vibração do Orixá, da energia do Orixá, da força do Orixá.
Se eu risco o símbolo de um Orixá – e eu posso riscar e você pode riscar – o símbolo de um Orixá e coloco uma vela do Orixá, aquilo é uma firmeza da força daquele Orixá.
Qualquer adepto, qualquer médium de Umbanda pode riscar o símbolo do Orixá de forma religiosa e não de forma iniciática, ou seja, na magia pura você precisa de iniciação, mas de forma religiosa não. Então, dentro do que é magia religiosa, você pode riscar uma estrela de cinco pontas para Oxalá e oferecer em cima dessa estrela, um prato de canjica com uma vela de sete dias dentro ou um prato com água da fonte e uma vela de sete dias branca dentro, isso é magia religiosa, você pode fazer magia religiosa e trazer a magia de pemba para essa magia.
Por que usar a pemba e não o giz de cera?
Por que a gente não risca com o carvão?
Por que a gente não risca com um lápis? Por que não usa uma canetinha?
Porque a pemba é um mineral.
Quando você risca com um mineral, esse mineral dá força para aquele símbolo, o mineral riscado cria uma onda, uma vibração, uma frequência em torno daquele símbolo.
Cada símbolo gera um tipo de frequência, de energia, de vibração e entra em sintonia com a tela vibratória dos Orixás.
O que é a tela vibratória?
É o conjunto de energias e vibrações de cada Orixá que envolve o Planeta, quando o meu símbolo tem sintonia com esta ou aquela tela, porque o símbolo gera uma frequência de onda, uma vibração fundamentada numa geometria sagrada que encontra sintonia com a geometria das ondas e vibrações e energia presente na tela desta ou daquela divindade.
Por isso cada símbolo de cada Orixá encontra sintonia, ressonância, na tela daquele Orixá que envolve o Planeta.
Temos os símbolos sagrados de Umbanda, a Umbanda tem uma simbologia própria. “Ah, mas a estrela de cinco pontas é usada em outras culturas também”, pois é. Mas, na Umbanda ela tem um significado próprio, a estrela de seis pontas tem um significado para o Judaísmo, mas na Umbanda a estrela de seis pontas tem outro significado, aqui a estrela de seis pontas é a estrela da justiça, a estrela de Xangô.
Podemos, como magia religiosa, riscar uma estrela de seis pontas, colocar um prato de azeite em cima – azeite de oliva porque o azeite de oliva tem propriedades purificadoras da energia negativa – e colocar uma vela vermelha de sete dias ou marrom dentro desse azeite e oferecer para Xangô em cima do símbolo sagrado de Xangô.
E podemos nos ajoelhar e clamar a Deus, a sua Lei Maior e a sua Justiça Divina, a força e a proteção de Pai Xangô e oferecer a ele esse símbolo sagrado, esse azeite, essa vela que por meio dessa magia, desse recurso, Xangô possa afastar os inimigos da vida, cortar as demandas, limpar e purificar toda e qualquer energia negativa, isso é magia.
Eu posso fazer o símbolo de Yansã, partindo de um ponto central, posso fazer sete arcos voltados para fora ou uma estrela de cinco pontas feita com curvas, posso oferecer água de chuva num prato em cima de uma estrela de Yansã.
Cada Orixá tem a sua estrela.
Podemos ofertar água de chuva a Yansã em cima da estrela de Yansã, isso é magia. Eu risco uma estrela para Yansã e coloco quatro peras em volta e peço a Yansã para me dar força, poder, energia, coloco a vela amarela de sete dias no centro.
O símbolo de Obaluayê, por exemplo, pode ser um cruzeiro com três degraus e três cruzes, uma cruz no centro, no alto, e mais duas, uma de cada lado, no cruzeiro de Obaluayê.
Há ainda o octágono; uma cruz cruzada, como um asterisco, quatro retas que dá um total de oito pontas é um símbolo de Obaluayê.
Podemos colocar um prato com terra em cima e uma vela violeta para Obaluayê.
Há uma ciência, qual é a cor? É violeta. Qual elemento de Obaluayê? É terra. Qual o símbolo de Obaluayê? Pode ser uma cruz, pode ser um cruzeiro, pode ser um octágono, isso é magia.
Podemos nos ajoelhar e evocar a força de Obaluayê elevando o pensamento a Deus, Pai Criador, sua Lei Maior e sua Justiça Divina e invoco, evoco e clamo a partir da minha fé, a força e a proteção de Obaluayê para me ajudar nesse sentido da vida, me ajudar a passar por essas dificuldades, me ajudar a evoluir.
Para cura, podemos colocar terra por baixo e estourar pipocas, as pipocas trabalham na força de Obaluayê, risco o símbolo de Obaluayê, coloco terra e pipoca por cima e peço a Obaluayê que me ajude a curar essa doença, aquela enfermidade, essa dificuldade.
Podemos riscar a estrela de Yemanjá, se pode riscar uma estrela de sete pontas, que é a estrela de Yemanjá, feita com sete pontas e em cima colocar um prato com água do mar – você não tem água do mar, coloque um prato com água e misture com sal grosso – ofereça a Yemanjá, isso é magia de Umbanda, é simples. Alguns podem dizer: “Ah, isso é uma simpatia”. O que é uma simpatia? Uma magia que perdeu o seu fundamento.
Quando você não sabe o fundamento de algo, você faz só por repetição, isso é simpatia. Agora, quando você sabe o fundamento é magia, então, se eu risco uma estrela de sete pontas com a pemba, se eu coloco um prato com água do mar, se eu pego uma rosa branca e coloco as pétalas da rosa em cima dessa água, coloco uma vela azul claro de sete dias e ofereço para minha mãe Yemanjá e peçoa ela para me ajudar a lidar com a força criacionista, geracionista, que ela me dê o poder de criar, que ela me dê o poder de gerar, que ela me traga criatividade, que ela me traga a força da mãe, que ela me ajude a cuidar dos meus filhos, que ela traga força, o poder, a energia do mar pra limpar e descarregar qualquer energia negativa no meu lar, na minha casa.
Eu posso fazer isso dentro de casa, uma magia de Umbanda que nesse caso não requer iniciação, porque é uma magia religiosa, você está fazendo enquanto religioso. Esse é o símbolo de Yemanjá. Apenas a estrela de sete pontas com uma vela dentro já tem um poder incrível porque é um espaço mágico, você tem um espaço formado por um símbolo, então, as estrelas dos Orixás criam espaços mágicos.
Logunan nos protege contra o mal religioso.
Logunan é a senhora que encaminha os espíritos perturbados e perturbadores. Logunan é a senhora da religiosidade, é o Orixá do tempo, é a mãe que faz par com Oxalá – Oxalá é o espaço, Logunan é o tempo – o símbolo de Logunan é uma espiral, você começa de fora para dentro ou de dentro para fora, comece do ponto central para fora girando no sentido anti-horário para fora e termina apontando para cima. Depois você começa de fora para dentro, girando para dentro ou você simplesmente faz uma espiral, como um caracol, risque uma espiral no chão, coloque uma vela em cima, ofereça para Logunan, ali está uma firmeza de Logunan pra você pedir a proteção de Logunan.
Há ainda a firmeza de Logunan com o bambu, coloca-se um bambu, uma cabacinha na ponta, com a tampinha da cabacinha cortada, coloca-se água dentro e oferece-se isso para Logunan, você pode acender uma vela branca e uma preta ou você pode acender uma vela azul petróleo, azul bem escuro. Agora, você pode fazer uma firmeza interna de Logunan, riscando o símbolo de Logunan e colocando uma vela branca no centro, pedindo a força de Logunan, o amparo de Logunan para sua religiosidade, para que ela proteja a sua religiosidade.
Para Omulu, quando se quer cortar demanda, você faz uma cruz com quatro lados iguais e risca um círculo ou você risca um círculo e faz uma cruz dentro dele e oferece uma vela roxa pra Omulu, é uma firmeza de Omulu pra quebrar demanda, pra cortar demanda, pra paralisar uma ação negativa, podemos nos ajoelhar, evocar a força de Omulu, religiosamente, e pedir para Omulu paralisar toda força negativa que estiver indo ao seu encontro..
Temos símbolos de Oxalá, Logunan, de Oxum – o coração; risque com a pemba um coração, experimente fazer, pegue a pemba e risque um coração, coloque dentro dele uma vela de sete dias cor de rosa, ofereça pra Oxum, peça a ela força e proteção.
Faça um arco-íris, você pode pegar pembas coloridas e fazer um arco-íris religiosamente, faça um arco-íris ou faça um circulo e coloque sete velas coloridas para Oxumaré, coloque o seu nome no centro com uma vela de sete dias branca em cima, peça a Oxumaré para renovar o seu amor, diluir o seu ciúme, o seu negativismo.
O que eu peço a Oxóssi?
Fartura, expansão, conhecimento, faça a firmeza dele, experimente fazer a firmeza de Oxóssi com a pemba.
Obá: você faz o símbolo de Obá que é um losango, risque um losango e coloque uma vela vermelha ou magenta – a cor é magenta, mas você não encontra magenta, coloque uma vela vermelha dentro de um losango ou risque a estrela de Obá, que é linda.
Como é a estrela de Obá? Como uma flor, faça um círculo e comece a riscar pétalas em volta, pétalas e mais pétalas até que forme uma flor de lótus; uma flor olhada de cima é símbolo de Obá.
Pede-se a Obá foco, determinação, você pode colocar também um prato de terra úmida ou molhada para Obá, você oferece uma vela, pede a ela para te dar foco, quando você está distraído, disperso ou quando você vai fazer uma prova. Se você vai fazer uma prova, se você está passando por uma avaliação. Quem pode lhe ajudar? Obá, porque ela te dá concentração, foco, objetividade, faça uma flor de lótus vista por cima e coloque uma vela e seu nome em baixo.
Em todas essas firmezas você pode escrever o seu nome e colocar em baixo da vela. Por que então há outro elemento na magia, o nome representa a sua presença, colocar o nome debaixo da vela é mais um elemento de magia, é trazer essa magia para sua identidade.
Símbolo de Nanã: risque uma lua decrescente ao lado de uma lua crescente, duas luas, uma sobre a outra é símbolo de Nanã Buroquê.
Se você quiser, pode riscar uma lua voltada para direita e uma lua voltada para esquerda, uma lua voltada para cima e outra voltada para baixo, você tem uma cruz feita com luas: símbolo de Nanã Buroquê, ali você coloca uma vela lilás.
Além disso, temos na Umbanda, o ponto riscado que entra nesse mérito da magia de pemba; dentro da Umbanda é uma polêmica. O primeiro autor a afirmar isso foi Aloisio Fontenelle. Começou afirmando que aqueles pontinhos de Umbanda, de flechinha, solzinho, eram fracos e que tinha que ter uma alta magia de Umbanda que é a magia com símbolos e signos cabalísticos derivados de uma escrita perdida, sabe-se lá qual e só você lendo os livros dele vai saber por que senão você não vai saber e tirando o mérito da escrita mágica de Umbanda, de pemba.
Nossos Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, Boiadeiros, riscam ponto. O ponto riscado, às vezes, está dentro do círculo, às vezes está sem círculo, então, quando está dentro do círculo é ponto riscado fechado, sem círculo é ponto riscado aberto; quando o ponto riscado está dentro do círculo é porque a ação mágica vai ocorrer dentro do círculo. E no ponto riscado pode ter flechinha, solzinho, cruzinha, pois todos têm um poder incrível de ação, atuação.
Todo ponto riscado tem valor, poder e é mágico.
Existem ainda, autores de Umbanda que dizem que a mulher não pode fazer magia, não pode riscar ponto e se a mulher estiver menstruada então, ela não deve nem sair de casa porque a menstruação vai atrair obsessor.
A obra de Elifas Levi de alta magia dá um descrédito total para a mulher porque a base é o Judaísmo.
No Judaísmo, a mulher não podia fazer nada de magia, a mulher nunca estudava Cabala Hebraica, nunca iria se iniciar na magia por ser mulher, sabe por quê? Porque as mulheres são muito melhores, não é? É por isso. Você ensina e ela logo está fazendo melhor que você, que também é uma bobagem, uma crença tola e preconceituosa infelizmente absorvida por alguns Umbandistas até os dias atuais.
Não faz diferença se é homem ou mulher na prática da magia, mulheres riscam magia. E dizer que esses pontos de Umbanda não têm valor, o que tem valor é a alta magia riscada é uma bobagem porque se o Caboclo está incorporado, o Preto Velho está incorporado, o Baiano está incorporado e ele riscou aquilo tem poder de realização, o que importa na magia é o poder de realização e aí há uma ciência para explicar, para se entender como funciona o ponto riscado.
Temos de abandonar a ideia de que existem pontos riscados válidos e pontos riscados inválidos. O ponto riscado, quando é feito pela mão de uma entidade, sempre tem valor, sempre funciona. E esse tipo de escrita mágica é algo milenar, mas na Umbanda tem a sua forma de ser, na Cabala Hebraica tem uma escrita mágica, é feita a partir das letras hebraicas, no Sufismo há uma escrita mágica feita a partir da escrita sagrada daquele povo, nas culturas indígenas existe a escrita mágica. Existe um Reik Xamânico ou método Amadeus que fala sobre uma escrita mágica dos índios, eles tem símbolos mágicos.
No Hinduísmo existe escrita mágica e você tem o estudo das mandalas, a mandala é um espaço mágico por excelência, é uma construção geométrica que parte de um ponto central para todos os lados, ela se multiplica de forma harmônica, isso é uma mandala, há mandalas específicas pra cada coisa que aquela forma geométrica desperta dentro de você.
Isso é magia simbólica, geométrica, existe uma geometria sagrada na construção de uma mandala. As igrejas, as catedrais têm rosáceas que são enormes janelas redondas, aqueles vitrais que são mandalas, têm uma geometria sagrada e é calculado a que horas e quando o sol bate naquela rosácea, a imagem então é refletida num lugar exato, determinado por cálculos, dentro da igreja, quando o sol bate, a luz, toda colorida, que passou por essa mandala, vai alcançar o altar, antes de alcançar o altar o sol está se movimentando e ela alcançou todo o interior da igreja.
Existe a geometria sagrada que estudava e calculava como construir um Templo, uma geometria sagrada que diz qual é a força que tem o triângulo, o quadrado, a estrela de cinco pontas, de seis, de sete, de oito, de nove e aí tem uma relação com os números.
Que força e energia tem o número um do círculo, a unidade? Que força e energia tem o número dois? O círculo cortado ao meio ou aquele yin e yang a energia do número dois, a dualidade na criação: masculino e feminino, luz e trevas, positivo e negativo, é a força do número dois, do círculo cortado ao meio. Que energia tem o triângulo? A energia multiplicadora, o número três é multiplicador. Do quatro? Dos quatros elementos: norte, sul, leste e oeste. Do quadrado? Da cruz? O poder da cruz que pode ser riscada num círculo.
O círculo é o todo, com um ponto no meio representa Deus, o ponto no meio é o lado interno da criação, o arco é o lado externo da criação, é o criador e a sua criação: o ponto e a circunferência – criador e criação – ali está o tudo, o todo na circunferência.
O circulo dividido ao meio tem o mistério do número dois: masculino e feminino, positivo e negativo, se houver um triângulo dentro, você tem o mistério do número três, do multiplicador, do gerador, ligado a pai Oxóssi. O quatro é a cruz, o mistério da cruz, do quadrado. O cinco: estrela de cinco pontas. O seis: estrela de seis pontas. Sete: estrela de sete pontas. Oito: o octágono. Nove: estrela de nove pontas.
Então, você tem o mistério das estrelas, das pontas, do círculo para entender a magia da mandala, a magia do ponto riscado que é feito dentro de um círculo.
O Guia espiritual, quando usa a pemba, sabe o que ele está fazendo e é isso que importa, o que ele faz ali não precisa estar escrito em algum livro, você pode ler livros pra tentar entender o que ele faz, mas ele não está preso a dogmática e ao ensino de determinada escrita mágica desse ou daquele livro.
Mesmo que você não saiba, o Caboclo sabe o que está fazendo com uma pemba na mão. Ele risca um círculo que é um espaço mágico, quando ele risca um espaço mágico é muito importante o que é que está na mente dele, ele mentalmente determina de qual base ele vai usar para esse círculo, esse espaço mágico.
No espaço mágico ele pode riscar uma estrela de cinco pontas em cima do círculo, no norte do círculo, se ele riscar em baixo, essa estrela já está num outro quadrante e diz respeito a um campo de atuação de outro Orixá. Então, esse círculo pode ser mentalmente dividido em sete, as sete vibrações num círculo.
Esse círculo pode ser mentalmente dividido em quatorze, então, se esse círculo está dividido em quatorze, está de forma implícita a presença dos quatorze Orixás na circunferência, no círculo que é o todo, é Deus.
Se ele risca uma estrela de cinco pontas em cima está no campo de Oxalá e vai dando a volta, você pega o círculo e divide em quatorze pontos no sentido horário, no primeiro ponto em cima que é o ponto do meio dia – do relógio– você tem Oxalá e vai fazendo o giro no sentido horário, você terá Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluayê, Yemanjá em baixo, o próximo ponto Logunan – Logunan está no extremo oposto a Oxalá, Oxalá em cima, Logunan embaixo.. Oxalá no meio dia, Logunan embaixo no ponto das seis. Depois vem o oposto a Oxum Oxumaré, a Oxóssi: Obá, a Xangô: Egunitá, a Ogum: Yansã, a Obaluayê: Nanã, a Yemanjá: Omulu – lá em cima do lado de Oxalá.
Quando o Caboclo risca o círculo, se isto está na mente dele, ele coloca uma estrela em cima no ponto de Oxalá, coloca uma estrela embaixo e está no ponto de Logunan, o Caboclo coloca uma estrela aqui na direita, ele está no ponto de Ogum ou de Xangô, na esquerda está no ponto de Yansã ou de Egunitá. E se esta estrela estiver mais para dentro, você começa a entender que está na vibração interna, mais para fora, na vibração externa dessa circunferência.
Há uma graduação, de dentro para fora existe graduação e essa graduação alcança as sete vibrações: fé, amor, conhecimento, lei, justiça, evolução e geração de dentro para fora.
O Caboclo fez um círculo, riscou uma estrelinha lá dentro, esta estrela não está perdida lá dentro. Agora, quando ele riscou o círculo, na mente do Caboclo está em cima o norte, embaixo é o sul, direita é a leste, esquerda é oeste, então, ele vai trabalhar os mistérios do alto, do embaixo, da direita e da esquerda da pessoa que ele está consultando.
Ele risca a estrela ou uma cruz ou uma flecha, em cima ele está trabalhando os mistérios do alto daquela pessoa ali, risca uma estrela embaixo está riscando os mistérios do embaixo, da direita vai trabalhar a direita dessa pessoa ou a esquerda.
O que está dentro do círculo pode dizer respeito aos sete campos, aos sete sentidos, aos quatorze Orixás ou ao alto, ao embaixo, à direita e a esquerda, quem está riscando sabe onde está colocando cada símbolo.
Essa é uma magia muito mais profunda, muito mais complexa do que se imagina. O Caboclo fez um círculo e colocou no centro dele uma estrela de cinco pontas, então, a partir do eixo central do sagrado, do interno da criação, de Deus para fora, o Caboclo riscou ali uma estrela de cinco pontas, uma estrela da fé; riscou uma estrela de seis pontas; riscou um cruzeiro, colocou em cima uma cruz, o mistério do alto do pai Oxalá ele está chamando para a evolução, embaixo é uma estrela, ele está pedindo descarga.
Dentro de um ponto riscado pode se trabalhar embaixo o que é para descarregar, na direita o que é para trabalhar as virtudes, na esquerda o que é para trabalhar os vícios, no alto o que é para trabalhar de natureza ancestral.
Duas flechas cruzadas, quando essas duas flechas se cruzam, logo se pensa: “Flecha é de Oxóssi”, mas elas se cruzaram com um ângulo de 90º graus, 90º graus pertence a Xangô; elas estão com ângulo de 45º graus pertence a Ogum; elas estão com ângulo de 60º graus pertence a Oxalá, então, cada Orixá tem um ângulo específico. Você corta o círculo em seis e dá triângulos com 60º graus, então, quando divide um círculo em certo número, divide um círculo em quatro tem uma cruz, cada quatro triângulos com 90º graus que é o ângulo reto, esse ângulo pertence a Xangô.
Você corta outra vez dá ângulos, mais uma vez você faz mais quatro, mais quatro riscos dividindo esse triângulo, do centro para o em torno surgem triângulos de 45º graus que pertencem a Ogum, tem muita coisa por trás da magia, muita coisa por trás da escrita mágica e tem muito mais coisas que a gente desconhece, isso é um pouco do que a gente conhece, é um pedacinho, é geometria sagrada, é uma magia riscada, é uma magia de pemba.
O Guia vai lá e risca o seu ponto, quando o Guia risca um ponto, pode ser o ponto dele, mas pode ser um ponto de descarga, um ponto de firmeza, um ponto de corte de demanda, ponto para várias coisas e aí dentro desse ponto ele coloca um copo de água, ele põe o seu cachimbo, o charuto, o café, a pinga.
Exu incorpora faz um ponto riscado e põe lá dentro um copo de pinga, então, ele está usando os símbolos dos Orixás, dos mistérios de Deus, ele está usando um elemento.
A que divindade está ligado esse elemento? Ele coloca uma erva, coloca uma flor: a Pombagira risca um ponto e coloca uma rosa vermelha. A gente risca um ponto e coloca palmas para Oxalá. Cada flor está ligada a uma divindade diferente. Eu posso pegar pela cor, flores amarelas para Yansã, flores cor-de-rosa para Oxum, flores vermelhas para Ogum ou para Pombagira ou Xangô, flores violetas para Obaluayê, flor lilás para Nanã Buroquê, flores brancas para Oxalá.
Temos a magia das sete flores sagradas, das sete pembas sagradas porque o Caboclo usou pemba amarela, usou pemba verde, usou pemba roxa; magia das sete águas sagradas porque usou uma água de cachoeira, usou uma água de mar, porque usou água de rio. O Caboclo tirou a sua guia e colocou no ponto riscado, magia das sete guias sagradas. Por que magia das sete águas? Por que eu estou falando magia das sete pembas?
Porque cada magia tem um mistério, cada elemento que entra no ponto riscado tem um mistério e aí o Caboclo abre aquele mistério e com isso, no ponto riscado, ele abriu um portal, coloca você dentro do portal e só de você estar lá dentro começa a ser limpo e descarregado de tudo quanto é energia negativa, isso é magia de Umbanda. É linda, fascinante, encantadora, é simples e poderosa.
É simples de fazer, é simples de riscar, é poderosa, mas a compreensão e o entendimento dessa magia implica numa profundidade de saberes, de conhecimento, de conhecer os símbolos, os signos, as pedras, as ervas, as folhas, quais são as cores, quais são as ondas, as vibrações, as energias de cada divindade, de cada Orixá, de cada mistério. Como, quando e onde usar isso?
E tem gente que é contra o estudo, mas você acha que o Caboclo aprendeu a fazer ponto riscado sem estudar?
Nossos Guias não são nosso exemplo?
Será que o Preto Velho faz ponto riscado só de intuição? Não estudou? Não tem o conhecimento para saber quando pedem pra você tomar um banho de erva, banho de erva também é magia.
Se o Preto Velho fala: “Tome um banho de arruda, filha”, “Tome um banho de guiné, meu filho”, “Tome um banho de manjericão”, “Tome um banho de alfazema”, tem uma ciência, tem um conhecimento, ele estudou para saber isso.
É comum o Terreiro de Umbanda ser um pronto-socorro, as pessoas vão correndo com “dor de barriga” ao Terreiro de Umbanda porque querem resolver algum problema, isso ou aquilo, mas às vezes falta despertar uma religiosidade nessas pessoas que acorrem aos Terreiros sem nenhum conhecimento acerca da religião.
Uma forma de trabalhar a religiosidade e despertar-la é trabalhar a ideia de culto coletivo. O que é um culto coletivo? Um culto coletivo é promover o encontro dos irmãos e da consulência para fazer um trabalho espiritual de limpeza, de reza, de oração, mas sem o atendimento particular.
O culto coletivo pode ser feito para Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô que é a ideia de desenvolver a religiosidade, desenvolver no consulente o sentido de religiosidade, ajudar a despertar a religiosidade para que ele não fique vendo a Umbanda apenas como magia, para que ele entenda que a Umbanda não é um balcão de negócios, a Umbanda não é um balcão de milagres e nem uma casa de negócios, Umbanda não é lugar de ficar fazendo troca, Umbanda não é um lugar em que você vai só para fazer magia, Umbanda é uma religião.
E, às vezes, falta colocar a Umbanda como religião, falta convidarmos os consulentes para um culto. Como seria esse culto? Na sequência normal de Gira, faz-se oração, saudação à esquerda, uma defumação coletiva, se chama a consulência para o meio, faz-se um círculo de médiuns em torno da consulência, a consulência pode ficar sentada no meio do Terreiro enquanto se defuma, faz-se um culto coletivo para Oxalá, consagra-se uma água para Oxalá antes, compartilhe a água, consagre pão para Oxalá, compartilhe pão, faça um culto, convide todos para rezar para Oxalá, cantar para Oxalá, cultuar Oxalá, se levantar, se movimentar, cultuando Oxalá, fazendo o culto coletivo a Oxalá.
Pode-se chamar em Terra a pai Oxalá para que se manifeste no médium e todos possam cultuá-lo, louvá-lo, podem-se chamar os Caboclos de Oxalá, a linha dos Caboclos de Oxalá em torno desses consulentes, pode-se, com os Guias em Terra, no culto coletivo, dar um passe coletivo nas pessoas, desenvolver a ideia de culto coletivo.
Se for fazer o culto coletivo para Xangô? Preparar o Terreiro para Xangô, pode se montar uma oferenda para Xangô, uma mandala de Xangô, um ponto riscado de Xangô, o símbolo de Xangô, pode-se distribuir um folheto: Culto Coletivo de Xangô para equilibrar a sua vida e as suas emoções, um culto temático na força de Xangô, distribuindo folhetos e explicando quem é o Orixá Xangô, o pai Xangô, qual é o sincretismo, a força, a energia e a cor, o ponto de força de Xangô, como Xangô atua na nossa vida.
Pode-se fazer um culto coletivo para Ogum, para abertura dos caminhos, para arrumar emprego, monte um folheto, faça um ponto riscado de Ogum, monte uma oferenda para Ogum, chame as pessoas para comungar, compartilhar da força de Ogum, temos ponto cantado de Ogum, enquanto está cantando os pontos de Ogum, coloque o povo para louvar, para cantar, para sentir a força de Ogum.
Ensine que nesse momento em que você estiver louvando para
Ogum, cultuando pai Ogum, nesse momento se faz a chamada da vibração ou um médium incorpora Ogum ou que todos incorporem Ogum em torno para que a consulência apenas possa sentir a energia de Ogum e que pai Ogum limpe e descarregue todos de forma coletiva.
Essa é a ideia do culto coletivo, despertar a religiosidade. No dia normal de Gira, a gente já deve ter a preleção, deve ter um esclarecimento, um folheto, alguma coisa que explique as coisas para quem está ali dentro do Terreiro.
Vamos desenvolver e despertar a religiosidade, a espiritualidade, fazendo culto coletivo aos nossos pais e mães Orixás.
Essa é uma ideia nova dentro da religião, uma ideia trazida pelo Rubens, desenvolva essa ideia, trabalhe essa ideia, traga elementos que possam complementar esse culto. Consagre a água, consagre o pão, consagre sementes, folhas, algo que a pessoa possa levar para casa, peça ao Orixá que ampare nesse ou naquele sentido, criando um culto coletivo, um culto religioso Umbandista para mudar a postura do consulente, para que o consulente não fique no Terreiro só para pedir alguma coisa, que ele tome um passe coletivo e que no dia desse passe você fale, dê uma palavra sobre a religião, a religiosidade para que o consulente entenda melhor, para que ele deixe de ser apenas um consulente para poder se tornar um religioso.
Abra as portas do Terreiro para um culto, faça de seus consulentes religiosos de Umbanda, ensine o consulente a tomar banho de erva, ensine o consulente a acender vela para o Anjo da Guarda, ensine o consulente a fazer firmeza para os Orixás na casa dele, ensine o consulente a ser um religioso Umbandista, ensine práticas religiosas e devocionais a seu consulente, faça do frequentador um religioso de Umbanda, você pode, demonstre, mostre seu amor pela religião.
Annapon
( Texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino – )