Por
Rosângela Maria Dolis
É possível uma pessoa visitar lugares distantes no passado
ou no futuro ? Sim, através da viagem
astral - quando o organismo físico é "abandonado" pelo corpo astral,
com densidades variável e capaz de conduzir-se, segundo sua preparação, aos
mais variados lugares e períodos. Embora
tais projeções sejam usualmente involuntárias, existem técnicas para
controlá-las, apresentadas na matéria a seguir.
Habituado
por tradição e educação a considerar o tempo uma seqüência lógica de três fases
- o antes, o agora e o depois - e jamais adaptar sua imaginação a qualquer
idéia que se não prenda a lógica de que o agora vem depois do antes e antes do
depois, o homem recusa-se a aceitar, em nome do bom senso, que algo que só
poderá vir depois já esteja ao seu lado agora.
Em
uma viagem astral a pessoa torna-se capaz de, numa completa inversão de todos
os conceitos de tempo, adiantar-se ou sobrepor-se ao fato consumado para
tornar-se conhecedora daquilo que ainda não aconteceu, fazer parte de um
passado que não viveu e, ignorando o tempo, vencer grandes distâncias.
Têm
sido constantes os relatos de pessoas que dizem que, durante o sono ou mesmo
desperta, viram-se, de repente, voando pela casa, dando um passeio pela rua,
visitando amigos, percorrendo grandes distâncias na velocidade do raio. E mais: alguns relatos deixam ver que a rota
seguida não pode ser calculada em quilômetros, pois envolvem o tempo.
A
esse respeito, o teósofo hindu C. Jinarajadasa
escreveu:
"Não
se trata de uma imagem que se passa no campo da visão do pesquisador, nem um
panorama que se revela a ele como em um teatro.
A pessoa vive realmente no referido passado. Basta escolher o trecho do passado que o
mesmo deseja estudar e então o passado esta nele e lhe pertence
totalmente. Quereis ouvir um discurso de
Péricles em Atenas ? Então a vida daquela época cerca o viajante; ele ouve
falar em grego, contempla os atores do drama da vida naquela época. O livro do tempo fica inteiramente aberto à
sua frente."
É
assim que acontece, por exemplo, com o americano Alex
Tanous, um homem de 47 anos citado no livro The
Astral Journey, de Herbert B. Greenhouse (Doubleday & Co., New York, 1975). Tanous se projeta e viaja no tempo à
vontade. Diz a si mesmo algo como
"mente fora" e se encontra no presente, no passado, no futuro, em
qualquer tempo ou lugar que eleja. Uma
vez, em uma reunião de psicólogos, retrocedeu até à revolução russa e descreveu
muitas das cenas históricas de 1917.
Falou dos revolucion0ários, dos soldados, do czar no palácio de inverno
de Petrogrado (São Petersburgo) Quando
visitou a Rússia alguns anos depois, reconheceu os lugares que apareceram em
sua viagem astral.
Em
outra ocasião, Tanous se transportou para o futuro. Uma monja e sua irmã o procuraram e lhe
falaram de sua preocupação com um irmão que vivia na Alemanha e ao qual
acabavam de prender, acusado de assassinar sua esposa. Tanous viajou em direção ao tempo e ao lugar
do julgamento e no seu regresso deu a boa nova à irmãs:
"Não
o condenarão. Não matou a mulher e o
porão em liberdade."
Tal
como predisse Tanous, tempos depois o homem foi absolvido e posto em
liberdade. Tanous não via seu segundo
corpo durante suas viagens, mas percebia-se a si mesmo como uma massa de energia,
uma bola de luz.
Goethe, aos 21 anos, teve também contato com
o futuro: "Cavalgava por um caminho em direção a Drusenheim e (...) me vi
a mim mesmo vir ao meu encontro montado em um cavalo, mas com uma roupa que eu
nunca havia usado. Era um traje
cinza-claro, mesclado de amarelo. Logo
que despertei dessa fantasia a visão desapareceu. Oito anos depois, me achei no mesmo lugar,
com o propósito de ir visitar Frederica (sua prometida) e vestindo as mesmas
roupas da visão."
A REALIDADE DO CORPO ASTRAL
A
parte do ser que sai em viagem nessas ocasiões, que escapa do organismo vivo e
que é capaz de viver separada do corpo físico, tem sido vista tanto pelo
viajante como pelas pessoas que ele visita, e por isso se chama segundo corpo.
O
segundo corpo recebe um nome distinto em cada uma das culturas antigas. Os hebreus o chamavam ruach; os egípcios, o ka,
réplica exata do corpo físico, mas menos densa; os gregos o denominavam ameidolon; os romanos, larva; no Tibete,
bardo; na Noruega, fylgja, enquanto os
antigos bretões lhe davam vários nome - fetch,
waft, task, fye.
Na
China, o thankhi abandonava o corpo
durante o sonho e podia ser visto por outras pessoas. Os antigos chineses praticavam a meditação
para liberar o segundo corpo, que se formava no plexo solar, pela ação do
espírito. A sua saída pela cabeça
aparece representada em desenhos antigos.
Os
antigos hindus falam do segundo corpo com pranamayakosha. Os budistas lhe chamam rupa. Textos budistas
tântricos do Tibete e da Mongólia, citados por D. Scott
Rogo no International Journal of Parapsychology
descrevem as viagens astrais e afirmam que Buda
não aprovava que seus seguidores tratassem de provocá-la.
Os
viajantes astrais e suas testemunhas descrevem o segundo corpo de muitas
maneiras, desde uma presença insubstancial até um corpo idêntico em todos os
aspectos ao organismo físico. Outros
viajantes nunca viram seu segundo corpo; só sabem que sua consciência sai de
seu corpo físico, movendo-se em direção a um outro ponto do espaço ou do tempo.
Segundo
Celia Green, diretora do Institute of Psychophysical Research, da Universidade
de Oxford (Inglaterra), os projetores menos avançados conscientes de que
seu "eu" não se acha no corpo físico não experimentam a sensação de
um segundo corpo, mas de uma extensão espacial ou temporal de sua
consciência. Por exemplo, uma das
pessoas por ela pesquisadas se percebia sem substância ou formato, mas como uma
área de controle vagamente oval, de uns 70 cm de largura e 30 cm de
profundidade. Outros se percebem como um
olho iluminado, como um vapor, um globo de luz, de aspecto nebuloso, desde uma
figura translúcida até um corpo físico sólido.
Às vezes só se divisa a cabeça, um débil contorno. No Peru, depois de haver tornado uma droga, o
xamã imagina que sua alma abandona o corpo em sua forma de pássaro para ir
matar um inimigo na selva distante.
UM CORPO ECTOPLÁSMICO
O
segundo corpo varia em densidade, dependendo das condições em que se projeta ou
da quantidade de vitalidade que retém. A
maioria dos viajantes não sente peso algum em seus astrais, nem percebe batidas
do coração, a respiração ou outras funções do corpo físico. Em grande porcentagem dos casos, o segundo
corpo desprende um resplendor capaz de iluminar um aposento às escuras ou se
apresenta envolto às escuras ou se apresenta envolto em cores brilhantes - a
aura de cores que circunda o corpo físico.
Alguns
estudiosos da viagem astral, como Robert Crookall,
acreditam que o segundo corpo é formado em proporções variáveis por um corpo
semifísico e um corpo da alma. O
componente semifísico, pode ser o ectoplasma, o que Robert Crookall denomina a
parte gasosa ou eletromagnética do corpo físico total. Quanto maior é a porcentagem do componente
semifísico, tanto mais o astral se comporta como o faria o corpo físico e menos
capaz se mostra de atravessar a matéria.
E quando esse componente, que Robert Crookall chama o "veículo da
vitalidade", diminui e retorna ao organismo físico, o corpo da alma fica
livre para mover-se através das barreiras físicas, mas já não exerce ação sobre
a matéria - ao tentar abrir uma porta, sua mão atravessará a maçaneta. É difícil estabelecer divisões claras entre
os corpos físico e semifísico e o corpo da alma, pois dá-se uma constante separação,
mistura e fusão de formas astrais.
Há
quem acredite também que em sua forma mais sutil o segundo corpo se compõe de
luz branca, e que sua natureza é basicamente elétrica.
Entre
muitas experiências, somente um pequeno número apresenta o segundo corpo sólido
- um organismo vivo e palpitante, idêntico em aparência e comportamento ao
corpo físico, que pode, inclusive, ser fotografado e manter uma conversação
inteligente.
O
corpo astral pode exercer dois tipos de ação sobre a matéria. De acordo como o primeiro, os objetos físicos
não representam um obstáculo para o sujeito, capaz de passar através deles sem
problemas. O segundo se exerce quando o
segundo corpo faz barulhos, toca e move objetos materiais e estabelece contato
físico com a pessoas. Como regra geral,
o sujeito que possui uma dessas capacidades não possui a outra, e a existência
de uma ou de outra parece depender da quantidade de substância física retida
pelo segundo corpo ao empreender sua viagem.
Uma
e outra forma de ação sobre a matéria podem alternar-se durante a viagem, pois
o segundo corpo não tem uma composição fixa.
O INÍCIO DA AVENTURA
A
experiência de Sylvan Muldoon - um
norte-americano que viveu no começo deste século, um dos pioneiros no estudo
das viagens astrais e um dos primeiros a proporcionar um informe reflexivo e
detalhado de suas experiências - constitui um exemplo tradicional de como os
corpos se separam para dar início à viagem astral.
Sylvan
Muldoon despertou no meio da noite com o corpo paralisado, incapaz de
mover-se. De repente, teve a sensação de
flutuar e todo seu corpo começou a vibrar.
Sentia uma forte pressão na parte posterior da cabeça. Em seguida se encontrou flutuando
horizontalmente sobre a cama, elevando-se até o teto. O corpo lhe parecia muito leve. Desde uma altura de 1,80 m, girou 90º, a
partir do plano horizontal, passando à posição vertical e descendo até chegar
ao solo. Então, começou a relaxar, ainda
com a incômoda tensão na nuca, e deu um passo à frente.
E
então aconteceu o mais surpreendente.
Olhou para trás na direção da cama e se viu ali, dormindo. Tinha dois corpos: um de pé no solo,
consciente, e o outro deitado passivamente no leito. Dois corpos idênticos, unidos por um cabo
elástico, com um dos extremos entre os olhos do corpo que ocupava a cama e o
outro na parte posterior da cabeça do corpo em pé.
Sylvan
Muldoon pensou com tristeza que estava morto.
Começou a andar, mas vacilou ao sentir um repuxo do cabo. Tratou de abrir uma porta, mas a atravessou. Tentou sacudir os que dormiam, conseguindo
transpassar seus corpos com suas mãos.
Confuso, ficou dando voltas sem rumo, sem saber o que fazer. Notava o repuxo na parte posterior de sua
cabeça cada vez com mais intensidade.
Vacilou de novo e se imobilizou.
Elevou-se no ar e foi lançado acima da cama, onde ficou suspenso
horizontalmente. Vibrou como no
princípio de sua aventura e se incorporou ao seu corpo físico.
Segundo
Sylvan Muldoon, a separação dos corpos se dá com maior facilidade durante os
sonhos, mas há muitos casos de pessoas acordadas. Caroline Larsen
- conforme conta Herbert Greenhouse em seu livro "Viagem Astral"- decidiu
retirar-se uma noite mais cedo e escutar na cama a música de Beethoven que o
grupo de câmara de seu marido interpretava no piso inferior. De repente, a sensação de tranqüilidade que sentia
se converteu em um profundo temor e opressão.
Sentiu que seu corpo se intumescia membro a membro, até chegar a um
estado cataléptico total. Teve um
desmaio momentâneo. Após um instante,
estava de pé ao lado da cama, surpresa ao ver a si própria sobre o leito.
Enquanto
a consciência viaja, o corpo físico mostra todos os sintomas de morte -
catalepsia, ausência de respiração, de pulso.
Por exemplo: o filósofo do século VI a.C. Hermótimo
de Clazomenes sentia uma grande curiosidade ante a morte e recorria aos
seus talentos psíquicos para investigá-la.
Freqüentemente
caía em transe e vagava longe de seu corpo, que entrava em catalepsia e tomava
uma aparência cadavérica. Em uma dessas
ocasiões, sua mulher, irritada por suas saídas astrais - ou talvez desejosa a
declará-lo morto e a incinerá-lo.
Segundo o livro "A History of
Experimental Spiritualism", de César de Vesme, os médiuns revelaram
logo que Hermótimo ficara muito contrariado ao regressar e não encontrar seu
corpo físico.
OS MOTIVOS DE UMA VISITA
A
maioria das pessoas que se projetam saem de seus corpos de maneira
involuntária. No entanto, algumas têm
aprendido a fazê-lo conscientemente, como Eileen
Garrett, médium irlandesa, ou os xamãs de sociedades primitivas.
No
livro "The Sacred Mushroom", de Andrija
Puharich diz que os xamãs da Sibéria oriental (Rússia) submetem seus
corpos físicos a uma dura prova que lhes conduz a um vôo extracorporal. O xamã passa primeiro por um período de
jejum, meditação e privações.
Depois, toma parte de uma
cerimônia, tocando um tambor especial, improvisando cantos e hinos aos
espíritos para solicitar sua ajuda na separação da alma e do corpo. Então empreende uma dança febril que o deixa
exausto e bebe álcool ou uma droga alucinógena.
Depois de uma nova dança ainda mais frenética, desmaia subitamente e cai
em profundo estado de transe. Assim
começa sua viagem astral. Ele vê pessoas
não presentes e cai e descreve seus atos.
Às vezes também retrocede no tempo, para ser testemunha de um assassínio
ou roubo já cometido.
Para
se locomover, o segundo corpo mais que caminha - desliza, seguindo um movimento
para cima e para baixo. Quando viaja
grandes distâncias, eleva-se acima da Terra e transporta-se à velocidade de um
raio, enquanto a paisagem desliza vertiginosamente lá embaixo.
Sylvan
Muldoon se movia a três velocidades durante suas viagens. Adotava um passo normal pelo quarto ou casa,
ou mesmo ao passear pela rua. Havia uma
velocidade intermediária, mais rápida do que a normal, na qual ele não se movia,
mas tudo parecia vir sobre ele. A
terceira velocidade era extraordinária: permitia viagens de grande distância
num tempo muito curto. Nesse tipo de
viagem, ele experimentava sem dúvida períodos de inconsciência, uma vez que lhe
era impossível registrar todos os detalhes vistos.
Geralmente,
as experiências extracorporais vêm motivadas por um lado afetivo pessoal, com
objetivos espirituais, humanitários e práticos.
Existem inúmeros relatos de separação dos corpos ocorridas em momento de
crise, em particular quando uma pessoa está para morrer. Na grande maioria das vezes é o agonizante
que se projeta, mas às vezes o conhecimento consciente ou inconsciente, por
parte de uma pessoa sã, de que uma grave enfermidade ameaça um conhecido,
leva-a à projeção.
Existem
também razões do tipo prático para projetar-se, com resultados tão divertidos
como passíveis de prova de uma viagem.
Em um caso de consciência acompanhada de clarividência e com
testemunhas, uma mulher residente na Irlanda buscava uma casa para comprar. Encontrou-a durante uma viagem astral. A casa satisfazia todas as exigências, mas
havia um problema: ignorava onde ela se
encontrava. Voltou a visitar a casa
muitas outras vezes. No ano seguinte,
ela e sua família se mudaram para Londres.
Respondendo ao anúncio de um jornal, ficou surpresa ao entrar na casa
das suas viagens. Ao vê-la, a
proprietária gritou: "Você é fantasma!"
Mesmo
quando existe uma forte motivação, a separação não acontece - a menos que o
corpo e a mente estejam preparados para isso.
Paradoxalmente, tanto o estado de relaxamento como o de tensão
contribuem para o fenômeno. No primeiro
caso, o projetor talvez se encontre cochilando, dormindo, enfermo, exausto ou
sob influência de um anestésico, talvez sonhando acordado ou em transe
hipnótico, superficial ou profundo, sem prestar atenção ao que o rodeia.
EM BUSCA DA ENERGIA CÓSMICA
No
outro extremo, a projeção pode ser provocada por um stress corporal ou mental,
como durante uma enfermidade em que, além de uma debilitação física, há dor e
tensão, alternando às vezes com passividade e o relaxamento. Os remédios muitas vezes criam uma tensão
mental e física, e por isso nenhum ambiente é mais adequado do que um hospital. O forte cheiro de medicamentos, a sensação de
enfermidade e morte que flutua no ambiente criam uma atmosfera própria para
algumas viagens astrais significativas.
Sylvan
Muldoon acreditava que, para haver uma separação o corpo físico deve estar em
condições abaixo das normais. Ele
padeceu enfermidades durante a maior parte de sua vida e considerava a
debilidade física o fator mais importante em sua capacidade de projetar-se.
Eileen
Garrett se inclinava pelo mesmo ponto de vista: "Tive muitas experiências
extracorporais. Quase sempre ocorrem
quando me sinto enferma ou exausta."
Ao
que tudo indica, porém, as projeções involuntárias se dão com maior facilidade
com o corpo em má forma, e as saídas voluntárias têm mais probabilidades de ser
levadas a cabo durante os períodos de boa saúde.
As
situações de pura tensão têm lugar quando um perigo ameaça o sujeito:
afogamento, asfixia, um acidente inevitável, etc. Quando uma pessoa está a ponto de se afogar,
experimenta uma grande agitação mental, afora o dispêndio de um extremo esforço
físico. Toda a energia mental se dirige
à introspeção. É por causa disso que o
segundo corpo de pessoas envolvidas com afogamento se mostra particularmente
disposto a manifestar-se a distância.
Hebert Greenhouse relata o caso de um garoto de 13 anos que caiu de um
barco na água, em Java (Indonésia). Viu
claramente sua mãe e as três irmãs em sua casa na Inglaterra e as chamou. As quatro confessaram, depois, ter ouvido um
aterrador grito de agonia.
Quando
o corpo está abaixo de seu nível energético habitual, acredita-se que o segundo
corpo sai a recolher energia para transmitir ao corpo físico através do cordão
de conexão (cordão de prata). Na opinião
de Sylvan Muldoon, o objetivo do sonho consiste em restaurar o vigor do
organismo físico graças a uma desconexão do "eu astral". Segundo sua teoria, durante o sonho, os dois
corpos se desunem tenuemente e o segundo corpo absorve então uma espécie de
energia cósmica, que transfere ao corpo adormecido. O mesmo ocorre durante as enfermidades e em
outras ocasiões em que o corpo possui um nível de energia abaixo do normal.
O
monótono movimento das pernas e o balanço dos braços numa caminhada podem
provocar algum modo de separação dos corpos e/ou induzir uma espécie de
dissociação psicológica que conduz a ela.
O ato de escrever, a mão ou a máquina, é outra classe de movimento
rítmico suscetível de induzir uma experiência extracorporal.
AS DIFERENÇAS FORMAS DA CONEXÃO
A
idéia de que o segundo corpo está de alguma forma conectado ao corpo físico
encontra exemplos em todos os tempos. No
ano de 79, no livro "A Vingança Divina",
de Plutarco, conta que um tal de Arideo,
da Ásia Menor, caiu doente e abandonou seu corpo. Com a percepção tornada aguda ao extremo,
como acontece em muitas experiências, podia ver em todas as direções. Arideo falou então com os mortos, já que
parte de sua alma permanecia firmemente ligada ao corpo, através de um
fio. Arideo reparou também na diferença
entre seu segundo corpo e os dos mortos.
O seu tinha um contorno tênue e impreciso, enquanto os dos mortos brilhavam
e eram transparentes. Enquanto estudava
esse fenômeno, foi violentamente aspirado por um tubo e despertou de novo em
seu corpo físico. Esse tubo recorda de
alguma maneira o túnel que muitos projetores crêem atravessar ao abandonar seus
corpos físicos.
Em
algumas tribos primitivas, o laço de conexão aparece como uma serpente; em
outras, como uma árvore ou uma trepadeira.
Em algumas tribos asiáticas, se vê o cordão como uma cinta, um fio ou um
arco-íris. Os africanos os vêem como uma
corda, e os nativos de Bornéu (Indonésia), como uma escada.
O
cordão de conexão proporciona aos sujeitos um indício de que seu eu passou para
o segundo corpo. Como o cordão se
estende, geralmente, desde a frente ou plexo solar do corpo físico até a parte
posterior da cabeça astral, normalmente não é percebido; sua percepção depende
do projetor virar a cabeça para trás.
Algumas
pessoas falam sobre uma luz que palpita no cordão, sendo que o cordão de prata
aparece já mencionado na Bíblia. Há o
caso de um homem que, depois de elevar-se horizontalmente por cima de seu
corpo, de deter-se a uns 30 cm do teto, olhou para baixo e divisou uma luz
prateada entre o corpo físico e o segundo corpo. Outro divisou o cordão como uma corrente de
luz vindo de trás. Uma modelo francesa
chamada Reine, em 1913, comparou seu cordão a
um raio de sol filtrando-se em uma habitação.
Segundo
o relato da maioria dos projetores, o cordão tem uma grossura de 5 cm a 7 cm
quando o corpo físico não dista mais de 3 metros. Se o segundo corpo se afasta, o cordão
torna-se mais fino, mas continua conectado, ainda que o segundo corpo viaje a
centenas de quilômetros.
A
consciência do eu parece vibrar ao longo do cordão entre os corpos astral e
físico, residindo em um ou em outro, ou em ambos.
Como
em todos os métodos para comprovação de fenômenos paranormais, a comprovação
das viagens astrais no espaço e no tempo deve estabelecer em primeiro lugar a
credibilidade do projetor - se é uma pessoa estável, se não confunde fantasia e
realidade.
Outras
questões referem-se à consciência, à comparação do seu relato de abandono de
corpo com os já catalogados, à visão de seu corpo físico inerte, à presença de
um cordão, à descrição do lugar visitado, se seu segundo corpo foi visto,
ouvido ou sentido por testemunhas, se causou alguma modificação no ambiente
(movendo objetos, por exemplo). É claro
que nem todos esses elementos precisam estar presentes em uma viagem, pois o
segundo corpo pode estar retendo tão pouca vitalidade que não exercerá assim
nenhuma ação sobre a matéria.
Em
alguns casos, a viagem astral pode ser confundida com clarividência. Vicent Turvey,
um dos principais psíquicos do início do século, teve experiências tanto do
tipo telepático-clarividente como extracorporal. Assim as distingue: "Na clarividência
simples à grande distância, me dá a impressão de olhar o outro extremo de um
túnel"; na projeção extracorporal, ao contrário, Vicent Turvey era
plenamente consciente de achar-se em seu segundo corpo, podia ver seu corpo
físico no lugar onde o havia deixado e tinha uma vívida sensação de mover-se em
direção ao seu destino através do tempo e do espaço.
Os
depoimentos das testemunhas revelam-se um outro elemento importante para
determinar a realidade da viagem, muitas vezes sugerindo a falta de consciência
do próprio viajante.
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