terça-feira, 27 de junho de 2017

ODUDUÁ



Na África, Odudua (do iorubá Odùduà) é mais personagem histórico do que orixá; guerreiro temível, invasor e vencedor dos igbôs, fundador da cidade de Ilê-Ifé e pai de reis das diversas nações iorubás.
Odùduà tornou-se objeto de culto após sua morte, estabelecido no âmbito dos cultos dos ancestrais, mas não como divindade. As pessoas que cultuamOdùduà não entram em transe, característica fundamental no culto dos orixásEm uma interpretação muito difundida entre estudiosos mas que, é totalmente sem fundamento, o Odùduà para fazer dele a companheira de
Ọbàtálá, ignorando que este papel era desempenhado por Yemowo. Fechou esse casalỌbàtálá-Odùduà numa cabaça e construiu, partindo desta afirmação inexata, um sistema dualista, recuperado com proveito por posteriores estruturalistas, onde “Ọbàtálá (macho) é tudo o que está em cima e Odùduà (pseudofêmea), tudo o que está embaixo; Ọbàtálá é o espiritual, e Odùduàa matéria; Ọbàtálá é o firmamento e Odùduà é a terra”.
Em Cuba, Odudua ou Odua é um orixá e rege os segredos dos Eguns e Iku (a morte). Sua representação material alude à formação do mundo, incluindo os reinos animal, vegetal e mineral. Vive nas trevas profundas da noite e tem um só olho fosforescente. É uma massa espiritual de enorme poder que não tem forma nem figura. Vale-se dos espíritos para manifestar-se. Seu receptáculo é um cofre de prata, com cadeado, no qual se guarda o segredo que se montou na cerimônia de entrega, envolvido em algodão de sumaúma e colocado bem alto.
Seu arquétipo é o de pessoas de vontade de ferro, teimosos em suas apreciações, artistas ou dedicados às letras, de grande capacidade intelectual, reservados, tranqüilos, que não se arrependem de suas decisões. Aqueles que o têm assentado não devem discutir nem elevar a voz à sua frente, nem realizar mais de duas coisas ao mesmo tempo. É saudado com o grito "¡Aremú Oduduwá, Jekuá!"