quarta-feira, 1 de novembro de 2023

O famoso "Porto dos Escravos" E nele se concentravam centenas De marinheiros, comerciantes Viajantes e imigrantes, E no meio destes homens estavam As prostitutas do cais do porto

 O famoso "Porto dos Escravos"
E nele se concentravam centenas
De marinheiros, comerciantes
Viajantes e imigrantes,
E no meio destes homens estavam
As prostitutas do cais do porto


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Recife, uma cidade portuária.
Sim, muito tempo atrás a zona portuária
De Recife não era moderna como é hoje,
Era na verdade um bocado de portos
Bem mais simplórios
Espalhados pelo litoral.
Mas havia um, o principal,
O famoso "Porto dos Escravos"
E nele se concentravam centenas
De marinheiros, comerciantes
Viajantes e imigrantes,
E no meio destes homens estavam
As prostitutas do cais do porto.
♠♣♥♦♠♣♥♦♠♣♥♦
Sentada no chão ao lado do leito
Onde convalescia sua mãe,
foi ali que Maria Isabel prometeu
a ela que seria diferente.
Luana havia sido uma moça
muito ingênua em uma época muito cruel,
seu sonho era ser professora em Recife,
mas a família não queria,
a família conservadora ainda pensava
que mulher não tinha que trabalhar fora.
Foi então que Luana conheceu Jorge,
se é que de fato esse era seu nome.
Jorge, um caixeiro viajante que passou
por Igarassu a trabalho,
mas um de seus trabalhos ali foi
seduzir a bela Luana.
Ingênua de tudo ela acreditou nas
palavras doces de um homem mau,
Jorge prometeu mundos e fundos,
ela totalmente crédula que havia
encontrado o amor de sua vida
e que este amor era tão maravilhoso
que a permitiria trabalhar fora e
realizar seu sonho,
não pensou duas vezes,
quando ele estava de partida para Recife
e a convidou para ir junto
ela juntou seus pertences em
uma mala e na calada da noite
fugiu com ele.
Seis meses depois Luana se encontrava
grávida e abandonada morando em
um quarto de hotel no centro de Recife,
Jorge havia se cansado dela e ido embora
assim como havia feito com tantas
outras moças na vida,
e Luana no dia que recebeu o aviso
Do gerente do hotel que devia desocupar o
o quarto, simplesmente fez as suas malas
E foi para rua.
Ainda tinha nas mãos a carta que
havia mandado para a família
pedindo socorro,
ainda tinha nas mãos a carta que
foi devolvida junto com um único
bilhetinho anexado a ela onde
se lia

"nós não temos nenhuma filha chamada Luana, não volte aqui nunca mais, nossa casa não tem lugar para perdidas e bastardos. "

Sozinha sentada em um banco de praça,
Luana permaneceu nas ruas durante
cerca de uma semana,
comendo o que encontrava nas lixeiras,
tomando banho no chafariz da cidade
na madrugada quando ninguém a via.
Mas em uma madrugada enquanto
estava nua se lavando na água fria
foi surpreendida pela presença
de um homem que se aproximou na
penumbra da noite,
quando o viu se aproximar ela logo
lançou mão de uma navalha
que trazia na bolsa,
cobriu os seios com uma mão e
qual outra mão trêmula apontou a
navalha para ele temendo o
que já imaginava que poderia acontecer.
Curiosamente o homem,
um Galante senhor de pele negra e que usava
Um terno branco tão alvo quanto
a neve não olhou para ela com cobiça,
a mirou dos pés à cabeça e quando
seus olhos se encontraram
Luana percebeu que ele tinha
pena em seu olhar.

🃏— Moça, porque está fazendo isso logo aqui? Não sabe como é perigoso?

👧 — Eu... eu só precisava tomar banho.

🃏— Moça eu vim atrás de você agora para tirar daqui o mais rápido possível, outros homens andaram de olho em ti nos últimos dias, ouvi uma conversa de bar, são mais de 10 vagabundo que vão vir atrás de você antes do sol raiar. Moça se você tem amor à vida, vista-se e vamos embora daqui imediatamente.

Luana pensou por um momento,
e se aquele homem estivesse mentindo?
E ae fosse ele o mal intencionado?
Porém, e se ele estivesse falando a verdade?
O destino era cruel então Luana
Em vez de desconfiar preferiu arriscar,
se enrolou no vestido gasto que usava,
segurou na mão do homem que
oferecia ajuda e ambos correram
da praça se escondendo em um beco.
Minutos depois diante daquele Beco
passou um grupo enorme de homens
reclamando que tal "diversão"
havia desaparecido.
Luana estava com tanto medo
que sua voz trêmula não foi capaz
de formalizar um agradecimento
aquele que havia salvado sua vida,
o homem que a salvou se apresentou
como José, mais conhecido na região
como Zé Pilintra.
De manhã com muita gentileza
Zé levou o Luana para o hotel
em que ele mesmo estava hospedado
e permitiu que ela finalmente
pudesse se banhar e se alimentar,
porém naquela noite ele estaria partindo
para o Rio de Janeiro eu não poderia levá-la,
perguntou então se ela não
gostaria ir para o Rosa Negra.
Luana não sabia o que era,
mas logo Zé Pilintra explicou que
Rosa Negra era o nome de uma cafetina
e também o nome do bordel que
ela controlava próximo
ao Porto dos escravos.

🃏— Você é solteira e desamparada ainda por cima está grávida, se permanecer nas ruas vão fazer barbaridades contigo, no Rosa Negra você vai ter que se prostituir mas pelo menos você terá segurança, alimentação, dinheiro para comprar roupas e suas joias e principalmente terá um teto sobre a cabeça para criar o bebê que está a caminho.

Existe um ditado que diz que
para quem não tem destino
Com qualquer caminho se chega ao lar,
e foi isso que Luana fez,
acompanhou o Zé Pilintra até o Rosa Negra
e lá foi recebida pela cafetina
mais famosa de Pernambuco,
Dona Rosa Negra acolheu Luana
até que o bebê nascesse
e o resguardo Acabasse,
logicamente que em cabaré não se faz caridade tudo que Luana gastou no tempo em que não pode trabalhar teve que pagar depois, mas no fim das contas só de não sentir mais fome e nem correr perigo ela já estava se dando por satisfeito. Isso é uma coisa triste na vida, aqueles que não tem nada se satisfazem com muito pouco.
Por mais que tudo fosse muito difícil,
a luz na vida de Luana era Maria Isabel, sua filha. Maria foi criada dentro do bordel mas nunca se prostituiu, Luana lutava dia e noite para que o futuro da menina não fosse como dela, Zé Pilintra voltava com sua Trupe de malandros vez ou outra e por por pedido de Luana ele ensinou Maria a como ganhar dinheiro sem precisar vender o corpo.
Não haveria chances de Maria
ter um trabalho formal,
a sua fama de ser filha de marafona
já era conhecida, jamais arranjaria
um emprego decente,
então Zé Pilintra ensinou a arte
que ele dominava muito bem,
o contrabando de mercadorias
no cais do porto.
Tudo o que vinha de Fora,
tudo o que ia para fora também,
todo o comércio era taxado
com impostos altíssimos
da coroa portuguesa,
mas aqueles mais espertos conseguiam
mandar mercadorias para fora
sem que passassem pela fiscalização
ou que conseguissem receber
mercadorias para vender no
Brasil sem que elas fossem
fiscalizadas também acabavam
enchendo os bolsos de dinheiro.
Foi aí que Maria Isabel se tornou
Maria do cais, a mulher mas temida da região.
Assim que juntou o dinheiro o suficiente,
comprou uma casa e tirou Luana
da prostituição, porém o alívio
da mãe foi passageiro,
quando a filha a tirou do inferno
Luana já estava muito doente,
a tuberculose era o mal da época,
mas Maria do cais cuidou da mãe até o fim.
Quis antes de morrer Luana
fez Maria prometer que jamais
se deixaria levar pelas mentiras
de um homem, e que jamais permitiria
ser enganada por nenhum deles.
Sentada no chão ao lado do leito
onde convalescia sua mãe, foi ali que
Maria Isabel prometeu a ela
que seria diferente.
E de fato por grande parte de
sua vida foi.
Maria do cais não se envolvia
romanticamente com os homens,
tinha namoros é claro,
tudo baseado em diversão de momento,
porém jamais permitia que
um homem entrasse em seu coração,
jamais se permitiu a confiar neles.
Os anos passaram e ela foi se tornando
popular fora de Recife,
seus feitos eram reconhecidos
em toda a costa brasileira,
principalmente passaram a ser conhecidos
na capital, na época o Rio de Janeiro.
No rio ela possuía muitos amigos,
Tais quais como o amigo de sua mãe,
Zé Pelintra, uma grande companheira
de negócios chamada Maria navalha,
em um festejo no Rio de Janeiro
no Morro de Santa Teresa
Maria do cais conheceu Fernando Carioca,
um rapaz extremamente belo e galante,
e para Maria do cais Fernando
acabou sendo sua perdição.
O homem de pele cor de canela e
de olhos verdes reluzentes era tão
bom com as palavras que aos poucos
foi conquistando o coração de Maria,
ela obviamente muito desconfiada
e muito resistente
Mas ele tinha uma lábia tão
impressionante que de pouco a Pouco
foi rompendo as barreiras e
fez com que ela o amasse.
No Rio de Janeiro era comum que
as mulheres que trabalhavam com
Zé Pilintra na área do contrabando
se vestissem com roupas masculinas
por proteção própria,
assim Maria do Cais e Maria navalha
perambulavam para cima e
para baixo com paletó e calça,
chapéu Panamá e a boa e velha navalha
guardada no bolso interno no casaco,
porém os momentos em que
Maria do cais se encontrava com Fernando
Ela passava a se vestir como uma moça,
tão bela e tão feminina quanto podia ser.
Ele pouco a pouco foi ganhando
a confiança dela,
foi descobrindo os métodos de
trabalho dela, foi descobrindo
onde guardava o dinheiro,
foi descobrindo tudo o que era
mais importante para Maria do cais.
Até que um dia Maria chegou em
sua casa em Recife, uma casa que
não era o endereço que todos
pensavam que ela de fato residia,
ela foi até um casebre na periferia
da cidade onde armazenava todo
o seu dinheiro, local onde ninguém
sabia que ela habitava,
a única pessoa no mundo a quem ela
contou o endereço foi Fernando.
Naquele dia ela chegou até lá
e quando entrou na casa vasculhou
os armários que antes estavam
repletos de moedas de ouro e documentos
e contratos, papéis que garantiram
uma verdadeira fortuna.
Abriu os armários totalmente abismada
pois estavam totalmente vazios.
Maria do cais havia quebrado a
promessa feita no leito de morte de sua mãe,
confiou em um homem e ele tirou
tudo o que ela tinha.
Ou quase tudo ver,
Fernando não roubou dela a força,
e força era que Maria do cais tinha de sobra.
Rapidamente reuniu todo o seu bando,
mais de vinte homens e mulheres
armados até os dentes,
subiram em um navio e desceram
pelo mar até o Rio de Janeiro.
Lá uma guerra se iniciou,
com todo o dinheiro que Fernando
havia roubado ele pode pagar por
muitos homens, praticamente um exército,
e agora rivalizava com Maria do cais
tentando obter o controle do contrabando
no país.
Durante sete dias
embates aconteceram e dezenas morreram,
muito mais baixas do lado de Fernando
do que de Maria,
mas ainda assim o empate era real.
Por fim os dois acabaram se
enfrentando pessoalmente,
armados com suas garruchas
que davam apenas um único tiro,
armas antigas que disparavam uma
bala de chumbo e depois precisavam
ser recarregadas manualmente,
então quando se encontraram
na praia eles precisavam mirar
e acertar, só existia uma única chance.
Naquela noite fria sob a luz da Lua Branca,
os sapatos de salto alto de Maria
afundaram na areia,
ela caminhou até alguns metros
diante de Fernando que a encarava
sem nenhuma expressão no rosto.
Sem dizer uma palavra eles disseram tudo,
a conversa se deu pelo olhar e
pela respiração acelerada de ambos.
Maria do cais percebeu que Fernando
tinha medo.
Um movimento dele,
um singelo deslizar da mão
para próximo da cintura,
Maria imediatamente agarrou
sua pistola apontou para o inimigo
e puxou o gatilho,
a arma dela disparou
mas a dele também.
Fernando caiu morto,
um minúsculo buraquinho
no centro da sua testa por onde
escorria um filete de sangue.
Maria caiu de joelhos,
o buraco na lateral do abdômen
jorrava sangue com profusão.
Quando chegou o socorro,
o mesmo homem que um dia
salvou a vida de Luana tentou salvar
a vida da filha dela.
Zé Pilintra na areia fofa da praia
agarrou Maria do Cais e a suspendeu
a levando no colo, correndo pela areia
até chegar na estrada.
quando chegaram no Morro
de Santa Teresa, Maria do cais já estava
pronta para se despedir deste mundo. f
Foi deitada na cama de Maria navalha
que Maria do cais morreu,
mas antes de morrer fez um último pedido, ela queria para sempre ser Maria do cais.
Zé Pilintra levou seu corpo de navio até Pernambuco onde ela foi enterrada
em uma cova ao lado da de sua mãe
em um terreno na clareira de uma floresta,
lá onde as prostitutas eram enterradas.
Mas, um pedaço no cabelo de Maria
foi cortado por ele, foi levado até o
cais do porto e trançado junto a
fibra de uma das cordas que
atracam os barcos.
Até hoje as pessoas dizem que se
você andar em algum Porto de Recife
de noite poderá ver aquela
bela mulher debruçada no gradil,
fumando um cigarro tranquilamente
enquanto observa as ondas do mar.

Maria do cais hoje é identidade brasileira,
Já andou zanzando por aí com
a roupagem de mestra de Jurema,
já andou girando por aí vestida como
pombagira, mas o mais é comum
de se ver é Maria do cais
na linha dos Malandros,
e lá vem ela sambando,
bebendo cerveja e fumando,
seu coração mesmo sendo
enganado no passado
ainda continua amando.

Saravá a Maria do Cais!

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Relatos e Contos do Axé, Arte e texto por Felipe Caprini
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Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
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