Na Umbanda temos maravilhosas Entidades de Luz. Entidades essas
que evoluíram de tal forma em suas vidas encarnadas que foram
abençoadas por Zambi (Deus) para se tornarem seres iluminados que
trazem a caridade, a paz, o amor, a saúde, aconselhamentos, aberturas
de caminhos e evolução a nós, simples seres humanos, repletos de
defeitos, mesquinharias, sentimentos de ódio, inveja, desamor.
Essas Entidades de Luz vem de diversas formas, linhas e
irradiações. São determinadas a esses trabalhos árduos, de fazer
chegar a compreensão a nós, seres inacabados, pelos poderosos Orixás
de Deus, fazendo assim que essas Entidades divinas fiquem entre a
força divina da natureza do Pai Maior, que são os Orixás, e entre nós,
humanos repletos de erros e sentimentos ruins.
Essas Entidades maravilhosas vem como Pretos Velhos, Caboclos,
Boiadeiros, Ciganos, Erês (Ibeijadas, Crianças), Malandros, as Pombo
Giras e nossos amados Exús.
E vamos falar justamente dos Exús, claro englobando também as
Pombo Giras.
Essas Entidades são extremamente dedicadas as causas que são
determinadas a elas. Tem uma segurança incrível, uma determinação
maravilhosa, uma luz sem igual, um apego divino a seus protegidos,
enfim, são Entidades de Luz, voltadas para a pura caridade, sempre
mostrando o caminho correto, sempre pregando que o mal nunca deve ser
pedido, sempre ensinando a nós, seres não evoluídos e egoístas, que
temos livre arbítrio, que amarração é algo de pessoas sem amor
próprio, que desejar o mal a seu semelhante e algo que só vai servir
para trazer o retrocesso da evolução espiritual.
Mas se essas Entidades agem assim, se elas pregam essas palavras,
se elas fazem de tudo para nos ensinar fazer o bem, porque são
temidas, porque usam o nome delas para fazer o mal, porque é pregado
que nossos amados Exús tem ligação com seres das trevas?
A verdade disso tudo é a falta de informação, a pregação dada por
pessoas que se fiam no dinheiro, a mistificação e a falsidade de
alguns líderes de algumas religiões, principalmente algumas ditas
evangélicas, que necessitavam arrumar algo para demonizar, e assim
fazer seus fiéis temerem algo que não conheciam, obrigando-os a se
entregarem as falsas pregações desses líderes, e claro pagando seus
dízimos, ofertas, obrigações, entre outros vários tipos de cobranças
feitas por esses líderes mal intencionados.
Também vemos dentro da própria religião umbandista, alguns líderes
com essa mesma intenção, a de surrupiar bens de consulentes mal
informados. Só que nesses casos não pregam que os Exús seriam ligados
as trevas demoníacas, e sim que eles faziam magias para levar o mal a
um semelhante, eles traziam e amarrariam pessoas em um amor falso,
trancariam caminhos, levariam doenças e infortúnios. E tudo isso
mediante a uma cobrança em dinheiro.
E os pobres Exús, o quão tristes ficam com toda essas mentiras,
todas essas falsidades, todas essas hipocrisias usando seus nomes.
Alguém já pensou nisso?
Alguém já parou para refletir, como uma Entidade de Luz, que foi
acolhido pelo amor e pelos braços de Deus, que foi abençoado e
presenteado em virar uma Entidade trabalhadora em prol da caridade,
fica quando um consulente chega frente a frente com essa Entidade e
pede para trancar a vida de um irmão, ou amarrar uma pessoa que tenha
seu livre arbítrio de amar ou não amar alguém, ou de destruir uma
família unida pela paz e o amor?
Acredito que muitas pessoas nunca pensaram nisso, nessa
mediocridade, nessa injustiça, nessa falta de respeito com a Entidade
de Luz, quando chega para pedir absurdos assim.
E nessa visão vamos ver um diálogo de um Exú e um Preto Velho que
nos demonstra que as Entidades são luz, são divinas, são caminhos, mas
sentem uma tristeza em ver seus filhos, consulentes e protegidos
tentando fazer deles escravos espirituais.
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Em um certo dia na beleza das terras espirituais de Aruanda,
cidade de luz onde encontramos nossas amadas Entidades, um Exú que
acabara de retornar de um trabalho espiritual de incorporação em um
médium trabalhador de uma casa umbandista, vai até um Preto Velho,
que se encontrava sentado em seu toco de madeira, pitando calmamente
seu cachimbo, soltando a fumaça no ar e observando toda a bela
natureza da cidade espiritual. O Exú chega olhando firme para o velho
negro, e assim se inicia o diálogo:
Exú: Sua benção meu velho.
Preto Velho: Que Pai Oxalá te abençoe meu fio.
Exú: Será que posso ficar um pouco com o senhor meu velho?
Preto Velho: Claro meu fio. Mas porque esse semblante tão
entristecido?
Exú: Acabei de chegar de uma Gira em um Terreiro de Umbanda, no qual
trabalhei com um médium muito honesto, que me deixa a vontade em me
expressar, sem que ele tente interferir ou mistificar.
Preto Velho: Mas isso não é para nos deixar feliz fio? Tantos médiuns
que são tomados pela vaidade, arrogância, falta de humildade. Esse fio
que vosmicê trabaia, sendo um exemplo na religião, e vosmicê chega
tristonho?
Exú: Sim meu velho, eu tenho muito carinho e respeito por esse médium
caridoso, trabalhador da honestidade. Mas, essa tristeza que está
apertando em meu peito meu pai, não é pelo meu amado aparelho. São
pelas pessoas que foram ao terreiro, pessoas que se consultaram
comigo, com meus irmãos e minhas irmãs.
Preto Velho: Sim meu fio, estou começando a entender essa sua
tristeza. Mas vamos tirar ela de seu peito, encoste sua cabeça no
ombro desse veio, deixe seu coração falar, deixe sua luz se acender,
desabafe tudo aquilo que você trouxe la da terra, dos sentimentos dos
homens sem sentimentos.
O Exú encostando a cabeça no ombro do Preto Velho, como se
pedisse um afago, fez uns segundos de silencio, e logo após se pôs a
falar, num tom baixo, um tanto desanimado, cabisbaixo, parecendo
tentar esconder algumas lágrimas que teimavam em cair de seus olhos.
Exú: Sabe meu pai, nessa gira de hoje tive muitos atendimentos. Homens
que desejavam que seu semelhante perdesse a vida, para que assim
pudesse se apropriar de cargo superior em local de trabalho de ambos.
Mulheres que traziam ódio no coração por um suposto amor, que só ela
entendia que existia, entre ela e um homem, que por seu livre
arbítrio, achou por bem que deveria tomar outro caminho. Tantas
maldades pedidas, tantos desamores, tantas angústias, tanto ódio
espalhados em palavras, tantas cobranças, tantas aberturas dadas a
obsessores, que invadiam os corações e mentes dessas pessoas, fazendo
delas fantoches do espírito do mal.
Preto Velho: Sim meu fio. Entendo o que deseja dizer. Já vi muita
dessas pessoas nas casas de Umbanda, e isso sempre nos traz essa
tristeza que você tem em seu peito.
Exú: Meu velho, tive que lutar muito no dia de hoje, ´para tentar
salvar as almas dessas pessoas. A cada pedido para que seja feito o
mal, novos obsessores chegavam. Meus irmãos que tomavam conta da
tronqueira, lutavam firmemente e arduamente para que nossa gira
não fosse dominada por Kiumbas e Zombeteiros. Minhas irmãs, Pombo
Giras, tentavam se fazer entender, falando as pessoas de coração
sombrio e cheio de ódio, que o amor não se amarra, se conquista. Eu
via por todos os cantos da casa grandes obsessores tragos pelos
filhos que ali estavam simplesmente para pedir o mal, e trazendo nas
mãos marafo, charutos, materiais orgânicos, tentando comprar magias
não existentes. E achando tudo isso a coisa mais natural do mundo.
Preto Velho: E alguns de vosmicês aceitaram essas trocas meu fio?
Exú: Não meu Pai. Estamos acima dessas vontades materiais e orgânicas.
Mas infelizmente temos alguns médiuns mistificadores que usam nossos
nomes para tal recebimento. Dizendo fazerem amarrações, trancamentos,
maldades, fechamentos de caminhos, e muitas outras coisas sujas.
Preto Velho: E vosmicês alertaram o Babalorixá da casa, do acontecido?
Exú: Mas meu velho, era o próprio Babalorixá que se prestava a essas
cobranças, usando o nome de um de nossos irmãos.
Preto Velho: Cada vez mais entendo sua tristeza meu fio. Mas diria a
ti para não se deixar ser levado por esses medíocres da religião, pois
meu fio, a Umbanda está muito acima disso, está muito além dessa falta
de compreensão, muito acima dessa ganância, muito acima desses
obsessores encarnados e desencarnados.
Exú: Sim meu pai. Eu creio nisso também.
Preto Velho: Creia sempre meu fio. Pois Deus espera de nós, Entidades,
essa grandeza de fazer o bem, lutar contra o mal, ensinar os
incompreensíveis a compreender, mostrar o caminhos de luz a quem
teima em buscar escuridão.
Exú: Sabe meu pai, no meu caminho de volta para Aruanda, para não
chegar aqui com tantas cargas negativas, tantos obsessores trancados,
tantos sentimentos humanos ruins, fui até aos irmãos da Calunga
Pequena, para que me auxiliassem a me livrar de tantos pesos deixados
pelos consulentes e seus pedidos incoerentes. Vi muitas moradas de
corpos inertes, corpos esses que as almas estavam presas nas
profundezas clamando por ajuda. Um desses corpos me chamou a atenção
meu velho. Era de um antigo consulente que hora ou outra vinha até mim
pedir para que seus caminhos abrissem, e para isso ele deveria então
passar por cima de um semelhante.
Esse homem, certa vez me disse que ali onde nos encontrávamos não
teria o "trabalho forte" que ele tanto buscava. Que ali só se falava
em Deus, que ali não abria caminhos que ele desejava abrir, do modo
que ele pretendia. Escutei calmamente aquelas palavras, olhei em seus
olhos e disse, que o caminho dele era ele mesmo que fazia, seu livre
arbítrio era respeitado, assim como ele deveria respeitar o livre
arbítrio de todos.
Preto Velho: Fez muito bem meu fio.
Exú: Lhe disse também, que ele poderia partir, que levasse Deus no
coração, e refletisse sobre aqueles pedidos. E certamente um dia nos
veríamos de novo, e dependendo de seu modo de agir e pensar dentro da
religião, nosso encontro seria ou em um caminho de luz, ou em um
caminho da escuridão, onde eu certamente teria que resgatá-lo.
Preto Velho: Belas palavras meu fio. Vosmicê sabe muito bem como é o
caminho dessa escuridão, esteve lá milhares de vezes resgatando almas
perdidas, buscando seres sem humildade, sem amor, entregues ao ódio,
que muito se arrependeram após conhecer a verdadeira desgraça da
maldade criada em seus próprios corações.
Exú: Isso mesmo meu pai. Um lugar dominado pelo mal, por obsessores,
kiumbas, eguns e Zombeteiros, tomados pela enorme vontade de sugar
todas as energias, todas as formas orgânicas, todos os sentimentos de
ódio que os seres humanos possam espalhar uns para os outros, fazendo
assim que esses espíritos do mal possam ser fortalecidos dia após dia.
Preto Velho: Sim meu fio. Muito triste que os encarnados não
compreendam isso. Esse fortalecimento do mal. Fortalecimento esse
feito pela ganância, por esses pedidos de prejudicação a semelhantes,
entregas de materiais orgânicos, como carne, sangue, e ainda dizendo
que são para os Exús. Muito triste isso meu fio.
Exú: Sim meu velho, muito triste mesmo.
Preto Velho: Mas fio amado, continue me falando desse consulente.
O que aconteceu? Você o encontrou novamente?
Exú: Sim meu velho. Ao ver aquele corpo inerte na Calunga Pequena, e
ao reconhecê-lo, fiquei imaginando onde estaria o seu espírito. E foi
ai que decidi ir até abaixo da linha da luz divina para tentar
encontrá-lo.
Preto Velho: E o encontrou meu fio?
Exú: Sim meu velho. Ele estava nas profundezas, quase sem energia
nenhuma, tomado por obsessores de todos os lados, segurando em uma das
mãos uma imagem de gesso, que ele acreditava ser minha. Uma imagem de
um homem de pés de bode, chifres e cauda do demônio. Em outra das mãos
ele segurava firmemente um grande pedaço de carne sangrenta, meio
apodrecida já, juntamente com uma garrafa de bebida alcoólica e alguns
charutos. Dizia que era sua oferenda para Exú, e que assim que
conseguisse fazer essa entrega, todos seus desejos mais obscuros iriam
se realizar.
Preto Velho: Pobre alma. Não entendeu ainda que só estava energizando
os obsessores, e assim deixando seu espírito sem chance nenhuma de
sair dali.
Exú: Isso mesmo meu pai. Foi ai que eu cheguei perto dele, chamei-lhe
a sua atenção para mim, ergui minha mão em sua direção e lhe disse,
"Venha comigo meu filho. Deixe essas coisas nesse chão imundo. Você e
nem eu precisamos disso."
Ele me olhou firmemente, abraçando junto ao peito todas aquelas
coisas, e disse: "Quem é você? O que quer de mim?"
Eu respondi tentando ser o mais sereno e convincente possível:
"Sou o Exú que você um dia foi procurar. O Exú que você não aceitou
como protetor. O Exú que lhe disse que um dia íamos nos encontrar
novamente. O Exú no qual você deu as costas e partiu. O Exú que você
afirma que precisa dessas coisas materiais e orgânicas como oferendas.
O Exú que está aqui para tentar lhe mostrar que seu livre arbítrio
ainda tem um poder para te salvar da escuridão eterna e dos obsessores
que tomam toda sua energia para que não tenhas forças para vencer. O
Exú que está lhe dando a mão para sua evolução verdadeira. Deseja vir
comigo?
Preto Velho: E ele aceitou meu fio?
Exú: Infelizmente não meu velho. Ele me olhou de modo desconfiado, de
cima a baixo, e disse: "Você não é um Exú. Onde está seus pés de bode,
seus chifres e cauda. Onde está seus olhos flamejantes, seu odor de
enxofre? Você deseja me enganar para levar minhas oferendas, e assim
eu nunca vou conseguir fazer com que meus inimigos caiam para que eu
consiga o lugar deles, eu nunca vou conseguir fazer os males da doença
seja espalhada a quem um dia me ignorou, eu nunca vou conseguir aquele
amor que deveria ser meu. Preciso amarrar aquela mulher. E você
desejando tudo que tenho para comprar a magia dos Exús de verdade."
Saia daqui, afaste-se de mim."
Preto Velho: Sim meu fio, ele ainda não tinha aprendido a usar o livre
arbítrio para fazer o bem.
Exú: Não meu velho. Ele só via o próprio ódio que estava em seu
coração. Infelizmente não pude fazer nada, além de insistir mais um
pouco, tentar mostrar que eu era um Exú, e que somos Entidades de
Luz, Entidades enviadas por Deus, e não apenas escravos das
oferendas, que para nós é totalmente sem importância. Tentei mostrar
que minha imagem humanizada, que minha voz serena, que minha face
tranquila era exatamente a de um Exú, uma Entidade evoluída que tenta
auxiliar todos os filhos que ainda se prendem aos erros impostos por
alguns médiuns mistificadores ou interesseiros. E deixei bem claro que
só poderia resgatá-lo pela menção de sua vontade, pois respeitaria
seu livre arbítrio eternamente.
Preto Velho: E isso deixou vosmicê bastante tristonho não é meu fio?
Exú: Sim meu Pai. Não conseguir resgatar uma alma da obsessão, dos
espíritos caídos, das trevas eternas, é de maltratar muito os
sentimentos de protetores que nós, Exús e Pombo Giras temos. Mas ainda
ficamos mais tristes quando são colocados nossos nomes como autores
das crueldades, das más intenções, das amarrações, e de tantas coisas
ruins, criadas pelos encarnados, feitos pelos Eguns, pelos
Zombeteiros, pelos Kiumbas e depois cobrados a quem fez esses pedidos
por dezenas e dezenas de obsessores, que vão sugar todas as energias
desses encarnados até eles entregarem seus espíritos as trevas
eternas. E depois nós, Exús e Pombo Giras, temos ainda a missão de
tentar resgatar essas almas, dentro do livre arbítrio delas, as vezes
não conseguimos, e muitas vezes conseguimos. E temos que ouvir alguns
líderes de algumas religiões nos taxando de demônios, senhores das
trevas, vagabundos, prostitutas e amaldiçoados.
Ah meu velho, como é difícil esse trabalho.
Preto Velho: Sim meu fio. Mas vosmicê acredita se fosse fácil seria
uma missão divina?
Será fio meu, que se ocês, Exús e Pombo Giras, não tivessem essa
missão tão árdua, vosmicês estariam nesse grau tão maravilhoso de
evolução?
Será que ter essa luta diária contra o mal, sem se deixar ser
levado por oferendas sangrentas, por marafo entregue na encruza, por
pito que faz uma fumaceira que esconde as más intenções, por ebós
banhados por dendê, não faz dos amados Exús e Pombo Giras Entidades
supremas, acima do grau de evolução de muitos seres?
Será meu fio que quando um encarnado vem com a arrogância pedindo
que faças uma amarração amorosa ou espiritual a um semelhante, e ocês
com toda a humildade, mostram que o amor não pode ser amarrado, que o espírito é livre até
que ele seja entregue aos obsessores através das maldades feitas pelo
próprio encarnado. Mesmo que esse encarnado menosprezem seus
trabalhos, chamando de "trabalho fraco", "trabalho sem força". Mesmo
assim, ocês continuam tentando demonstrar que o bem não pode ser
trocado pelo mal, que a luz não pode ser trocado pela escuridão, que o
amor não pode ser trocado pela amarração. E se mesmo assim esse
encarnado lhe der as costas, ocês o acompanham e o protege, mesmo
sendo vistos ou como Exús fracos, ou como seres do demônio, mas sempre
ali levando a luz.
Exú: Sim meu velho, é assim nosso trabalho. É assim que agimos.
É assim que somos.
Preto Velho: Sabe meu fio, eu enquanto encarnado, nas fazendas de
café, no cativeiro das senzalas sujas e frias, acorrentado nas
correntes da ignorância do homem branco, sendo açoitado nos troncos da
morte, já tive a mesma tristeza que ocês, exús e Pombo Giras trazem
no coração. Então eu elevava minha fé a Zambi, rezava uma oração,
pedia a nosso Deus poderoso para perdoar aqueles feitores que nos
castigavam cruelmente, aqueles coronéis sedentos da ganância que nos
vendiam como animais, aqueles homens e mulheres de peles branca como a
nuvem que nos açoitavam, nos humilhavam, nos matavam friamente, apenas
para demonstrar poder, apenas porque éramos negros na pele, esquecendo
que tínhamos um coração que batia e chorava igualmente a todos, que
tínhamos o sangue vermelho correndo nas veias como todos os seres de
Deus, que amávamos, sentíamos dor, fome, sede, e tudo mais como os
brancos. Mas mesmo assim éramos vistos como fracos, diferentes,
escória, feiticeiros, endemoninhados.
Então meu fio, talvez seja melhor fazermos uma prece para essas almas
perdidas, para esses mistificadores que tentam se passar por ocês,
para esses falsos líderes religiosos que necessitam de criar um
inimigo que venha das trevas para induzir aos pobres fiéis sem
conhecimento, e assim tirar todo seu ouro e prata, para todos que por
ignorância imagina que a linha "docês" traz o mal, faz feitiçarias,
amarra almas e sentimentos, tudo isso trocado pelo sangue, carne,
velas, marafo, ebó, padê, como escravos das trevas.
A prece acalma, traz luz a esses seres, afasta obsessores, encaminha
almas, traz alegria. Vamos fazer essa prece meu fio?
Exú: Meu velho, o senhor tem uma sabedoria grandiosa. suas palavras já
acalmaram meu coração. Vamos meu velho, vamos fazer nossa prece.
Preto Velho: Antes meu fio, dá cá um abraço nesse veio, que já está
com lágrimas no zoio.
Preto Velho/Exú: Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade...
... Que assim seja!
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Respeitem as Entidades de Luz. Amem essas Entidades assim como
elas amam a todos.
Ao se consultarem com uma Entidade de Luz, reflita muito bem sobre
o que vai pedir. As Entidades nunca fazem o mal, elas agem dentro da
caridade suprema, elas não são escravas que trabalham em troca de
migalhas e nem em troca de todo ouro do mundo. As Entidades tem como
lema, fazer sempre o bem, nunca vai contra o livre arbítrio das
pessoas, nunca iria fechar caminhos de alguém simplesmente porque
outro alguém pediu, nunca iria amarrar um amor ou um espírito, pela
falta de amor próprio ou prepotência de um consulente desavisado,
nunca fariam parte das trevas do demônio, tendo a luz divina de Deus
iluminando sua caminhada e sua evolução.
As Entidades da Umbanda, nossos amados Pretos Velhos, Caboclos,
Boiadeiros, Ibeijadas, Malandros, Ciganos, Pombo Giras e os nossos
mais que amigos e guardiões Exús, são anjos enviados pelo Pai Maior
para nos salvar de nós mesmos.
Reflita muito bem sobre isso, antes de levarem seus supostos problemas
a um terreiro de Umbanda.
Salve a Umbanda!
Salve os Orixás!
Salve todas as Entidades de Luz!
Carlos de Ogum.