sábado, 8 de julho de 2023

BARA... O SEGREDO REVELADO !!!

 BARA... O SEGREDO REVELADO !!!


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Apesar do título da publicação, não considero que seja segredo de "axé" o texto abaixo, mas tenho certeza que, se não ajudar de alguma forma, pelo menos despertará no leitor a curiosidade de conhecer os mistérios do Orixá Exu.
Todos sabem que ÈŞÙ, o Orixá é uma divindade controversa e de muitas informações e paradigmas. O que muitas das vezes acaba por se ter informações deturpadas e visões próprias que somadas aos preconceitos até mesmo dos adeptos da nossa religião, acabam por deteriorar ainda mais o pouco que se tem de informação desse Orixá.
QUERO DEIXAR BEM ESCLARECIDO AQUI QUE ESTA POSTAGEM É SOBRE O ORIXÁ EXU... E NÃO SOBRE AS ENTIDADES DA UMBANDA DE MESMA DENOMINAÇÃO (TRANCA RUAS, CAVEIRAS, ETC.)

BARA

É verdadeira a expressão: "SEM EXU NÃO SE FAZ NADA". Apesar da maioria das pessoas que pronuncíam essa frase não tem idéia de quão abrangente ela é.
Èşù tem infinitas funções dadas diretamente por OLÓDÙMÀRÈ (Deus). E uma delas é a de acompanhar o ser vivo em toda a sua existência (energética e física), auxiliando na formação, desenvolvimento, mobilização, crescimento, transformação e comunicação... ou seja, se o ser vivo não tivesse seu próprio EXU individual, este alguém não existiria.
Para essa função específica o Òrìşà Èşù recebeu o título de BARA (somente para essa função). Porém essa é uma das mais importantes funções de Èşù, pois é com essa função que ele vai possibilitar a existência do ser.
A existência se dá em dois planos : O energético (imaterial) chamado de ÒRUN (erroneamente traduzida como céu)... E o físico (plano material, nosso mundo visível) chamado de AÌYÉ (e erroneamente chamada de terra). E quando nosso espírito está no Òrun escolhendo o ORÍ e descobrindo todo o destino que lhe foi reservado, nesse momento, além do código energético (ODÙ) que vai nos possibilitar conhecer a nossa Génese, ou seja, toda a nossa origem, inclusive de qual Òrìşà descendemos, também passamos a conhecer o ÈŞÙ que nos acompanhará em vida na função de BARA.
Como o próprio termo já diz, BARA (NASCER NO CORPO), ele faz através do ato sexual a junção sêmen-óvulo, o que possibilitará o nascimento do ser.
Tanto o BARA, quanto ORÍ tem seus duplos no ÒRUN e o que vem para o plano físico é uma espécie de cópia que se torna reflexo de nossas ações no Òrun. Essas "cópias" no plano físico são chamadas de BARA AÌYÉ e ORÍ AÌYÉ, enquanto as que estão no plano energético são chamadas de BARA ÒRUN e ORÍ ÒRUN.
Especificamente, o BARA AÌYÉ tem sua energia dentro de nosso corpo físico e quando é necessário assentar o BARA, na verdade o que se faz é a representação material (e ritualizada) do BARA ÒRUN, que entrará em total sintonia harmônica com o BARA AÌYÉ, possibilitando ao ser um total equilíbrio entre o físico e o energético. Isso se dá principalmente na época da iniciação de um Ìyáwó, quando é necessário preparar o corpo para atingir e despertar a essência energética do ÒRÌŞÀ à qual descendemos. Além de todos os rituais de limpeza do corpo, etc. O mais importante é o ritual do GBĘRĘ, que são as famosas "Curas" (cortes sub-cutâneo) que possibilitam despertar o BARA AÌYÉ, ou seja, a visão de alguns estudiosos antigos que pensaram que as "curas" eram somente marcas tribais é totalmente equivocada.
O BARA de cada ser é determinado de acordo com a escolha do espírito no Òrun. Ex: Se o espírito escolheu uma ORÍ que tem em seu destino ser um líder abastado de riqueza financeira, pode ser que o BARA determinado a esse ser seja o BARA que porta o título de OLÀLÚ, cujo termo traduz-se por "Aquele que tem as riquezas das cidades". Ou ainda alguém que tenha em seu destino ser perseguido por tudo e por todos, porém tendo uma proteção imensa que não seja nunca atingido, pode ser que esse ser tenha como BARA o ÈŞÙ portador do título AGBÓ (O protetor). E ainda um outro exemplo, pode ser que a pessoa tenha em seu destino uma vida de mar de rosas, possivelmente seu BARA pode ser aquele que tem o título de ÒDÀRÀ (O provedor de tudo de bom)... E assim, BARA é determinado de acordo com a escolha que o espírito fez no Òrun. Para que possa auxiliar o novo ser a cumprir aquilo que foi determinado para sua existência.
Daí a complexidade e variações na formatação de um assentamento de BARA, pois os elementos devem estar de acordo com a função que o BARA vai desenvolver. Por isso é importantíssimo que o sacerdote tenha conhecimento de cada um dos 201 BARA, sua função, seu ODÙ de origem, seus Èèwò (proibições). Pois qualquer equívoco pode desestabilizar toda a energia do ser. Há inclusive pessoas que são iniciadas para o Òrìşà correto, mas na hora de lidar com ÈŞÙ BARA põe tudo a perder, pois se não houver um equilíbrio entre o BARA AÌYÉ e o BARA ÒRUN, pode -se gerar desarmonia com o Òrìşà e com toda a iniciação do ìyáwó, inclusive no que tange à incorporação do Òrìşà.
TUDO QUE TEM EXISTÊNCIA ENERGÉTICA, TEM UM BARA... O ser vivo tem BARA, as divindades tem BARA, os animais e plantas tem BARA. MAS É IMPORTANTE FRISAR QUE ÈŞÙ NÃO É ESCRAVO DE NINGUÉM, NEM DE ÒRÌŞÀ NENHUM.
Por exemplo: O ÈŞÙ que porta o título de MÀRÁGBÓ, cuja tradução literal é "Aquele que se originou do trovão " é o BARA que acompanha qualquer divindade dos trovões, inclusive, podendo ser BARA de uma pessoa que tem em seu destino cultuar as divindades do trovão, mas isso não quer dizer que o ÈŞÙ seja escravo dessas divindades, muito pelo contrário. Essas divindades, assim como tudo e todos dependem da energia de ÈŞÙ para toda a dinâmica da existência individualizada.

Bàbálòrìşà Obaonílè (Pai Marcio ti Aìrá)
#Povodafloresta