[Por mãe Barbara de Iansã] Pessoal, as pessoas peguntaram muito sobre a Dona Maria do Cais e a linha que ela trabalha, e vejo que muitos têm muitas dúvidas sobre a linha de baiano e a linha de malandro. Achei melhor então escrever um pouco sobre isso.
Bem, em muitos terreiros, a linha de malandro está inserida dentro da linha de baiano, mas quero deixar claro que são linhas distintas – porém que trabalham muito bem juntas.
Os baianos são uma falange de espíritos que nasceram na Bahia e que possuem conhecimentos dos antigos rituais dos ancestrais africanos, ou seja, possuem grande conhecimento sobre os costumes e magias do nosso querido Candomblé.
Antes que comecem a reclamar que Umbanda não é Candomblé ou que isso está sujando o nome do Candomblé, quero deixar claro que o que os baianos trazem com eles não é a religião afro chamada Candomblé, mas sim conhecimentos de sua magia ancestral e que são de utilidade, também, na caridade da Umbanda.
Esses conhecimentos eles aprenderam durante suas encarnações no convívio com a religião, e não estou dizendo que um baiano vai ensinar segredos ou trabalhos que são realizados dentro de um Ilê, mas algumas manifestações de herança são comuns, como por exemplo, o jogo do Ifá.
Esses conhecimentos eles aprenderam durante suas encarnações no convívio com a religião, e não estou dizendo que um baiano vai ensinar segredos ou trabalhos que são realizados dentro de um Ilê, mas algumas manifestações de herança são comuns, como por exemplo, o jogo do Ifá.
Então todos os baianos são negros com vivência nas religiões ancestrais? Sim. Tanto que também podem ser chamados de africanos (pois pensem que estranho você estar na Bahia e chamar a linha dos baianos? Seria a mesma coisa que chamar a linha dos paulistas ou paranaenses, não?) e, em alguns terreiros, trabalham juntamente com marinheiros e até mesmo com os pretos velhos.
Os baianos trabalham, em linha principal, para Oxalá e as chamadas Mães d’Águas e podem entrecruzar com os demais Orixás. São ótimos mandigueros, benzedores, quebradores de demanda e desfazedores de magias negras.
São animados, faladores, engraçados, brincalhões e adoram dançar, cantar, dar risada e ensinam muito sobre a coragem pra enfrentar o dia-a-dia com alegria e bom humor, na fé de todos os Orixás. Trabalham com a paz e o auto conhecimento, e nos ensinam como entendermos as nossas derrotas para nos tornarmos merecedores de nossas vitórias.
São animados, faladores, engraçados, brincalhões e adoram dançar, cantar, dar risada e ensinam muito sobre a coragem pra enfrentar o dia-a-dia com alegria e bom humor, na fé de todos os Orixás. Trabalham com a paz e o auto conhecimento, e nos ensinam como entendermos as nossas derrotas para nos tornarmos merecedores de nossas vitórias.
Tá, e os malandros? Os malandros são espíritos que nasceram em todas as partes do Brasil e estão ligados a boemia, a vida na noite e as dificuldades que passam aqueles que são excluídos em uma sociedade tão segregadora como a nossa.
São mulatos, cafuzos, caiçaras, mamelucos, ainocôs, que conheciam um pouco de tudo e se viraram com aquilo que tinham. Sofriam vários tipos de preconceito e dificuldade e, infelizmente, mesmo hoje como entidades, ainda sofrem preconceitos devido ao desentendimento de sua falange.
São muito companheiros, amigos, dedicados e animados. Adoram contar suas aventuras de quando encarnados e de como se safavam de encrencas que eles mesmos arranjavam. Hoje, na umbanda, transformaram a tradicional malandragem em lições de moral, pregando sempre o respeito, o amor e a caridade.
Podem perguntar: por mais que adorassem uma bebida, um jogo e uma roda de samba, os malandros sempre foram muito caridosos com aqueles que precisavam e sempre tiveram respeito muito grande pelos mais fracos e necessitados.
Trabalham na linha de Ogum e Xangô entrecruzados com as demais linhas, ou seja, trabalham com proteção, comércio e com os caminhos, e é por isso que inicialmente os malandros vinham na linha de Exu. Também são ótimos para curar um coração ferido de amor.
Sua malandragem está também na adaptação energética que possuem e, sendo assim, conseguem trabalhar de forma harmoniosa com todas as linhas, desde exu até erê, podendo trabalhar até mesmo com os ciganos.
Mas graças a Oxalá a Umbanda não possui dogmas e é feita de exceções para aprendizado de todos nós. Ainda que eu ache legal você ter a certeza qual a linha de trabalho de determinada entidade para entendimento melhor da manifestação energética dela, e não limita-la a uma determinada linha de trabalho que as vezes não é a dela.
Acho que é isso, então respondendo a todos: Maria do Cais é malandra trabalhadora da falange de Sr. Zé Pelintra. Tem como orixá de frente de trabalho Oxum e Ogum e Xangô como seu padrinho, ou seja, trabalha para o amor, para a quebra de demanda e para a justiça.
Também trabalho com Dona Maleó do Tabuleiro. Baiana de Salvador, trabalhadora na frequência de Oxalá através das manifestações energéticas de Iansã e Xangô, feiticeira, faceira e com um coração do tamanho do mundo.
Axé a todos e que Iansã sopre pra longe qualquer confusão da vida de vocês