Quando Jesus estimulou e orientou seus discípulos, a prática da mediunidade, recomendou que a exercitassem gratuitamente: “De graça recebestes, de Graça daí” (Mt 10:8).
Não somente recomendou o trabalho espiritual gratuito, mas, também, o exemplificou, nada cobrando dos discípulos por lhes ensinar a prática da mediunidade, ou ajudá-los em seu despertar mediúnico, nem por nenhuma das obras espirituais que realizou, incluindo as numerosas curas. Expulsando os vendilhões do templo de Jerusalém, deu enérgica demonstração de que não se deve comerciar coisas espirituais nem torná-las objeto de especulação ou meio de vida.
Em princípio Jesus recomenda e exemplifica, pois a mediunidade é uma faculdade concedida por Deus ao ser humano, que nada paga por ela, o médium, recebeu sua faculdade mediúnica “de graça”.
Por que o exercício da mediunidade não deve ser cobrado?
O Trabalho que fazemos neste mundo (quer físico ou intelectual) atende às necessidades da vida terrena, nossas e dos nossos semelhantes. A remuneração desse trabalho representa uma permuta dos valores que cada um pode produzir nesta vida com aquilo deque ele precisa e os outros produzem.
Com cada qual tem sua capacidade ou aptidão que é útil ao conjunto humano, todos podem trabalhar e ganhar o seu pão de cada dia, exceção feita às crianças, ao muito idosos, aos deficientes físicos ou enfermos. É justo pois, e indispensável à vida social, que cada um receba, pelo que faz, o salário devido e que vai assegurar sua sobrevivência corpórea.
No trabalho com a mediunidade, a situação é bem diferente. É um trabalho espiritual, que tem por finalidade, fazer o intercâmbio entre o mundo material e o espiritual, promovendo o esclarecimento, a ajuda mútua a fraternidade, entre os encarnados e desencarnados.
Esse intercâmbio precisa estar ao alcance de todos os seres humanos para que recebam esclarecimentos entre os encarnados e desencarnados, mas quem pode realizar este intercâmbio? Só os médiuns ostensivos têm condições para exercê-lo, e estes são minoria na humanidade. Além disso, mesmo havendo médiuns, o intercâmbio só se realiza com o concurso dos espíritos desencarnados.
O que poderá acontecer se a mediunidade for comercializada ou profissionalizada?
Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre dela fique privado e possa dizer: “não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber encorajamento e os testemunhos de afeição dos que pranteio, porque sou pobre”
Allan Kardec
É intermediário, apenas; São os espíritos é que falam, escrevem ensinam e produzem os fenômenos. Vender o que não se originou de nossas idéias ou pesquisas, ou qualquer espécie de trabalho nosso?
O pagamento é em coisas materiais, que só a nós beneficiam e não a eles, se forem manifestações de espíritos de luz, entidades de trabalho, não é indigno, repugnante, expô-los para lucrar materialmente? Teremos de assegurar resultado, mas não poderemos fazer.
A mediunidade é a faculdade fugidia, instável, e ninguém pode contar com ela com certeza. Não funciona sem o concurso e a permissão dos espíritos e eles nem sempre podem, devem ou querem atuar; os bons para não serem coniventes com o nosso erro de estarmos cobrando pela mediunidade; os maus, por que também não gostam de ser explorados.
Lançaremos descrédito sobre a mediunidade, sobre nós mesmos e sobre o intercâmbio espiritual. E se desacreditarem da manifestação mediúnica, as pessoas perdem a fonte de informações, conforto e ajuda espiritual, o que será grande prejuízo para o progresso moral da humanidade.
A mediunidade séria, nunca pode constituir uma profissão , isso a desacredita moralmente e assimilaria aos ledores da “buena dicha”, esse tráfico degenerado em abuso explorado pelo charlatanismo, pois a ignorância dos supersticiosos foi que levou Moisés a proibi-la.
Os estudos da espiritualidade, compreendendo o aspecto honesto do fenômeno, desacreditou sua exploração e elevou a mediunidade ao grau de missão(...) A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente.
Allan Kardec
Observamos que pagamento não é somente o dinheiro, mas tudo que representa remuneração, lucro, vantagem, interesse puramente pessoal, satisfação da vaidade e do orgulho.
Mas será no interesse da causa ou no seu próprio que o dá? E não será porque ele entrevê aí uma ocupação lucrativa? Por este preço, encontram-se sempre pessoas devotadas. Porventura haverá somente este trabalho à sua disposição?
Quem não tiver com que viver procure recurso fora da mediunidade, se quiser consagre-lhe materialmente o tempo por disponível. Os espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifico, ao passo que se afastam de quem a faz com escabelo.
À parte dessas considerações morais, não contestamos de modo nenhum que possam haver médiuns interesseiros honrados e conscienciosos, porque há pessoas honestas que expusemos, que o abuso tem mais razão de estar com os médiuns pagos do que junto àqueles que, olhando sua faculdade como um favor, não empregam senão para prestar serviço gratuitamente.
Allan Kardec
Kardec está com razão. E podemos aduzir que a gratuidade dos serviços espirituais, tem assegurado o afastamento das pessoas interesseiras e mal-intencionadas. O desprendimento e o desinteresse exigidos valem com um dispositivo de segurança para trabalho espiritual.
A remuneração espiritual
Todo o bem que fazemos sempre tem sua recompensa espiritual, “Digno é o trabalhador do seu salário” afirmou Jesus. E a lei de ação e reação sempre dá às criaturas segundo as suas obras. Assim, o médium que atende à recomendação de Jesus e exerce a sua faculdade mediúnica sem interesses materiais ou egoístas, não deixara de receber um natural salário espiritual, pois conseguirá conseqüências felizes, pagar suas dívidas espirituais anteriores, pelo bem que ensejar com seu trabalho mediúnico, e adquirir méritos para novas realizações.
Acelerar o próprio progresso, pelo desenvolvimento que lhe vem do exercício de sua faculdade e do conhecimento que adquire sobre a vida imortal; convívio com bons espíritos e a proteção dele, em virtude da tarefa redentora que se vincula.