Normalmente chega cheio de empolgação, grandes expectativas...
E uma vontade gigante de desenvolver sua mediunidades...
Incorporar seus Guias e se aproximar dos Orixás e de Deus...
Ele espera a semana inteira o dia da Gira na Casa...
Ansioso por aquele momento tão especial da sua vida...
Chega ao terreiro animadíssimo e prestativo, querendo ajudar a todos...
Procura entrosar-se com o grupo, puxa assunto, conta de sua vida...
Suas experiências anteriores (boas e ruins) na Umbanda...
E do quanto está feliz de participar do Templo!
Em pouco tempo, já encontrou irmãos por afinidades...
E se encaixou numa das “panelas” do Terreiro!
Panelas?
Sim, isso mesmo!
Tem “panela” de dois, de três, de poucos ou muitos irmãos...
Que passam a relacionar-se com mais frequência...
Que somente encontros religiosos semanais!
Ligam para saber a linha de trabalho da próxima gira...
Um dá carona para o outro e aproveita para tomar um café...
Depois da gira vão comer uma pizza, fumar e flertar...
Fazem juntos oferendas e rituais na natureza!
Um vai na casa do outro ajudar na limpeza energética, etc...
Acabaram se envolvendo até amorosamente!
Tudo girando em torno da afinidade inicial de todos:
A Umbanda!
Mas a linha que separa os interesses gerais de Umbanda...
Para assuntos particulares dos irmãos do Terreiro é muito fina e sutil...
E as conversas passam facilmente dos procedimentos umbandistas...
Para os comportamentos errados dos outros irmãos...
Aqueles que não estão na “panela”...
Pronto!
Isso já é maledicência e fofoca, que normalmente vem acompanhada de inveja...
Ciúme, vaidade, orgulho e maldade!
E começam as famosas demandas entre irmãos de um mesmo terreiro!
E a motivação inicial que levou aquele médium ao Templo desenvolver sua mediunidade...
Para ter um contato maior com Deus e sua espiritualidade...
Ficou esquecida ou perdida na pequenez do ego humano...
O médium deveria limitar-se a olhar para a frente (sacerdote) e para o Alto (Altar)...
Porém ele insiste em olhar para os lados e enxergar as falhas dos irmãos...
Apontando com seu dedo humano o espelho dos próprios defeitos que vê no outro...
E atira a primeira pedra!
Todos se esquecem de que pisar semanalmente num solo sagrado...
Não significa que ninguém se santificou!
Vestir o branco por fora não reflete necessariamente essa cor em seu interior...
Simplesmente incorporar um Guia não garante incorporar seus valores...
Ser médium umbandista não dá acesso direto a um clube fechado...
O dos “ascensionados na carne”!
Jesus nos ensinou que os sãos não precisam de médicos!
A Umbanda é um grande hospital da consciência e da alma...
E nossos Guias são os médicos que tentam nos curar das ilusões do ego...
Que nos aprisionam em vivências mesquinhas e superficiais...
Ser umbandista é ter consciência de que, onde há ser humano, há falhas...
Assim é no seu trabalho, com seus amigos, no seu casamento, na sua família...
Antes de apontar os erros alheios, enumere e conserte os seus...
Antes de cobrar a melhora e a mudança do outro, faça a sua reforma íntima...
Quem é você para olhar para o lado e acusar um irmão?
De ser tão humano e falho quanto você!
E se os defeitos dos seus irmãos lhe são tão insuportáveis...
Procure outro Templo com médiuns menos humanos e mais divinos...
Onde você possa se concentrar em Deus!
Sem se distrair com as limitações humanas ao seu lado...
Um terreiro dificilmente fecha por demandas externas...
O que fecha um terreiro são as demandas internas!
Saravá Fraterno, Axé Filhos de Umbanda!
Pai Jonathas de Ogum.'.