quarta-feira, 1 de maio de 2019

HECATÉ

Deusa dos mortos, não como Perséfone*, a esposa de Hades, mas como aquela que preside às aparições de fantasmas e aos sortilégios. É ela que os mágicos evocam. É representada com archotes na mão, acom­panhada de jumentos, de cães e de lobas. Seus poderes são temíveis, principalmente à noite, à dúbia luz da Lua, com a qual, aliás, ela se identifica. 
Figuram-na muitas vezes como uma mulher com três corpos, ou como três mulheres apoiadas na mesma coluna. Adoravam-na espe...cialmente nas en­cruzilhadas*, onde sua imagem era erigida.Deusa lunar e ctoniana, está ligada aos cultos da fertilidade. 
Mas apresenta dois aspectos opostos: um, benevolente e ben­fazejo: preside às germinações e aos partos, protege as navegações marítimas, concede a prosperidade, a eloqüência, a vitória, as ricas searas, as pescas abundantes, guia para a via órfica das purificações.
Em con­trapartida, um outro aspecto é temível e infernal: Hécate é a deusa dos espectros e dos terrores noturnos... dos fantasmas e monstros que infundem terror, é a nigro­mante por excelência, a senhora da feitiça­ria.
Só se conjura por encantações, filtros de amor e de morte.Sua lenda e suas representações com três corpos e três cabeças se prestam a inter­pretações simbólicas de diferentes níveis. Deusa lunar, poderia representar as três fases da evolução lunar e as três fases correspondentes da evolução vital.
Deusa ctonia­na, restabelece a ligação dos três patamares do mundo: os infernos, a terra e o céu. Seria, sob esse aspecto, honrada como a deusa das encruzilhadas. Porque toda de­cisão a tomar num cruzamento implica não só uma direção horizontal, na superfície da terra, mas, mais profundamente, uma direção vertical para qualquer um dos ní­veis escolhidos de vida.
Enfim, a nigro­mante das aparições noturnas simbolizaria O inconsciente, onde se agitam feras e mons­tros: o inferno vivo do psiquismo, mas tam­bém reserva de energias a organizar, como o caos se organizou em cosmo sob a in­fluência do espírito