A PÓLVORA
O chamado ponto-de-fogo, um dos mais utilizados recursos da Umbanda e dos Cultos Africanos, é o efetuado com a pólvora e para finalidades as mais diversas. Seu uso na Magia Negra é bastante difundido e os feiticeiros o utilizam em suas investidas contra seus adversários ou suas vítimas.
A pólvora é também conhecida por fundanga ou tuia e a sua fabricação pode ser caseira ou industrializada. A diferença entre uma e outra é idêntica a dos defumadores ou banhos de ervas colhidas e os comprados em firmas especializadas, isto é, nestas falta-lhes o preparo mágico indispensável e a dosagem exata de seus componentes o que, por vezes, impede seja atingido o fim colimado.
Fundanga é uma expressão de origem kimbundo e seu significado, naquele idioma, é exatamente, pólvora.
Quanto a Tuia (nome que na Umbanda chamamos a pólvora,assim como fundanga, pó que queima ), ainda que por sua morfologia nos afigure palavra de origem indígena é oriunda do ioruba tuyo que significa expelir, deslocar para fora.
A palavra representativa de pólvora nos idiomas indígenas, somente a fomos encontrar no tupi e é uma palavra arcaica e obsoleta na Umbanda, pois jamais ouvimos sequer um caboclo solicitar mocacui para seus trabalhos, dando preferência, invariavelmente, às expressões de origem africana.
A pólvora é um elemento de Magia ambivalente prestando-se, destarte, à serviços para o Bem na Umbanda, mas já utilizada por tantas outras religiões e seitas pra o bem e para o Mal, por isso na Umbanda temos tantos cuidados na utilização e não concordamos com uso a torto e a direita, como algumas casas sem muita informação utiliza, sem contar o inumeros elementos nocivos à saúde desprendidos na queima, prejudicando a saúde humana ( observem a leitura no final deste texto).
É, pois, por sua potência, um dos recursos mais utilizados pelos magisticos, feiticeiros para o enfeitiçamento de pessoas ou coisas tendo, ainda, o inusitado dom de transmitir ou conferir, a quem quer que seja, todo o poder que sua utilização seja feita com a estrita obediência dos preceitos de Magia e independentemente do fim a que se destina.
Tais fatores, conjugados, nos levam à conclusão de que todos os trabalhos com pólvora exigem uma concentração e precaução extraordinárias. Daí o porquê só devam ser feitas por entidades, na sua quase totalidade Exus, ou linhas que atuem juntoa Lei Maior, ou outras quando considerarem oportuno, delegarem poderes a um médium especializado para sua execução.
O primeiro nos impulsiona constantemente para a frente e para o alto nos dá ânimo e pertinácia em todos os nossos passos, nos concede o ardor, a iniciativa, o espírito de luta, a vontade e a capacidade de satisfazer nossos desejos atingindo o objetivo de nossas aspirações mas, em troca, nos oferece a inquietude, a inconstância e o amor às mudanças e novidades, a impulsividade que nos leva a ações inconseqüentes, recolhendo frutos não amadurecidos e perdendo os melhores e mais compensadores resultados de nossos esforços.
O segundo, é aquele que nos tolhe e nos traz desenvolvimento, fazendo-nos introspectivos, nos causa medo e a reflexão, nos leva a cingir-nos e a fixar-nos tanto no erro quanto na verdade, nos hábitos viciosos e virtuosos, nos torna fiéis e perseverantes, firmes em nossa vontade e tenazes esforços, e nos capacita a atrair aquilo para o que estamos interiormente sintonizados pelos nossos pensamentos, convicções e aspirações.
Em contraposição, nos acarreta a desilusão e o discernimento, nos afasta das mudanças e de toda ação irreflexiva, porém, também, de todo progresso, esforço e superação.
Apresenta-nos, agora, o terceiro componente, o carvão, inteiramente distinto dos demais, pois sua propriedade primordial é a fácil absorção dos fluidos de quaisquer naturezas. Assim sendo, todas as emoções astrais são por ele retidas e, por isso, desembaraça os objetos materiais dos fluidos de que se encontram impregnados.
Hermeticamente, o carvão, em seu estado natural é o símbolo da Constância e, em combustão, do Fervor, isto porque, neste estado, consegue dissolver o mais duro dos metais.
O estudo acurado dos elementos componentes da pólvora e da dualidade de suas funções, inerentes a tudo o que existe no Universo, é suficiente ao iniciado para saber onde, quando e como usa-la e, ao Mago, para possibilitar-lhe o conhecimento de seus efeitos malévolos contra indivíduos e coisas, se utilizada no campo da Magia do Mal, assim como aquilatar o poder e os conhecimentos de quem a empregou.
De tudo o que dissemos, deduz-se que a pólvora jamais deve ser queimada dentro de casas ou ambientes fechados e sim, próxima a aberturas, pois o recinto fechado não permite a evaporação das camadas deletérias por ela deslocadas em sua explosão, o que determinará o sobrecarregamento do ambiente de novos resíduos, estes já oriundos de sua ação.
Apesar de ser a pólvora a força máxima pra limpeza, seu uso deve ser restrito a casos da mais absoluta necessidade e, além dos cuidados já arrolados no presente trabalho, sob a responsabilidade do Guia-Chefe ou de seu preposto, com o auxílio, é evidente, das falanges trabalhadoras ou evocadas. Outrossim, jamais poderemos iniciar sua combustão senão com fósforos pelo mão-de-fogo, ou charutos, no caso de entidades incorporadas. Em hipótese alguma utilizaremos a chama de velas para tal fim e, muito menos, isqueiros.
Concluindo, queremos frisar que algumas casas, face aos solertes ataques que são dirigidos à nossa Religião, taxada de primitiva, mercê de seus rituais, vêm abolindo o uso da tuia às vezes até em choque com as instruções emanadas dos Guias.
A estas acometidas podemos antepor o uso dos fogos nas procissões e festas católicas, principalmente nas de São João, Pedro e Antônio e que, em suma, nada mais representam que uma queima, semelhante aos seus efeitos, ao nosso ponto-de-fogo.
Ademais, quando o Astral Inferior que envolve nosso Planeta com suas densas camadas, encontra-se sobrecarregado de cascões, vampiros, magos negros, corpos astrais de animais, formas de pensamento maus, de criação consciente ou inconsciente, artificiais humanos e invólucros vitalizados, estes da mais alta
periculosidade e utilizados nos trabalhos de Vodu, o Alto, em sua Eterna Sabedoria, envia violentos temporais cósmicos, onde os efeitos luminosos da queima da pólvora cumbem, pela eletricidade cósmica, de limpar o ambiente. É claro que tais tormentas, tão bem descritas por André Luiz, chegam até nós sob a forma de cataclismos materiais que, em que pese a violência de que se revestem, nada mais são que meros reflexos dos originais.
Então o fogo produzido pelas descargas elétricas age sobre os componentes da pólvora desanuviando o ar pesado e tenso acumulado durante o longo período que as antecedeu.
A descarga da pólvora que efetivamente nada mais é que um insignificante arremedo, no Microcosmo, dos recursos utilizados pelo Poder Universal com idênticas finalidades, é claro, as enormes proporções que o separam do Macrocosmo.
Ao encerrarmos, voltemos à tecla que jamais cansaremos de acionar: se o irmão não estiver devidamente preparado, se não possuir o axé de mão-de-fogo e, principalmente, se não encontrar previamente autorizado por nossos Grandes Mestres ouça nosso conselho e não se arrisque inutilmente a executar vaidosamente um trabalho de tal monta.
Se o fizer, estará em idêntica situação de um motorista que, ansioso para mostrar sua habilidade e competência, não se peja em pôr em risco não apenas sua vida, mas, o que é mais grave, a de todos que o acompanham em seu veículo. E, se alguma vez sentir-se tentado a faze-lo que, nesta hora, ressoem em seus ouvidos a Curimba de Fogo, a fim de alerta-lo sobre o erro em que incindirá:
Só queima tuia quem pode queimá
Meu ponto é seguro, não deve falhá
Só manda fogo quem pode mandá
Meu ponto é seguro, meu Pai Oxalá
Caso, no entanto, esteja capacitado a faze-lo, que Oxalá o permita, nunca sua mão se aproxime de um ponto-de-fogo com intenções outra as que não a de trazer benefício aos seus semelhantes.
Que sua conduta seja reta, sua fé acendrada e a confiança em seus conhecimentos inabalável.
Que o irmão aprove, sempre em todas as oportunidades, que é um verdadeiro portador do axé de fogo. Sarava!
Por Adalberto Antônio Pernambuco Nogueira (in memoriam)
Presidente da União de Umbanda (Porto Alegre/RS)
Trechos publicados em duas edições no Jornal JOCAB (meados de 1994)
Ysaiias Pintto Sacerdote da Sagrada Umbanda.
Pòlvora e seus efeitos:
PRINCÍPIOS BÁSICOS
Muitos pirotécnicos e baixo-explosivos operam pelo processo de combustão, no qual um combustível combinado com oxigênio libera calor, luz, fumaça ou gás. Nestes materiais, o componente combustível é misturado com um componente oxidante, que libera oxigênio quando aquecido: a taxa de combustão é limitada se o processo depende apenas do oxigênio atmosférico. Por exemplo, o combustível na pólvora negra é fornecido pelo carvão e pelo enxofre, com o oxidante sendo o salitre (nitrato de potássio, KNO3).
O acondicionamento da mistura pirotécnica afeta seu comportamento. Confinamento acelera a combustão, concentrando o calor e gás quente. De fato, pólvora negra irá queimar ao invés de explodir se não for embalada propriamente. A taxa de combustão também é acelerada pela homogeneidade da mistura: pólvora fina irá queimar mais rápido que pólvora de grãos maiores. Explosivos líquidos são perigosos porque são extremamente homogêneos: a mistura ocorre a nível molecular, e são muito sensíveis a choque físico. Explosivos líquidos tendem a precipitar e separar seus componentes quando armazenados, mudando suas propriedades químicas, e geralmente não para melhor. Adicionar materiais abrasivos a um explosivo aumenta sua sensibilidade, adicionar lubrificante como ceras torna o explosivo mais estável. Materiais que reduzem a sensibilidade dos explosivos são chamados de 'estabilizadores' ou 'moderadores'. A maioria dos explosivos opera pelo rompimento químico de suas estruturas moleculares, e não por combustão. Nitroglicerina, por exemplo, tem a fórmula molecular C3N3H5O9. Qualquer perturbação suficiente, como um choque físico, causa sua decomposição em dióxido de carbono (CO2), água (H2O), nitrogênio (N2), e um pequeno excesso de oxigênio (O2). O processo ainda envolve reações de oxidação, mas o oxigênio é parte da molécula. Durante a quebra da nitroglicerina, os laços atômicos oxigênio-nitrogênio são substituídos por laços mais estáveis carbono-oxigênio, hidrogênio-oxigênio e nitrogênio-nitrogênio, com esse processo acompanhado de violenta liberação de energia.
Explosivos, incendiários e pirotécnicos podem ser iniciados por chama, fricção, impacto, choque elétrico, altas temperaturas, e mesmo um feixe de laser.
Certos metais têm propriedades pirotécnicas: magnésio, alumínio, zircônio, e urânio, inflamam-se a altas temperaturas e queimam liberando muita energia. Alumínio em pó é muito usado como aditivo em explosivos e magnésio é usado em sinalizadores luminosos. Incidentalmente, alumínio sólido não queima bem: a combustão gera uma camada de óxido superficial que barra a queima.
BAIXO-EXPLOSIVOS: PÓLVORA NEGRA
O primeiro explosivo digno desse nome foi a pólvora negra, desenvolvida pelos chineses por volta do ano 1000 dC, e usada por eles em fogos de artifício e também em armas: lançadores de flechas, projéteis incendiários, bombas, minas, e canhões primitivos. A pólvora negra chegou ao Ocidente na Idade Média, possivelmente transmitida pelos árabes, sendo mencionada pelo monge inglês Roger Bacon em 1267: as primeiras fórmulas europeias seguiam fielmente as receitas chinesas, aperfeiçoadas por anos de experimentação, mas utilizando alguns ingredientes que não tem na verdade nenhuma utilidade. No século 14, novas armas usando a pólvora negra como explosivo ou propelente começaram a surgir: 'petardos' ou minas, para derrubar muralhas; bombas de arremesso manual; mosquetes disparando balas de chumbo; 'bombardas' disparando pedras. A pólvora negra evoluiria para dominar os campos de batalha, permanecendo como único explosivo e propelente até o século 19.
As primitivas fórmulas chinesas consistiam em pesos iguais de carvão, enxofre e salitre. A pólvora negra exige o uso de carvão vegetal. Carvão mineral não funciona, pois a estrutura celulósica da madeira, mantida no carvão vegetal, afeta o funcionamento da pólvora. Salitre é um material cristalino, branco brilhante, que pode ser encontrado nas paredes de cavernas de morcegos ou em pilhas de esterco envelhecido, produzido por bactérias que se alimentam de dejetos orgânicos. Quimicamente é constituído de nitrato de potássio (KNO3) e nitrato de cálcio (CaNO3).
Até meados do século XV, a pólvora usada era uma mistura simples dos ingredientes, farinhosa e negra, denominada de 'pólvora serpentina', por ser sibilante, ou seja, fazer mais ruído que efeito. Tinha uma dosagem de base chamada 'quadra-ás-ás', quatro partes de salitre por uma de carvão e uma de enxofre. Como explosivo deixava a desejar: era fraca, insegura, absorvia umidade, difícil de usar, perigosa de fabricar e difícil de transportar. Para garantir um mínimo de funcionamento seguro, seus componentes tinham de ser de boa qualidade, finamente moídos e misturados nas quantidades adequadas. Carvão e enxofre são materiais abundantes, já o salitre era difícil de obter na Europa. No sul da China, de clima quente, alternadamente úmido e seco, o salitre se forma espontaneamente nas pilhas de esterco das fazendas. No norte da Europa, sempre frio e úmido, produzir salitre era difícil e desagradável. Esterco era armazenado em locais cobertos, periodicamente 'regado' com urina, e revirado constantemente. Depois de um ano ou mais desse processo, refinava-se o esterco para extrair o salitre: não era uma profissão muito atraente. Mas os artífices da pólvora e mestres-artilheiros medievais, meio alquimistas, eram tidos em grande consideração e existiram em quase todas as cidades do período. Alguns nomes chegaram até nós: os italianos Nicola Tartaglia, de Bréscia; Alessandro Capo Bianco, de Vincenza; e Pietro Sardi, de Veneza; os alemães Martin Mercz e Joseph Furttenbach. As investigações desses homens oscilavam entre a experimentação e a feitiçaria. Por exemplo, a busca do tipo de urina mais adequado à confecção de pólvora: seria melhor a urina de uma virgem, de um padre bebedor de cerveja ou de um bispo bebedor de vinho? A urina dos bebedores de vinho, bispos ou não, provou-se a melhor: sua acidez favorecia o crescimento das bactérias geradoras do salitre, o que foi constatado na prática muito antes que a ciência soubesse o porquê.
Os solavancos do transporte nos lentos comboios de carroças pelos ásperos caminhos da época provocavam a separação dos componentes da pólvora nos barris, fazendo com que o salitre e enxofre (densidade 1,6-2,1 gramas por centímetro cúbico) afundassem nos contentores, ficando na superfície o leve pó de carvão (densidade 0,2-0,4 gramas por centímetro cúbico). Para lidar com esse inconveniente, os ingredientes eram transportados em separado e misturados na hora do combate, ou seja, às presas sob fogo inimigo, com brasas e faíscas em redor. Os três ingredientes eram moídos juntos num pilão, um processo perigoso, que gerava poeira fina altamente inflamável. Nos dias de chuva, para alívio de inimigos (e amigos), sua utilização era impossível. Os atiradores tinham de ser muito cuidadosos na maneira de carregar a pólvora em suas armas. Se ela fosse muito compactada dentro do cano iria queimar na superfície, como num foguete, sem explodir. Para explodir, era necessário deixar espaço entre os grãos: não por causa do ar, já que o salitre fornece o oxigênio, mas para garantir a propagação da chama pela carga.
O mais relevante avanço na produção de pólvora negra ocorreu na Alemanha, por volta de 1410, sendo mencionado no 'Feuerbuch', Livro do Fogo, de Konrad Von Schongau, em 1429. O processo, usado ainda hoje, consistia na mistura dos componentes num líquido, na época vinho diluído com água ou (de novo) urina, durante a moagem para reduzir o risco de explosão. A pólvora umedecida podia ser comprimida em blocos ou 'bolos' que, depois de secos, podiam ser moídos. Essa pólvora 'granulada' podia ser carregada com muito menos cuidados, já que os grãos deixavam o espaço necessário para a propagação da chama. Nessa nova forma, era bastante estável, pois seus componentes já não se separavam, permitindo um rendimento balístico consistente. Podia ser transportada com maior segurança, era menos sensível à umidade, menos suja e mais potente, permitindo a fabricação das primeiras armas portáteis verdadeiramente eficientes.
A pólvora podia ser peneirada e separada em diferentes granulações de grossura homogênea.
Eventualmente se chegou à fórmula clássica da pólvora negra, ainda em uso: uma mistura de carvão, enxofre e salitre nas proporções 15:10:75 por peso, estabelecida numa série de testes efetuados em Bruxelas em 1568. Com efeito, depois das pólvoras militares com dosificação regulamentar e granulação média, apareceram outras, como as pólvoras finas para caça, com mais salitre e menos carvão; as pólvoras progressivas para artilharia, com grãos do tamanho de nozes; e as econômicas pólvoras de minas, com menos salitre, mais carvão e mais enxofre.
Engenheiros e mineradores foram lentos em adotar a pólvora negra. A menção mais antiga a seu uso civil data da metade do século 16 e não se disseminou durante um século. Essa lentidão deveu-se ao custo de fabricação, especialmente do refino do salitre, e à curva de aprendizagem demorada no uso de explosivos. Mineradores em especial foram compreensivelmente cautelosos em adotar explosivos em seus túneis subterrâneos, mas nos séculos 18 e 19 a pólvora negra se estabeleceria como ferramenta padrão na mineração e engenharia.
A indústria Bofors, estabelecida na Suécia em 1646 e ainda em operação, foi pioneira na fabricação comercial de pólvora negra. Os elementos de um moinho de pólvora eram separados entre si em construções de paredes triplas espessas com uma quarta parede e um teto fino para desviar uma eventual explosão dos outros prédios. A pólvora era moída sob pesadas rodas de pedra, mós, e umedecida com água destilada para evitar explosões. O produto final era prensado em blocos, duros como pedra, que eram partidos em grãos. Passando por uma série de peneiras, os grãos eram separados por tamanho, e então polidos por atrito em tambores giratórios, ganhando um acabamento de grafite, que os impedia de aglomerar quando estocados. A produção de carvão vegetal foi aperfeiçoada e a indústria química desenvolveu métodos científicos de produção de salitre. De início, não havia como separar o nitrato de potássio do nitrato de cálcio. Ambos funcionam igualmente como oxidantes, mas o nitrato de cálcio é altamente 'higroscópico', ou seja, absorve muito mais a água da atmosfera: a pólvora negra feita com ele se inutiliza pela umidade muito mais facilmente. Por tentativa e erro, acabou-se descobrindo meios de separar os dois tipos de salitre.
Um tipo especial de pólvora industrial foi inventado usando nitrato de cálcio, muito mais barato que o nitrato de potássio, com os grãos intensamente polidos para prevenir a absorção de água. Até o início do século 19, sua produção tinha se tornado um eficiente processo industrial.
A pólvora negra é um excelente explosivo em muitos aspectos. Suas matérias-primas são abundantes, apresentadas como não-tóxicas ( porém na hora da queima ou explosão liberando toxinas) e ambientalmente seguras. Ela é estável, resistente ao choque e pode ser armazenada indefinidamente se mantida seca. Ela pode ser facilmente acionada por uma faísca ou chama, o que nem sempre é uma vantagem. A pólvora negra também tem sérias limitações: ela tem de ser mantida seca e protegida da umidade do ar, o que pode ser difícil á bordo de navios ou em tempo chuvoso. Sua potência explosiva é limitada. Grande quantidade dela tem de ser usada para conseguir qualquer efeito sério, e sua baixa brisagem deixa muito a desejar para o uso em mineração e terraplanagem. Suas propriedades explosivas são por vezes imprevisíveis: às vezes ela se incendeia rapidamente, por vezes não, aumentando os riscos de sua utilização. Sua queima é 'suja', 'entupindo' as armas com resíduos após uns poucos tiros. Os campos de batalha nos dias da pólvora negra eram cobertos por nuvens de fumaça e fuligem. Embora as primeiras armas de repetição datem dessa época, a sujeira rapidamente acumulada nos canos e mecanismos limitava severamente sua eficiência. Os resíduos de combustão também aderiam aos projéteis, contaminando as feridas e elevando muito a já alta taxa de infecções entre os feridos das batalhas da época. Ferimentos à bala nos membros eram tratados com amputação sumária: tiros no ventre, peito ou cabeça eram quase sempre fatais.
Melhores explosivos começaram a aparecer por volta da metade do século 19. A pólvora negra acabaria restrita, pelo seu baixo custo, ao uso em fogos de artifício.
As partículas metálicas emitidas na fumaça de fogos de artifício representam um risco para a saúde, principalmente para pessoas que sofrem de asma. Esta é a conclusão de um estudo conduzido por investigadores do Instituto de Pesquisa e Avaliação Ambiental da Água (IDAEA-CSIC, na sigla em inglês), publicado esta semana no Jornal of Hazardous Materials (Jornal de Materiais Perigosos).
A queima da pólvora se inalada já tráz efeitos negativos a saúde pela combustão e liberação de toxinas diversas.
Quando um show pirotécnico acontece e libera muita fumaça, acaba liberando também partículas metálicas minúsculas (de alguns mícrons de tamanho, ou até menos), que são suficientemente pequenas para serem inaladas profundamente e chegar aos pulmões. Isso porque as diferentes cores e efeitos produzidos por esses monitores são obtidos pela adição de metais na pólvora, explica a autora do estudo, Teresa Moreno especialista.
A fumaça é uma mistura de partículas sólidas, vapores e gases, formada a partir da decomposição de algum material combustível. A composição química da fumaça depende do material queimado, mas sempre contém monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, dentre outras substâncias geralmente tóxicas. No caso da pólvora, muitas toxinas são liberadas.
São vários os efeitos da fumaça sobre as pessoas:
Diminuição da visibilidade.
Lacrimejamento e irritações dos olhos.
Aceleração da respiração e das batidas do coração.
Intoxicação e asfixia.
Vômitos e tosse.
Morte.
A propagação da fumaça se dá a uma velocidade muito grande, maior às vezes que a capacidade de fuga das pessoas. Ao impedir a visibilidade, ela ocasiona medo e desorientação, dificultando ainda mais a retirada de pessoas de um ambiente enfumaçado. Em um incêndio, em geral, morrem mais pessoas pelo efeito da fumaça que do fogo, diretamente.
A inalação continuada de pequenas quantidades de fumaça, como acontece nos fumantes, religiosos que se valem nem conhecimento da gravidade do uso contínuo da queima de pólvora, bem como quem faz queima de lixo no quintal, quem fica próximo de queima da palha dos canaviais, etc. A Inalação leva a um processo inflamatório crônico dos alvéolos pulmonares e mau funcionamento, dilatação e destruição dos mesmos. A inalação massiva, por sua vez, pode causar danos sérios imediatos e até letais ao aparelho respiratório. Mesmo dias depois da inalação as pessoas podem desenvolver sintomas e doenças respiratórias graves (falta de ar, chiado no peito, febre, tontura ou enjoo, bronquite, pneumonia química) ou ficar com sequelas permanentes. Como a fumaça geralmente está aquecida (às vezes a temperaturas muito altas), a combinação do calor com a fumaça causa danos ainda maiores ao sistema respiratório. Nos alvéolos deteriorados, as trocas gasosas que ocorrem normalmente (absorção de oxigênio, eliminação de gás carbônico) não podem acontecer, parcial ou totalmente. Sem oxigenação, os tecidos morrem em 5 a 7 minutos e o tecido nervoso ainda mais rapidamente.
Quais são os sintomas da intoxicação pela fumaça?
Os sintomas da intoxicação pela fumaça são decorrentes de diferentes efeitos:
Ação térmica direta: eritema (vermelhidão), edema (inchaço) e ulcerações (feridas) de mucosa das vias aéreas superiores. Estes sintomas são causados pela inalação de fumaça quente, o que leva a queimaduras internas, fechamento dos brônquios e a consequente obstrução da passagem do ar.
Inalação de gases tóxicos, desprendidos na queima de produtos diversos, bem com pólvora, inalação de fumaça em estádios, em eventos diversos: falta de ar, tontura, confusão mental, torpor, coma e até mesmo óbito.
Inalação de toxinas: alterações de permeabilidade capilar, de fluxo linfático e de clareamento mucociliar, aparecimento da síndrome de desconforto respiratório agudo e de infecções secundárias.
Das toxinas sistêmicas a mais deletéria é o monóxido de carbono. Sua afinidade pela hemoglobina é 200 a 250 vezes maior que a do oxigênio e assim ele ocupa o lugar deste, impedindo o transporte normal de oxigênio e sua liberação aos tecidos.
As partículas veiculadas pela fumaça podem ficar depositadas na árvore respiratória, obstruido-a ou causando broncoespasmos. Quando se depositam nas cavidades nasais, podem causar sinusites. Os gases, por sua vez, podem ser divididos em irritantes e asfixiantes. Os gases irritantes podem causar broncoespasmo, traqueobronquite química ou edema pulmonar. Os gases asfixiantes são definidos como aqueles que retiram oxigênio do ambiente. Os sintomas provocados pelos gases em geral são: sensação dolorosa na boca, nariz, faringe e olhos.
Sagrada Umbanda - Umbanda séria para pessoas sérias.
Ysaiias Pintto Sacerdote e Presidente da Sagrada Umbanda
Congá Sagrado Pai Serafim do Congo, Cacique Pena Branca e Ogum de Ronda