domingo, 5 de agosto de 2018

A bênção de Pai Benedito - II parte

Antes de tomarmos qualquer atitude, ouvimos forte estalido metálico, e um pequeno clarão iluminou o local, fazendo aparecer diante de nós um ser imenso para os parâmetros humanos de estatura, cujos traços da fisionomia lembravam-me alguém conhecido. No entanto, naquele momento não havia tempo para apresentações, precisávamos agir depressa, e assim foi feito.
Das mãos de nosso ajudante recém-chegado saíam pequenas chispas, espécie de descargas elétricas, que desligavam imediatamente os aparelhos ligados aos irmãos do grupo, os quais passaram a ser levados pelos guardiões para fora do local, onde um veículo nos esperava. Dessa vez, não entramos no turbilhão, ou pelo menos não o percebemos. Sentíamos apenas a sensação de alguns tremores mostrando que a região era turbulenta. Quando chegamos ao ambiente astral de nossa casa apométrica, agora auxiliando por meio da cromoterapia na recomposição energética de nossos irmãos socorridos, percebi que o ajudante grandalhão não havia voltado conosco.
Em minutos o ambiente se acalmou, e todos já se sentiam renovados pelo tratamento dado a nós pelos médicos espirituais. Após rápida higienização, assentamo-nos na sala de reuniões, onde já estavam nossos irmãos orientadores. Visivelmente satisfeitos pelo êxito do resgate, reconheci a presença forte e atuante do espírito amigo que dirigia nosso grupo de umbanda nos atendimentos apométricos e que trabalhava na vibratória de Xangô. Muitos outros espíritos, dos quais só conhecia a vibração, estavam ali presentes, mas foi aquele espírito bondoso chamado por nós de Pai Benedito, com sua vestimenta de preto velho, quem nos dirigiu as boas-vindas e as devidas explicações, satisfazendo nossa curiosidade: - Saravá aos filhos de fé! Bendito seja Deus e bendita as bandas de umbanda que nos auxiliaram neste trabalho. Negro velho não se intimida diante das forças das trevas, mas as respeita, a exemplo de todas as falanges que aqui estão. Os filhos que foram socorridos irão se refazer energeticamente até o amanhecer, assim que forem devolvidos aos corpos físicos, em sono reparador. No entanto, negro velho pede que todos se mantenham alertas, pois médium invigilante é cumbuca de boca larga para o mal. A mente desavisada e desatenta costuma ser roça preparada para o plantio de erva daninha. Os filhos que estão na lista de espera para o atendimento do grupo de apometria estão comprometidos com falanges "barra pesada", como os filhos da Terra costumam dizer. Altamente ligadas à magia negra, essas falanges não medem esforços para abater qualquer egrégora que tente se formar com a finalidade de desfazer seus intentos. Muitos médiuns trabalhadores não comparecerão ao atendimento de amanhã, pois deixarão que forças negativas os impeçam de trabalhar. Dos irmãos agendados para socorro, somente um irá comparecer, e negro velho lhes explica o porquê. Tudo, no Universo de meu Deus, age segundo a lei e a ordem, mesmo diante do caos. Os outros irmãos que ainda não receberam o alívio benéfico do atendimento apométrico estão em processo de expurgo pela dor, que ainda precisa agir por algum tempo para a conscientização de suas mentes teimosas, renitentes às mudanças que se mostram necessárias. Já estão protegidos dentro de um campo de força formado pela energia ectoplasmática do grupo e, portanto, protegidos do assédio das trevas, mas não estão isentos da drenagem por meio da dor física. Negro velho conhece essa história por experiência própria. Quando vestindo um corpo de carne se torna difícil cuidar do espírito, os dois perecem. Seguindo tudo a seu tempo, esses irmãos serão atendidos e harmonizados, cumprindo assim a tarefa de auxílio fraterno com que vosso grupo está comprometido junto às falanges da Fraternidade Branca, restando a eles a tarefa de mudança em suas vivências a partir de então, para que conservem o bem recebido.
Com um sorriso matreiro, Pai Benedito nos abençoou, estalando os dedos, de onde saíram faíscas luminosas que se intensificaram no ar, distribuindo-se sobre o grupo. Foi indescritível a sensação de paz.


Do livro: “A Missão Da Umbanda” Ramatís/Norberto Peixoto