domingo, 18 de junho de 2023

Caminhada na praia. Eu estava em casa, era uma bela noite de lua cheia, então resolvi dar uma caminhada pelo calçadão da praia.

 Caminhada na praia.
Eu estava em casa, era uma bela noite de lua cheia, então resolvi dar uma caminhada pelo calçadão da praia. 


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Caminhada na praia.
Eu estava em casa, era uma bela noite de lua cheia, então resolvi dar uma caminhada pelo calçadão da praia. Era tarde da noite, a luz da lua refletia sobre aquela areia branca, não resisti, tirei o meu tênis, pois precisava pisar na areia e resolvi caminhar bem próximo ao mar, que também refletia aquela lua que iluminava a noite.
Andei por bastante tempo, após caminhar alguns quilômetros pela areia, encontrei uma jovem sentada e olhando para o mar. Passei por ela, não quis assustá-la, mas falei para ela que seria perigoso ela ficar ali sozinha.
Ela me olhou e sorrindo disse que estava tudo bem, continuei caminhando e ela perguntou se poderia me acompanhar na caminhada já que era perigoso ela ficar sozinha. Eu concordei e começamos a caminhar, no caminho ela disse que o seu nome era Bia, que estava passando o final de semana na casa de seus tios, porém que estava sozinha.
Conversamos bastante, até que de longe avistamos uma velha senhora caminhando em nossa direção, como ela parecia inofensiva, continuamos a nossa caminhada de encontro com ela. Ao passarmos pela velha senhora, percebi que ela era uma cigana e se ofereceu para ler nossas mãos, eu nunca acreditei nessas coisas, porém resolvi entrar na brincadeira, ela pegou a palma da minha mão e após observá-la, disse que a minha vida seria longa, que eu teria muito sucesso profissional e uma linda família. Nada de mais até então, até que ela pegou a palma da mão de Bia, quando ela olhou a sua mão, ela simplesmente sorriu e a fechou, em seguida lhe disse que não havia nada para ser contado sobre o seu futuro que ela já não soubesse.
Percebi neste momento, que Bia ficou um pouco assustada, porém resolvi acalmá-la, dizendo em seu ouvido que eu não acreditava nessas coisas, que ninguém poderia prever o futuro lendo uma mão. A velha cigana perguntou se eu poderia colaborar com alguma coisa, eu tinha umas moedas no bolso e dei todas para a velha que ficou contente em receber. Bia colocou a mão dentro de seu bolso, porém a velha disse que ela não precisava colaborar com nada.
A velha cigana, antes de ir embora, disse que precisava me contar um segredo, me sussurrou no ouvido para eu tomar cuidado, porque os mortos costumam vagar pelas noites de lua cheia e quando encontramos com alguém que já morreu, isso geralmente não seria um bom sinal, pois muitas pessoas que morreram nem sabem que estão mortas, bem como, outras buscam companhia e quando se apegam a alguém que está vivo, fazem de tudo para levá-lo junto com elas para o mundo dos mortos.
Fiquei espantado com tudo aquilo que a velha cigana me disse, Bia perguntou o que ela havia me falado ao ouvido, eu disse que ela apenas havia dito que eu seria muito feliz. Bia sorriu desconfiada e eu fiquei pensando sobre o que a cigana havia me dito, achei estranho ouvir aquilo de uma velha desconhecida e o fato de não ter falado nada sobre o futuro de Bia.
Após a cigana ir embora, uma nuvem cobriu a lua que antes iluminava a praia, uma escuridão tomou conta de onde estávamos, começou a trovejar, em seguida veio logo uma forte tempestade. Observamos um quiosque que parecia estar fechado e corremos em sua direção para nos abrigarmos.
Mas neste momento, começa o meu relato assustador, em que uma simples caminhada na praia, se transformou em um pesadelo.
Após chagarmos até o quiosque, verificamos que todas as portas e janelas estavam fechadas, porém havia um grande espaço coberto, onde conseguimos nos abrigar da forte tempestade. Choveu por aproximadamente uma hora, após isso, a nuvem que cobria a lua, foi embora, levando com ela a tempestade que caia sobre nós.
Neste momento, Bia me olhou e sorriu, disse que daria um mergulho, eu pensei que seria uma loucura mergulhar à noite e após cair aquela tempestade, o mar ainda estava bastante agitado.
Ela insistiu muito, porém eu disse que não iria entrar no mar e falei que seria perigoso ela entrar naquele mar agitado. Ela pegou a minha mão na tentativa de me fazer ir com ela de encontro ao mar, neste momento notei que a sua mão estava gelada, ela me forçou a caminhar com ela até o mar, mas quando chegamos próximo da água eu soltei a sua mão e ela entrou sozinha.
No momento em que entrou no mar, ela deu um mergulho e não pude mais vê-la, eu a perdi completamente de vista. Gritava por seu nome por vários minutos até que a vi de longe acenando para que eu fosse ao seu encontro.
Ela estava no fundo, longe da faixa de areia, onde muitas ondas quebravam sobre ela, mas ela continuava acenando e me chamando.
Naquele momento, pensei que ela poderia estar em perigo e comecei a tirar a minha camiseta e já me preparava para ir ao seu encontro. Porém, neste momento eu senti outra mão me puxar para trás, que para a minha surpresa era aquela velha cigana.
Ela me disse para não entrar no mar, pois se eu entrasse jamais conseguiria voltar com vida. Neste momento eu perguntei a ela sobre a Bia, a cigana me disse que ela não estava viva, pois quando havia lido a sua mão, percebeu que a sua vida havia terminado naquele mesmo dia, por isso ela nada tinha a revelar sobre o seu futuro.
Logo após me dizer isso, ela foi embora, eu olhei para o mar, mas já não conseguia mais ver a Bia. Então caminhei de volta para casa, eu caminhava próximo ao mar, estava quase amanhecendo, quando eu percebi uma mão encostar no meu pé direito. Neste momento eu fiquei espantado, era o corpo de uma mulher que eleva ali ao meu lado.
O corpo estava inchado, mas pelas características físicas, eu percebi que estava diante do corpo de Bia. Poucos minutos depois, alguns bombeiros se aproximaram e retiraram o seu corpo do mar. Conversei com um dos bombeiros, que me disse que uma garota havia desaparecido no mar naquela tarde, porém ela havia sido vista pela última vez em outra praia e o seu corpo somente foi encontrado muitas horas depois e a alguns quilômetros de onde ela havia se afogado.
Eu retornei para casa muito chateado, pois havia criado um certo sentimento de amizade por ela, quando eu cheguei na portaria do meu prédio, o porteiro disse que uma garota havia me procurado, mas que ele havia interfonado no meu apartamento e verificou que eu não estava, então ela pediu um pedaço de papel e uma caneta para anotar um recado.
Eu perguntei a ele quando essa tal garota havia me procurado em meu prédio, ele disse que haviam se passado apenas alguns minutos que ela esteve lá, que ela havia acabado de ir embora. Perguntei sobre as características dessa garota misteriosa, que para o meu espanto, batiam com as características físicas de Bia. Neste momento, ele me entregou um bilhete que ela havia escrito e pedido para me entregar.
No bilhete estava escrito: “Adorei conhecer você, pena que aquela cigana atrapalhou os meus planos, mas você me verá novamente em breve.
Ass: Bia”
Após isso, eu jamais caminhei sozinho na praia durante a noite novamente, pois eu sabia que de alguma forma ela tentaria me levar com ela para o mundo onde os mortos nunca descansam.
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