sexta-feira, 2 de março de 2018

A ENCRUZILHADA:



A VERDADEIRA ENCRUZILHADA DOS GUARDIÕES
Trecho extraído do livro: “A Magia das Oferendas na Umbanda
– autoria: Pai Juruá

Oferenda: Objeto ou coisa qualquer que se oferece: presente; dádiva – Diz-se na Umbanda, que oferenda é um presente para captar apenas vibrações, ou melhor, para harmonizar vibrações.

Despacho: Ato ou efeito de despachar (dispensar os serviços de; mandar embora; despedir).

Muitos acreditam ser a encruzilhada de Guardiões estas de rua ou de cemitério. Mas a verdadeira “Encruza” está no campo astral e não no campo físico (pedimos aos leitores estudarem o assunto: Linhas Ley; aí, encontrarão muitas respostas para a questão “encruzilhada”).

Os Guardiões somente realizam “despachos” em encruzilhadas de rua e de cemitério, desde que sejam para fins específicos, quando à necessidade de manipular energias humanas que se entrecruzam. Fora disso, as encruzilhadas de rua e de cemitério não são os pontos de força dos Guardiões.

Aquilo que rege o Macrocosmo também rege o Microcosmo, pois existe apenas uma Lei que comanda os mundos, adaptada conforme a forma de vida que esteja debaixo de sua ação e reação. As leis que ordenam e coordenam os astros, a natureza e os elementos são as mesmas leis que coordenam a biologia e a física do ser humano, exatamente por ser este influenciado pelo meio e pelas regras matemáticas dos astros e das potestades.

E a Lei que dá formação e ajuste à matéria e que faculta, inclusive, o próprio modo de ser da movimentação Cármica, a Lei Mater aplicada a movimentação dos elementos, é sintetizada na Encruzilhada dos Guardiões, ou na Roda Cabalística da Encruzilhada.

Sabemos que muitos irmãos realizam seus trabalhos ritualísticos nas chamadas encruzilhadas de rua ou cemitério. Achamos por bem alertar que encruzilhadas de rua e de cemitério são locais onde existem determinadas portas dimensionais que se ligam diretamente às covas mais profundas do Baixo Astral. São as chamadas “Portas Cruzadas” e os trabalhos feitos nestes locais, tem aceite somente por entidades que nada tem a ver com os verdadeiros Guardiões, ou são efetuados por
ordens dos Guardiões de Lei, quando da manipulação energética necessária.

Nas encruzilhadas de rua e de cemitério habitam os seres mais estranhos e terríveis, verdadeiros monstros, que alteraram a forma de seu corpo astral (Zoantropia), devido a sua própria conduta mental e emocional. Adulteraram completamente seus sentidos e seus objetivos na caminhada evolutiva, sendo seres viciados, dementados e na sua maioria perversos, coléricos e vingativos. Estes são os famigerados quiumbas, seres que habitam a contraparte astral de locais como prostíbulos, matadouros, casas de jogos, cemitérios, bares e mesmo churrascarias,
pois são loucos por sangue, morte, bebida e vícios, os mais variados.

E são eles que recebem nas encruzilhadas de rua e de cemitério as oferendas feitas com sangue, animais mortos, ossos e todos os tipos de materiais de baixa vibratória.

Estes seres se agregam na aura dos infelizes que realizam tais práticas, como se realmente os vampirizassem, fomentando-os a realizarem sempre tais oferendas sangrentas no intuito de alimentá-los vibratoriamente. Muitos destes são acompanhados por outros seres que são chamados de “larvas astrais”. Estas são formas pensamentos viciadas, que possuem a forma de baratas ou de algo semelhante a lagostas, polvos, lombrigas, etc. Tais coisas se agregam à vítima e funcionam como um sensor que a liga ao quiumba, mesmo à distância.

Estas larvas trazem realmente muitas doenças, tanto mentais como físicas fazendo com que a vítima se sinta, na maior parte das vezes desanimada e sem força de vontade, só se recuperando quando estão em qualquer prática viciosa.

Esses quiumbas são combatidos pelos Guardiões de Lei da Umbanda, que exercem verdadeiro policiamento nas zonas onde existem o tóxico, o álcool, a prostituição e coisas piores. Os Guardiões os policiam para não utilizarem a contraparte etérica de elementos como o sangue, ossos, etc., por exemplo, para fins de contundência.

Na verdade, estes quiumbas são igualmente nossos irmãos, estando apenas caídos na rota evolutiva, desviados que foram por outros seres sumamente poderosos, embora intencionalmente voltados para o mal; os magos negros.

Quando os Guardiões aprisionam estes quiumbas, os levam a determinados postos corretivos no astral, onde ficarão recebendo um tratamento que lhes facultará a retomada de sua linha evolutiva afim e o possível reencarne. Dissemos possível pelo fato de muitos deles não terem condições vibratórias de reencarnarem, pois que seus corpos astrais se encontram em terrível desajuste e mesmo suas mentes estão em tal estado de revolta e ódio que seria prejudicial a si e as outras pessoas o passe reencarnatório.

Mas perguntará o leitor: já não encarnam tantos assassinos, facínoras e corruptos? Como estes conseguem o tal passe? E responderemos que estes se encontram nesta condição por já estarem extremamente melhorados e que as coisas no submundo astral são bem piores.

Determinados assassinos que reencarnam (ou mais exatamente são como que “jogados” na roda da encarnação para reajustar-se com seus afins. Só o mal corrige o mal) já foram e vieram muitas e muitas vezes, sendo que o seu livre arbítrio se torna cada vez menor enquanto não corrigirem as suas ações.

Para muitos o passe da reencarnação é vedado e são estes – os mais perigosos – aprisionados em sua consciência como se fossem certas formas ovóides, em estágio estacionário. Mas este é um aspecto dos mais terríveis e perturbadores e que deixaremos de citá-lo de forma mais aprofundada para não causar traumas ao inconsciente de muitos...

É bom frisarmos que a Umbanda não doutrina o maniqueísmo, ou a dicotomia BEM/MAL como se Deus fosse um déspota que se deleitasse em ver seus filhos sofrendo num inferno eterno. A única coisa eterna é o bem, o Amor Cósmico; sendo o mal uma distorção destas realidades e um artifício utilizado pelo Criador, a fim de sabermos diferenciar o bem do mal. O inferno está na consciência de cada um, sendo esta direcionada e escalonada de acordo com as atitudes que se realizem durante as encarnações. Pois a verdade é uma só: podemos enganar aos outros, mas jamais enganaremos a nós mesmos, que somos testemunhas de nossos próprios atos, ninguém escapa do passado e os erros são contados e pesados não somente pelos Tribunais Cármicos, mas muito principalmente pela nossa própria consciência, pois quem já sentiu dentro de si uma fagulha que seja da Verdade e do Amor das Almas, sabe o quanto pesa as atitudes passadas e os atos infelizes realizados contra a natureza e os semelhantes.

E o que acontece com aqueles que não se questionam sobre seus atos?
Estes, quando seu Carma se torna impraticável, repleto de ações negativas são direcionados a seus afins, para determinados planetas menos evoluídos ou mais primitivos que o nosso. Como? Se em nosso mundo que é uma casa abençoada necessitamos ainda pagarmos para nos alimentar, (o que já é resultado de excessivas ganâncias do passado...) embora não paguemos pela luz, ou pelo ar, existem mundos onde estas coisas são pagas, pois que estes seres formaram tal condição negativa sobre si que seus próprios atos os forçaram a construir uma sociedade afim a suas experiências passadas.

Achamos importante, para esclarecer os irmãos umbandistas, repetir que fazer entregas em encruzilhadas de rua ou de cemitério é atividade perigosíssima, principalmente quando estas entregas levam elementos animais ou mesmo materiais densamente negativos. Repetimos que a Umbanda não usa matar animais em hipótese alguma, seja para louvar Orixás ou para resolver qualquer desmando com o baixo astral. A Umbanda também não usa colocar sangue na cabeça de seus iniciados.

Acreditamos – pois temos certeza – de que o sangue atrai esta classe de espíritos do quais falamos. Os irmãos dos Cultos de Nação muitas vezes questionam a nós Umbandistas sobre o uso do sangue, alegando que este é Axé e que a sua utilização revitaliza todo o sistema magístico de um ritual; mas isto não faz parte da ritualística/doutrina da Umbanda Sagrada. Cada coisa no seu lugar, e cada liturgia na sua religião.

Nós também cremos que o sangue é Axé, mas este só realiza sua função de Princípio e Poder de Realização quando no animal vivo. Matar um animal ou vários e entregá-los no seio da Natureza é uma violação e uma afronta a esta mesma natureza, pois as vibrações expressas em oferendas deste tipo agridem aos espíritos elementares que atuam nas matas e nas cachoeiras, espíritos estes que estão aprendendo e se adaptando às realidades que os aguardam e são agredidos com estas vibrações negativas.

A VERDADEIRA ENCRUZILHADA: 
Pois bem, os locais corretos para se preceituar os Guardiões é simples:

1º) Identifique o ponto de força da Natureza que o Guardião irá utilizar.

2º) Providencie os materiais necessários para a oferenda, todos de energia positiva (nunca utilizar carnes, sangue, ossos ou qualquer tipo de material de baixa vibratória).

3º) Chegando ao ponto de força da Natureza, firme uma vela na cor da vibratória do Orixá correspondente; de joelhos, peça licença para o trabalho que irá realizar. Se afaste dessa vela por 77 (setenta e sete passos); aí esta o ponto de força onde os Guardiões do Orixá específico manipulam suas energias. Exemplo: O trabalho a ser realizado necessitará a presença e a força do Guardião conhecido como – Veludo. Esse Guardião vibra as forças da Mãe Oxum. Com isso, já definiremos que teremos que realizar a nossa oferenda no ponto de força – Cachoeira. Lá chegando, firme uma vela cor-de-rosa para a Mãe Oxum, e de joelhos faça suas preces, pedindo o que necessita. Logo após, afaste-se 77 (setenta e sete) passos para qualquer lado. Nesse exato local, vibrará a energia poderosa dos Guardiões da Mãe Oxum. Assim o é para todos os Guardiões dos Orixás. Uma campina, um riacho, onde elementos da natureza se cruzam, não precisa ser uma encruzilhada do mundo físico, como ruas, cemit´rios.

Esta é a verdadeira “encruzilhada” dos Guardiões, pois é situada na Natureza. A real encruzilhada dos Guardiões não está no campo físico, mas sim no campo astral, na combinação dos elementos naturais, que são os já conhecidos Ar – Fogo – Água – Terra – Vegetal – Mineral – Animal – Etérico Humano e Magnético Telúrico, formando o ciclo da vida, havendo os segredos invioláveis deste mistério que é conhecido apenas pelos Guias Espirituais da Umbanda e a quem eles abrem o mistério.

Esta encruzilhada, a verdadeira Encruzilhada ou Roda Cabalística obedece aos pontos cardeais e as entradas e saídas de força que agregam e desagregam os elementos e mantém a transformação da vida.

Estas transformações são possibilitadas pelas chamadas Linhas de Força, que são a consubstanciação da Energia dos Orixás, pois cada um dos Poderes Reinantes do Divino Criador (Orixás) é senhor de uma Energia:

• Pai Oxalá – senhor da energia etérica.

• Mãe Yemanjá – senhora da energia das águas salgadas

• Mãe Oxum – senhora das energias das águas doces.

• Pai Oxumarê – senhor das energias dos ciclos da vida

• Pai Ogum – senhor das energias dos metais

• Mãe Yansã – senhora das energias do ar

• Pai Xangô – senhor das energias do minerais

• Mãe Obá – senhora das energias das águas revoltas.

• Ibeji – senhor das energias da espiritualidade

• Oxossi – senhor das energias da fauna

• Ossain – senhora das energias da flora

• Omulú/Obaluaiê – senhor das energias da terra

• Nanã Buruquê – senhora das energias das águas paradas

• Yewá – senhora das energias das fontes

• Logunedé – senhor das energias das beiras dos rios junto das matas

• Kitembo – senhor das energias do tempo cronológico

• Exu – senhor das energias magnética telúrica

• Pomba Gira – senhora das energias do fogo

Estas Energias são transformadas pelos Guardiões em Forças Elementais propriamente ditas, chamadas de Forças Sutis e são coordenadas pelos Guardiões de Lei responsáveis pela Coroa da Encruzilhada, que são os que estão assentados a trabalho das Irradiações Divinas, Os Sagrados Orixás.

Lembramos que os Guardiões nos dão nomes simbólicos, não sendo os seus verdadeiros, embora eles tenham relação sonométrica com suas designações originais que são poderosos mantras e por isso não devem ser revelados sem a devida oportunidade e a qualquer pessoa. Mas mesmo estes nomes possuem a vibração correta dentro da magia de som para que suas invocações sejam atendidas.

Declinamos nos nomes simbólicos dos Maiorais, devido a grande confusão reinante quanto à denominação de cada um. Cada escritor ou mesmo sacerdote umbandista, cria a sua hierarquia, o que causa uma grande confusão entre os estudiosos. Por isso, vamos ligar os Guardiões somente à linhagem de trabalho pertinente a cada Orixá.

Seja qual for o Guardião pertencente à Linha Espiritual regida por qualquer Orixá, vai responder, com os atributos e atribuições do Maioral que rege essa Linha de trabalho.

Cada um dos Maiorais se agrupam conforme as forças (Orixás) que manipulam. E estas forças (Orixás) estão relacionadas aos pontos cardeais.

Esta é, então, a Verdadeira Encruzilhada de Guardião, sendo que suas oferendas e preceitos devem sempre seguir a orientação dos pontos cardeais, pois isto é importantíssimo na magia de imantação e desagregação.

Novamente nos explicaremos melhor, para orientar os menos atentos, pois sabemos que tal assunto é novo para a maioria dos irmãos de fé sendo assim, não é fácil de ser digerido.

A Encruzilhada de Guardião é a síntese magística da Umbanda e da Quimbanda. É interessante observar-se as entradas e saídas da encruzilhada, pois são elas as responsáveis diretas pela manutenção da vida e pela limpeza astral do planeta. Sabendo utilizar-se delas, é possível manter-se a saúde e a harmonia, além da paz interior.
 
Diremos que basta observar que o Norte e o Sul são entradas, o Leste e o Oeste são saídas. No centro da roda está o chamado “centro indiferenciado”, que é de onde saem energias positivas e para onde são levadas todas as energias negativas ou estáticas de nosso planeta. Por isso, revelaremos apenas que se um indivíduo quiser revitalizar-se quando realizar algum preceito que não utilize, repetimos, NUNCA o elemento sangüíneo, deve-se voltar aos cardeais LESTE/OESTE e para se descarregar deve-se voltar aos cardeais NORTE/SUL pedindo o Agô (licença) e as forças necessárias aos senhores da Encruzilhada para imantar-se ou descarregar-se, dentro da Lei e da Justiça.

A Magia não se divide em negra ou branca, e também não existe magia da Umbanda, egípcia, cigana, etc. A magia é planetária e responde a uma só lei. Ela está condicionada a vontade ao saber e a moral do operador, pois os conceitos de bem ou de mal são condições ligadas à inteligência do espírito de acordo com o grau evolutivo ou com a abertura de seu consciencional, pois a Lei Cármica pode ser acionada de acordo com os atos conscientes ou inconscientes de quem manipulam as forças ocultas da matéria.

Isso é comprovado no fato de que muitas vezes o desconhecimento da existência de um carma coletivo, grupal e individual resulta na realização de atos que entram em choque com estas três leis reguladoras. Exemplificando: pode-se achar que está se fazendo um bem individual a uma pessoa, mas ao mesmo tempo pode-se prejudicar uma coletividade, pois através da magia é possível evitar-se que algo aconteça a alguém, mas e se esse alguém tiver em seu carma a suposta dívida que se desejou sanar?

Nesse caso a balança da Lei será pesada e contada, sendo que, cedo ou tarde, a Lei de Causa e Efeito aliada a seus choques de retorno será acionada.

Coloboração de Aurélia Janunci 
Texto também encontrado na REVISTA UMBANDA- Editora Escala.