
Kali em romanês, quer dizer negra; e Sara, por ser uma cigana egípcia, possui a tez bem morena. Daí o nome. Os ciganos brasileiros adoram Nossa Senhora de Aparecida, talvez por causa de sua cor, e muitos a equiparam à Santa Sara Kali. Se não têm a imagem dela, por ser difícil encontrá-la, por certo possui em sua Thiera (barraca) ou casa uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Às vezes têm as duas.
É costume festejarmos nossas slavas (promessas ou comemorações em homenagem a algum santo). A Slava de Sara Kali é nos dias 24 de maio.
A Salva de Nossa Senhora de Aparecida coincide com a comemoração dos gadjés, a 12 de outubro.
Na Slava, é oferecido um banquete ao santo homenageado, onde colocamos o Santo do Dia no centro da mesa, em lugar de destaque e junto a Ele, um manrô (pão) redondo, que é furado no meio e onde colocamos um punhado de sal junto com a vela. Esse pão é posto em uma bandeja cheia de arroz cru, para chamar saúde e prosperidade e, ao término do almoço, ele é dividido entre os convidados pelos donos da casa, junto com essas palavras de bençãos:
(Que você seja abençoado com o sal, com o pão e com ouro).
A festa de Santa Sarah
No final de maio, os Ciganos aos milhares, vão se reunindo na cidade de Les Saintes Maries' de la Mer, na região de Camargue ao sul da França para cantar, dançar e pagar promessas para a sua santa padroeira .

Enquanto as crenças espirituais ciganas são pagãs de natureza, a maioria dos ciganos foram batizados e respeitam a parte essencial da religião cristã.
Eles vem para Les Saintes Maries’de la Mer ("as santas marias do mar’) porque a lenda diz que Maria Jacob e Maria Salomé, (parentes próximas de Jesus, da Virgem Maria, e uma delas mãe dos apóstolos João e Tiago) vieram para esta cidade de barco, quando foram expulsas da Judéia no século primeiro. Elas converteram o povo da cidade para o cristianismo, com a ajuda da líder matriarca da cidade, chamada Sarah. Os ciganos a adotaram como padroeira, embora ela não seja oficialmente reconhecida pela Igreja.
O centro da reunião é a igreja matriz de Les Saintes Maries’de la Mer, onde as relíquias (como os ossos dos santos ) são guardados na igreja.
Os ossos são cerimoniosamente abaixados por polias e guindastes enquanto os fieis cantam acompanhados de violinos e sinos.
Então as relíquias são carregadas para o mar, junto com uma grande estátua de Santa Sarah, de modo que ela pode "esperar" a chegada das Marias. No dia seguinte as estátuas de Maria Jacob e Maria Salomé são colocadas junto ao oceano, pelos peregrinos, em sinal que elas chegaram as praias da França.
A bordo de um tradicional barco de pesca o bispo abençoa o mar, a terra e os Ciganos.
Diz a tradição que o bom Rei Renê mandou escavar a igreja, em 1448 eles relataram que foram encontraram dois corpos docemente perfumados. Muitos anos mais tarde esses corpos femininos foram datados como sendo do primeiro século(pode ser verdade ou apenas lenda). Outra lenda diz que as pedras onde os corpos estavam sepultados eram na verdade "pedras milagrosas" e eram usadas para curar olhos doentes e mulheres estéreis.