quarta-feira, 31 de maio de 2017

Banhos na Cabeça?

Para analisar essa questão quero ser pragmático, pois sei que cada um tem sua vertente, sua filosofia e seu modo de pensar. Respeito isso, como repeito a tudo o que seja relativo a religiosidade pessoal, porém tocarei em questões que podem realmente agredir o íntimo e a certeza de cada um. Peço primeiramente para não me levarem a mal. Aliás a recomendação de esvaziar o copo é importante para qualquer coisa a ser lida neste blog.
O empirismo é algo sempre relacionado ao método científico, mas realmente sabemos o que é empirismo? Veja a definição abaixo:
empirismo
substantivo masculino
1.
fil doutrina segundo a qual todo conhecimento provém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo externo, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo, pela introspecção, sendo ger. descartadas as verdades reveladas e transcendentes do misticismo, ou apriorísticas e inatas do racionalismo.
2.
atitude de quem se atém a conhecimentos práticos.
Pela definição, o empirismo é aceitar que a prática passa muitas vezes a frente dos testes científicos, clínicos e são consagrados os seus resultados pelos seus efeitos. Pode ser que a princípio nem saibamos como que aquilo funcione, porém sabemos que funciona. Muitas pessoas afirmam que não podemos colocar ervas (no geral) na cabeça, outra tantas afirmam que não podemos usar ervas quentes na cabeça. Mas o que define se uma erva é quente, fria, morna, absorvedora, irradiadora, tóxica, etc?
Justamente, o que define isso é sua composição química. Sei que estamos falando sobre espiritualidade e geralmente quando se tenta unir as ciências naturais com as ciências espirituais, acabamos gerando mais confusão e atraindo ateus sedentos de sangue crédulo, mas não é o caso aqui. O que reforço sempre é que a ciência tem muito a contribuir com a religião e a espiritualidade, e vice-versa. Quando pelo empirismo percebemos que o Preto-Velho recomenda tomar chá de melissa porque acalma, e vamos partir para a análise química daquela planta e encontramos princípios ativos que realmente tem efeitos sedativos, encontramos a metodologia por trás do empirismo, ou seja, encontramos o porque para algo que sempre soubemos que funcionava.
Partindo disto, vamos voltar algumas etapas e perguntar os “porquês”. No caso do  banho de ervas, por que as pessoas relatam que passam mal? Qual é o sentido de passar mal? Qual a lógica por trás disto?
A lógica não existe, na verdade o que existe é convenção. Exatamente, é um mito perpetuado nos cultos de Candomblé em sua maioria. Mas antes que algum candomblecista surte, vou explicar isso. Não é porque é mito que não seja real, não é porque é uma convenção que não exista de fato algo mais profundo. Porém para a Umbanda é apenas um mito. No Candomblé, um dos rituais é o assentamento de uma força na coroa do filho de santo, ou seja, uma determinada força (Orixá) será fixada na coroa por meio de rituais muitas vezes físicos, é a chamada raspagem de santo.
Claro que essa força antagoniza com outras, como fogo e água, ar e terra, etc… Com isso, se fundamentarmos uma coroa para Ogum, ele só reagirá bem com as energias de Ogum, forças antagônicas a ele, farão realmente mal, fixo e físico, o que se chama de quizila. Mas veja, será que antes de assentar o Ori, haveria o mesmo problema? Algo a se pensar não é? Na Umbanda não existe “feitura de cabeça”, logo estamos livres dessas amarras energéticas.
Agora a pergunta é: Sabendo que isso é um fundamento de candomblé e eu pratico Umbanda, que é algo totalmente diferente, ainda assim existem ervas que não podem ir a cabeça?
Sim, existem. Mas o porquê é diferente do que foi exposto acima. As ervas na Umbanda são vistas como concentradores de forças naturais e estão a nossa disposição. A grande mágica que há por detrás dos influxos positivos e energéticos das ervas é algo chamado de princípio ativo ou ativo principal. Dentre esses podemos destacar os que são encontrados nos óleos voláteis ou óleos essenciais. Esses óleos são praticamente um caldeirão de químicos unidos e com propriedades muito específicas para cada planta.
Podemos até encontrar os mesmos monoterpenos (princípios químicos, ativos) em várias plantas, mas a sua combinação com outros ativos e principalmente suas concentrações, dão a cada uma das ervas as características particulares destas. Lembra do chá de Melissa? Então, quimicamente há algo que provoca a tranquilidade no meios dos seus compostos e adivinha só: O Preto-Velho e o Caboclo sabiam disso! Apenas não chamavam eles de princípios ativos. São visões empíricas.
Costumamos cair na cilada de achar que os guias são “burros”, assim como achamos que as civilizações antigas também o eram. Consideramos todos primitivos, porém esquecemos que eles sempre se utilizaram dessas energias e forças e elas, na maioria das vezes, se provaram eficientes mesmo em laboratório. Se no caso da Melissa encontramos algo que faz a pessoa se acalmar, pela lei hermética da correspondência podemos afirmar que energeticamente ela fará o mesmo. Acalma a mente? Então acalma o espírito também.
Porém dentro desses ativos podemos encontrar diversos compostos fenólicos, cetônicos, alcaloides, etc. que são extremamente agressivos. Então podemos supor que o contato desses ativos (tóxicos e irritativos) com a mucosa pode causar dano físicos e orgânicos, além do dano energético, que pode haver também. Justamente por isso certas ervas dadas como quentes ou  agressivas (que possuem componentes como esses, que são realmente agressivos) não podem ir na cabeça, pois ao se derramar na cabeça pode entrar em contato com a mucosa (boca, nariz, ouvidos, olhos, etc) e serem absorvidos para a corrente sanguínea de forma imediata.
Mas a polêmica começou com o banho de Arruda e Guiné. Essas duas plantas não causam danos – usando externamente – pois sua quantidade não é suficiente para tal. Claro que não devemos usar um quilo de arruda, apenas alguns ramos. Lembrando que a homeopatia trabalha com o princípio do semelhante cura semelhante, levando acônito e cianeto em doses muito diluídas (5, 10, 20 CH) para combater o envenenamento causado por estes, por exemplo. No caso da arruda e da guiné elas serão usadas apenas no campo energético, porém no caso de outras plantas, realmente deve-se evitar até em mínimas quantidades, como as: pimentas, comigo ninguém pode, espada de São Jorge, trombeta, copo de leite e todas as plantas com seiva leitosa.
Mas a maior hipocrisia de todas é dizer que não se pode jogar nada na cabeça sendo que usamos cosméticos e vários produtos capilares cheios desses princípios ativos. Muitos shampoos, condicionadores, matizadores, laquês, géis, descolorantes, perfumes, etc, contém óleos voláteis e também princípios ativos vegetais. Então por quê o shampoo não causa agressão? Porque de fato não é a erva que causa a agressão (com exceção das quimicamente agressivas). O que causa a agressão é a crença. Lembra da afirmação de Descartes?
Cogito, ergo sum
Ou seja: “Penso, logo existo”. Isso também é válido para as criações mentais que produzimos ou forma pensamentos. A mente manda e o resto da realidade obedece. Mais uma vez usamos das leis herméticas para validar isto, neste caso a primeira lei, a lei do mentalismo: “O Todo é mente, o Universo é mental”. Os guias passam os banhos e preferimos acreditar mais nos problemas do que nas soluções, então é que a coisa desanda. Lembre-se que não adianta só jogar a erva na cabeça, devemos REZAR a erva, prepará-la, conjurá-la e programá-la para que seja feita a nossa vontade.
Com isso em mente, também afirmo, pode jogar Sal, Arruda, Guiné, pode jogar o que quiser, até aquele shampoo baratinho. Mas não jogue pimenta, espada de São Jorge, Comigo-Ninguém-Pode, Peregun-Roxo, Arroeira Brava, etc, com citei acima.
ervas-que-nao-podem-ir-a-cabeca
No caso do Sal é até pior, pois criaram um vilão! Sem sal também não há vida…
A maior parte dos nossos processos neuroquímicos é efetuado por meio de sais. Claro que tudo em excesso faz mal, inclusive oração, pois gera fanatismo. Contudo aqui a ciência é nossa aliada!
O sal grosso não pode, mas o banho de mar pode! Aliás, vários banhos de mar em um dia ou em um mês de férias. Justificam dizendo que é porque está na natureza e aí pode! Mais uma vez não é o sal que está na natureza. O sal continuará com seu princípio de limpar TODAS as energias,  boas e ruins. Mas é que estamos também sendo irradiados pelo SOL e logo estamos inundados de PRANA  (Chi), então o Sal tira e o Prana recupera as energias benéficas. Para simular isso em casa, tome o banho de sal e depois tome um banho de ervas irradiadoras (o sol não irradia?) como calêndula, girassol e alecrim.
Espero que esse texto tenha expandido um pouco o pensamento de todos, para que possamos ter fé, nos manter atentos a tradição, mas que não sejamos cegos. Bom banho a todos! (Acho até que vou tomar um agora de arruda e guiné na cabeça para limpar as demandas.)