Ultimamente, não sei se é por causa do início do ano ou por outra coisa qualquer, tenho recebido alguns comentários, alguns e-mails, a respeito da “passagem para o outro lado”, ou seja, da assistência para dentro do campo santo.
Acredito que todos fiquem com dúvida quanto a isso. Para mim o processo foi um pouco diferente, eu tropecei e caí atrás do Rumpi, mas normalmente você entra porque recebe um convite. Aí vêm as questões internas e a mais recorrente é: será que sou “merecedor” ou “digno” de tal dádiva?
Bom, primeiramente, a mediunidade não é uma dádiva. Encaramos assim porque vemos aquelas pessoas lá, vestidas de branco (no caso da nossa casa, praticamente uma farda branca), ouvimos maravilhas, vemos coisas espetaculares e achamos que aquelas pessoas são escolhidas, são abençoadas por fazerem tudo aquilo. Hum… Sinto decepcioná-los, mas não são.
A mediunidade é uma faculdade do espírito, tal como respirar é uma faculdade do corpo. É algo natural, é a forma de comunicação corrente no mundo espiritual, onde cordas vocais são inexistentes. Basta que os espíritos se conectem para se comunicarem, mesmo a grandes distâncias. Para vocês verem isso melhor, sugiro que leiam o livro “Mediunidade” de Edgard Armond. Então todos nós somos, em um grau ou em outro, médiuns capacitados. Só o que falta é o desenvolvimento, que é o momento onde vamos aprender a nos desprender das limitações da carne por alguns momentos e deixar o “eu espírito” fazer o que ele faz em seu estado normal. Entendem? Nada demais.
E quanto as coisas maravilhosas que ouvimos ou vemos? Pessoas que andam sobre brasas e etc? Será que vou conseguir fazer aquilo? Não, não vai. Quem vai fazer, se fizer, se houver a necessidade real disso (coisa que fica cada vez mais rara, devido à nossa crescente capacidade de assimilação) é o espírito comunicante, você só vai ser, como o próprio termo define, o meio para que as coisas aconteçam ou a idéia seja expressada.
E quanto as coisas maravilhosas que ouvimos ou vemos? Pessoas que andam sobre brasas e etc? Será que vou conseguir fazer aquilo? Não, não vai. Quem vai fazer, se fizer, se houver a necessidade real disso (coisa que fica cada vez mais rara, devido à nossa crescente capacidade de assimilação) é o espírito comunicante, você só vai ser, como o próprio termo define, o meio para que as coisas aconteçam ou a idéia seja expressada.
Mas será que estou pronto? Não me acho digno…
Essa é outra das perguntas que tenho ouvido algumas vezes, por diversas pessoas. E muitas vezes muitas (muitas mesmo) pessoas se escondem atrás dela para desculpar uma falta de vontade de se comprometer. Acontece que quem recebe o convite, recebe porque está pronto, porque tem condições, pois se não fosse assim, não teria sentido ser convidado. E os guias sabem disso. Acontece, também, que quem passa a ouvir as histórias da Umbanda, dos comprometimentos, dos resguardos, das obrigações, da obrigação sumária de se melhorar sempre, progredir sempre e se tornar um exemplo, é algo que assusta. Não estou dizendo que esse é o seu caso, é o caso de algumas pessoas que já me procuraram e que senti nitidamente isso.
Fico meio triste toda vez que tenho essa sensação, pois a ajuda não se nega a chegar, mas quando é a sua vez de ajudar, você declina… Atrás de uma falsa modéstia, “não sou digno disso”, esconde muitas vezes uma leve preguiça de se comprometer… ou medo… Ou sei lá o que. Amigos: se vocês foram convidados, é porque estão prontos, é porque são dignos, pois vocês solicitaram essa tarefa e estão tendo a oportunidade de realizá-la. Só isso.
A mediunidade não é algo miraculoso, é algo mágico, mas perfeitamente compreensível e realizável. Ela exige certas coisas de nós, mas tudo o que vale a pena exige. Então só temos que agradecer a oportunidade e nos entregar, sempre questionando a nós mesmos, sempre perguntando ao nosso coração se o que ouvimos é o que precisamos ou é algo que foi falado por falar. De resto, é só seguir em frente.
Nino Denani