quarta-feira, 8 de março de 2017

Fundamentos da Pemba – Cruzamento do Terreiro


A Umbanda tem por hábito constante firmar as suas tronqueiras, porteiras e giras.
Os rituais para a segurança do terreiro se operam em diferentes formas e sempre com a finalidade de se ver a gira transcorrendo formosa e em plena ordem, e aqui discorro sobre uma destas formas de proteção que é o Encruzamento do Terreiro de Umbanda.
Ressalvo que este é o meu humilde entendimento baseado nos ensinamentos por mim aprendidos nestes vastos anos que sou adepto do culto, não pretendo escrever aqui verdades absolutas, eis que a mim só cabe difundir e hastear a bandeira da Umbanda e seus fundamentos rituais.
Inicialmente cabe o preparo da pemba para Encruzar Terreiro, sendo certo que devem os pais no santo, preferencialmente no período de final de ano, preparar o referido pó de pemba (atim) destinando o mesmo tão e somente para a este fim.
A imantação do Terreiro com este pó tem por objetivo propiciar emanações energéticas de proteção contra obsessores e zombeteiros que porventura venham a interferir ou prejudicar o bom andamento dos trabalhos espirituais realizados naquela Casa, bem como, ao se encruzar podemos notar a irradiação positiva fluindo nos quatro cantos do ambiente preparado.
Qual de nós nunca viu uma entidade virar-se para determinado canto do Terreiro e irradiar com as mãos energias? Isso ocorre porque a Entidade está se reestruturando, captando estas energias positivas ali imantadas. Outro fundamento importante é que cada canto do terreiro representa uma força elemental, terra, fogo, ar e água, sendo certo que a ordem será comentada em texto propício, bem como os demais fundamentos que permeiam estes pólos energéticos.
Descreverei aqui este processo de imantação do pó da pemba que se resume em com o congá firmado, ralar-se a pemba com ambas as mãos atraindo as vibrações da linha de Oxalá, Xango, Ogum, Oxossi, Ibeji, Almas e Senhoras, acrescente ao pó de pemba , um pouco de sal e a mesma quantidade de açúcar cristal, deve-se fazer a mistura com ambas mãos em uma bacia branca ou tigela da mesma cor.
Note que ao final da mistura dos três pós brancos, teremos que cobrir este recipiente com murim branco e deixar descansando por ao menos sete horas, e para isso cabe-se colocar ao redor do recipiente três velas brancas com três copos de água, observe que formar-se-á um triângulo de velas e copos de água. Os copos de água ficam na frente da vela. Aguarde o término da queima das velas, as mesmas devem queimar por completo, despache em aguá corrente as águas contidas nos copos e os restos da parafina das velas devem ser colocadas em um jardim.
Recolha e guarde este pó que foi devidamente imantado um saquinho branco de linha, e sempre ao abrir da gira após a defumação utilize-o, assoprando o pó nos quatro cantos e no centro do Terreiro, sendo importante esclarecer que o Pai no Santo é a pessoa indicada para tal firmeza, eis que o mesmo é dotado dos fundamentos, rezas e demais conhecimentos para prover o axé que se espera.
Evidentemente, ao findar o ano não mais haverá a necessidade de guardar tal pó, deve-se renovar anualmente o mesmo, eis que o orixá de regência do ano é diferente no ano que se iniciará, desfaça-se do pó de encruzamento entregando-o nas calungas ou na encruzilhada de quatro lados.
No tocante ao fundamento, vale lembrar que a quantidade de sal e açúcar será a medida da pitada da mão esquerda do Pai no Santo, na quantidade da numerologia do orixá que regerá o ano.
Álan Madureira