quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Durante os sonhos podem existir encontros com Espíritos encarnados e/ou desencarnados?

 

Durante os sonhos podem existir encontros com Espíritos encarnados e/ou desencarnados?


Sim, tal fato é plenamente possível e ocorre constantemente, mesmo que disso poucos se recordem ao acordar. São os chamados sonhos espirituais na classificação de Martins Peralva, representando atividade real e efetiva do Espírito durante o sono, acompanhados de uma maior exteriorização do perispírito. Esses sonhos são normalmente coloridos, com imagens bem definidas e uma sequência lógica de ideias e de fatos, permitindo ao Espírito imprimir na memória atual a recordação dos acontecimentos vividos.

Nos sonhos espirituais a alma, desprendida do corpo, encontra-se com parentes, amigos, instrutores e com os inimigos desta e de outras existências, dependendo da afinidade existente entre os Espíritos. Deste modo, o que determina a qualidade dos sonhos e as companhias espirituais buscadas durante a emancipação da alma é a nossa condição espiritual, o nosso grau evolutivo, de modo que permaneceremos em ambientes compatíveis com os nossos pensamentos e emoções. Considerando que nem sempre recordarmos das experiências e dos encontros ocorridos durante o sono, alguns questionam a utilidade dos mesmos, visto que as ideias e os conselhos recebidos durante o desdobramento não poderiam ser aproveitados na vida. Neste ponto, dizem-nos os Espíritos que “pouco importa que comumente o Espírito as esqueça, quando unido ao corpo. Na ocasião oportuna, voltar-lhe-ão como inspiração de momento”. Assim, conquanto raramente o homem lembre-se das situações vivenciadas, permanecerá nele uma intuição, como resultado das conversas e experiências tidas com os amigos espirituais.


Questão interessante, também abordada por Kardec na codificação, é se poderia o homem provocar as visitas espíritas, dizendo, por exemplo, ao dormir: Quero esta noite encontrar-me em Espírito com Fulano e lhe dizer isto. A espiritualidade orienta poder isso acontecer, mas destaca não ser razão suficiente para tal o simples fato de o homem desejar quando desperto, pois, ao adormecer o indivíduo nem sempre mantém a mesma vontade, apresentando, não raro, outros interesses em estado de desdobramento espiritual, principalmente se for um Espírito mais elevado, utilizando seu tempo emancipado de maneira mais construtiva. Por outro lado, Espíritos mais materializados aproveitam o período do sono para se entregarem às paixões inferiores ou mesmo permanecem inativos, em estado de sonolência, frustrando, também, o desejo de encontros noturnos.

Cabe destacar poderem esses encontros dar-se entre pessoas encarnadas, mesmo sem se conhecerem em estado de vigília, sendo possível, inclusive, ter a criatura amigos em outros países sem disso saber ou ter qualquer conhecimento. “É habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas”. Na obra “Entre a Terra e o Céu”, a personagem Antonina tem a chance de ver seu filho Marcos, já desencarnado, no mundo espiritual, ficando maravilhada com a experiência e mais tranquila por encontrar a criança feliz, contudo Clarêncio, o líder da equipe espiritual, informa não ser viável a lembrança do encontro ao acordar, trazendo a seguinte explicação: "Raros Espíritos estão habilitados a viver na Terra, com as visões da vida eterna. A penumbra interior é o clima que lhes é necessário. A exata lembrança para ela redundaria em saudade morta. [...] cada estágio na vida se caracteriza por finalidades especiais. O mel é saboroso néctar para a criança, mas não deve ser ministrado indiscriminadamente. Reclama dosagem para não vir a ser importuno laxativo. O contato com o reino espiritual, enquanto nos demoramos no envoltório terrestre, não pode ser dilatado em toda a extensão, para que nossa alma não afrouxe o interesse de lutar dignamente até o fim do corpo."