quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Como são as regiões do Umbral e as abismais?

 

Como são as regiões do Umbral e as abismais?


As comunidades espirituais de sofrimento e de dor podem ser divididas em duas: regiões do Umbral ou umbralinas e as abismais ou de sombras. Antes de compreendermos as diferenças entre ambas, é importante conhecermos quais são as características comuns.

Nelas há o império das paixões inferiores, sendo comuns as brigas e as desarmonias reinantes entre Espíritos inferiores, assim como os comportamentos ociosos e a preguiça. Em ambientes como esses, encontramos aqueles que subjugam os mais fracos, impondo-lhes uma autoridade nefasta, base para a implantação de processos obsessivos diversos. Referido domínio é normalmente alcançado mediante técnicas de hipnotismo ou por chantagens emocionais.

Comunicam-se mediante o uso da palavra articulada e se locomovem, normalmente utilizando as pernas e os pés, como faziam na Terra. Poucos sabem utilizar a volitação, sendo o seu uso muito restrito, para pequenos deslocamentos e a alturas bem baixas, ficando próximo ao solo. A natureza dessas regiões não apresenta beleza alguma, predominando as cores fortes e sombrias.


É como se estivessem constantemente cobertas por nuvens escuras, tudo refletindo a pequena condição evolutiva de seus habitantes. Nestas regiões, as árvores e os animais são estranhos, diferentes, feios, sem viço. O relevo apresenta aridez e aspereza, sendo que o solo é desprovido de verdor. Não se encontram paisagens harmônicas. Há muitos vales, permeados de cavernas, grutas, abismos e pântanos. As cidades possuem edificações bizarras, com predominância de tons berrantes. As músicas exóticas e irritantes são usuais.


Por conta da proximidade dessas comunidades de sofrimento e de dor com a Terra, seus habitantes influenciam constantemente os encarnados, os quais precisam manterem-se vigilantes e em sintonia com os amigos espirituais para neutralizarem tais sugestões inferiores. Analisemos, agora, as diferenças entre as regiões umbralinas e as abismais.

O termo umbral, segundo o dicionário significa a ombreira da porta, o lugar através do qual se consegue entrar no interior de algo, uma porta, entrada ou limiar. Os livros do Espírito André Luiz trazem informações detalhadas das regiões consideradas umbralinas.

Em sua obra intitulada Nosso Lar, verifica-se ser o umbral uma zona inferior, que se inicia na crosta terrestre e concentra muitas almas em estado de ignorância e de culpa, movidas normalmente por sentimentos de desespero e de revolta. Tal região pode ser comparada ao chamado purgatório da religião Católica, destinada ao esgotamento de resíduos mentais e energéticos inferiores. Diz o benfeitor Lísias ao autor espiritual: "O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí, tudo que não tem finalidade para a vida superior [...]. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias."

Segundo André Luiz, pode-se designar de umbral as três primeiras esferas contadas a partir da crosta terrestre, encontrando-se na primeira Espíritos mais imperfeitos e, na terceira, mais evoluídos. Contudo, em zonas umbralinas encontram-se sempre Espíritos que ainda necessitam do processo reencarnatório, não estando aptos a habitarem faixas vibratórias destinadas aos Espíritos puros. Kardec, inclusive, ao questionar sobre a existência de mundos que servissem de estações de repouso aos Espíritos que ainda precisam reencarnar, chamados de errantes, obtém a seguinte resposta: "Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiada longa erraticidade, estado este sempre um tanto penoso. São, entre os outros mundos, posições intermédias, graduadas de acordo com a natureza dos Espíritos que a elas podem ter acesso e onde eles gozam de maior ou menor bem-estar."

As comunidades espirituais abismais, de sombras ou trevosas, de outro modo, são habitadas por Espíritos sofredores, como no Umbral, entretanto bem mais imperfeitos, apresentando viciações superlativas. Tudo neles revela sua baixeza moral. Seus gestos, atos, palavras e expressões fisionômicas demonstram o quão arraigados à inferioridade ainda se encontram. Em Nosso Lar explica o benfeitor Lísias que utiliza o termo “trevas” para designar as regiões mais inferiores que existem, onde muitos se encontram perturbados e absorvidos pelo egoísmo. Caem nestes precipícios e ali estacionam por tempo indeterminado.

Estas regiões costumam-se localizar na parte interior da Terra, em suas entranhas, nem todas as regiões espirituais se situam somente para além da superfície do planeta. O nível para baixo do globo também é repleto de vida. Dentre as comunidades abismais, citamos o vale dos suicidas, região com escassa luminosidade, onde seus habitantes ecoam gemidos de dor, de choro e de desespero, povoados por mágoas e remorsos. Vejamos a descrição dolorosa trazida por um ex-suicida deste local: "Gargantas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos. Espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza, verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam. [...] O solo, coberto de matérias enegrecidas e fétidas, lembrando a fuligem, era imundo, pastoso, escorregadio, repugnante! O ar pesadíssimo, asfixiante, gelado, enoitado por bulcões ameaçadores como se eternas tempestades rugissem em torno; e, ao respirarem-no, os Espíritos ali ergastulados sufocavam-se como se matérias pulverizadas, nocivas, mais do que a cinza e a cal, lhes invadissem as vias respiratórias, martirizando-os com suplicio inconcebível ao cérebro humano habituado às gloriosas claridades do Sol."

Outra região abismal trazida ao nosso conhecimento consta da obra Libertação. O Espírito André Luiz nos fala de uma cidade estranha, habitada por Espíritos vinculados à prática do mal, frios e perversos. A cidade, com pouca luminosidade, apresentava escuridão total em certos locais, sua vegetação era sinistra, havendo ainda a presença de aves medonhas. Observemos um pouco da descrição que o autor espiritual apresenta: "Mutilados às centenas, aleijados de todos os matizes, entidades visceralmente desequilibradas, ofereciam-nos paisagens de arrepiar. [...] vestiam-se de roupagens de matéria francamente imunda. [...] Exemplares inúmeros de pigmeus, cuja natureza em si ainda não posso precisar, passavam por nós aos magotes. Plantas exóticas, desagradáveis ao nosso olhar, ali proliferam, e animais em cópia abundante, embora monstruosos, se movimentavam a esmo."

Os Espíritos habitantes de zonas mais superiores podem, sem dificuldades, transitar nas inferiores, contudo o inverso não é possível. Os mais imperfeitos não podem, sozinhos e por livre e espontânea vontade, adentrarem em regiões mais elevadas, necessitando de autorização para tal. Muitos benfeitores realizam visitas periódicas aos lugares de desarmonia e promovem o devido amparo aos que se mostram em condições de serem ajudados. Diante desta afirmativa, verificamos o quanto Deus é misericordioso e bom, não deixando jamais seus filhos sem a sua assistência divina.