terça-feira, 27 de outubro de 2020

Vódun Agué - O senhor das folhas

 

Vódun Agué - O senhor das folhas







Agué (grafa-se Agὲ em fongbé) é um vódun de grande importância dentro da cultura Jeje. Porém, é precipitado assimilar o Vodun Agué ao Orixá yorubá Osaniyn aplicando a ele todas as atribuições que o orixá ganha. De certa forma, Agué e Osaniyn tem muitas características em comum, mas tem muitas diferenças também. Agué é o vodun da família de Sakpata, que representaas folhas, as plantas, o poder da mágica dos vegetais, a medicina e a terra. Mas além disso, Agué está ligado à caça e a fartura, é ele quem traz os alimentos e mata a fome de seu povo, assemelhando-se em muito também com Oxóssi. Além destas atribuições, Agué também é visto como um grande guerreiro e defensor; é ele o responsável pela defesa de seu povo, e na icografia, muitas vezes é representado portando uma espécie de espingarda, ligando-se em muito ao Vodun Gún (Ogun), e há quem diga que é ele “o verdadeiro Ogun do Jeje”.

Agué é tido por alguns como filho de Mawu-Lissá, por outros como sendo filho da grande mãe Nanã Buluku, aprendendo com ela os segredos de íkú (morte), por isso Agué é um vodun que também se relaciona aos akútútòs (eguns) e tem fundamentos com vodun Ayizan, que em Jeje Mahi é um vodun feminino, ligada aos ancestrais e a morte.
Na sequência do “dorozan” ou “odorozan” (o mesmo que xirê para os nagôs), o Vodun Agué é saudado logo após Ogun. Não se pode iniciar ninguém sem os fundamentos de Agué. Ele carrega também um arco e uma flecha com os quais realiza sua caçada. Sua saudação é Agué bèno bèno átábìriko. Suas cores variam entre verde mesclado ao branco ou verde e amarelo, podendo usar o vermelho. Consagra-se a Agué a terça ou a quinta-feira. Suas vodunsis são chamadas de Aguésì.
Com este texto quero também ressaltar sobre a importancia de se evitar a comparação entre os orixás e voduns, pois muitas vezes, as atribuições de um ou de outro podem se perder devido a isso. Temos como outro exemplo bem típico a associação entre Oyá e Djó, onde muitos definem Djó como sendo senhora dos ventos, quendo na verdade, Djó é um vodun da família de Hevioso (mais precisamente de Avejidá), ligada a atmosfera e responsável pelas chuvas que resfriam a terra, dividindo com os voduns Kavionos o poder sobre o fogo e considerada um vodun andrógino. Começando assim pode-se resgatar muito do que se foi perdido com o passar do tempo.

Na mitologia Ewe e Fon. Ele tem uma só perna, às vezes representado também com um só braço e um só olho, e ensinou aos homens os segredos das plantas e todas as artes. Agué é também o chefe de todos os aziza, ou espíritos da florestas similares aos elfos ou gnomos das mitologias européias.

Enquanto Gú, cujo emblema é o facão do desbravador, representa o engenho a força bruta e a ocupação de espaços pelas sociedades humanas através da destruição e domesticação da natureza, Agué, cujo emblema é o arco e flecha, encarna a inteligência e a sensibilidade do indivíduo para se adaptar à natureza. Agué possui características que o aproxima dos orixás Oxóssi mas, sobretudo, de Ossaíyn.




Fonte :Facebook Ketú