Wáji
Tinta azul em forma de pó petrificado de origem vegetal o qual busca a representação do sangue negro, simbolizando a noite e a relação de ancestres ligados à própria escuridão. As partes frescas são contundidas a uma polpa, fermentada, seca e vendida nesta forma, as folhas somente são secadas ao sol e são usadas em um estado quebradiço. Representa o anoitecer. Este pó azul é utilizado em inúmeros rituais do candomblé, principalmente para assentamentos de orixá “Igba Orixá” e na feitura de santo sobre a cabeça do ìyáwó. Símbolo da idealização, transformação, direcionamento com o objetivo de proteger contra todos os males espirituais, materiais e psíquicos, principalmente da negatividade de Ìyámi. O wáji é um elemento muito importante no culto aos Orixás, uma vez que, junto com outros elementos, ajuda a proteger a cabeça dos nossos Ìyáwós contra as Ajés. Segunda a crença africana essas pinturas impediriam que eleyé (ave ligada as Ìyámi) pousasse no ori dos iniciados, pois caso isso ocorresse seria um desastre para vida dessa pessoa.
O wáji representa a cor dundun (preta), o sangue azul que vem das folhas. Existem diversas espécies que podem ser utilizadas para a produção de corantes azuis como a Isatis tinctoria ,Indigofera tinctoria, Philenoptera cyanescens e o Lonchucarpus cyanescens.
Segundo alguns relatos, as duas primeiras não seriam utilizadas para a produção do wáji tradicional, sendo apenas usadas para a confecção do anil (usado para tingir jeans, por exemplo). O verdadeiro wáji seria, portanto, retirado do processo de fermentação das folhas do Lonchucarpus sp. que é conhecido pelo nome de índigo africano ou índigo yorubá.
O processo de fabricação desse corante era complexo e exigia grande perícia, sendo cercado de prescrições e proibições rituais. Era tão importante que os tinteiros iorubas cultuavam até uma divindade específica para essa finalidade, Iyá Mapo. O pano tingido de índigo significava riqueza, abundância e fertilidade. Este pó está relacionado a força espiritual.
OSÙN