Antes de começarmos esse texto gostaríamos de frisar que o tema que falaremos hoje, não tem nenhuma ligação com a visão social ou com a opinião pessoal de um ou de outro. Esse texto é uma visão espiritual umbandista, ou seja, o que é ensinado ou demonstrado dentro do dogma descrito. Estamos frisando isso, pois não desejamos ser taxados como incoerentes, preconceituosos, radicais, ou mesmo que não nos importamos com o que é feito ou dito, dentro e fora do terreiro pelos filhos de nossa casa ou mesmo por consulentes assíduos.
Devemos entender primeiramente que esse fato não se limita apenas como a explicação obtida em dicionários, ou seja:
"Significado de Homossexualismo: Substantivo masculino.
Psiquiatria: Refere-se aos que se sentem atraídos (sexualmente e/ou emocionalmente) por pessoas do mesmo sexo. Que pratica relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. “Pessoa que se envolve tanto sexualmente quanto emocionalmente com pessoas do mesmo sexo.”
Como podemos observar na explicação obtida em alguns dicionários, tudo se limita aos relacionamentos e relações sexuais com alguém do mesmo sexo, porém isso só é visto a grosso modo, pois dentro da Umbanda se deve olhar mais profundamente caso a caso.
Na mente do ser humano, quando se fala de homossexualidade, nasce à imagem apenas de uma relação sexual, inclusive na mente do próprio homossexual, e assim se cria o preconceito, a intolerância, a promiscuidade, enfim, sentimentos e vícios que sempre vão atrasar a evolução espiritual.
Outra coisa que devemos entender é que nos tempos modernos temos dois tipos de homossexualidade:
1ª A que é estabelecida pela "moda atual", ou seja, muitas pessoas se dizem homossexuais apenas para fazer parte de um grupo. Talvez acreditem que possam ser, porém é mais para atacar a sociedade hipócrita do que realmente ter uma alma feminina em corpo masculino ou vice-versa. Porém não falaremos desse grupo, pois como sabemos isso é livre arbítrio, e a Umbanda respeita o livre arbítrio de todos.
2ª A homossexualidade de alma, ou seja, a pessoa nasce realmente em um corpo masculino e com a alma feminina ou vice-versa, e é sobre esse grupo que falaremos.
Para a Umbanda essa questão vai muito além da relação sexual, a questão envolve afetividade, relação de atração, relação de amor a outra pessoa na qual dedicamos carinho verdadeiro, construir uma vida.
Devemos pensar antes de tudo que o espírito não tem gênero, pois não são criados por Deus como masculino ou feminino, e será que em nossas inúmeras reencarnações sempre vestimos a roupagem de um só gênero?
Certamente tivemos e teremos ainda diversas reencarnações, e reencarnaremos em diversas roupagens materiais, sendo algumas vezes essas roupagens sendo masculina e em outras vezes feminina; entretanto temos a maior tendência em reencarnarmos em determinada roupagem.
Porém devemos entender que estamos aqui para evoluirmos, e essa evolução deve ser feita de acordo com a vontade e os ensinamentos de Deus, nosso Pai Maior, e devemos aceitar sem revelias o que está em nosso destino de crescimento espiritual.
A Umbanda nos ensina que muitos casos de homossexualidade verdadeira, ou desencarnamos em uma roupagem masculina e reencarnamos em um tempo considerado curto, em uma roupagem feminina, ou vice-versa, que esse tempo foi tão curto que o espírito não entendeu os novos hábitos, mesmo estando em um corpo contrário do referente ao espírito, ou que viemos reencarnando por séculos e séculos em uma mesma roupagem, e devemos passar por outra para podermos evoluir e dar continuidade ao trabalho dessa evolução, para aprendermos algum tipo de lição que ainda nos resta, como o aceite aquele corpo tão diferenciado do espírito que estamos acostumados a demonstrar.
Em casos assim devemos refletir da seguinte maneira, se Deus nosso Pai Maior, nos deu a missão de seguirmos a caminhada evolutiva em um corpo diferente daquele que nosso espírito possa estar ligado, talvez estejamos indo contra a Deus e suas lições quando por falta de informações, transformamos nosso corpo de acordo com a roupagem que nosso espírito estivesse acostumado em reencarnações passadas, pois certamente necessitamos vir de forma diferenciada do costume espiritual para termos novas lições e aceites.
Vamos dar um exemplo básico do que foi dito acima para ficar mais claro:
Imaginemos um espírito que por séculos vem com a roupagem feminina, e nesse tempo de encarnação e reencarnações esse espírito é reprimido por espíritos em roupagem masculina em diversas épocas diferentes. Essa repressão faz com que cresça rancores e sentimentos de ódio, e esses sentimentos atrasam a evolução espiritual desse ser. Nesse ponto Deus decide que esse espírito deverá passar por uma reencarnação na roupagem masculina, para entendimento sobre o ser que odeia, e assim buscar a retirada dos sentimentos adversos de reencarnações passadas. E assim é feito conforme a vontade de Deus, uma roupagem masculina, com uma alma acostumada com a forma e hábitos femininos. Porém esse ser não consegue dentro de si aceitar essa missão de evolução, e busca a entrega de transformação da roupagem decidida por Deus a uma roupagem na qual o espírito está acostumado, e ai vem à entrega a homossexualidade, e claro a perda da chance de evolução pretendida por Deus a nós, evolução essa necessária para alcançar mais um patamar no degrau espiritual que nos leva a busca de uma perfeição, com objetivo de chegarmos a Deus e a não reencarnação novamente, pois o grande objetivo dos espíritos é não precisarmos mais reencarnar.
E ai perguntamos: Isso tudo não seria pecado?
Não posso dizer nem que sim e nem que não, pois a Umbanda não está ligada a pecados, e sim ligada no livre arbítrio de cada um, ou seja, errado ou não, todos nossos atos e ações serão cobrados ou vão ser bonificados na hora do desencarne de cada um de nós, para a demonstração do quanto tivemos de evolução na reencarnação que está se findando, ou seja, isso não é apenas ligado à homossexualidade e sim a tudo que nosso livre arbítrio possa estar preparado para decidir.
Portanto a visão da Umbanda é acima de tudo respeitar todos os seres, independente de opção sexual, cor, raça, posição social ou econômica.
Sendo assim a homossexualidade para a Umbanda é irrelevante, pois o aceite da missão dada por Deus, só pode ser bonificada ou cobrada à própria pessoa que recebeu a missão de evolução, e se essa pessoa por um acaso pedir orientações a qualquer Entidade de Luz da Umbanda sobre esse fato, certamente vai ser mostrado o porquê disso ou daquilo, mas jamais será cobrado ou julgado.
A Umbanda jamais dirá que um filho ou filha que seja homossexual deverá ser tratado, curado, ou que está "endemoniado", jamais dirá que esse filho ou filha não poderá frequentar seus terreiros, casas, barracões ou templos, pois a Umbanda está de braços abertos a todos.
A única coisa que a Umbanda e suas Entidades de Luz podem desejar demonstrar a um filho homossexual é que a homossexualidade não pode ser confundida com promiscuidade, e infelizmente muitas e muitas pessoas acreditam que essa ligação é o que rege o gênero, fazendo assim acontecer uma grande falta de respeito com o próprio corpo e certamente com o próprio espírito.
A Umbanda ama seus filhos acima de tudo, de todos os sentimentos, de todos os atos e ações.
E porque não amar sendo um desses filhos homossexual?
Sabemos que muitos deles já travam suas próprias batalhas interiores, sabemos também que muitos espíritos aceitam os novos corpos onde farão essa nova jornada terrena, porém outros espíritos não aceitam os corpos que reencarnaram, fazendo assim um conflito emocional enorme.
Sendo assim porque qualquer dogma ou religião deveria ver um homossexual com olhos diferenciados a um heterossexual, por exemplo?
Certamente muitos já tem pensamentos e emoções suficientes para ter com o que se preocupar. E sendo assim será que cabe a nós ou a Umbanda, ou a qualquer religião julgar seus atos ou atitudes?
Logicamente não!
E nessa colocação é que a nossa amada Umbanda demonstra que sua visão para a homossexualidade é a mesma do que para a heterossexualidade, para qualquer pessoa, de qualquer raça, qualquer cor, qualquer grau de instrução, qualquer nível social e qualquer nível econômico, ou seja, portas abertas, amor e caridade a todos que buscam a Umbanda, seus Orixás e suas Entidades de Luz.