Pai Francico nasceu numa fazenda do Maranhão; era casado com Vó Catarina, uma negra bonita que veio do Congo, na África. Eles tiveram nove filhos, três foram mortos pela escravidão, dois mortos no parto e os outros vendidos pelo mundo. Era ainda o século XIX e a escravidão judiava negros e índios. Só os brancos tinham vez. Pai Francisco, como era conhecido, gostava de fazer suas rezas, seus benzimentos e suas orações. Assim, auxiliava a todos que precisavam de ajuda na senzala. Trabalhava na lavoura de cana-de-açúcar e iguarias para tempero. Vó Catarina ajudava nos afazeres da fazenda e cuidava dos sinhozinhos. Apesar da tristeza da perda dos filhos, os dois eram felizes juntos.
Vó Catarina era assim chamada, porque ajudou a trazer ao mundo muitas crianças. Ela e Pai Francisco sempre socorriam os escravos das chibatadas e dos maus tratos. Davam guarida, apoio e alimento. Vó Catarina adoeceu muito depois que a escravidão levou seu último filho. Por mais que se esforçasse, a dor foi tomando conta e ela morreu de tristeza. Pai Francisco já não era tão jovem e, quando saiu a Lei Áurea, ele ficou sozinho e sem lugar para morar. Então começou a peregrinar pelo sertão nordestino.
Carregava consigo uma matula de carne seca com farofa, uma moringa com água e um cobertor. Cobria sua cabeça com um pano e fumava seu pito enquanto caminhava. Costumava cantarolar canções da senzala pelo caminho. Ele viveu mais vinte anos andando pelos caminhos do sertão. E com o tempo ficou conhecido como o "Velho do Caminho". As pessoas lhe davam pouso, água e comida e em troca ele curava os enfermos do local. Quando faleceu, estava descansando embaixo de uma árvore e ouviu Vó Catarina o chamando - seu tempo na Terra havia acabado.
Carregava consigo uma matula de carne seca com farofa, uma moringa com água e um cobertor. Cobria sua cabeça com um pano e fumava seu pito enquanto caminhava. Costumava cantarolar canções da senzala pelo caminho. Ele viveu mais vinte anos andando pelos caminhos do sertão. E com o tempo ficou conhecido como o "Velho do Caminho". As pessoas lhe davam pouso, água e comida e em troca ele curava os enfermos do local. Quando faleceu, estava descansando embaixo de uma árvore e ouviu Vó Catarina o chamando - seu tempo na Terra havia acabado.