Estamos ouvindo por muitos séculos, que estamos pagando por uma briga que não foi nossa. Os culpados, segundo a estória tradicional, teriam sido Adão e Eva, expulsos do paraíso por cometerem o pecado da desobediência. A culpa do mitológico casal foi transmitida a todos seus descendentes, que foram impedidos de manter uma comunhão plena com Deus até que se submetam ao ritual do batismo. Mas, que temos nós a ver com Adão e Eva? Como Deus poderia punir duas criaturas tão primitivas, evolutivamente falando, condenando-as eternamente sem perdão? Se Deus, que é Perfeito, Bondoso, Misericordioso, não sabe perdoar, como pode Ele pedir a nós, espíritos (ainda) tão atrasados, para perdoarmos as falhas alheias setenta vezes sete vezes, ou seja, infinitamente? Pessoas pouco esclarecidas chegam ao extremo de dizer que o indivíduo que não se dispõe a aceitar Jesus, submetendo-se ao batismo, não é filho de Deus, mas uma simples “criatura”, algo equivalente a situá-lo como um bastardo no contexto da Criação. Um absurdo! Não era isso que João pretendia com o ato simbólico do batismo no rio Jordão. Ele, além de anunciar a vinda do Cristo, ressaltava ser indispensável o arrependimento, o reconhecimento dos deslizes do passado, para receber as bênçãos que o mensageiro divino traria. A imersão era precedida de uma confissão pública e da profissão de fé do iniciado, que se dispunha à renovação, combatendo as próprias fraquezas. É o que fica evidente, em passagens como estas: “Arrependei-vos, fazei penitência, porque é chegado o reino dos céus”; “Eu na verdade, vos batizo com água para vos trazer à penitência; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo”. Aqui, João deixa claro que, Jesus batizaria as pessoas não mais com água, mas com o Espírito Santo e com o Fogo.
MAS O QUE É O BATISMO COM FOGO E COM O ESPÍRITO SANTO? Batismo de fogo é o esforço de vencermos nossos instintos e hábitos inferiores, procurando praticarmos o bem. Este esforço é uma luta dentro de nós e em meio a tudo e a todos. E o batismo com o Espírito Santo é a sintonia com os benfeitores do plano invisível, através de manifestações mediúnicas ostensivas (ver, ouvir, etc., os desencarnados) ou sutis (pressentir, intuir, etc.). Os discípulos, receberam um magnífico Batismo do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, quando os Espíritos do Senhor se manifestaram através deles, em diversos idiomas, aos habitantes e visitantes de Jerusalém (Atos, cap.2).
POR QUE JOÃO SÓ BATIZAVA ADULTOS? Porque eles tinham do que se arrepender e podiam analisar o certo e o errado para se renovarem moralmente. Outras religiões, pelo medo de não ir para o céu, adotaram a prática de batizar a criança tão cedo quanto possível, ante a possibilidade de morrer prematuramente com a mácula do original pecado, o que seria desastroso para ela. Essa lamentável deturpação do batismo de João constitui grande injustiça. Exemplo: Imaginemos Chico Xavier, um homem que viveu para a caridade, sendo impedido de entrar no céu porque não foi batizado. E, um outro homem que viveu a vida inteira no crime, podendo entrar no céu porque se converteu e foi batizado pouco antes de desencarnar. Onde estaria a Justiça de Deus? Segundo os ensinamentos: “A cada um segundo suas obras”, ou seja, cada um receberá por aquilo que fez, seja batizado ou não.
Os espíritas não usam rituais, porque acham mais importante seguir os ensinamentos. No caso do batismo, por exemplo, as pessoas acham mais fácil copiar o ritual de jogar água sobre a cabeça ou no corpo todo, do que seguir o pedido que João fez ao povo: "QUEM TIVER TÚNICAS, REPARTA COM QUEM NÃO TEM, E QUEM TIVER ALIMENTOS, FAÇA DA MESMA MANEIRA”; aos publicanos (coletores de impostos) orientava dizendo: "NÃO PEÇAIS MAIS DO QUE VOS ESTÁ ORDENADO”; aos soldados aconselhava: "A NINGUÉM TRATEIS MAL NEM DEFRAUDEIS, E CONTENTAI-VOS COM O VOSSO SOLDO”. Infelizmente, muitos espíritas, que não buscam o entendimento espírita, continuam batizando, casando, realizando missa de 7º dia e outros costumes de outras religiões. Mas, quem tem o entendimento sabe que, para os espíritas, o batismo, foi tão somente um divisor de águas, o marco de uma vida nova. Disse Emmanuel que: "A renovação da alma pertence àqueles que ouviram os ensinamentos do Mestre Divino, e que exercitam através da prática. Pois, muitos recebem notícias do Evangelho, todos os dias, mas somente os que ouvem e praticam estarão transformados." E como disse Allan Kardec: “Reconhece-se o espírita, pelo esforço que ele faz para melhorar-se”; “O espírita deve ser hoje melhor do que foi ontem, e ser amanhã melhor do que foi hoje.” Este deve ser o batismo de fogo dos espíritas.
Compilação de Rudymara