O AMOR TAMBÉM PODE DIZER 'NÃO' - JEFF FOSTER
“Não posso repetir isso o suficiente: a aceitação não é o mesmo que tolerar ou condicionar uma conduta violenta.
A partir de um lugar amoroso, nossos corações completamente abertos ao mistério, estabelecidos em um SIM à vida em todas as suas formas, profundamente enraizados em uma compreensão não dual, podemos dizer um claro ‘não’.
Podemos abandonar nosso julgamento e ainda respeitar nosso discernimento.
Por exemplo, podemos continuar dizendo às pessoas que assassinaram, violaram, torturaram:
“Você perdeu o seu direito de andar livremente por onde quiser, até que esteja curado.”
Isto respeita as feridas deles, assim como as feridas de quem foram ou poderiam ser afetados pelo ‘comportamento’ deles.
Aqui estamos dizendo ‘não’ a seu comportamento inconsciente, porém não a sua existência, nem a sua verdadeira natureza oculta pela máscara do ‘eu’, aqui não estamos dizendo não a sua capacidade de curar, ou inclusive a sua transformação.
Do mesmo modo, podemos amar uma pessoa com todo nosso coração, sentir uma profunda compaixão e ternura para com ela, e ainda assim dizer ‘não’ ao fato de passar tempo com ela, ou inclusive vê-la novamente.
Nosso ‘não’ surge desde um honesto ‘SIM’ à vida, à verdade e a autenticidade.
Visto deste modo, um ‘não’ e um ‘sim’ não são opostos, assim como a lua não é oposta ao sol, mas são igualmente bem-vindos na incondicional vastidão do céu.
O amor incondicional não necessita que nos convertamos em um capacho, ou que tenhamos que tolerar a violência, ou esconder um ‘não’ para parecermos mais ‘espirituais’, ao contrário, o que requer é honrar os limites sagrados com nossos corações bem abertos e transbordantes de integridade e determinação.
Um limite real não separa, simplesmente mantêm nossos corações abertos para os demais, nos permite relacionarmos com honestidade e, claro, saber exatamente onde estamos.”