segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Se realizamos nosso planejamento reencarnatório, escolhendo nossos pais, por que existem muitas...?

 

Se realizamos nosso planejamento reencarnatório, escolhendo nossos pais, por que existem muitas...?

Se realizamos nosso planejamento reencarnatório, escolhendo nossos pais, por que existem muitas crianças acabam nascendo com pais diferentes dos planejados?



Como já explicado em questões anteriores, o planejamento reencarnatório define, entre outras coisas importantes da vida do Espírito que irá reencarnar, os pais que o receberão na Terra, a serem escolhidos conforme as possibilidades e as necessidades deste Espírito e também dos seus futuros pais. Assim, o Espírito reencarnante, tendo que compor a família de outro certo Espírito, poderá vir como seu filho - natural ou adotivo - ou na condição de outro membro da família, pois o importante é a convivência familiar que se fará presente.


Embora possamos planejar nossa reencarnação, as escolhas tomadas com base em nosso livre-arbítrio podem embaraçar esse planejamento. No que se refere à escolha dos pais, tomaremos como exemplo a situação de um casamento acidental que gerou o nascimento de uma criança. O fruto desta união não programada não foi equivocado, mas as circunstâncias em que ele foi gerado é que não foram adequadas.


Um Espírito, por exemplo, deve reencarnar como filho de uma determinada mulher, pois tem com ela vínculos de vidas passadas que precisam ser ajustados. Se essa mulher escolhe relacionar-se com outro homem não previsto em seu planejamento reencarnatório e da relação é gerado um filho, o Espírito reencarnante será essa criança. Observe que, nesse caso, o compromisso do Espírito reencarnante é essencialmente com a mãe, ainda que o nascimento tenha sido fruto de uma união acidental e, consequentemente, de outro pai. Mesmo que a mãe, no futuro, relacione-se com outra pessoa e desta união nasçam outros filhos de paternidade distinta, esses estarão sempre junto à família que precisam para progredir espiritualmente.


No caso de adoção, tema a ser abordado na pergunta subsequente, pode também ser uma condição prevista no plano espiritual, como uma das inúmeras oportunidades de crescimento e aprendizado, tanto para o Espírito a ser adotado quanto para os pais adotivos. Deus, na sua infinita bondade, tem inúmeros recursos para levar Seus filhos muito amados a descobrirem o amor e a vivência do Evangelho Redivivo.



Por oportuno, cabe trazer a passagem de Jesus quando diz “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”. O apego entre familiares consanguíneos é muito grande e Jesus veio nos ensinar sobre a família universal, formada por todos aqueles que cumprem a vontade do Pai. O Mestre não estava diminuindo a família consanguínea, mas destacando a união decorrente da amizade, do respeito e da compreensão presente no meio de quem se reconhece como irmão de todos e filhos de um único Pai Criador. Como vemos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, devemos amar o próximo como a nós mesmos, vivenciando uma relação sem limites, sem famílias, nações, culturas ou religiões, mas englobando toda a humanidade.


Em O Livro dos Espíritos, Kardec questiona se, uma vez que temos tido muitas existências, a nossa parentela vai além da existente na vida atual, tendo a Espiritualidade respondido não poder ser de outra maneira, estabelecendo a sucessão das existências corporais ligações que remontam às existências anteriores. A simpatia existente entre nós e certos Espíritos, aparentemente estranhos, decorre dessa verdade, de modo que a doutrina amplia os deveres da fraternidade, podendo estar em nosso vizinho um Espírito amigo de vidas anteriores. Tal afirmativa reforça a necessidade de ampliarmos os nossos laços de parentesco, de modo que, mesmo fazendo parte de uma família composta por filhos de pais diversos, somos todos irmãos e o amor deve ser o sentimento maior a nos unir.


O egoísmo é uma das grandes chagas da humanidade, capaz de dominar a criatura se não for combatido fortemente. Reflitamos. Mesmo no meio espírita, ainda percebemos uma forte tendência de prestigiarmos somente aos que queremos bem, nossos afetos, mas esquecemos da nossa verdadeira identidade, que é a de sermos filhos de Deus e irmãos uns dos outros. Um dia, entretanto, conseguiremos alcançar tal patamar de amor universal para com todas as criaturas, quando então teremos chegado ao ápice de nossa caminhada evolutiva, sendo Espíritos perfeitos.