segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Na casa espírita, as luzes devem ser de alguma cor em particular?

 

Na casa espírita, as luzes devem ser de alguma cor em particular?



Não há exigências quanto à tonalidade das luzes a serem utilizadas nos centros espíritas, os quais adotam em suas atividades, normalmente, a luz branca e/ou amarela. Os Espíritos disseram a Kardec que aspectos externos, como “a obscuridade, ou a luz [...], são indiferentes”, por exemplo, para a realização de fenômenos de efeitos físicos. Já Cairbar Schutel afirma requererem as reuniões de manifestações físicas um ambiente de “obscuridade ou semi-escuridade” ou uma iluminação com “lâmpada vermelha com luz fraquíssima.”

Recordemos que, à época de Kardec, não existia luz elétrica na França, sendo tal modernidade desenvolvida após a Codificação. Logo, o assunto não poderia ser abordado em profundidade nas obras da Doutrina Espírita. Conquanto nelas não encontremos maiores informações, a questão da luminosidade é abordada em várias obras espíritas e traremos aqui algumas considerações que entendemos importantes.

Na sala de passes, utiliza-se baixa luminosidade porque, em teoria, favorece a concentração. Raul Teixeira, questionado do motivo pelo qual se diminui a claridade nos ambientes onde se realizam os passes, orienta:

" A princípio, não há nenhuma necessidade essencial, da diminuição da luminosidade, para a aplicação dos recursos dos passes. Poderemos operá-los tanto à noite, quanto com o dia claro. A providência de diminuir-se a claridade tem por objetivo evitar a dispersão da atenção das pessoas, além de facilitar a concentração, ao mesmo tempo em que temos que levar em conta que certos elementos constitutivos dos ectoplasmas, que costumam ser liberados pelos médiuns em quantidades as mais diversas, sofrem um processo de desagregação com a incidência da luz branca."

Pela leitura das considerações sobreditas, verifica-se que, além de favorecer a concentração, a diminuição da luz auxilia na manutenção do ectoplasma liberado pelos médiuns passistas, utilizado pela espiritualidade superior no tratamento de inúmeras enfermidades dos Espíritos presentes, encarnados e desencarnados.

A ciência demonstra, ainda, que a diminuição da luz sob a glândula pineal faz com que a melatonina, hormônio responsável por induzir o sono e causar um relaxamento no indivíduo, seja produzida em maior quantidade, favorecendo a recepção pelo médium de mensagens sem interferências. O cérebro seria, temporariamente, induzido a se acalmar, facilitando as comunicações. A glândula pineal (epífise), segundo o Espírito André Luiz, tem função primordial nas percepções espirituais: "Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica. No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária.""


Sobre a ação dissolvente que a luz branca exerce sobre os fluidos, Leon Denis entende de modo similar. Na obra “No Invisível”, quando aborda acerca das condições de experimentação de certos fenômenos mediúnicos, aconselha que, em sendo possível, a luz deve ser diminuída ou mesmo completamente suprimida, de modo a evitar a desagregação de fluidos. Em outro momento do livro, no capítulo referente à escrita direta ou psicografia, assevera: "Uma observação aqui se impõe. É sabido que certas radiações exercem ação dissolvente sobre os fluidos. Uma luz demasiada viva, a fixação dos olhares no ponto em que se produzem as experiências, podem paralisar a força psíquica e constituir obstáculos às manifestações, ao passo que a obscuridade as favorece."

Nas reuniões mediúnicas, por outro lado, a literatura espírita recomenda luz vermelha de baixa intensidade, pois favorece a emissão de fluidos socorristas a serem ministrados às entidades enfermas ali presentes. Vejamos as orientações do Espírito André Luiz em “Desobsessão”:

"A iluminação no recinto será, sem dúvida, aquela de potencialidade normal, na fase preparatória das tarefas, favorecendo vistorias e leituras. Contudo, antes da prece inicial, o dirigente da reunião graduará a luz no recinto, fixando-a em uma ou duas lâmpadas, preferivelmente vermelhas, de capacidade fraca, 15 watts, por exemplo, de vez que a projeção de raios demasiado intensos sobre o conjunto prejudica a formação de medidas socorristas, mentalizadas e dirigidas pelos instrutores espirituais, diretamente responsáveis pelo serviço assistencial em andamento, com apoio nos recursos medianímicos da equipe."

Hermínio Miranda, em “Diálogo com as Sombras”, sugere a mesma tonalidade vermelha nas reuniões mediúnicas, por entender ser a luz branca prejudicial a determinados fenômenos mediúnicos.

Deste modo, observa-se que, salvo as exceções trazidas pelos autores mencionados, não há influência da tonalidade e/ou intensidade da luz nas atividades espíritas, razão pela qual devemos agir com bom senso e racionalidade, não fazendo da obscuridade ou da utilização de luz em cor específica uma regra nas casas espíritas.