Existe morte por “acidente”?
A questão aqui posta objetiva saber a incidência do planejamento reencarnatório em determinados tipos de morte, é dizer, a vítima teria que desencarnar desta forma? Em O Livro dos Espíritos, na parte referente à Lei de Liberdade, observamos ter sido a Espiritualidade enfática ao afirmar que o Espírito não perecerá quando não é chegada a hora, qualquer que seja o perigo que o ameace.
No caso de mortes violentas, por exemplo, conforme artigo publicado no site O Consolador, as vítimas estão inseridas, basicamente, em três tipos de situações:
1) Prova – neste caso a vítima sofre uma violência que gera a sua desencarnação, trazendo-lhe um teste, uma prova para que ela exercite as virtudes aprendidas, como o perdão. Tal situação gera aprendizado e evolução, sendo este tipo de morte normalmente solicitado pela vítima antes de sua reencarnação. Vale destacar que prova é uma oportunidade para se avaliar se as virtudes foram realmente aprendidas. Vencendo moralmente a situação, o Espírito alcançou determinada virtude.
2) Expiação – são as situações mais frequentes. A vítima teve a autoria de um ato de violência em vidas passadas, prejudicando alguém e, como ainda não se liberou desse compromisso pelo amor, precisará sofrer as consequências na atual existência. Passando por esta expiação, terá o Espírito a oportunidade de expiar e reparar seus erros, harmonizando-se com as leis divinas.
3) Missão – algumas almas nobres morrem de forma violenta para darem exemplos de amor e de bem sofrer, como por exemplo Jesus e Gandhi.
Conquanto respeitemos as opiniões em contrário, acreditamos que o desencarne sempre acontece na hora certa, com exceção do suicídio, como já abordado na questão anterior. Assim, mesmo em casos de mortes violentas, a desencarnação fazia parte do seu cronograma reencarnatório.
Esse questionamento é muito natural em situações onde o desencarne dá-se mediante ação delituosa de outra pessoa, como assassinato, atropelamento, estupros etc. A questão que se coloca é acerca dos autores dessas violências. Se ninguém reencarna para o mal, o agressor não tinha em seu planejamento matar o seu próximo e, se em função do seu livre-arbítrio assim o fez, causaria uma morte não prevista, por “acidente” e, portanto, fora do cronograma reencarnatório da vítima.
Seguramente ninguém reencarna com o objetivo, o compromisso de matar alguém. Esta informação nos é transmita em O Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta se o homem que comete um homicídio sabe, ao escolher sua existência, que se tornará um assassino. Observemos a resposta dos Espíritos: "Não. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará, visto que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio."
Ademais, sempre confundis duas coisas muito distintas: os sucessos materiais da vida e os atos da vida moral. A fatalidade, que algumas vezes há, só existe com relação àqueles sucessos materiais, cuja causa reside fora de vós e que independem da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, esses emanam sempre do próprio homem que, por conseguinte, tem sempre a liberdade de escolher. No tocante, pois, a esses atos, nunca há fatalidade.
Então, considerando não haver planejamento reencarnatório para o mal, a pessoa que escolhe matar alguém o faz em virtude de sua inferioridade espiritual ou quando atropela alguém por estar alcoolizado e/ou em excesso de velocidade, o faz pela sua imprudência. Em tais situações, pelo uso indevido de seu livre-arbítrio, adquirirá compromissos expiatórios perante a Justiça Divina. Portanto, quando a vítima reencarna com o compromisso de morrer violentamente, não existe um Espírito predeterminado a matá-la, é dizer, que tenha assumido este compromisso reencarnatório antes de nascer.
Contudo, existirão na Terra inúmeros Espíritos imperfeitos que, por sua violência e/ou imprudência, ceifarão a vida daquela vítima, funcionado como instrumento das leis divinas. Cabe ressaltar não os isentar, tal fato, das consequências morais e espirituais de suas ações, visto não estarem os agressores predeterminados a agirem dessa forma, podendo ter escolhido outra conduta. Jesus ensinou que os escândalos eram necessários, mas ai de quem os causasse.
Dentro deste tema outra questão que se coloca é como o agressor consegue identificar as pessoas que precisam desencarnar daquela forma. Através do Espiritismo sabemos que cada pessoa tem uma vibração espiritual específica, um campo energético único de atração ou repulsão que atrai ou repele situações que reflitam sua história cármica, seus débitos, seus pensamentos, intenções e ações. É a chamada Lei de Atração e Repulsão, que age invariavelmente, chamada por Kardec de Lei de Assimilação e Repulsão dos Fluidos.
Deste modo, por conta do campo energético da pessoa, o agressor, de modo inconsciente, identifica-se com ela e promove a sua desencarnação. Essa energia vibracional explica também outros casos de violência, como o estupro, sequestros, roubos, entre outros. Nestes casos, o autor atua em desfavor daquele que deve vivenciar a situação traumática.
Entretanto, não podemos esquecer de ser Deus um pai de amor e de bondade, que o amor cobre a multidão de pecados, é dizer, a criatura que tenha vindo com o compromisso expiatório de desencarnar numa situação de violência, poderá ter seu planejamento amenizado ou diluído totalmente por meio do bem que realize em sua vida na matéria, libertando-o dessa morte violenta. O amor é sempre o caminho que nos aproxima de Deus.