segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Existe relação espiritual entre um parto difícil e o filho ter uma personalidade complicada?

 

Existe relação espiritual entre um parto difícil e o filho ter uma personalidade complicada?




Sim, isso é possível e não raro acontece. Existem três fatores que podem influenciar nessa relação: a relação espiritual entre mãe e filho e os compromissos reencarnatórios de ambos, a relação física e emocional do filho e da mãe durante a gestação e, por último, o parto.

A relação espiritual, como sabemos, decorre do nosso planejamento reencarnatório. Não nascemos juntos a determinadas pessoas e em certos ambientes por acaso, mas no meio e com as pessoas necessárias para o nosso progresso, que oportunizarão os meios importantes para o cumprimento do plano reencarnatório e o resgate de débitos e compromissos assumidos no passado.

Desta feita, uma relação familiar pode ser positiva e/ ou negativa, pois dentro desse meio podemos reencarnar ao lado de pessoas simpáticas e afins, como também podemos reencarnar com pessoas com as quais tivemos um relacionamento difícil e conflituoso em vidas pretéritas. Neste caso, esses Espíritos nascem próximos para terem maiores condições de transformar laços de ódio e mágoa em laços de amor e de fraternidade e, naturalmente, a relação e o compromisso existencial e espiritual havidos entre esses Espíritos influenciam na sua relação na vida atual, como na relação entre mãe e filho.

Acerca do segundo aspecto, referente à relação física e emocional da mãe e do filho durante a gestação, cabe destacar que o perispírito da criança já se liga à mãe desde o momento da concepção e, em determinadas situações, antes. Frequentemente o Espírito já se aproxima daquela família antes mesmo do ato da fecundação, vivenciando e absorvendo a energia fluídica dos pais. Então, o bebê sentirá fortemente todas as emoções, pensamentos e sensações da mãe.

Por esta razão, o ideal é que a mãe possa, durante a gestação, ter tranquilidade, evitando dificuldades, estresse e problemas emocionais, na medida em que estes serão sentidos pela criança em desenvolvimento. Tal fato poderá fazer com que uma eventual memória difícil de vidas passadas se torne mais presente na mente do bebê, influenciando seguramente em uma personalidade mais problemática do ser reencarnante.


O terceiro fato a influenciar a relação entre mãe e filho é o parto. O parto é, provavelmente, a primeira experiência traumática da vida da criança, onde ela sai do ambiente seguro do útero materno para o ambiente externo, repleto de ameaças, e terá que fazer movimentos rumo a sua adaptação.

No livro chamado O Bebê do Amanhã, os autores informam que com base nas mais recentes pesquisas da neurociência, observa-se ser a personalidade da criança fortemente influenciada por este momento tão importante que é o parto. Conforme seja o parto mais tranquilo, mais humanizado, com mais amor e carinho, ou mais difícil e violento, a personalidade da criança será mais ou menos frágil, em relação direta com o referido momento. Afirmam os autores: "Todo processo biológico deixa uma impressão psicológica e todo evento psicológico modifica a arquitetura do cérebro. Em resumo: as primeiras experiências determinam em grande parte a arquitetura do cérebro e a natureza e extensão das faculdades mentais dos adultos. Uma relação segura com um ou dois cuidadores principais leva a um desenvolvimento mais rápido das capacidades emocionais e cognitivas. [...] uma nova ciência do cérebro prova que a emoção humana e o senso de identidade originam-se não no primeiro ano após o nascimento, mas muito antes – no útero."

Assim, crianças que tiveram um parto mais violento têm grande probabilidade de serem crianças mais difíceis, impacientes e agressivas na sua vida de encarnado, mencionando os autores as personalidades de crianças que, por exemplo, nasceram sentadas, de cesariana, de fórceps, ou com o uso de analgésicos. Tais fatores influenciarão para uma maior fragilidade emocional e dificuldades para enfrentar situações mais complexas.

Verny e Weintraub citam o programa de estimulação neonatal de Panthuraamphorn, de Bangkok, no qual seis elementos são essenciais para fazer do parto um momento menos traumático: pouca luz e pouca estimulação visual, som ambiente abafado e pouca estimulação auditiva, toques suaves, pois o bebê necessita sentir o toque da mãe, calor, com salas em temperatura ambiente e ar-condicionado desligado, movimentos e atividades de apoio, diminuindo o impacto da mudança do útero para o ambiente externo.



Nos partos realizados no hospital, por outro lado, o bebê é imediatamente retirado de perto da mãe para passar pelos procedimentos de rotina, situação que afeta emocionalmente a relação entre mamãe e bebê. No caso da cesariana o vínculo emocional fica prejudicado e os bebês assim nascidos podem apresentar carência afetiva, dificuldade para lidar com frustrações e situações complexas, e medo de rejeição e abandono, podendo, também, as crianças sentirem-se incapazes de completar ou executar alguma tarefa específica.

Considerado um dos mais agressivos para a saúde emocional das crianças, o parto com fórceps, contrariando o processo natural do parto, fica registrado como um momento de agressão, dor e violência, fazendo com que o estabelecimento de vínculos afetivos saudáveis seja ainda maior, tendo a criança dificuldades para superar o trauma do dia do parto. Nesses casos, os bebês podem sentir dores na cabeça, pescoço e ombros, apresentando ainda nível elevado de ansiedade e rejeição a qualquer tipo de contato físico.

Segundo o livro, outro fator que pode desestabilizar o emocional dos bebês, independentemente do tipo de parto escolhido, é o uso de analgésicos e anestésicos, pois estando sob a influência de algum medicamento não conseguem os recém-nascidos focar a atenção nos primeiros estímulos com o mundo externo, como o toque da mãe ou do pai. No futuro, essas crianças poderão ter predisposição para se sentirem confusas em situações estressantes.

O parto, portanto, apresenta-se como um fator essencial para a construção de uma personalidade saudável ou conflituosa, não podendo ser desconsiderado pelos pais. Enfim, quando a criança chega ao mundo material de uma forma mais respeitosa, mais amorosa e tranquila, como no parto humanizado sugerido no livro em tela, a personalidade da criança tende a ser mais serena e positiva nas relações com o próximo, diferentemente dos partos mais difíceis e violentos.