segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Como lidar com a mediunidade na infância?

 

Como lidar com a mediunidade na infância?



De início, cabe esclarecer que nem tudo aquilo que parece mediunidade na infância de fato é, pois as crianças têm naturalmente uma predisposição para perceber o plano espiritual até os sete anos de idade, independentemente de terem mediunidade ostensiva. Isso porque a criança está há pouco tempo encarnada, sua reencarnação meio que não se completou totalmente, estando ainda muito ligada ao plano espiritual, é como se estivesse meio lá meio cá.

Por conta desta proximidade com a vida da espiritualidade, a criança interage facilmente com os Espíritos, muito comum nos conhecidos amiguinhos invisíveis. Contudo, tal percepção do plano espiritual não significa ser ela portadora de mediunidade ostensiva. Normalmente, após os sete ou oito anos de idade, a percepção do plano espiritual diminui ou cessa por completo, passando a criança a se envolver com as vivências do mundo material e a se desligar do mundo espiritual, escasseando as manifestações.

Mesmo nos casos onde a criança é detentora de mediunidade, normalmente essa diminui depois dos sete anos e reaparece na adolescência ou na maturidade, quando a pessoa apresenta condições de estudar, de compreender e de bem desenvolver a faculdade. Contudo, há casos onde não há suspensão da mediunidade, quando então a criança, durante toda a infância, vê, fala, ouve e interage com a espiritualidade, como no caso do saudoso Francisco Cândido Xavier e da médium Yvonne Pereira, que relata ao comentar sobre a sua faculdade nativa: "Aos quatro anos de idade já eu me comunicava com Espíritos desencarnados, através da visão e da audição: via-os e falava com eles. Eu os supunha seres humanos, uma vez que os percebia com essa aparência e me pareciam todos muito concretos, trajados como quaisquer homens e mulheres. [...] jamais me surpreendi com a presença deles. Uma dessas personagens era-me particularmente afeiçoada: eu a reconhecia como pai e a proclamava como tal a todos os de casa, com naturalidade, julgando-a realmente meu pai e amando-a profundamente. Mais tarde, esse Espírito tornou-se meu assistente ostensivo, auxiliando-me poderosamente a vitória nas provações e tornando-se orientador dos trabalhos por mim realizados como espírita e médium."


Para as crianças nessa condição, que são médiuns naturais e a faculdade se mostra espontânea, sua constituição física se presta a tal ocorrência, tendo sido certamente preparadas para tal mister, estando acompanhadas e auxiliadas por seu Espírito protetor ou anjo da guarda, como mais comumente designado, não havendo razão para temores.

Fator importante é a postura dos pais diante da mediunidade na infância. Como devem proceder? Em qualquer situação, o indicado é agirem com naturalidade, visto ser a mediunidade algo natural e intrínseco ao homem. No primeiro ciclo, até os sete anos, não se recomenda estimular o seu desenvolvimento, pois não apresenta a criança maturidade intelectual necessária para compreender todas as nuances da faculdade, assim como os meios de defesa diante de uma influência de Espíritos inferiores. Vejamos as orientações trazidas em “O Livro dos Médiuns” acerca da inconveniência de desenvolver a mediunidade na infância: "Certamente, e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobre-excitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas ideias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das consequências morais."

De outro modo, também não se deve negar o fenômeno, dizendo ser coisa da imaginação ou, ainda, incutir medo, afirmando ser ação do “demônio”. Tal comportamento em nada contribui e, na verdade, só dificulta a aceitação e o desenvolvimento futuro da mediunidade. Dizendo ser imaginação, a criança pode acreditar ser louca, que é a única a vivenciar tais situações e acaba entrando num processo de angústia e de desequilíbrio emocional.


Afirmando ser algo relacionado ao diabo ou aos Espíritos maléficos, os genitores incutem temor desnecessário e prejudicial, contribuindo para a formação de um adulto inseguro e distante da mediunidade.

Outro questionamento comum é se haveria uma idade indicada para o início da mediunidade. Diz a Espiritualidade que, com exceção da mediunidade de efeitos físicos, por ser mais fatigante ao corpo, e a de psicografia, por conta da inexperiência infantil, não há idade apropriada, tudo dependendo do desenvolvimento físico e, principalmente, moral da criança, variando assim de indivíduo para indivíduo. Não esqueçamos que a mediunidade exige estudo, seriedade, recolhimento, dedicação e disciplina, condições difíceis de serem cobradas da criança, havendo mesmo sério risco dela fazer da faculdade um brinquedo.

No caso, sugere-se levá-la para a evangelização infantil, muito comum nas casas espíritas, tendo a criança oportunidade de compreender, dentro da sua capacidade de entendimento e de modo natural, sobre a vida espiritual, a imortalidade da alma e os Espíritos. Além disso, sugere-se a realização do Evangelho no lar e a aplicação de passes, com a finalidade de abrandar as manifestações naturais no período infantil.