terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Como compreender um Deus que permite as guerras, o sofrimento, a dor e a punição de seus filhos?

 

Como compreender um Deus que permite as guerras, o sofrimento, a dor e a punição de seus filhos?



Uma pergunta muito comum que as pessoas fazem é: “Se Deus é infinitamente bom, justo e misericordioso, por que Ele permite tantos sofrimentos no mundo?”.

Quando nos deparamos com as guerras, ataques, atentados, chacinas, violências, roubos, estupros, traições e assassinatos em massa é impossível não ficarmos perplexos. Além disso, ainda vemos milhares de pessoas morrendo de desnutrição, fome e sede, algo que também nos aflige profundamente.

Para uma correta análise da questão precisamos ampliar nossa visão. O que será que faz o homem sentir atração pelas guerras e violência, deixando-se dominar pelos instintos inferiores?


Recorramos a Allan Kardec110, em O Livro dos Espíritos, quando questiona o que impele o homem à guerra. A Espiritualidade responde ser em decorrência da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e pelo transbordamento das paixões, informando que no estado de barbaria, os povos só conhecem o direito do mais forte, sendo a guerra um estado normal e que, à medida que o homem progride, menos frequente tornam-se as guerras, evitando-lhe as causas.



Deus concedeu a nós o livre arbítrio e a inteligência, permitindo a liberdade de decidir como queremos agir e fazer as nossas escolhas, diferenciando o homem dos animais que seguem apenas os instintos. Como ainda estamos num estágio evolutivo pequeno, mais perto da animalidade que da angelitude, tomamos muitas decisões egoísticas, centradas em nosso próprio interesse e não no da coletividade.

Deus envia inúmeras mensagens sobre os erros que cometemos, mas não O ouvimos e insistimos no erro e na ilusão. O homem, pelas suas próprias escolhas, insiste em permanecer na embriaguez das ilusões do mundo, e Deus autoriza que venha a dor, o sofrimento, o desespero e as perdas para libertá-lo, fazendo-o crescer e progredir. A dor tira o Espírito da ilusão em que se encontrava. Cabe destacar que o aprendizado pode ser pelo amor ou pela dor, mas esta é sempre o recurso utilizado por Deus para o nosso aprendizado e transformação.

Se Deus tirasse nosso livre-arbítrio, a nossa liberdade de escolha, o mal provavelmente não existiria, mas seríamos bonecos, marionetes controladas por Ele. Contudo não fomos criados para isso, fomos criados a Sua imagem e semelhança, com a centelha divina em nossos corações para que através do amor, Ele seja compreendido e seguido pelas criaturas, de forma voluntária. O amor não existe onde não há liberdade.

A Espiritualidade informa-nos que todos os povos serão irmãos quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus, e que as guerras são necessárias porque objetivam a liberdade e o progresso do homem.



O Espírito Miramez, comentando a questão 743 de O Livro dos Espíritos, traz belas elucidações acerca do tema e recorda um trecho de O Livro dos Espíritos, nos Prolegômenos, dizendo que a vaidade de certos homens, por julgarem tudo saber, originará opiniões dissidentes, mas que no tempo em que os homens tiverem em vista o grande princípio de Jesus, confundir-se-ão num só sentimento de amor, unindo o mundo inteiro por um lação de fraternidade. Neste dia, não existirão mais guerras, nem discórdia entre os povos, pois a única força a existir é a do amor que unirá todos os povos.


Como os homens ainda não conseguem evitar as guerras, Deus faz com que elas sejam transformadas em instrumentos de liberdade e progresso, pois nada fica sem utilidade no Universo. Assim, enquanto a criatura deixa passar despercebido o amor, vêm a dor e o sofrimento, fazendo-a entender a mensagem de regeneração espiritual, sendo as guerras instrumentos violentos para acordar as almas endurecidas.

Pela leitura das observações sobreditas, constatamos que a vontade de Deus é que o amor e a fraternidade existam entre as criaturas, razão pela qual não podemos responsabilizar Deus pelas tragédias. Deus nos ensina sempre: “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”. Fomos criados para um relacionamento íntimo com Deus, mas Ele espera o nosso tempo, até que O escolhamos verdadeiramente, estando sempre pronto para nos confortar no meio da nossa dor e pesar.