segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O Trabalho do Médium

Aqueles que não conhecem o funcionamento de um centro acreditam que todos os médiuns TÊM que se ligar aos espíritos para falar (psicofonia ou incorporação), escrever (psicografia), etc, contudo, isso é uma visão errada, pois nem todos os médiuns trabalham dessa forma. Alguns atendem na recepção de novos visitantes, outros auxiliam na administração interna, há os que trabalham na evangelização de crianças, existem inúmeras funções que não exigem a manifestação ostensiva da faculdade mediúnica e que nem por isso deixam de ser importantes.
Falaremos agora um pouco mais sobre o trabalho dos médiuns que utilizam sua faculdade em favor do próximo.
A importância da mediunidade foi definida de forma clara por Allan Kardec no Livro dos Médiuns:
"Com que fim a Providência outorgou de maneira especial, a certos indivíduos, o dom da mediunidade?
É uma missão de que se incumbiram e cujo desempenho os faz ditosos. São os intérpretes dos Espíritos com os homens.
13ª Entretanto, médiuns há que manifestam repugnância ao uso de suas
faculdades.
São médiuns imperfeitos; desconhecem o valor da graça que lhes é concedida.
14ª Se é uma missão, como se explica que não constitua privilégio dos homens de bem e que semelhante faculdade seja concedida a pessoas que nenhuma estima merecem e que dela podem abusar?
A faculdade lhes é concedida, porque precisam dela para se melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos. Se não aproveitam da concessão, sofrerão as conseqüências. Jesus não pregava de preferência aos pecadores, dizendo ser preciso dar àquele que não tem?
15ª As pessoas que desejam muito escrever como médiuns, e que não o
conseguem, poderão concluir daí alguma coisa contra si mesmas, no tocante à benevolência dos Espíritos para com elas?
Não, pois pode dar-se que Deus lhe haja negado essa faculdade, como negado tenha o dom da poesia, ou da música. Porém, se não forem objeto desse favor, podem ter sido de outros."
O trabalho mediúnico é o início de uma nova fase para o médium, depois de ter passado por um tratamento espiritual, assistido a palestras, ele incorpora a equipe de aprendizes de um centro, estudando e “treinando a sua mediunidade”. Um dia, quando menos espera ele começa a recepcionar pessoas, depois é escalado para dar passes, depois de alguma experiência pode passar a trabalhar com psicografia ou participar de reuniões de desobsessão, cada um vai trilhar seu caminho e chegar no exercício para que foi preparado PELA ESPIRITUALIDADE. Geralmente os diferentes tipos de trabalho que realiza embasam seu conhecimento, fortalecendo sua confiança e o preparam para a tarefa que realizará.
Muitos terão uma vida simples e sem muito destaque em uma casa, outros terão grande importância, contudo, isso não importa, muitas vezes o irmão que mais aparece é o que terá mais desafios, ou que será mais exigido, ou que tem a prova mais dura, ou seja, não importa, para Deus o amor que dedica a seu trabalho é o mais importante.
No reino dos céus os pequenos se tornam gigantes!!

7.1 Equilíbrio Interior
Para exercer o trabalho mediúnico o médium deve sempre buscar o equilíbrio e a harmonia, pois somente assim poderá servir de canal para a luz da espiritualidade superior.
Segue abaixo trechos do livro Missionários da Luz de Chico Xavier:
"Preliminarmente, devemos reconhecer que, nos serviços mediúnicos, preponderam os fatores morais. Neste momento, o médium, para ser fiel ao mandato superior, necessita clareza e serenidade, como o espelho cristalino dum lago. De outro modo, as ondas de inquietude perturbariam a projeção de nossa espiritualidade sobre a materialidade terrena, como as águas revoltas não refletem as imagens sublimes do céu e da Natureza ambiente.
...
- Acredita que o intermediário - perguntou - possa improvisar o estado receptivo? De nenhum modo. A sua preparação espiritual deve ser incessante. Qualquer incidente pode perturbar-lhe o aparelhamento sensível, como a pedrada que interrompe o trabalho da válvula receptora. Além disso, a nossa cooperação magnética é fundamental para a execução da tarefa. Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica. No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária."
O médium deve evitar lugares com excessiva carga negativa, optando sempre por ambientes arejados, impregnados de natureza, como praias, cachoeiras e lugares ermos, onde poderá meditar e se revitalizar.


7.2 Dificuldades
O médium é na grande maioria das vezes um espírito em débito e por isso está sujeito a passar por dificuldades durante seu trabalho de amor ao próximo, contudo, longe de tornar impossível sua obra, os percalços enchem sua história de luz.
André Luiz nos traz uma reflexão sobre a mediunidade e suas dificuldades no livro Nos Domínios da Mediunidade.
" - Não podemos realizar qualquer estudo de faculdades medianímicas, sem o estudo da personalidade. Considero, assim, de extrema importância a apreciação dos centros cerebrais, que representam bases de operação do pensamento e da vontade, que influem de modo compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à materialização objetiva. Esses recursos, que merecem a defesa e o auxílio das entidades sábias e benevolentes, em suas tarefas de amor e sacrifício junto dos homens, quando os medianeiros se sustentam no ideal superior da bondade e do serviço ao próximo, em muitas ocasiões podem ser ocupados por entidades inferiores ou animalizadas, em lastimáveis processos de obsessão.
— Mas — interpôs Hilário, judicioso —, diante de um campo cerebral tão iluminado quanto o de nossa irmã Celina, será lícitõ aceitar a possibilidade de invasão dele por parte de Inteligências menos evolvidas? Será cabível semelhante retrocesso?
— Não podemos olvidar — considerou o Assistente — que Celina se encontra encarnada numa prova de longo curso e que, nos encargos de aprendiz, ainda se encontra muito longe de terminar a lição.
Meditou um momento e filosofou bem-humorado:
— Numa viagem de cem léguas podem ocorrer muitas surpresas no derradeiro quilômetro do caminho.
Logo após, colocando a destra paternal sobre a fronte da médium, prosseguiu:
— Nossa irmã vem atravessando os seus testemunhos de boa-vontade, fé viva, caridade e paciência. Tanto quanto nós, ainda não possui plena quitação com o passado. Somos vasta legião de combatentes em vias de vencer os inimigos que nos povoam a fortaleza íntima ou o mundo de nós mesmos, inimigos simbolizados em nossos velhos hábitos de convívio com a natureza inferior, a nos colocarem em sintonia com os habitantes das sombras, evidentemente perigosos ao nosso equilíbrio. Se nossa amiga Celina, quanto qualquer de nós, abandonar a disciplina a que somos constrangidos para manter a boa forma na recepção da luz, rendendo-se às sugestões da vaidade ou do desânimo, que costumamos fantasiar como sendo direitos adquiridos ou injustificável desencanto, decerto sofrerá o assédio de elementos destrutivos que lhe perturbarão a nobre experiência atual de subida. Muitos médiuns se arrojam a prejuízos dessa ordem. Depois de ensaios promissores e começo brilhante, acreditam-se donos de recursos espirituais que lhes não pertencem ou temem as aflições prolongadas da marcha e recolhem-se à inutilidade, descendo de nível moral ou conchegando-se a improdutivo repouso, porqüanto retomam inevitavelmente a cultura dos impulsos primitivos que o trabalho incessante no bem os induziria a olvidar.
E sorrindo:
— Ainda não chegamos à vitória suprema sobre nós mesmos. Achamo-nos na condição do solo terrestre, que não prescinde do arado protetor ou da enxada prestimosa, a fim de produzir. Sem os instrumentos do trabalho e da luta, aperfeiçoando-nos as possibilidades, estaríamos permanentemente ameaçados pela erva daninha que mais se alastra e se afirma, tanto quanto melhor é a qualidade do trato de terra em abandono.
Fitando-nos, de frente, como a recordar o peso das responsabilidades de que nos investíamos, completou:
— Nossas realizações espirituais do presente são pequeninas réstias de claridade sobre as pirâmides de sombra do nosso passado. É imprescindível muita cautela com as sementeiras do bem para que a ventania do mal não as arrase. É por isso que a tarefa mediúnica, examinada como instrumentação para a obra das Inteligências superiores, não é tão fácil de ser conduzida a bom termo, de vez que, contra o canal ainda frágil que se oferece à passagem da luz, acometem as ondas pesadas de treva da ignorância, a se agitarem, compactas, ao nosso derredor."



7.3  Precauções
Copio abaixo a advertência de Allan Kardec no Livro dos Médiuns:
"Uma vez desenvolvida a faculdade, é essencial que o médium não abuse
dela. O contentamento que daí advém a alguns principiantes lhes provoca um entusiasmo, que muito importa moderar. Devem lembrar-se de que ela lhes foi dada para o bem e não para satisfação de vã curiosidade. Convém, portanto, que só se utilizem dela nas ocasiões oportunas e não a todo momento. Não lhes estando os Espíritos ao dispor a toda hora, correm o risco de ser enganados por mistificadores. Bom é que, para evitarem esse mal, adotem o sistema de só trabalhar em dias e horas determinados, porque assim se entregarão ao trabalho em condições de maior recolhimento e os Espíritos que os queiram auxiliar, estando prevenidos, se disporão melhor a prestar esse auxílio."




7.4  Conseqüências do Trabalho Mediúnico para os Médiuns
O trabalho mediúnico pode gerar um desgaste para o médium, porém isso depende do tipo de reunião que ele freqüenta. Repousando de forma correta o médium refaz suas energias, contudo, ele deve estar sempre atento a uma alimentação equilibrada e evitar uma vida sedentária.
Médiuns que trabalham em reuniões de desobsessão não devem participar de mais de duas sessões semanais.
Os médiuns que trabalham doando energia (passes, reuniões de cura, etc) devem se preocupar com o descanso e alimentação antes e depois da reunião, para não sentirem nenhum desgaste físico.
Os mentores sempre auxiliam os médiuns, harmonizando seus veículos físicos (corpo físico e duplo etérico) e astral para realização do trabalho espiritual, contudo, é imprescindível que o médium faça sua parte, não podemos achar que os mentores vão fazer com que possamos trabalhar após uma noite sem dormir, ou doentes.
Os que trabalham se ligando a espíritos sofredores em reuniões de obsessão precisam estar sempre equilibrados para não sofrerem o impacto das energias opressivas, mesmo com a presença dos mentores a ascendência moral e a força de vontade do médium são necessárias para "domar" o espírito que será doutrinado.
Copio abaixo um trecho do livro Nos Domínios da Mediunidade, que fala sobre a proteção do médium nas reuniões de desobsessão:
"Reparei-lhe a luminosa auréola, contrastando com a vestimenta pestilencial do forasteiro, e deixei-me avassalar por incoercível temor.
Semelhante providência não seria o mesmo que entregar uma harpa delicada às patas de uma fera?
Aulus, porém, deu-se pressa em explicar-nos:
— Acalmem-se, O amigo dementado penetrou o templo com a supervisão e o consentimento dos mentores da casa. Quanto aos fluidos de natureza deletéria, não precisamos temê-los. Recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fustiga ou desintegra. É por isso que cada médium possui ambiente próprio e cada assembléia se caracteriza por uma corrente magnética particular de preservação e defesa. Nuvens infecciosas da Terra são diariamente extintas ou combatidas pelas irradiações solares, e formações fluídicas, inquietantes, a todo momento são aniquiladas ou varridas do Planeta pelas energias superiores do Espírito. Os raios luminosos da mente orientada para o bem incidem sobre as construções do mal, à feição de descargas elétricas. E, compreendendo-se que mais ajuda aquele que mais pode, nossa irmã Celina é a companheira ideal para o auxílio desta hora."


7.5 Proteção dos Médiuns
Os médiuns que trabalham em um centro espírita e se dedicam a auxiliar o próximo recebem apoio de equipes especializadas, que fazem o que podem para auxiliá-lo. Dependendo da sua tarefa e da dedicação que necessita, os amigos espirituais podem intercedem mais ou menos.
Podemos comparar a um atleta, que precisa de treino, alimentação, fisioterapia, etc, da mesma forma um médium que trabalha em um centro precisa estar "em forma espiritual" para servir de intermediário do mundo espiritual.
Lembramos que essas equipes não podem realizar o esforço de equilíbrio que é responsabilidade do próprio médium, por isso é indicado para o médium realizar em seu lar a reunião semanal do Evangelho, sempre no mesmo dia e hora ele deve buscar nas palavras de Jesus o entendimento maior sobre a vida. Dessa forma ele protegerá o seu lar e sua família contra energias hostis, pois não existe proteção maior no mundo que a evangelização do coração. Os espíritos amigos também freqüentam as reuniões de evangelho no lar, limpando o ambiente doméstico e afastando espíritos inferiores.
Abaixo segue um trecho do livro Obreiros da Vida Eterna, de Chico Xavier, que fala um pouco mais sobre as equipes espirituais que apóiam os médiuns:
"Sempre tive por Dimas sincera admiração, pelo proveitoso concurso que soube oferecer-nos. Integro a comissão espiritual de serviço que vem atendendo aos necessitados, por intermédio dele, nos últimos seis anos. Foi sempre assíduo nas obrigações, bom companheiro, leal irmão.
Surpreso com as referências, indaguei:
— Há, desse modo, comissões de colaboração permanente para os médiuns em geral?
— Não me reporto à generalidade — redarguiu o interlocutor —, porque a mediunidade é título de serviço como qualquer outro. E há pessoas que pugnam pela obtenção dos títulos, mas desestimam as obrigações que lhes correspondem. Gostariam, por certo, do intercâmbio com o nosso plano, mas, não cogitam de finalidades e responsabilidades. Em vista disso não se estabelecem conjuntos de cooperação para os médiuns em geral, mas apenas para aqueles que estejam dispostos ao trabalho ativo. Há muitos aprendizes que não ultrapassam a fronteira da tentativa, da observação. Desejariam o caminho bem aplainado, exigindo a convivência exclusiva dos Espíritos genuinamente bondosos. Experimentam a luta construtiva, através de sondagens superficiais e, à primeira dificuldade, abandonam compromissos assumidos. A aquisição da fortaleza moral não prescinde das provas arriscadas e angustiosas. Entretanto, em face das exigências naturais do aprendizado, dizem-se feridos na dignidade pessoal. Não suportam a aproximação de infelizes encarnados ou desencarnados, estacionando à menor picada de dor. Para semelhantes experimentadores, seria extremamente difícil a formação de equipes eficientes, representativas de nosso plano. Não se sabe quando estão dispostos a servir. Se recebem faculdades intuitivas, pedem a incorporação; se contam com a vidência, querem a possibilidade de exteriorizar fluidos vitais para os fenômenos de materialização."


7.6  Médiuns de Terreiro(Umbanda) e Kardecistas (Mesa)
Não existe dúvida que a forma de trabalhar em um templo de Umbanda e um centro Espírita são bastante diferentes, contudo, cada uma tem um objetivo, atendendo a preferências pessoais. O erro que existe é achar que uma é melhor que a outra. Copio abaixo trechos do livro Aruanda, de Robson Pinheiro, onde o sábio Preto-Velho nos fala um pouco sobre a mediunidade na Umbanda e os espíritos que nela trabalham.
"Ainda a velha questão da vibração, meu filho - respondeu Pai João. - Ocorre com os espíritos algo semelhante ao que há com os médiuns: alguns reencarnam com o psiquismo e a vibração apropriada para os trabalhos de terreiro, enquanto outros são preparados vibratoriamente para a mesa kardecista. com os espíritos não é diferente. Muitos deles oferecem a possibilidade de serem socorridos através do diálogo fraterno ou terapia espiritual, que despertará suas mentes para as leis da vida; portanto, demonstram predisposição para uma sessão espírita. Mas nem todos são iguais; há aqueles que não têm o perfil psicológico e espiritual necessário. Precisam do impacto anímico-mediúnico dos chamados médiuns de terreiro, com os quais encontram maior afinidade. Nesse contato intenso com o ectoplasma exsudado pelos médiuns umbandistas, ganham tratamento especializado, que funciona como uma terapia de choque. O mesmo ocorre entre os encarnados, quanto à questão terapêutica. Alguns de meus filhos no plano físico respondem integralmente ao tratamento homeopático, pois trazem em seu psiquismo as vibrações compatíveis com o medicamento dinamizado. Outros, que possuem estado vibracional diferente, só respondem aos métodos convencionais da alopatia. Há ainda aqueles que respondem significativamente às influências energéticas do reiki, dos passes ou dos medicamentos florais, por exemplo.
...
Em casos como o que acompanhamos. Ângelo, não existe uma forma melhor que a outra. Nem o método espírita é o melhor, nem a metodologia umbandista é mais forte e eficaz. Tudo depende das características de
cada caso, de qual tipo de entidade está envolvido no processo e. enfim, do tipo psicológico e das necessidades espirituais de cada uma delas. Em uma tenda umbandista cujos médiuns se dedicam à caridade, ao estudo sério e elevado, teremos excelente material psíquico para certos trabalhos de desobsessão ou terapia espiritual. Em um centro espírita cujos médiuns não se preparam convenientemente, não se dedicam ao estudo e têm as idéias comprometidas com uma visão estreita e acanhada da vida espiritual, naturalmente careceremos de material psíquico de qualidade para as terapia espirituais. Dessa forma, é preciso compreender que a eficácia do método depende de diversas coisas, mas principalmente do preparo dos
operadores ou da equipe mediúnica, e não da confissão religiosa, como muitos pensam.
...
A distância, as divergências ou as separações que se vêem entre as diferentes formas de trabalho são, em grande parte vezes, estabelecidas pelos encarnados, que trazem ainda resquícios de preconceito religioso e racial. Do lado de cá da vida, ao contrário, somos apenas filhos de Deus, todos parceiros na construção de sua obra; não há partidarismo religioso. Tanto faz para um espírito elevado atuar como pai-velho numa tenda umbandista humilde ou escrever a orientação psicografada sob a luz do espiritismo cristão, desde que seu trabalho seja em benefício da humanidade e do próximo."


7.7  Médiuns Mercenários
"O médium, em suma, deve evitar tudo o que possa transformá-lo em agente de consultas, o que, aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de ledor da "buena-dicha".
                                                    Allan Kardec – Livro dos Médiuns
Chamamos de médiuns mercenários aqueles que utilizam suas aptidões para algum tipo de benefício próprio, recebendo “recompensas” pelo seu contato com o mundo espiritual.
Allan Kardec chama esse médiuns de interesseiros e informa que qualquer tipo de retribuição é desaconselhada:
"Médiuns interesseiros não são apenas os que porventura exijam uma retribuição fixa; o interesse nem sempre se traduz pela esperança de um ganho material, mas também pelas ambições de toda sorte, sobre as quais se fundem esperanças pessoais. E esse um dos defeitos de que os Espíritos zombeteiros sabem muito bem tirar partido e de que se aproveitam com uma habilidade, uma astúcia verdadeiramente notáveis, embalando com falaciosas ilusões os que desse modo se lhes colocam sob a dependência. Em resumo, a mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons Espíritos se afastam de quem pretenda fazer dela um degrau para chegar ao que quer que seja, que não corresponda às vistas da Providência. O egoísmo é a chaga da sociedade; os bens Espíritos a combatem; a ninguém, portanto, assiste o direito de supor que eles o venham servir. Isto é tão racional, que inútil fora insistir mais sobre este ponto."
Uma característica comum desses irmãos é a falta de estudo sobre a mediunidade, as formas de comunicação, suas conseqüências e principalmente os perigos da obsessão (todos eles se tornam vítimas da obsessão). Todos aqueles que lerem o Livro dos Médiuns poderão comprovar que Allan Kardec repete várias e várias vezes a necessidade de vigilância para não se tornar vítima da fascinação e subjugação.
A maioria tem grandes aptidões mediúnicas e por isso tem contato intenso com os espíritos que os acompanham, contudo, seja por preguiça ou ansiedade eles não realizam a necessária preparação moral, mental e emocional para exercer tão sagrada tarefa.
Vamos falar um pouco sobre como isso começa, se desenvolve e termina...
No início o médium entra em contato com o plano espiritual e, por motivação própria ou influenciado por espíritos inferiores acredita que pode resolver o problema dos outros, só de favor ou até recebendo uma pequena ajudinha. Assim começam sozinhos ou auxiliados por algum médium desvirtuado a aprender como utilizar sua mediunidade.
Por motivos óbvios os mentores começam a perder o contato com os médiuns e os espíritos inferiores que o circundavam se tornam cada vez mais afins, iniciando assim dois processos: o de afinamento mediúnico e obsessivo. Os espíritos de baixo padrão não desejam somente se ligar aos médiuns, seus principais objetivos são a subjugação, fascinação e vampirização de energias vitais.
Todos, sem exceção, recebem em algum momento advertências sobre o tipo de trabalho que realizam e seus perigos, contudo, a grande maioria ignora os avisos e cada vez mais se ligam aos seus novos "amiguinhos".
Os novos "diretores" do médium fazem o possível para fasciná-lo com símbolos, figuras, nomes pomposos, etc... são inúmeras formas diferentes de subjugar o médium.
André Luiz nos traz um exemplo perfeito de um médium fascinado pelo seu obsessor:
"Observando os beberrões, cujas taças eram partilhadas pelos sócios que lhes eram invisíveis, Hilário recordou:
— Ontem, visitamos um templo, em que desencarnados sofredores se exprimiam por intermédio de criaturas necessitadas de auxílio, e ali estudamos algo sobre mediunidade... Aqui, vemos entidades viciosas valendo-se de pessoas que com elas se afinam numa perfeita comunhão de forças superiores... Aqui, tanto quanto lá, seria lícito ver a mediunidade em ação?
— Sem qualquer dúvida — confirmou o orientador —; recursos psíquicos, nesse ou naquele grau de desenvolvimento, são peculiares a todos, tanto quanto o poder de locomoção ou a faculdade de respirar, constituindo forças que o Espírito encarnado ou desencarnado pode empregar no bem ou no mal de si mesmo. Ser médium não quer dizer que a alma esteja agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinqüentes, com as quais se afinam de modo perfeito, servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do bem. Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto quanto disciplinamos a eletricidade, a benefício do conforto na Civilização.
Nisso, Aulus relanceou o olhar pelos aposentos reservados mais próximos, qual se já os conhecesse, e, fixando certa porta, convidou-nos a atravessá-la.
Seguimo-lo, ombro a ombro.
Em mesa lautamente provida com fino conhaque, um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia...
— Estudemos — recomendou o orientador.
O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava.
Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos.
A dupla em trabalho não nos registrou a presença.
— Neste instante — anunciou Aulus, atencioso —, nosso irmão desconhecido é hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as idéias, atendendo-lhe aos propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou quem lhe fortaleça a mente e o ajude nesse mister.
Imprimindo à voz significativa expressão, ajuntou:
— Encontramos sempre o que procuramos ser. Finda a breve pausa que nos compeliu à reflexão, Hilário recomeçou:
— Todavia, será ele um médium na acepção real do termo? Será peça ativa em agrupamento espírita comum?
— Não. Não está sob qualquer disciplina espiritualizante. É um moço de inteligência vivaz, sem maior experiência da vida, manejado por entidades perturbadoras."
Muitos médiuns mercenários acabam utilizando suas aptidões como forma de sobrevivência, cobrando por consultas, favores, para trazer pessoa amada, para prejudicar outras pessoas, para "tentar" prever o futuro, etc...
A previsão do futuro é uma dos maiores atrativos para que os menos avisados se vinculem a esse tipo de médium, por isso retiramos um trecho do livro dos médiuns que explora esse assunto:
"Podem os Espíritos dar-nos a conhecer o futuro?
Se o homem conhecesse o futuro, descuidar-se-ia do presente.
É esse ainda um ponto sobre o qual insistis sempre, no desejo de obter uma resposta precisa. Grande erro há nisso, porquanto a manifestação dos Espíritos não é um meio de adivinhação. Se fizerdes questão absoluta de uma resposta, recebê-la-eis de um Espírito doidivanas, temo-lo dito a todo momento." (Veja-se O Livro dos Espíritos - "Conhecimento do futuro", n. 868.)
8ª Não é certo, entretanto, que, às vezes, alguns acontecimentos futuros sãoanunciados espontaneamente e com verdade pelos Espíritos?
Pode dar-se que o Espírito preveja coisas que julgue conveniente revelar, ou que ele tem por missão tornar conhecidas; porém, nesse terreno, ainda são mais de temer os Espíritos enganadores, que se divertem em fazer previsões. Só o conjunto das circunstâncias permite se verifique o grau de confiança que elas merecem.
9ª De que gênero são as previsões de que mais se deve desconfiar?
Todas as que não tiverem um fim de utilidade geral. As predições pessoais podem quase sempre ser consideradas apócrifas."
Existem também aqueles que vão até as consultas espirituais para buscar conselhos, falar sobre seus problemas pessoais, Allan Kardec nos traz sérias advertências sobre esse tipo de comunicação:
"Podem pedir-se conselhos aos Espíritos?
Certamente. Os bons Espíritos jamais recusam auxílio aos que os invocam com
confiança, principalmente no que concerne à alma. Repelem, porém, os hipócritas, os que simulam pedir a luz e se comprazem nas trevas.
18ª Podem os Espíritos dar conselhos sobre coisas de interesse privado?
Algumas vezes, conforme o motivo. Isso também depende daqueles a quem tais conselhos são pedidos. Os que se relacionam com a vida privada são dados com mais exatidão pelos Espíritos familiares, que são os que se acham mais ligados à pessoa que os pede e se interessam pelo que lhes diz respeito; é o amigo, 'o confidente dos vossos mais secretos pensamentos. Mas, é tão freqüente os cansardes com perguntas banais, que eles vos deixam. Tão absurdo fora perguntardes, sobre coisas íntimas, Espíritos que vos são estranhos, como seria o vos dirigirdes, para isso, ao primeiro indivíduo que encontrásseis no vosso caminho. Jamais deveríeis esquecer que a puerilidade das perguntas é incompatível com a superioridade dos Espíritos. Preciso igualmente é leveis em conta as qualidades do Espírito familiar, que pode ser bom, ou mau, conforme suas simpatias pela pessoa a quem se ligue. O Espírito familiar de um homem mau é mau Espírito, cujos conselhos podem ser perniciosos, mas que se afasta e cede o lugar a um Espírito melhor, se o próprio homem se melhora. Unem-se os que se assemelham.
19ª Podem os Espíritos familiares favorecer os interesses materiais por meio de revelações?
Podem e algumas vezes o fazem, de acordo com as circunstâncias; mas, ficai
certos de que os bons Espíritos nunca se prestam a servir à cupidez. Os maus vos fazem brilhar diante dos olhos mil atrativos, a fim de vos espicaçarem e, depois, mistificarem, pela decepção. Ficai também sabendo que, se é da vossa prova passar por tal ou tal vicissitude, os vossos Espíritos protetores poderão ajudar-vos a suportá-la com mais resignação, poderão mesmo, às vezes, suavizá-la; mas, no próprio interesse do vosso futuro, não lhes é lícito isentar-vos dela. Um bom pai não concede ao filho tudo o que este deseja.
NOTA. Os nossos Espíritos protetores podem, em muitas circunstâncias,
indicar-nos o melhor caminho, sem, entretanto, nos conduzirem pela mão, porque, se assim fizessem, perderíamos o mérito da iniciativa e não ousaríamos dar um passo sem a eles recorrermos, com prejuízo do nosso aperfeiçoamento. Para progredir, precisa o homem, muitas vezes, adquirir experiência à sua própria custa. Por isso é que os Espíritos ponderados nos aconselham, mas quase sempre nos deixam entregues às nossas próprias forças, como faz o educador hábil, com seus alunos. Nas circunstâncias ordinárias da vida, eles nos aconselham pela inspiração, deixando-nos assim todo o mérito do bem que façamos, como toda a responsabilidade do mal que pratiquemos.
Fora abusar da condescendência dos Espíritos familiares e equivocar-se quanto à missão que lhes cabe o interrogá-los a cada instante sobre as coisas mais vulgares, como o fazem certos médiuns. Alguns há que, por um sim, por um não, tomam o lápis e podem conselho para o ato mais simples. Esta mania denota pequenez nas idéias, ao mesmo tempo que a presunção de supor, quem quer que seja, que tem sempre um Espírito servidor às suas ordens, sem outra coisa mais a fazer senão cuidar dele e dos seus mínimos interesses. Além disso, quem assim procede aniquila o seu próprio juízo e se reduz a um papel passivo, sem utilidade para a vida presente e indubitavelmente prejudicial ao adiantamento futuro. Se há puerilidade em interrogarmos os Espíritos sobre coisas fúteis, menos puerilidade não há da parte dos Espíritos que se ocupam espontaneamente com o que se pode chamar - negócios caseiros. Em tal caso, eles poderão ser bons, mas, inquestionavelmente, ainda são muito terrestres."
Bom, as expectativas espirituais desses médiuns não são boas e vamos avaliar porque:
1. Ele cobra por uma aptidão que recebeu de graça e como um favor para auxiliar o próximo e acelerar sua própria evolução.
2. Muitos fazem trabalhos para prejudicar o próximo, criando comprometimentos cármicos.
3. Divulgam de forma errada a doutrina dos espíritos.
4. Alguns desvirtuam outros médiuns.
5. Se ligam a espíritos trevosos, que além de vampirizá-los acreditam que tem direito de receber pelos favores espirituais que realizam, por isso, após o desencarne do médium mercenário ele se torna escravo daquele falso mentor que o acompanhou. Somente após muito tempo sofrendo e aprendendo ele poderá ser socorrido pelas colônias espirituais, e então recomeçar seu caminho de luz, tentando quitar os débitos contraídos pela sua irresponsabilidade.
Allan Kardec no Livro dos Médiuns relata a resposta de um espírito sobre as conseqüências do mau uso da mediunidade:
"Os médiuns, que fazem mau uso das suas faculdades, que não se servem delas para o bem, ou que não as aproveitam para se instruírem, sofrerão as conseqüências dessa falta?
Se delas fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso."

7.8  A mediunidade e as Religiões 
Existe um conflito muito grande no coração das pessoas que têm a sensibilidade mediúnica e não são adeptas de reuniões espiritualistas.
Esses médiuns sofrem bastante porque têm medo de contar o que sentem, já que muitos não aceitarão, possivelmente zombarão dele ou pensarão coisas ruins, como por exemplo a falta de fé ou indício de loucura.
A mediunidade não é exclusividade das filosofias espiritualistas, muitos padres, pastores e líderes filosóficos e religiosos são grandes médiuns, embora, infelizmente, alguns se liguem a entidades do astral inferior.
Muitos médiuns já relataram que viram próximos à palestrantes de religiões não espiritualistas espíritos de luz. Lembre-se que o contato espiritual tem como objetivo a evolução espiritual da humanidade, isso não é exclusividade do Espiritismo ou qualquer outra religião espiritualista.
E o que fazer então??
Vou iniciar a resposta com o exemplo de uma querida e amada amiga, que conheci em um grupo de estudos do Evangelho.
Ela é praticante FERVOROSA de uma filosofia não espiritualista e um dia, ao olhar para o palestrante, que estava muito inspirado, notou que a sua volta existiam faíscas de luz, ela piscava, balançava a cabeça e isso continuava, e continuou ocorrendo, mais de uma vez.
Ao invés de se apavorar ela foi buscando maiores informações e acabou encontrando esse grupo de estudos, que utiliza a série de Carlos Torres Pastorino – Sabedoria do Evangelho. Nesse grupo ela recebeu os primeiros ensinamentos espiritualistas e passou a entender um pouco mais sobre o mundo espiritual.
E aí vem a segunda maior dúvida... Ela largou sua religião??
A resposta é não, ela adora os cantos, as reuniões, as pessoas que freqüentam, aquilo faz bem a ela, não atrapalha. Deus e os espíritos superiores jamais poderiam exigir que você largasse um grupo que só faz o bem e busca vivenciar os ensinamentos de Jesus.
Acho que o exemplo responde tudo, se você é praticante de outra religião não espiritualista e tem dúvidas sobre as sensações espirituais que lhe acometem então procure uma pessoa amiga espírita ou leia o livro dos espíritos e o livro dos médiuns, achará muitas respostas nesses livros. Nunca pense que estudar sobre a espiritualidade diminuirá sua fé ou fará com que você mude de religião. Temos vários exemplos de pessoas que largaram religiões espiritualistas para freqüentar religiões que não acreditam na reencarnação e na vida além-túmulo, com disse antes é uma questão de afinidade, porém o conhecimento é importante, compreender a Verdade é muito importante, para todos!!
O conhecimento das verdades espirituais não atrapalha, só completa.


7.9  Mediunidade Natural e de Prova
Basicamente falaremos nesse tópico sobre a diferença entre o médium que recebe a concessão espiritual de encarnar com hipersensibilidade e o espírito evoluído, que já conquistou essa sensibilidade por esforço próprio.
Vamos começar com exemplos de médiuns naturais para depois passar a explicação:
•  João Batista – recebe naturalmente mensagens espirituais, no evangelho existem várias passagens que atestam seu alto grau de evolução e as próprias revelações espirituais que tem contato. O próprio Jesus revela que João Batista é o maior entre os nascido de mulher, ou seja, ele não alcançou a perfeição, mas já é grande no reino dos céus.
• Buda – Mestre Iluminado que encarnou na Terra, ele tinha acesso às suas encarnações anteriores e também das pessoas que se aproximavam.
•  Jesus – O ser mais evoluído, mais perfeito que já encarnou em nosso planeta. Todas as faculdades mediúnicas eram perfeitas. O contato espiritual de Jesus era como água cristalina, não havia ruído ou imperfeição, não existia medo ou receio, a entrega e confiança eram completas. Existem várias passagens no Novo Testamento que mostram a perfeição espiritual do Mestre Nazareno.
Vamos voltar no tempo e falar um pouco sobre o médium de prova antes da atual encarnação.
Espírito endividado com as leis divinas, decide trabalhar no mundo espiritual, ajudando o próximo, adquire grandes amizades e conquista merecimentos, contudo, seu passado aflora como um vulcão, sua consciência não consegue ficar totalmente tranqüila, pois dentro de si sente ainda as marcas do passado.
Graças ao bem praticado no mundo espiritual ele pode optar por nascer médium, ou seja, através de intercessões antes da encarnação, os técnicos da espiritualidade hipersensibilizarão seus veículos para poder entrar em contato com o plano espiritual de forma mais intensa do que normalmente faria em seu atual estado evolutivo.
Para não se tornar uma presa dos espíritos inferiores o espírito reencarnante recebe o apoio e proteção do(s) Guia(s) ou Mentor(es) Espiritual(ais), que se compromete(m) a auxiliá-lo para trabalharem juntos a favor do próximo.
O que podemos concluir então... o Médium de Prova não tem evolução suficiente para INICIALMENTE controlar sua sensibilidade espiritual e precisa de um guia, para protegê-lo e ajudá-lo no trabalho que irá realizar.
O médium de prova precisará então de aprimoramento, estudo e muita força de vontade, porque terá que dominar algo que desconhece. Esse descontrole é bem conhecido dos médiuns, pois a grande maioria busca ajuda quando fica totalmente desnorteado.
Falemos sobre o médium natural antes de encarnar...
O médium natural encarna com uma missão, seja ela pelo bem da humanidade, de uma grupo ou de um espírito. A própria encarnação que realiza é um ato de amor ao próximo porque a grande maioria não precisa encarnar ou pode escolher exatamente como deseja voltar.
Ele também recebe o auxílio dos espíritos, mas não por suas imperfeições e sim pela dificuldade da tarefa ou importância.
O afloramento da mediunidade ocorre nele de forma tranqüila e seu contato com o mundo espiritual é "natural", é claro que ele também precisa se aprimorar, contudo, é totalmente diferente do médium de prova. Na verdade um afina o instrumento, enquanto o outro aprende a manuseá-lo.
Esse tópico é muito importante para podemos concluir:
•  Dificilmente você é um médium natural, por isso busque a humildade, porque dificilmente os médiuns naturais acham que são perfeitos.
•  Se você é médium não se ache melhor que os outros, aliás, na maioria das vezes é o contrário, você teve essa faculdade como oportunidade de resgatar erros e crescer.
•  Se você não é médium tenha paciência com os que são médiuns, pois eles também estão evoluindo e podem cometer erros.
•  Embora o médium de prova não possua a faculdade e seja (na grande maioria das vezes) um espírito endividado, se ele concluir sua tarefa com sucesso terá conseguido crescer espiritualmente e também resgatar débitos. A faculdade espiritual que recebeu por hipersensibilização se tornará natural ou quase e a facilidade de dominá-la em um encarnação posterior será infinitamente maior.
Retiramos um trecho interessante do livro Nos Domínios da Mediunidade, de Chico Xavier:
"O círculo de percepção varia em cada um de nós. Há diferentes gêneros de mediunidade; contudo, importa reconhecer que cada Espírito vive em determinado degrau de crescimento mental e, por isso, as equações do esforço mediúnico diferem de indivíduo para indivíduo, tanto quanto as interpretações da vida se modificam de alma para alma. As faculdades medianímicas podem ser idênticas em pessoas diversas, entretanto, cada pessoa tem a sua maneira particular de empregá-las. Um modelo, em muitas ocasiões, é o mesmo para grande assembléia de pintores, todavia, cada artista fixá-lo-á na tela a seu modo. Uma lâmpada exibirá claridade lirial, em jacto contínuo, mas, se essa claridade for filtrada por focos múltiplos, decerto estará submetida à cor e ao potencial de cada um desses filtros, embora continue sendo sempre a mesma lâmpada a fulgurar em seu campo central de ação. Mediunidade é sintonia e filtragem. Cada Espírito vive entre as forças com as quais se combina, transmitindo-as segundo as concepções que lhe caracterizam o modo de ser."